sábado, 29 de agosto de 2015

Capítulo 03: Escrúpulos


Doze anos se passaram e a cidade continua a mesma, o que mudou foi a terceira idade e o jardim de infância. Um casal de noivos estavam sentados no banco de uma praça, lendo o JORNAL MATINAL. Nele estava escrito a notícia do ano: o Jornal Matinal estava completando um ano e o dono estava convidando todos os habitantes da cidade à uma grande festa. Todos os funcionários do Jornal e os habitantes da cidade estavam entusiasmados com a festança.
Gilda acordara naquela manhã atrasada. Passou debaixo do chuveiro, engoliu seu café da manhã e voou para o Jornal. Ela era a secretária do dono. Com os olhos inchados e com a voz sonolenta, deu bom dia para seus colegas de trabalho que estavam na recepção. Mônica, a recepcionista, foi logo soltando seu veneno pro porteiro:
- Ta vendo Bigode? Só porque ela tem um caso com o patrãozinho, ela chega atrasada. Não duvido nada que ela tenha dormindo na cama dele!
- Não fala o que tu não sabe, Mônica. Eu nunca vi nada de mais entre eles. Você é que tem um olho de raio x e uma língua do tamanho de uma girafa. – falou Fabrício.
- Olha aqui Bigode, não me chama de uma coisa que não sou. – disse Mônica com raiva e saiu retrucando. – Até parece, eu fofoqueira, imagina. Eu hein.
Gilda continuou com o jogo do elevador. Chegou perto da sala do chefe e fez o sinal da cruz em seu peito. Abriu a porta, entrou e disse:
- Com licença senhor Marlon. Me desculpe pelo atraso, eu que houve um proble...
Marlon com raiva, não deixou a moça terminar de falar e disse:
- Só não te demito porque hoje é o grande dia. Hoje realizo o meu sonho de ser uma pessoa de grande influência nessa cidade. Vá para o buffet Boi Gordo e veja se já está tudo pronto.  Pode sair.
Gilda saiu apressadamente.
- Bigode, tu viu o que eu vi? – perguntou Mônica.
- O quê ? – respondeu Fabrício com outra pergunta.
- A Gilda foi demitida. – falou  Mônica, toda entusiasmada.
- Como é que tu sabe que ela foi demitida? – indagou o porteiro.
- Oxe! Ela chegou atrasada e saiu apressada. Do jeito que o patrãozinho é enjoado, não duvido nada. – respondeu a recepcionista.
- Você não tem jeito mesmo, né!
- Se você ficou triste, eu não posso fazer nada. Sei que hoje eu vou comer por mim e por ela. Vou dançar até o pé rachar, é hoje que comemoro a saía dessa daí. Agora posso ser a mulher do meu patrã...
- O que foi que você disse?
- Nada não, esquece. – disse Mônica saindo – Ô homenzinho fofoqueiro.
Enquanto isso, Marlon comemorava em sua sala:
- Consegui. Estudei, me esforcei, lutei e hoje sou um homem com poder. O meu jogo vai começar e não vou demorar a encontrar um por um. Eles devem estar presos ou estão limpando a rua. Eles diziam que eu seria um lixeiro e olha aonde consegui chegar. Se eu tivesse escrúpulos, com certeza seria um gari como eles diziam. Um brinde a minha vitória e um brinde a desgraça daqueles seis. Eles vão se arrepender por terem cruzado o meu caminho.
Às 20:30 começou a grande festa. Quase todos vieram, menos os velhinhos que queriam dormir. Na verdade essa hora eles estavam no quinto sono. Antes que o banquete fosse servido e o DJ fosse liberado, Marlon discursou:
- Boa noite à todos. É com muito prazer que vejo todos os meus queridos amigos, companheiros de trabalho e todos os moradores dessa cidade maravilhosa. É com muita emoção que festejo o primeiro ano de vida do meu, do nosso Jornal Matinal. Esse ano foi muito gratificante ter trabalhado a verdade, a justiça e a informação de ponta. Daqui pra frente só posso prometer o melhor. Todos os acontecimentos que ocorrerem nesta cidade e em outra do nosso Estado, vocês ficaram à pá de tudo. Quero que vocês confiem no meu trabalho sério, fiel e honesto, como também no trabalho da minha equipe. Agradeço a todos por virem e ter prestigiado o nosso jornal durante esse ano. Obrigado.
Depois que ele terminou seu discurso, todos aplaudiram e assoviaram. O banquete e o DJ foram autorizados. Todos dançavam e comiam. Várias garrafas de cerveja foram se esvaziando. Marlon estava apenas comendo. Não podia beber. Hoje ele ia começar a colocar seu plano em prática. Assim que terminou de comer, foi para casa.
Chegando lá, ele pensou no que ia começar a fazer. Depois daquele dia,doze anos atrás, ele não tinha mais informações doa seus agressores. Pensou. Pensou. E já tinha um norte por onde começar.
O sol raiava naquela cidade de porte grande. Mais um dia de trabalho intenso. Marlon estava na sua sala e telefonou para sua secretária:
- Venha por favor até minha sala, Gilda.
- Sim senhor.
Gilda entrou na sala e Marlon disse:
- Ligue imediatamente para esse número.
O patrão entregou um cartão com o número para a secretária.
- Eu falo com quem?
- Peça para que o detetive Devis venha até o jornal.
- Vou ligar imediatamente.
Depois de sete minutos, a secretária voltou com a resposta.
- Senhor, eu marquei com ele para às 10 horas, tudo bem?
- Ótimo. Quando ele chegar, deixe entrar imediatamente.
- Sim senhor. Só isso?
- Só.
- Com licença.
Marlon ficava andando de um lado para outro. Parecia que o ponteiro nunca ia chegar às 10 horas. Bebia café, chá e nada.
Finalmente a secretária anunciou a entrada do detetive.
- Olá Sr. Marlon.
- Olá detetive Devis.
- Em que posso ajudar?
- Preciso muito dos seus serviços, detetive.
- Estou a seu dispor.
- Bom, quero que o senhor me dê informações dessas seis pessoas.
Marlon escreveu os seus nomes e as suas características e entregou para o detetive. E continuou dizendo:
- Mas quero que o senhor não diga nada pra eles. É segredo. Assim que você encontrar eles, me diga, não revele nada para eles. Prefiro eu mesmo fazer a surpresa.
- Está certo. Assim que eu encontrar um deles eu lhe informo. O senhor é que vai se encontrar com eles depois de tantos anos.Quando foi a ultima vez que você os viu?
- Faz doze anos.
- Hum. Desculpe por perguntar, mas são seus familiares?
- Não detetive. São meus amigos.
-Certo. Vou começar as investigações hoje mesmo.
- Isso mesmo. Preciso urgentemente informações deles, tenho muitas novidades para contar que estou guardando a anos.
- Então vou começar as investigações.
- Ok. Não se preocupe com o dinheiro. Quando o senhor trouxer a primeira informação, eu lhe darei uma parte.
- Está certo. Até logo Sr Marlon.
- Até logo detetive Devis.
Quando o detetive saiu, Marlon teve a certeza que a justiça seria feita, só não sabia quando. O detetive Devis era famoso em encontrar pessoas e o chefe do jornal deixava em suas mãos o grande passe de encontrar os seus “amigos”.

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