Episódio 09: Reaper

TRÊS SEMANAS DEPOIS

Saio do banho completamente estressado. Os últimos anos têm sido uma montanha russa de desgraça sem fim para mim e todos ao meu redor. Três semanas atrás, E.D. morreu lutando ao meu lado, e sinceramente, eu não permitirei que isso aconteça de novo.

Caminho pelos corredores do castelo com a toalha envolvida em minha cintura e vou em direção ao meu quarto. Ao entrar, pego um dos poucos conjuntos de roupas que tenho: umas vestes medievais desses clichês de guerras históricas. Assim que termino de vestir as calças, alguém bate na porta. Eu a abro.

— Você tem visita. – É Jared.

— Certo, só vou terminar de me vestir. – Respondo e fecho a porta.

Termino de me vestir e desço com Jared até o salão principal, onde vejo uma cena que deveria fazer meus olhos brilharem, mas tudo o que faz é dar um nó no meu estômago. Chloe está aqui.

— Já faz um tempinho, não é mesmo?

— O que você está fazendo? – Pergunto, irritado.

Chloe engole em seco. Ela caminha até uma mesa e põe a sua mão sobre um arco e a outra sobre uma aljava. Chloe não os levanta, mas passa a mão por cima e depois se volta para mim.

— Deveria rever o seu tom. Estou aqui para ajudar a Sara, não você.

— Eu mandei você ir embora. Não quero você em perigo.

Minha exaltação agora chama a atenção de mais alguns no salão. Peter e Ryan, que treinavam com luvas de boxe, pararam e se viraram para nós dois. Katherine para de polir sua foice e presta atenção. Isso me incomoda bastante, mas tendo ao máximo ignorar.

— Chase, eu vou dizer isso de uma maneira que você entenda: Se eu estou lutando, é porque eu quero lutar, e acredite em mim, eu já matei mais gente como meu arco e flecha que você com sua foice de araque. – Paro por um segundo. Não tenho como revidar. – Onde está Sara?

— Bem aqui. – Ela fala, terminando de fechar a porta do castelo. Nem a percebi entrando.

— Ótimo. Meus arqueiros e eu temos feito vigilância por um bom tempo no local que você nos indicou.

— Eu estava certa? – Sara pergunta.

— Certa sobre o quê?

— Morte voltou, Chase. – As palavras de Chloe me chocam.

Memórias vêm à minha mente e não consigo pensar em nada que pudesse trazer Morte de volta. Ele foi trancafiado dentro de uma caixa de onde nem os Deuses gregos haviam conseguido escapar. Eu o derrotei no labirinto de Asteroth, é impossível que alguém tenha feito isso. Pelo menos não alguém confiável.

— Ariel. – Minhas palavras ecoam e todos correm até nós três.

— Na mosca. – Chloe diz.

— Quando nós voltamos do Olimpo, Zoe me ligou e falou sobre uma reportagem estranha na CNN. Estava um caos, aparentemente, uma cidade inteira ficou em chamas e apenas uma pessoa tinha saído viva disso tudo. Até então nós não sabíamos de quem se tratava, mas eu fui pessoalmente investigar e encontrei os Winchesters por lá. Aparentemente, Morte conseguiu sair do inferno e aquele homem que você capturou era uma espécie de réplica, e o verdadeiro resolveu praticar um massacre.

— Mas a troco de quê, Sara? – Íris indaga, preocupada.

— Nenhum de nós tinha certeza, então Chloe começou a fazer vigilância e logo encontrou mais arqueiros que também estavam procurando respostas. O mais perto que chegamos é que Morte, Lillith e Ariel estão procurando meios de se tornarem os Senhores do Universo. Não faz muito sentido, mas com a quantidade de poder que eles querem, podem destruir toda a raça humana em segundos.

— Isso é ruim. – Ryan diz.

— E como Ariel se encaixa nisso tudo? – Katherine pergunta. – Quer dizer, da última vez que a vimos, a criatura tinha roubado o amuleto e caído fora do inferno.

— Aparentemente, o amuleto tem a força combinada de vários elementos, e isso, quando controlado inteiramente, é um poder inimaginável. Nosso maior palpite é que Ariel está tentando se aliar à Morte por conta de seu exército, e Chloe conseguiu a confirmação hoje.

— Precisamos partir o mais rápido possível. – Digo, e todos me olham. – Se Morte voltou, temos que nos certificar que Ariel não chegará nem perto dele.

[...]

Estamos na sala de armamentos. Os Winchesters, Íris, Ryan e eu começamos a nos armar quando ouvimos um estrondo. Eu tenho certeza absoluta que são os militares de novo, mas simplesmente ignoro os barulhos. Quando terminamos, Jared sugere uma saída pela porta dos fundos, e todos nós o acompanhamos.

Ao passar pelo salão principal, vejo Sara, Meghan, Peter e Katherine preparados para o ataque juntamente com mais alguns alunos de magia de Sara. Estamos indo ao encontro de Chloe, e ao passar por um corredor, Luna segura a minha camisa e me puxa para trás.

— Vocês não vão sem mim. – Ela resmunga.

— Com todo o respeito, não posso arriscar perder mais ninguém.

— Eu não estou nem aí para o que você arrisca ou deixa de arriscar. Fui eu que te pus na guerra. Se nós tivermos que morrer, morreremos juntos.

Assinto com a cabeça. Luna e eu logo acompanhamos os outros e seguimos em direção ao encontro de Chloe. Quando chegamos à porta dos fundos, damos de cara com uma pilha de corpos – alunos de Sara – e paramos por um momento. De repente, um pulso de energia lança todos nós em direções diferentes e várias de nossas armas são jogadas para todos os lados. Um homem entra apontando uma arma para a cabeça de uma garota. Levanto-me e vejo Morte segurando Chloe.

— Procurando por alguém? – Ele diz.