segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Capítulo 09: JOGO DE SEDUÇÃO (PENÚLTIMO)




CENA 1 - São Paulo/Rua Qualquer/Noite
Roberto e Anselmo sentados dentro do carro, assim como no capítulo anterior. Expressões sérias. Diálogo tenso.
Anselmo – Está me desafiando seu prostituto barato? Eu apago você em um estalar de dedos e tudo que é feito de você se tornará fumaça. Nem as lembranças restarão.
Roberto – Ameaças são como promessas, e de promessas você entende muito bem, deputado Anselmo. Mas a questão é que o seu castelo fará mais ruínas que o meu se a sua imagem de bom homem do povo vier abaixo.
Um breve silêncio.
Anselmo – Devo admitir que você tem mesmo um topete. Mas não diga que eu não te avisei.
Roberto – Agradeço seus conselhos, mas estou bem assim.
Roberto sai do carro, batendo a porta em seguida. Ele começa a caminhar além da rua. A CAM vai girando devagar até chegar em Diego, que olhava tudo escondido.
Diego – O que aquele merdinha estava fazendo naquele carro? Ai tem alguma coisa.
Close final no rosto de Diego, pensativo.
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CENA 2 – Casa de Romana/Int./Sala/noite
Romana caminhando de um lado ao outro da sala. Nervosa. Diego entra em casa.
Romana – Meu filho, ainda bem que você chegou. Eu já estava quase indo a polícia.
Diego – Nossa, acalme-se mãe. O que aconteceu?
Romana – Seu irmão. Seu irmão saiu de casa e até agora não voltou.
Diego – Ah, é isso. Relaxa que ele logo está aí. Ele jovem. Deve estar curtindo com os amigos.
Romana – Ele é menor de idade, e com a violência que está essa cidade é difícil para mim ficar tranqüila.
Diego – Mas também não é pra tanto mãe. Ele é esperto, sabe se cuidar. Logo você vai ver que ele vai chegar. Eu vou pro banho.
Diego sai da sala. Romana senta no sofá, pensativa.
Romana – Assim espero. Mas não sei porque estou tão inquieta assim. Queira Deus que seja apenas bobagem.
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CENA 3 – São Paulo/Externa/Dia
Cenas da grande Avenida Paulista, seguida de outos pontos da cidade, com prédios e o trecho da marginal pinheiros. Cena final na fachada da casa de Romana.
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CENA 4 – Casa de Romana/Int./Sala/Dia
Som do telefone tocando. Romana deitada de mau jeito sobre o sofá. Acorda desorientada. Olha o relógio de pulso e em seguida atende o telefone.
Romana – Alô!?
Silêncio. A expressão de Romana vai modificando aos poucos. Logo fica transtornada.
Romana (gritos) – NÃÃÃÃOOOO... MEU DEUS, NÃO... MEU FILHO!
Diego aparece depressa na sala em socorro ao desespero de sua mãe.
Diego – Mãe? O que houve? Porque está desse jeito?
Romana (chorando) – Seu irmão, Diego... Meu filhinho querido... Filipe foi assassinado.
Diego (surpreso) – O quê? Não! Isso não é possível. Deve ser engano. Trote! É isso. Alguém deve ter ligado e...
Romana – Me ligaram do IML. Acharam o corpo dele jogado em uma vala.
Diego abraça Romana. A CAM vai se distanciando dos dois lentamente, até o fim da cena.
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CENA 5 – São Paulo/Externa/Dia
Imagens diversas e aceleradas de carros e de ruas da cidade. Fachada da boate Rosê.
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CENA 6 - Boate Rosê/Int./Escritório/Dia
Kelly caminhando em direção ao escritório de Lavínia. Para ao ouvir as vozes de Lavínia e Mauro. Começa a ouvir. CAM focada nela.
Lavínia (off) – Esses miseráveis acham que podem me afrontar dessa forma. Eu tenho a vida deles aqui na minha mãe.
Mauro (off) – O que você quer que eu faça?
CAM agora em Lavínia e Mauro.
