sábado, 12 de dezembro de 2015

Capítulo 9: Magia Sensata

Com o disparo, Max olha para trás e vê o atirador rapidamente, com um casaco e capaz, no final da rua, porém ele corre para não ser percebido por outras pessoas. Na pensão, todos se desesperam e se assustam. Assustada, Hanna Curie grita:
– Abaixa, gente!
Alguns hóspedes ficam abaixados, porém logo se levantam ao verem Max caído no meio da rua e com muito sangue saindo da suas costas.
– Vou ligar para o hospital! – fala Cléo, pegando seu celular.
Com medo, Mary e Jenny saem correndo para a casa delas. Vários hóspedes tentam ajudar Max a se levantar, porém a ambulância logo chega, levando Max e Carmen, que o acompanha, para o hospital de Pitenópolis. De longe, Sofia fica observando a situação. Quando a ambulância sai da rua, alguns entram para seus quartos. Sofia fica pensativa e Álvaro questiona:
– Sofia, você quer ir ao hospital?
– Por mais que eu tenha namorado ele, não quero vê-lo hoje. Ele quer destruir a minha vida.
– Tudo bem.
Álvaro e Sofia entram na pensão.

***
No pequeno hospital de Pitenópolis, Max e Carmen são recebidos pelo doutor Júlio, que logo leva Max para a emergência. Avaliando rapidamente o caso, o doutor Júlio afirma:
– Bem, a bala entrou pelas costas e saiu pela barriga, mas, por sorte, não rompeu nada e não causou grandes estragos, somente uma perda de sangue, por isso teremos que fazer uma doação de sangue.
– Eu posso doar. – sugere Carmen, preocupada com Max.
– Bem, qual é o seu tipo sanguíneo, Max? – pergunta o médico.
– O meu tipo é O negativo.
– Então, você só pode receber doações de pessoas com o mesmo tipo sanguíneo: O-.
– O meu não é O-. Aqui no hospital não tem sangue de doações não, doutor? – pergunta Carmen.
– Não. Precisamos ver se tem alguém que possa fazer essa doação, mas essa pessoa tem que estar descansada, alimentada, não pode ser grávida, criança, usar drogas injetáveis,...
– A Sofia. – fala Max, em tom baixo.
– O que tem ela, Max? – pergunta Carmen.
– O tipo sanguíneo dela é O-.
– Então ela pode nos ajudar, doutor? – questiona Carmen a Júlio.
– Desde que ela tenha esses requisitos que eu falei, pode sim.
– Pede pra ela, Carmen.
– Por que eu? Ela nos odeia.
– Ela tem um coração bom, Carmen. Eu preciso desse sangue.
– Mas dela você não vai receber nada.
– Você quer que eu morra?
– Claro que não.
– Então peça a ela para doar.
– Tá. Vou pedir.
Carmen sai do hospital e o doutor Júlio faz um curativo em Max.

***
Na noite escura da cidade, Carmen caminha em direção à pensão de Hanna Curie. Logo quando chega, abre a porta e atrai olhares de vários hóspedes, como Sofia, que fica surpresa.
– Sai daqui, sua bandidinha. – grita Hanna, tentando expulsar a jovem.
– Por favor, eu prometo que deixarei vocês em paz. Eu só quero pedir uma coisa.
– O que você quer, querida? – pergunta Cléo.
– Eu quero saber se você, Sofia, poderia ajudar o Max. – fala Carmen, olhando para Sofia, que fica desconfiada.
– Ajudar como? – pergunta Sofia.
– Doar sangue para ele. Ele perdeu muito sangue com o tiro e precisa de uma doação urgente.
– Mas por que logo eu?
– Ele me disse que o seu tipo sanguíneo é igual ao dele, O-, que só permite doação de pessoas também O-.
– Sai daqui, garota. Vocês ficavam atormentando a vida da Sofia e agora querem ajudinha?! – dispara um hóspede.
– Sofia, por favor, ajuda o Max. Ele pode morrer se não receber o sangue logo.
– Eu vou ao hospital. Quero ver isso com o doutor. – responde Sofia, segurando a mão de Álvaro.
– Tudo bem.
Carmen sai da pensão e fica do lado de fora esperando Sofia sair.
– Eu vou com você, Sofia. – fala Álvaro.
Chegando após um dia cansativo de trabalho na Leite de Porca, Marcos oferece ajuda:
– Quer que eu vá com vocês, Álvaro?
– Não precisa, mas obrigado, Marcos.
– Tomem cuidado com esses dois, hein?! – aconselha Hanna Curie.
– Claro. – respondem Álvaro e Sofia, saindo da pensão.
Com a saída de Álvaro e Sofia, todos vão aos seus quartos. Deitado na sua cama, Álvaro pensa em Ângela e em como conquistá-la.

