CENA 1 - São Paulo/Rua Qualquer/Noite
Roberto e Anselmo sentados dentro do carro,
assim como no capítulo anterior. Expressões sérias. Diálogo tenso.
Anselmo – Está
me desafiando seu prostituto barato? Eu apago você em um estalar de dedos e
tudo que é feito de você se tornará fumaça. Nem as lembranças restarão.
Roberto –
Ameaças são como promessas, e de promessas você entende muito bem, deputado
Anselmo. Mas a questão é que o seu castelo fará mais ruínas que o meu se a sua
imagem de bom homem do povo vier abaixo.
Um breve silêncio.
Anselmo – Devo
admitir que você tem mesmo um topete. Mas não diga que eu não te avisei.
Roberto –
Agradeço seus conselhos, mas estou bem assim.
Roberto sai do carro, batendo a porta em
seguida. Ele começa a caminhar além da rua. A CAM vai girando devagar até
chegar em Diego, que olhava tudo escondido.
Diego – O que
aquele merdinha estava fazendo naquele carro? Ai tem alguma coisa.
Close final no rosto de Diego, pensativo.
Corta
para:
CENA 2 – Casa de Romana/Int./Sala/noite
Romana caminhando de um lado ao outro da sala.
Nervosa. Diego entra em casa.
Romana – Meu
filho, ainda bem que você chegou. Eu já estava quase indo a polícia.
Diego – Nossa,
acalme-se mãe. O que aconteceu?
Romana – Seu
irmão. Seu irmão saiu de casa e até agora não voltou.
Diego – Ah, é
isso. Relaxa que ele logo está aí. Ele jovem. Deve estar curtindo com os
amigos.
Romana – Ele é
menor de idade, e com a violência que está essa cidade é difícil para mim ficar
tranqüila.
Diego – Mas
também não é pra tanto mãe. Ele é esperto, sabe se cuidar. Logo você vai ver
que ele vai chegar. Eu vou pro banho.
Diego sai da sala. Romana senta no sofá,
pensativa.
Romana – Assim
espero. Mas não sei porque estou tão inquieta assim. Queira Deus que seja
apenas bobagem.
Corta
para:
CENA 3 – São Paulo/Externa/Dia
Cenas da grande Avenida Paulista, seguida de
outos pontos da cidade, com prédios e o trecho da marginal pinheiros. Cena final
na fachada da casa de Romana.
Corta
para:
CENA 4 – Casa de Romana/Int./Sala/Dia
Som do telefone tocando. Romana deitada de mau
jeito sobre o sofá. Acorda desorientada. Olha o relógio de pulso e em seguida
atende o telefone.
Romana – Alô!?
Silêncio. A expressão de Romana vai modificando
aos poucos. Logo fica transtornada.
Romana (gritos) – NÃÃÃÃOOOO... MEU DEUS, NÃO... MEU FILHO!
Diego aparece depressa na sala em socorro ao
desespero de sua mãe.
Diego – Mãe? O
que houve? Porque está desse jeito?
Romana (chorando) – Seu irmão, Diego... Meu filhinho querido... Filipe foi
assassinado.
Diego (surpreso) – O quê? Não! Isso não é possível. Deve ser engano. Trote! É
isso. Alguém deve ter ligado e...
Romana – Me
ligaram do IML. Acharam o corpo dele jogado em uma vala.
Diego abraça Romana. A CAM vai se distanciando
dos dois lentamente, até o fim da cena.
Corta
para:
CENA 5 – São Paulo/Externa/Dia
Imagens diversas e aceleradas de carros e de
ruas da cidade. Fachada da boate Rosê.
Corta
para:
CENA 6 - Boate Rosê/Int./Escritório/Dia
Kelly caminhando em direção ao escritório de
Lavínia. Para ao ouvir as vozes de Lavínia e Mauro. Começa a ouvir. CAM focada
nela.
Lavínia (off) – Esses miseráveis acham que podem me afrontar dessa forma. Eu
tenho a vida deles aqui na minha mãe.
Mauro (off) –
O que você quer que eu faça?
CAM agora em Lavínia e Mauro.
Lavínia – Por
enquanto nada. Mas se continuar, então terá que fazer o mesmo que fez com a
Lenara.
Mauro –
Entendi.
CAM foca a expressão de pavor no rosto de Kelly,
que leva as mãos à boca. Sai imediatamente sem ser percebida.
Corta
para:
CENA 7 – Apartamento de Viviane/Int./Sala/Dia
Kelly entra no apartamento. Expressão de susto.
Viviane, sentada no sofá, se levanta e olha para ela.
Viviane – Kelly?
O que aconteceu? Você está pálida. Foi o Lucas? Ele te fez alguma coisa?
Kelly – Não,
Vivi. Foi outra coisa. Uma coisa muito grave.
Viviane – Fala
logo. O que aconteceu?
Kelly – Você
tinha razão sobre a Lavínia.
Kelly senta no sofá e encara Viviane.
Kelly – Eu fui
na boate contar a ela o que tinha acontecido comigo e quando cheguei lá,
encontrei ela conversando com o Mauro. Fiquei ouvindo os dois, sem que eles
percebessem.
Uma breve pausa.
Viviane (curiosa) – E aí? O que você ouviu.
Kelly – Vivi, a
Lavínia mandou o Mauro matar a Lenara!
Viviane se toma de fúria.
Viviane –
Desgraçada! Eu sabia que aquela vaca tinha alguma coisa haver com a morte da
Lenara. Eu vou acabar com a raça dessa piranha.
Kelly – E o
pior é que eu acho que ela está tramando alguma coisa com o Mauro de novo. Acho
que mais alguém está na mira dela.
