ESTREIA
Mais um dia
nascia o sol na cidade de Solus. Ela era mais conhecida como Sombra Negra.
Ganhou este apelido por conta dos diversos crimes famosos.
Aquele era apenas mais um de muitos que Marlon
iria ter que agüentar as humilhações de seus “colegas” de classe. Esse não era
um dia como os outros.
Marlon
levantou cedinho para ir ao local mais traumático de sua vida. Ia percorrendo
as ruas, cerca de 2km, de cabeça baixa pensando nos dias em que foi derrotado
psicologicamente por aquelas pessoas. Ele até sorriu lembrando que aquele era
seu último dia naquela escola.
Ele era um
jovem “diferente” dos outros. Ele não vivia para ser o centro das atenções e
nem para se destacar pela sua inteligência. Ele é calmo, dotado de escrúpulos e
era taxado de “o esquisito”.
Chegando perto
da escola, ele deparou com um grupo de jovens:
- Olha aí quem
chegou, galera! O esquisitão. – falou Maurício.
- O que vocês
querem comigo? Eu nunca fiz nada pra vocês! – dispara Marlon.
- Queremos que
você desapareça desse mundo. – falou Rogério.
- Você não é
ninguém, apenas um Zé-mané. – falou Mateus.
- Parem, não
agüento mais! Todos os dias tenho que agüentar vocês. – fala Marlon quase aos
prantos.
- Ai! A
mocinha ta chorando! – disse Tiago.
Todos começaram
a rir.
- É por isso
que eu nunca vou me apaixonar por um otário como você. – disse Madalena.
- Eu te amo
Madalena, todas as noites sonho com você...- diz Marlon com ternura recordando
seus sonhos.
- Eu te
desprezo, seu babaca! Vê se cresce e muda, palhaço.- Madalena profere essa
palavras agarrada com Rogério.- Ele sim que é um homem de verdade.
Rogério pega
na camisa de Marlon e deixa ele suspenso no ar.
- Você quer
ela, manézão? Mas sou eu quem tenho ela na minha cama.
- Me solte! Me
deixe ir para a escola. -disse Marlon.
- Você vai se
divertir tanto nesse nossa despedida, que nunca vai esquecer dos nossos
rostos.- argumenta Maurício.
Nesse momentos
todos riem novamente e Marlon é levado para um beco sem saída.
Aquele era o
beco Manuel Afonso, mais conhecido como beco mortal, pois quem entrava nele
acompanhado, um tinha que morrer. No meio do sol escaldante, Marlon foi
arrastado pelo chão. Passou por lama, barro e ruas esburacadas. Chegando lá,
Marlon todo ensangüentado foi amarrado por Mauíicio.
- Agora seu
anormal, você vai ser o nosso brinquedinho. – fala Maurício com muita
satisfação no olhos.
- O que vocês
irão fazer comigo? Já não basta ser arrastado pelas ruas?– com lágrimas nos
olhos, falava Marlon.
- Calma, não
vamos lhe matar. Afinal, não queremos ir para a cadeia por causa de um nada
como você. – profere Rogério.
- Quem quer
começar brincar com o espantalho aqui? – pergunta Maurício.
Enquanto eles
brigavam para saber quem seria o primeiro, Marlon ficava calado com lágrimas
derramadas em seu rosto. Na sua cabeça, passavam várias cenas. Ele refletia: “
Será que valeu a pena ter tantos escrúpulos?”, “ Será que se eu fosse
diferente, tudo mudaria?”.
Todos nós
sabemos que a sociedade é hipócrita. A própria opinião sobre certos assuntos,
são omitidos. Aquele que vai remando com a maré, é que irá sobreviver. Hoje
mentir não é mais um pecado, mas sim uma virtude.
Aquele lugar
era frio ,apesar do sol forte, tinha sido cenário de vários crimes e agora
ganharia mais um diploma por ser novamente testemunha de uma atrocidade. Um
crime não é apenas aquele que fere fisicamente uma pessoa. A pressão psicologia
que aquele rapaz sofria era exemplo de um crime cruel e desonesto.
- Por que
vocês vivem me humilhando? – indaga Marlon.
- Porque você
é um ET. Um estúpido. Um otário. E também necessitávamos de uma pessoa que nem você, para brincar. – falou Maurício.
- Adoramos
brincar com você, iremos sentir tanto a sua falta. Que pena que vamos maltratar
o meu ADMIRADOR . – disse Madalena. – Morro de rir quando me lembro das cartas
que você me mandava, quase chorava...de tanto rir daquelas besteiras que tu
escrevia. Lembra quando você se declarou na sala? Quase morro de vergonha.
Imagina eu do lado de um “DO-EN-TE” como tu.
- Você
significa tanto para mim que sou capaz...- disse Marlon
Rogério não
deixou Marlon acabar e foi logo dando um soco. A boca de Marlon já esta toda
repleta de sangue.
- Chega! Cale
essa boca de sapo. – disse Rogério irritado.
- Está aberto
o parque de diversão. – falou ironicamente Maurício.
- Calma, vamos
conversar.- disse assustado Marlon.
- Claro, essa
conversa será bastante proveitosa. Nós conversamos usando as mãos e você
responde gemendo.- disse Tiago.
Nesse momento
todos do grupo riram e cada vez mais Marlon ia se apavorando.
- Você deseja
declarar algo antes que não possa falar mais?
- Não acredito
que vocês me odeie tanto...nunca fiz nada de mal pra vocês...minha vida sempre
foi de lágrimas... não desejava ser assim não...não tenho a NORMALIDADE de
vocês, não é assim que vocês acham? – falou Marlon soluçando em lágrimas.
- Acabou o
discurso melancólico?- falou Rogério.
Marlon apenas
confirmou com a cabeça.
- Então quem
vai começar a jogar?
Antes que
alguém respondesse, todos ouviram rastro de passos. Todos, menos Marlon,
ficaram com medo de que fosse algum guarda ou um policial.
- Quem será? –
perguntou Madalena.
- Cale a boca
e escute!
E de repente:
- Você? –falou
Tiago surpreso.
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