***
Na casa de Aurora e Jonas, ela continua assustada com o barulho do tiro. Leia já está dormindo em seu quarto, assim como Guilherme. Aurora estranha o sumiço do marido, que demora para voltar de uma saída com os amigos. Esperando o marido por alguns minutos, Aurora liga a televisão. Logo após, Jonas chega à casa, visivelmente bêbado e alterado.
– Aurora, vamos pro quarto porque hoje é dia! – grita o marido de Aurora.
– Está tudo bem, Jonas?
– Tudo ótimo. Vem, gostosa. – fala Jonas, com sua voz diferente, e agarrando a esposa.
– Para com isso, Jonas.
– Eu sei que você gosta.
Aurora continua resistindo. Para fugir dos agarramentos do marido bêbado, ela pega um vaso e o quebra na cabeça de Jonas. Depois, ela o coloca no sofá e vai para seu quarto, onde dorme.

***
Chegando ao hospital com Carmen, Álvaro e Sofia são recebidos pelo doutor Júlio, que explica o caso de Max:
– Bem, o Max teve um tanto de sorte porque a bala não causou danos aos órgãos internos dele, porém ele perdeu uma grande quantidade de sangue e por isso, precisamos de uma doação o mais rápido possível. A senhora irá doar? – pergunta o doutor para Sofia.
– Sim. – responde Sofia, decidida.
Álvaro apoia a decisão da amada e a abraça.
– Obrigada, Sofia. – agradece Carmen.
– Muito obrigado. Você vai salvar a minha vida. – fala Max.
Sofia é logo encaminhada para uma sala especial.

***
No porão da mansão dos Albuquerque, Regina está sozinha e bate suas pernas. Jorge vai ao cômodo apertado, sozinho, segurando uma arma.
– O que foi, sua vadia? – pergunta Jorge, gritando.
Regina tenta responder, porém está com uma fita em sua boca.
– Fala, sua cretina. – grita Jorge, mesmo sabendo que ele não consegue falar com a fita – Já que você não quer falar nada, eu vou embora. E outra coisa: se não me der a sua parte da empresa, vai ficar aqui por mais um bons dias.
Jorge sai do porão, porém Regina continua lá, chorando e faminta.

***
No seu quarto da pensão, Marcos fica preocupado com o irmão Fabrício, que não chega, nem avisa nada. Marcos pensa um pouco, pega seu celular e utiliza um aplicativo para rastrear o celular do irmão. Depois de uma breve pesquisa, o funcionário da Leite de Porca descobre que o irmão está na casa de Jorge Albuquerque. Desconfiado, Marcos liga para Fabrício, porém ele não atende várias vezes. Um pouco antes de dormir, Marcos recebe uma mensagem no seu celular, de Fabrício, dizendo que chegará logo. Ao ler a mensagem, Marcos dorme mais tranquilo. Uma hora depois, Fabrício chega ao seu quarto, com um casaco e capuz.

***
O sol do dia seguinte chega radiante e rapidamente. Logo que acorda, Ângela vai à sala da casa de Olga e Pietro e encontra Gustavo acordado.
– Bom dia, Gustavo.
– Bom dia, Ângela.
– Gustavo, você pode ir comigo à mansão do meu pai?
– O que você quer fazer lá, Ângela?
– Eu sinto que minha mãe está lá.
– Então eu vou sim.
Gustavo e Ângela colocam um sapato e logo saem da casa. Chegando à mansão Albuquerque, os portões são abertos e eles entram na casa, para surpresa de Jorge, que está na sala.
– Voltou, Ângela? Agora trouxe Gustavo, seu super herói?! – debocha Jorge.
– Não vou nem responder. Eu vou procurar minha mãe de novo, como falei que ia fazer.
– Fique à vontade. – responde Jorge.
Gustavo e Ângela vasculham a casa, porém não encontram Regina.
– Ainda acha que a cadela da sua mãe está aqui, Ângela? – pergunta Jorge, provocando.
– Não tenho nenhuma cadela, mas se está falando da minha mãe, eu sempre vou achar que ela está aqui.
– Então está achando errado.
– E você com isso?
– Olha o respeito, garota!
– Eu sinto é nojo de você. – fala Ângela, cuspindo na cara de Jorge.
– Eu só não te mato porque não quero ir em cana agora.
– Agora né?! Porque você sabe que vai em cana um dia.
– Já que vocês não acharam a Regina, podem ir.
– Sim. Vamos, Gustavo. – fala Ângela, saindo da mansão, junto com Gustavo.

***
Após a visita inesperada de Ângela e Gustavo, Jorge sai da mansão e vai em direção à loja da Vinhos Albuquerque. Chegando lá para ver como estão as vendas na época próxima ao Natal, ele encontra Leia e comenta:
– Parabéns! As vendas estão indo muito bem. Pelo menos alguém para me dar orgulho, diferente da minha filha Ângela, que só me irrita.
– Como assim? Só te irrita? Eu não vou com a cara dela.
– Por vários motivos. Já percebi que podemos ser bons aliados.
– Aliados?
– Sim. Te espero para um jantar hoje na minha casa para falarmos disso.
– Mas... – tenta falar Leia.
– Até mais. – diz Jorge, saindo da loja.