Lavínia – Por enquanto nada. Mas se continuar, então terá que fazer o mesmo que fez com a Lenara.
Mauro – Entendi.
CAM foca a expressão de pavor no rosto de Kelly, que leva as mãos à boca. Sai imediatamente sem ser percebida.
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CENA 7 – Apartamento de Viviane/Int./Sala/Dia
Kelly entra no apartamento. Expressão de susto. Viviane, sentada no sofá, se levanta e olha para ela.
Viviane – Kelly? O que aconteceu? Você está pálida. Foi o Lucas? Ele te fez alguma coisa?
Kelly – Não, Vivi. Foi outra coisa. Uma coisa muito grave.
Viviane – Fala logo. O que aconteceu?
Kelly – Você tinha razão sobre a Lavínia.
Kelly senta no sofá e encara Viviane.
Kelly – Eu fui na boate contar a ela o que tinha acontecido comigo e quando cheguei lá, encontrei ela conversando com o Mauro. Fiquei ouvindo os dois, sem que eles percebessem.
Uma breve pausa.
Viviane (curiosa) – E aí? O que você ouviu.
Kelly – Vivi, a Lavínia mandou o Mauro matar a Lenara!
Viviane se toma de fúria.
Viviane – Desgraçada! Eu sabia que aquela vaca tinha alguma coisa haver com a morte da Lenara. Eu vou acabar com a raça dessa piranha.
Kelly – E o pior é que eu acho que ela está tramando alguma coisa com o Mauro de novo. Acho que mais alguém está na mira dela.
Viviane – Mas nós não vamos permitir. Eu vou falar com o Mauro. A Lavínia pensa que tem ele nas mãos, mas nem imagina o quanto o Mauro é fiel a mim.
Kelly – Você e o Mauro?
Viviane – Sim! Ele me ajudou muito desde que comecei essa vida.
Kelly – Eu nunca imaginei isso.
Viviane – Ele não é a melhor pessoa do mundo eu sei, e ainda mais agora que descobri que ele matou a Lenara. Mas se quero acabar com a raça da Lavínia, então terei que manter o Mauro ao meu lado.
Kelly – Só toma cuidado.
Viviane – Não se preocupe. Quem tem que temer alguma coisa é aquela vadia metida a granfina.
Close final no rosto malicioso de Viviane.
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CENA 8 Clube/Int./Área de Picinas/Dia
Max e Stefan estão na beira da piscina. Estão apenas de sunga, deitados em uma espreguiçadeira. Ambos de óculos de sol. Uma pequena movimentação no clube.
Max – Quer dizer que a coroa foi se declarar pra você?
Stefan – Eu fiquei sem ação na hora.
Max – Daria tudo pra ver essa cena.
Stefan – Me deu pena, mas não posso fazer nada. Eu gosto da Bruna.
Max – Que loucura. Isso até parece uma novela. Você tem um caso com a mãe e acaba namorando a filha. Que dilema.
Stefan – Eu não tive um caso com a Olívia. Ela contratava meus serviços e só. Jamais houve outro relacionamento entre nós.
Max – Tudo bem, deixa quieto. (levantando) Bom! Eu vou nessa. Tenho que encontrar um cara.
Stefan – Cliente!
Max – Não! Fornecedor.
Stefan – Você e suas drogas. Cuidado rapaz. Isso mata.
Max (indo embora) – Mas morro feliz!
...
Corte de cena para outro ponto do clube. CAM encontra Lucas e Rebeca, sentados em volta de uma mesa. Duas bebidas coloridas sobre ela.
Rebeca – Namoro!?
Lucas – Você sabe que a gente combina. Somos perfeitos quando estamos juntos.
Rebeca – Nisso você tem razão. Eu posso até aceitar esse seu pedido de namoro, mas com condições.
Lucas – Todas que você quiser.
Rebeca – Perfeito.
Lucas se aproxima de Rebeca.
Lucas – Você vai ser a mulher mais feliz desse mundo. Eu prometo!
Antes que ele pudesse beijá-la, Rebeca coloca o dedo sobre os lábios de Lucas.
