“PAU QUE NASCE
TORTO NUNCA SE INDIREITA!”
CENA 01.
MANSÃO DOS CASTELAMARY. DIA. INT. SALA DE ESTAR.
Continuação
imediata da última cena do episódio anterior;
Alba ainda no telefone. A empregada interrompe, entrando na
sala, pela porta da frente. Ela se assusta e desliga na hora.
Alba - Eu já não te disse pra avisar
quando fosse aparecer, praga?! O que você quer?
Empregada - Me desculpa, mas é porque tem uma
visita esperando pela senhora. Ele disse que se chama Afonso e é seu amigo.
Alba - Será que é o Afonsinho?!
Alba se levanta e vai em direção a varanda.
CORTA PARA:
CENA 02.
MANSÃO DOS CASTELAMARY. DIA. EXT. VARANDA.
Alba se alegra ao ver Afonso, e o abraça fortemente.
Alba - Quanto tempo, meu amigo! Pensei que
você estivesse fora do país. E como está Samantha?!
Afonso - Está bem, mas eu quero saber de
você. Tá jovem, bem disposta. O que faz pra nunca envelhecer?!
Alba - Plástica, querido. Muita plástica!
Como dizia Gabriel, minha cara já pode ser confundida com uma carteirinha de
identidade.
Os dois riem. Eles entram em casa.
CORTA PARA:
CENA 03.
APTO DE GABRIEL. DIA. INT. COZINHA.
Gabriel e Melissa, ainda com roupa de pijama, tomam um café da
manhã, sentados à mesa.
Melissa - Gabriel...
Gabriel - Sim...
Melissa - Eu posso te fazer uma pergunta?!
Gabriel - Claro!
Melissa - Eu queria saber do seu pai... Vejo
você comentar sobre a Alba, sobre o seu irmão, mas nunca sobre o seu pai!
Gabriel fica em silêncio, espantado. Melissa o encara.
Gabriel - Meu pai está morto, Melissa, como
você deve ter percebido. Eu era muito novo, mas o que eu sei é que foi tudo em
um acidente de carro. Eu me sentia muito sozinho sem a presença dele. O meu
irmão ocupava esse lugar de pai no meu coração.
Melissa - Você parece nunca ter superado a
morte do seu irmão, né?!
Gabriel - Nunca superei, Melissa. Não tem
como superar a morte de um cara que foi um pai pra mim.
Gabriel começa a chorar. Melissa acaricia seu rosto.
Melissa - E você estava junto com ele no dia
em que tudo aconteceu?
Gabriel - Não... Só sei que a minha mãe
sempre disse que tinha sido ela, que foi por engano, que foi por causa de um
assalto. Eu nunca acreditei!
Melissa - Como assim? Nunca acreditou, como?!
Gabriel - Eu ainda acho que alguém matou, meu
irmão. Ela não quer admitir, mas o peso da morte do meu irmão ela não carrega
nas costas!
CORTA PARA:
CENA 04.
CASA DE INÊS. DIA. INT. SALA DE ESTAR.
Glauce sentada no sofá acariciando a foto de Melissa. Inês vê a
cena.
Inês - O que ta fazendo?
Glauce - Vendo a foto de quando Melissa era
pequena. Eu sinto muita falta dessa época.
Inês - Eu acho que já ta mais do que na
hora de você ir atrás da sua sobrinha. Glauce, você não pode fazer isso com
ela!
Glauce - Você tem razão. Eu pedi o Esqueleto
pra ir até a minha antiga casa, mas me parece que ela foi vendida. Eu não
consegui mais contato com ela.
Inês - Por que você não vai no hospital?!
Você tem amigos lá, e eles podem ver na ficha dela, o endereço que ela está
morando.
Glauce - (feliz) Inês, você é uma gênia!
Inês - Mas faça isso logo... Aproveita que
o dia ainda está aí. Anda, não perca tempo!
Glauce - (se levantando) Eu só vou
ir até o meu quarto e correr pro hospital.
Glauce sai do cômodo. FOCA em Inês, apreensiva.
CORTA PARA:
CENA 05.
SANATÓRIO. DIA. INT. QUARTO ISOLADO.
Marcelo (jovem de aproximadamente vinte anos, olhos negros,
corpo escultural, cabeça raspada, e uma roupa toda branca) chora sentado em sua
cama. O local é totalmente isolado. Apenas com uma cama branca, sem janelas.
Marcelo - Minha irmã... Eu quero a minha
irmã!
Marcelo se levanta, e vê um gancho para toalhas na porta, ele
puxa o colchão e tira uma corda dali. Ele vai se aproximando. Ao amarrar a
corda no pescoço, abrem a porta, arremessando-o longe.
Médico - Marcelo... O que é isso?! O que ta
acontecendo, pelo amor de Deus?!
Marcelo - Eu não quero mais viver... Eu não
quero mais viver! A minha irmã está morta? É verdade?
