CENA 1 – Casa de Lavínia/Int./Sala-Jantar/Noite
Todos reunidos na mesa. Anselmo, Lavínia, Gracinha, Roberto e
Paula. Já estavam jantando. Diálogo em andamento.
Lavínia – Então vocês são de Bauru?
Que lugar agradável.
Gracinha – E muito. Vivi minha vida
toda lá. Agora que meu filho veio aqui para a capital e arrumou um bom emprego,
decidi que tinha que vir ficar com ele. Na verdade estava difícil de viver no
lugar em que convivi com meu marido.
Anselmo – Seu marido morreu como?
Paula – Pai!? Isso é lá pergunta
que se faça. Me desculpe dona Gracinha.
Gracinha – Não! Tudo bem. E por
favor, me chamem só de Gracinha. Senhora me faz parecer bem mais velha do que
já sou.
Todos riem.
Gracinha – Ele morreu em um assalto.
O bandido atirou a sangue frio.
Lavínia – Nossa, que horror.
Anselmo – Uma verdadeira tragédia.
Gracinha – Foi uma das piores fases
da minha vida. Se não fosse o meu filho eu nem sei o que teria acontecido
comigo. O Roberto foi o meu porto seguro nesses tempos todos.
Lavínia – Nota-se que ele ama mesmo
você. Tem um filho de ouro.
Anselmo ergue a taça.
Anselmo – Um brinde aos filhos de
ouro.
Todos erguem as taças e brindam.
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CENA 2 – Apartamento-Roberto/Int./Sala/Noite
Gracinha está sentada no sofá, retirando a sapatilha dos pés.
Gracinha – Adorei a família da sua
namorada. Apesar de ser granfinos, são gente boa.
Roberto – Pois é. Também gostei
deles.
Gracinha – Eu só te achei um pouco
fechado. Distante. Até parecia constrangido.
Roberto – Não é nada demais. Foi
apenas o nervosismo de conhecer os pais da minha namorada.
Gracinha – Tenho certeza de que eles
te adoraram. (se levantando) Bom! Eu
vou tomar um banho. Estou exausta.
Gracinha sai da sala. O celular de Roberto toca. CAM foca no
contato “Lavínia”. Roberto atende.
Roberto – Alô!
Lavínia (off) –
Precisamos conversar. Esteja amanhã cedo na boate.
Roberto tira o celular do ouvido e olha para o vazio da sala.
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CENA 3 – Boate Rosê/Int.Escritório/Dia
Lavínia de pé atrás de sua mesa. Roberto está sentado do outro
lado.
Lavínia – O que pensa que está
fazendo? Acha mesmo que eu vou permitir que você engane a minha filha?
Roberto fica em silêncio. Lavínia começa a caminhar em volta
dele, analisando-o.
Lavínia – Você se acha muito
esperto. Mas eu sou bem vivida para cair em certos golpes. Se acha que vai se
aproveitar com esse namoro ridículo, você está muito enganado. Eu exijo que
você ligue agora mesmo e acabe com essa palhaçada.
Roberto se levanta e encara Lavínia.
Roberto – Quem você pensa que é
para dizer o que eu devo ou não fazer. Qual é a sua moral? Uma cafetina
aliciadora de menores e ainda banca de boa mãe protetora.
Lavínia – Meça suas palavras
rapazinho. Você não faz idéia de com quem está se metendo.
Roberto – Está certo. Seja você
quem for anote o que vou dizer: Estou me lixando para o que você pensa sobre
mim e a Paula. Eu amo ela e nada e ninguém vai acabar com esse sentimento.
Passar bem, chefe.
Roberto sai do escritório.
Lavínia – Idiota! Se ele pensa que
vai ficar assim ele está muito enganado. Eu vou acabar com esse namorico.
Close final no rosto de Lavínia, pensativa.
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CENA 4 – Quarto de Motel/Int./Dia
Kelly e Lucas frente a frente. Kelly um pouco fechada.
Kelly – Achei que não fosse mais
me procurar. Vi você e aquela ruiva sem sal na boate aquela noite. E você nem
disfarçou.
Lucas – Ficou com ciúmes?
Kelly – Sabe que eu gosto de
você. Bem mais do que um simples programa.
Lucas – Sério! Então faria comigo
mesmo se não te pagasse?
Kelly – Me casaria com você se
quisesse.
Lucas sorri. Em seguida ele agarra Kelly brutalmente pelos
braços e começa a beijá-la.
Kelly – Para Lucas! Você está me
machucando.
Lucas – Relaxa. Faz de conta que
sou seu maridinho.
Lucas joga Kelly sobre a cama e rasga o sutiã dela.
Kelly – Para Lucas!
Lucas não dá ouvidos as suplicas de Kelly e penetra-a com muita
força. Kelly chora. A cena do estupro dura mais ou menos quinze segundos. Após,
corte de cena. Lucas vestindo a bermuda. Kelly deitada sobre a cama, de costas
para ele. Estava chorando silenciosamente. Lucas atira algumas notas sobre ela.
Lucas – Você não serve e nunca
vai servir como mulher de família. É só para isso que você serve e sempre vai
servir.
Lucas sai do quarto. Kelly se levanta aos poucos e vai para o
banheiro.
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CENA 5 – Apartamento de Viviane/Int./Sala/Dia
Kelly entra no apartamento. Estava toda machucada. Viviane vê o
estado de Kelly e vai ao seu encontro.
Viviane – Kelly? Meu Deus, o que
aconteceu? Vem aqui.