***
Em casa sozinhos, Olga e Pietro conversam, após tomarem café da manhã:
– Precisamos arrumar um dinheirinho extra, Olga. – fala Pietro.
– Também acho. Eu preciso fazer compras. Minhas roupas estão todas velhas.
– Você não tem nenhuma ideia não?
– Já sei. Que tal se vendermos umas roupas da Regina e da Ângela sem elas saberem?!
– Ótima ideia. Elas têm muitas roupas.
– Pois é. E muitas dessas roupas elas nem devem usar tanto e são bem caras.
– Você vai vender onde?
– Estava pensando em Bulires. Se vendermos aqui, elas podem ficar sabendo.3
– Excelente, Olga.
Os dois ouvem a voz de Gustavo, que abre a porta da casa, e trocam de assunto.

***
Na pensão, Hanna Curie e Cléo continuam atendendo várias pessoas, com suas falsas previsões. Após sair da mansão de Jorge, Ângela vai direto à pensão, e Hanna a cumprimenta:
– Ângela Albuquerque! Que chique receber você aqui hoje.
– Oi. Quanto que é?
– Para você, é de graça. – responde Cléo.
– De graça, Cléo? – resmunga Hanna, em voz baixa.
– Fica quieta, Hanna.
– Então, Ângela, pelas cartas, você está próxima de uma pessoa que não te merece tanto assim.
– Como assim? – pergunta Ângela.
– Essa pessoa é interesseira, mas estou vendo que você vai também se aproximar mais de uma pessoa muito especial.
– E a minha mãe? Ela sumiu e eu ainda acho que ela está na casa do meu pai, mas já fui lá duas vezes e não a achei.
– Insista no seu pai. Ele sabe de mais coisas do que ele fala.
– Obrigada. – agradece Ângela, saindo da pensão.

***
Sentadas na sala de casa, Mary Leh e Jenny Franc pensam em propostas para o fim da concorrência com Hanna e Cléo.
– Por que a gente não espalha para as pessoas que as previsões delas são falsas, Mary? – sugere Jenny.
– Esse pessoal não vai acreditar na gente, Jenny. Temos que pensar em outra coisa.
– Podemos pegar um podre do passado da Hanna. Existem vários...
– Sim, mas isso vai demorar. Precisamos de algo imediato, irmã.
– Você tem alguma sugestão, Mary?
– E se a gente fizer umas promoções nas previsões?! As pessoas vão procurar a gente por um preço melhor.
– Ah não, Mary. Eu me recuso a participar disso. Daqui a pouco você vai querer Black Friday também, irmãzinha?!
– Jenny, você é muito caôzeira. Essa ideia é ótima.
– Enquanto você faz isso, Mary, eu vou pesquisando uns podres da Hanna.
– Ok, então. – responde Mary, que prepara umas placas sobre as promoções.

***
No quarto da pensão, Marcos está acordado e Fabrício logo acorda.
– Bom dia, Fabrício. Não adianta fugir agora. O que você estava fazendo na casa do Jorge Albuquerque ontem à noite, após o tiro?
– Que tiro, Marcos?
– Não se faça de sonso, Fabrício.
– Eu não fiquei sabendo de tiro nenhum e outra coisa: para de se meter na vida dos outros. – responde Fabrício, que entra no banheiro.
Após a resposta grosseira do irmão, Marcos vai à Leite de Porca.

***
Com Ângela fora de casa e Gustavo, que está na loja da Vinhos Albuquerque, também, Olga vai ao quarto de Regina e Ângela e pega algumas roupas delas, e as coloca em uma bolsa. Após pegar uma boa quantidade de roupas, Olga entram em um ônibus para Bulires, onde pretende vender as roupas.

***
Na vinícola Albuquerque, Pedro observa o trabalho de Jonas, que está esquisito. O marido de Aurora não faz nada durante uma hora e Pedro chama a atenção dele:
– Jonas, por que você está aqui sem fazer nada?
– Cuida da tua vida, Pedro. Vai arrumar uma mulher, seu frangote.
– Jonas, por favor me respeite.
Jonas dá um soco no rosto de Pedro, porém cai no chão e machuca seu joelho, com uma tampa de garrafa de cerveja. Mesmo irritado com Jonas, Pedro o libera para ir ao hospital.

***

Já no hospital de Pitenópolis, após a transfusão ter dado muito certo, Max está num quarto e vê, pela janela, Jonas passando. Max fica tenso e reconhece Jonas como o atirador da noite anterior, já que o namorado de Carmen olhou para trás logo que tomou o tiro, antes do criminoso correr.

Nenhum comentário:

Postar um comentário