Médico - (abaixando) Fica
tranquilo, está tudo sob controle. A sua irmã está bem! Não faça isso com a sua
vida, isso não vai curar nenhum problema que você estiver vivendo, Marcelo.
Marcelo - Eu quero morrer! Eu quero morrer!
Médico - Você não vai morrer... Você vai
viver, vai ser feliz nessa vida, Marcelo. Eu não vou deixar você morrer!
Marcelo se levanta e encara o médico, que abre os braços.
Marcelo o abraça.
CORTA PARA:
CENA 06.
CASA DE AMÉLIA. DIA. INT. SALA DE ESTAR.
Amélia (cabelos pretos, curtos, olhos pretos, roupa simples)
sentada em frente ao sofá. Um imenso barulho de guitarra é escutado.
Amélia - Mas que merda é essa? Dá pra parar
com isso, Pietra?! Anda... Você vai ficar atrasada pra escola.
Para o som. Pietra (cabelos ruivos, olhos castanhos, roupa punk)
pega a mochila e já vai saindo.
Amélia - Ué, não vai se despedir da sua mãe?
Pietra manda beijo para Amélia, e sai.
CORTA PARA:
CENA 07.
ESCOLA. DIA. INT. SALA DE AULA.
Todos na sala de aula. Pietra, com um chiclete na boca, entra na
sala, sem bater, e se senta. O professor olha para ela.
Professor - Muito prazer... Qual é o seu nome?!
Pietra - Meu nome? (olha para trás, fingindo não ser com ela) Ah é comigo... Prazer,
Pietra!
Os meninos ficam olhando-a com desejo. Um deles a cutuca.
Menino - Humm... Você é muito linda, sabia?!
Pietra - Não adianta querer ficar me
cantando, ok?! Não gosto de meninos...
Todos começam a rir, e debochar.
Pietra - Gosto de homens!
Todos fica chocados. O professor ri.
Professor - Já fui com a sua cara!
CORTE
IMEDIATO – Bate o sinal. Todos saem correndo. O professor se
aproxima de Pietra, que guarda o seu material.
Professor - Gostei de você, sabia?! Será que
você não se interessaria em sair comigo?
Pietra - (ri) Eu não posso...
Professor - Por quê? O que te impede? Se for
pelo fato de eu ser professor, esqueça isso.../
Pietra - (no ouvido dele) É que eu
sou hermafrodita! Tenho bilauzinho, sabe?! Às vezes exerço esse meu lado macho,
aí eu me Piter, e eu não sei quando ele pode aparecer!
O professor fica assustado.
Pietra - Agora eu posso ir? Eu quero muito
mijar!
Pietra sai da sala de aula. O professor indignado.
CORTA PARA:
CENA 08.
STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT.
MÚSICA: Epitáfio – Titãs
LEGENDA: Nove meses depois...
O tempo passando no Rio de Janeiro. Os carros se movimentando.
CORTA PARA:
CENA 09.
MANSÃO DOS CASTELAMARY. DIA. INT. SALA DE ESTAR.
Alba sentada no sofá tomando um chá. A campainha toca. Ela se
levanta e vai até a porta. Um homem velho e desconhecido entra e já vai
sentando sem seu sofá.
Alba - (nervosa) Que
história é essa de já ir entrando na minha casa?
Homem - Vim dizer que ta tudo pronto,
chefia. A menina que você mandou matar estará mortinha... Em breve! Demoramos
porque a gente queria ter um bom plano. Dessa vez ela num escapa!
CORTA PARA:
CENA 09.
ESCOLA. DIA. EXT. FACHADA.
MÚSICA:
Posso ser – Lexa.
Clara (cabelos loiros, olhos azuis, um belo par de cochas,
vestida com um lindo uniforme) desce deslumbrante do carro, com cara de esnobe.
Várias pessoas entrando no colégio.
Clara olhando para a escola.
Clara - Então é nessa porcaria que eu vou
ter que estudar?! Era só o que me faltava....
CORTA PARA:
CENA 10.
SANATÓRIO. DIA. INT. SALA DA DIRETORIA.
Marcelo, comportado, sentado a frente do médico-chefe, com um
sorriso no rosto.
Marcelo - Eu to muito feliz, doutor. Já não
via a hora de sair desse hospício... Literalmente!
Doutor - Você teve uma evolução tremenda,
Marcelo. Me surpreendeu! Mas não pense que vai se ver longe de mim, hein?! Você
precisa vir até aqui uma vez por mês, ok?
Marcelo - Pode deixar... Bom doutor, eu já
não quero mais ficar hora nenhuma aqui. Posso ir?
Doutor - Claro. Você já ta de alta, Marcelo.
Marcelo - Obrigado!
Os dois se cumprimentam com as mãos. FOCA em Marcelo,
emocionado.

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