Viviane senta Kelly no sofá.
Kelly – Ah, Vivi! Foi horrível. O
Lucas me humilhou muito. Ele me estuprou.
Viviane – Desgraçado. (furiosa) Isso não vai ficar assim. Vamos
agora mesmo à delegacia denunciar esse canalha.
Kelly – Não! Deixa assim.
Viviane – Como assim? Ele cometeu
um crime.
Kelly – Eu sou uma prostituta,
Vivi. Você acha mesmo que com todo o dinheiro que ele tem eu vou ter alguma
chance de incriminar ele.
Pausa
Viviane – Por esse lado você tem
razão. Mas não custa nada tentar. Ele não pode sair impune disso.
Kelly – Talvez tenha sido melhor.
Agora mais do que nunca eu parei de sonhar. Eu não quero mais ver ele na minha
frente. Acabou Vivi. Eu juro pela minha vida que nunca mais passarei por uma
humilhação igual a que passei.
Viviane – Sabe que pode contar
comigo.
As duas se abraçam emocionadas.
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CENA 6 – Casa de Romana/Int./Quarto/Dia
Filipe e seu amigo Dudu estão sentados na cama.
Filipe – Hoje eu tenho um novo
programa. Um policial.
Dudu – Jura? Que tudo. E você
não tem medo?
Filipe – Medo? De quê? É muito bom
e dá uma boa grana. Você viu.
Dudu – Eu sei, mas sei lá. Sair
com pessoas que a gente não conhece. Eu acho meio perigoso.
Felipe se levanta e se vira para Dudu.
Filipe – Perigoso é, mas eu sei me
cuidar. Ando preparado.
Dudu – E você acha que essa
faquinha de colégio te salva de alguma coisa? Isso aí mal arranha alguém.
Filipe – O importante é pensar
positivo.
Filipe sorri para Dudu, que balança a cabeça negativamente.
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CENA 7 – Apartamento de Stefan/Int./Sala/Dia
Som da campainha. Stefan abre a porta e fica surpreso em ver
Olívia.
Stefan – Olívia? O que faz aqui?
Olívia – Eu precisava te ver.
Stefan – Como conseguiu meu
endereço?
Olívia – Isso não importa. O que
importa é que eu precisava falar com você ou enlouquecia.
Stefan – Me desculpe, mas eu não
estou atendendo hoje...
Olívia (desespero) – Não!
Por favor, não. Eu não vim atrás de programa. Eu vim por que... Por que... Eu
vim aqui para...
Stefan – Diz. Estou ficando
assustado.
Pausa.
Olívia – Eu te Amo Stefan! Te amo
muito. Estou completamente apaixonada por você.
Stefan – O quê? (pausa) Nossa, eu nem sei o que dizer.
Olívia – Eu vi você e a minha
filha juntos. Fiquei louca de ciúmes.
Stefan (surpreso) – Espera.
A Bruna é sua filha?
Olívia – Sim! Mas não vem ao caso.
Eu vim falar dos meus sentimentos por você.
Stefan – Confesso que você me
pegou de surpresa. Nem sei mesmo o que te dizer.
Olívia – Apenas me diga que vai
desistir da minha filha e fugir comigo. Vamos para qualquer lugar que você
quiser. Terá uma vida de luxo ao meu lado. Só diga que aceita.
Stefan pensa por alguns segundos.
Stefan – Me desculpa Olívia, mas é
bem mais complicado. Eu não só estou namorando a sua filha na intenção de somar
no currículo. Eu gosto da Bruna de verdade.
Olívia – Não! Por favor, não diga
isso.
Olívia segura o rosto de Stefan.
Stefan – Nossa relação foi só
profissional, Olívia. Achei que estivesse separando bem as coisas.
Olívia (solta o rosto dele) –
E eu estava. Mas as coisas mudam. Por favor, não me abandone.
Stefan – Sinto muito. Mas amo sua
filha e é por ela que vou mudar de vida. Adeus Olívia.
Stefan fecha a porta. Close em Olívia, arrasada, no corredor.
Olívia (batendo na porta) –
Stefan! Por favor. Eu te amo!
Ela espera alguns segundos e em seguida se dirige ao elevador,
tentando conter o choro.
Corta para:
CENA 8 – São Paulo/Rua qualquer/Noite
Filipe está em uma esquina mal iluminada. Olha o celular e
depois coloca no bolso. Em seguida um carro preto para ao lado da calçada. Um
homem de cabelo grisalho, aparentando ter uns 40 anos, abre a porta.
Homem – Entra aí.
Filipe entra no carro e o homem dá a partida em seguida.
Corta para:
CENA 9 – São Paulo/Rua Qualquer/Noite
Vemos Roberto chegando até um carro preto e entrando dentro.
Corta para interior do veículo. Anselmo está dentro.
Roberto – Sabia que me ligaria
também.
Anselmo – A noite foi
surpreendente. O michê e a princesinha carioca. Mas esse conto de fadas acaba
aqui.
Roberto (sorri) –
Engraçado. É a segunda vez que escuto isso hoje.
Anselmo (bravo) – Não
brinque comigo, rapaz. Eu sou a última pessoa do mundo com quem você quer ter
problemas. E acredite, está tendo.
Roberto (sério) – Eu não
tenho medo de você. Você pode intimidar quem você quiser, mas a mim não.
Closes alternados nos olhares fuzilantes de Anselmo e Roberto. A imagem fica em preto e branco para o fim
do capítulo.
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