Rebeca – Regra número um: Nada de promessas.
Lucas sorri. Em seguida os dois se beijam.
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CENA 9 – Casa de Romana/Int./Sala/Dia
Romana e Diego entram na casa. Diego fecha a porta, enquanto ela caminha até o sofá e senta. Em seguida Diego senta ao seu lado.
Romana – Vai ser difícil imaginar esse lugar sem a presença do meu menino.
Diego – Mas precisamos ser fortes, mãe. Tudo tem um propósito.
Romana – Foi uma crueldade o que fizeram com ele.
Diego – A polícia acredita em crime de ódio. Homofobia como dizem.
Romana – A raça humana está tomada de ódio. Meu filho foi apenas mais um nesse mundo de estatísticas sem fim.
Diego – A única coisa que podemos fazer agora é pedir que seu espírito descanse em paz. Eu estarei aqui, do seu lado, para sempre.
Os dois se abraçam. A CAM vai se afastando lentamente, permanecendo por segundos até o final da cena.
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CENA 10 – São Paulo/Externa/Passagem de Tempo
Vemos imagens diversas da capital. Nascer do sol, pessoas caminhando, trânsito, por do sol, cidade iluminada e o trânsito intenso.
                              Lê: Dias Depois...
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CENA 11 – Casa de Olívia/Int./Sala/Dia
[Melodia Triste]
Close na fachada da casa de Olívia. Vemos ela caminhando pela casa. Estava de camisola. Aparência desgastada, chorosa e depressiva. Cabelo despenteado. Se dirige até a janela e observa sua filha, Bruna, e Stefan se divertindo na piscina. Sorrisos e troca de carinho entre os dois. CAM volta em Olívia, que se afasta.
Corte de Cena... Olívia caminha pela sala e vai até o minibar. Ela pega um copo e quebra sobre a mesinha ao lado. Em seguida, tomando coragem, ela corta os pulsos. CAM foca na expressão de dor em seu rosto. Lágrimas caindo. Foco no sangue correndo pelos baços.
A CAM vai se distanciando lentamente, até que vemos Olívia cair no chão.
[Música cessa aqui]
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CENA 12 – Rua Qualquer/Dia
Diego se aproxima de um carro. O motorista abaixa o vidro. Era um senhor de cabelos grisalhos. Usava um óculos preto.
Diego – Conseguiu o que te pedi?
Homem – Está tudo aqui. (entrega um envelope) Acho que vai gostar de saber.
Diego abre o envelope e olha algumas fotografias.
Diego – Eu não acredito. Isso é melhor que qualquer revista pornográfica que eu já vi. (entrega um envelope pequeno ao homem) Está aqui o restante do pagamento.
Homem – Se precisar de mais alguma coisa é só ligar.
O homem sobe o vidro do carro e sai. Close no rosto de Diego.
Diego – A casa caiu pra você playboy.
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CENA 13 – Colégio Charles Darwin/pátio/Dia
Uma pequena movimentação no pátio da escola. Paula caminha distraída. Diego surge em sua frente.
Paula (susto) – Diego! Quase me matou de susto.
Diego – Me desculpe. Eu não tinha a intenção de te assustar. Preciso falar com você.
Paula – Não temos mais nada para conversar Diego. Me esqueça. Sabe que estou com o Roberto e o amo.
Diego – Sim, eu sei disso. Sei que está cega de amores por ele e não me conformo. Mas também sei que minhas palavras também não vão te fazer mudar de idéia, então resolvi apresentar provas concretas.
Diego entrega o envelope para Paula.
Paula – Do que você está falando? O que é isso?
Diego – Abra e veja com seus próprios olhos, Paula. Veja o quanto seu namorado te ama de verdade.
Lentamente, Paula abre o envelope e começa a analisar cada foto. Sua expressão vai ficando pálida a cada imagem que vê.
Diego – O homem que você diz amar ganha a vida se prostituindo.
Paula – Meu Deus! Isso não pode ser verdade.
Paula começa a chorar silenciosamente. Enquanto Diego observa. A imagem vai ficando em preto e branco para o fim do capítulo.

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