Viviane – Mas
nós não vamos permitir. Eu vou falar com o Mauro. A Lavínia pensa que tem ele
nas mãos, mas nem imagina o quanto o Mauro é fiel a mim.
Kelly – Você e
o Mauro?
Viviane – Sim!
Ele me ajudou muito desde que comecei essa vida.
Kelly – Eu
nunca imaginei isso.
Viviane – Ele
não é a melhor pessoa do mundo eu sei, e ainda mais agora que descobri que ele
matou a Lenara. Mas se quero acabar com a raça da Lavínia, então terei que manter
o Mauro ao meu lado.
Kelly – Só
toma cuidado.
Viviane – Não se
preocupe. Quem tem que temer alguma coisa é aquela vadia metida a granfina.
Close final no rosto malicioso de Viviane.
Corta
para:
CENA 8 Clube/Int./Área de Picinas/Dia
Max e Stefan estão na beira da piscina. Estão
apenas de sunga, deitados em uma espreguiçadeira. Ambos de óculos de sol. Uma
pequena movimentação no clube.
Max – Quer
dizer que a coroa foi se declarar pra você?
Stefan – Eu
fiquei sem ação na hora.
Max – Daria
tudo pra ver essa cena.
Stefan – Me deu
pena, mas não posso fazer nada. Eu gosto da Bruna.
Max – Que
loucura. Isso até parece uma novela. Você tem um caso com a mãe e acaba
namorando a filha. Que dilema.
Stefan – Eu não
tive um caso com a Olívia. Ela contratava meus serviços e só. Jamais houve
outro relacionamento entre nós.
Max – Tudo
bem, deixa quieto. (levantando) Bom!
Eu vou nessa. Tenho que encontrar um cara.
Stefan –
Cliente!
Max – Não!
Fornecedor.
Stefan – Você e
suas drogas. Cuidado rapaz. Isso mata.
Max (indo embora) – Mas morro feliz!
...
Corte de cena para outro ponto do clube. CAM
encontra Lucas e Rebeca, sentados em volta de uma mesa. Duas bebidas coloridas
sobre ela.
Rebeca –
Namoro!?
Lucas – Você sabe
que a gente combina. Somos perfeitos quando estamos juntos.
Rebeca – Nisso
você tem razão. Eu posso até aceitar esse seu pedido de namoro, mas com
condições.
Lucas – Todas
que você quiser.
Rebeca –
Perfeito.
Lucas se aproxima de Rebeca.
Lucas – Você vai
ser a mulher mais feliz desse mundo. Eu prometo!
Antes que ele pudesse beijá-la, Rebeca coloca o
dedo sobre os lábios de Lucas.
Rebeca – Regra
número um: Nada de promessas.
Lucas sorri. Em seguida os dois se beijam.
Corta
para:
CENA 9 – Casa de Romana/Int./Sala/Dia
Romana e Diego entram na casa. Diego fecha a
porta, enquanto ela caminha até o sofá e senta. Em seguida Diego senta ao seu
lado.
Romana – Vai
ser difícil imaginar esse lugar sem a presença do meu menino.
Diego – Mas
precisamos ser fortes, mãe. Tudo tem um propósito.
Romana – Foi
uma crueldade o que fizeram com ele.
Diego – A
polícia acredita em crime de ódio. Homofobia como dizem.
Romana – A raça
humana está tomada de ódio. Meu filho foi apenas mais um nesse mundo de
estatísticas sem fim.
Diego – A
única coisa que podemos fazer agora é pedir que seu espírito descanse em paz.
Eu estarei aqui, do seu lado, para sempre.
Os dois se abraçam. A CAM vai se afastando
lentamente, permanecendo por segundos até o final da cena.
Corta
para:
CENA 10 – São Paulo/Externa/Passagem de Tempo
Vemos imagens diversas da capital. Nascer do
sol, pessoas caminhando, trânsito, por do sol, cidade iluminada e o trânsito
intenso.
Lê: Dias Depois...
Corta
para:
CENA 11 – Casa de Olívia/Int./Sala/Dia
[Melodia Triste]
Close na fachada da casa de Olívia. Vemos ela
caminhando pela casa. Estava de camisola. Aparência desgastada, chorosa e
depressiva. Cabelo despenteado. Se dirige até a janela e observa sua filha,
Bruna, e Stefan se divertindo na piscina. Sorrisos e troca de carinho entre os
dois. CAM volta em Olívia, que se afasta.
Corte de Cena... Olívia caminha pela sala e vai
até o minibar. Ela pega um copo e quebra sobre a mesinha ao lado. Em seguida,
tomando coragem, ela corta os pulsos. CAM foca na expressão de dor em seu
rosto. Lágrimas caindo. Foco no sangue correndo pelos baços.
A CAM vai se distanciando lentamente, até que
vemos Olívia cair no chão.
[Música cessa aqui]
Corta
para:
CENA 12 – Rua Qualquer/Dia
Diego se aproxima de um carro. O motorista
abaixa o vidro. Era um senhor de cabelos grisalhos. Usava um óculos preto.
Diego –
Conseguiu o que te pedi?
Homem – Está
tudo aqui. (entrega um envelope)
Acho que vai gostar de saber.
Diego abre o envelope e olha algumas
fotografias.
Diego – Eu não
acredito. Isso é melhor que qualquer revista pornográfica que eu já vi. (entrega um envelope pequeno ao homem)
Está aqui o restante do pagamento.
Homem – Se
precisar de mais alguma coisa é só ligar.
O homem sobe o vidro do carro e sai. Close no
rosto de Diego.
Diego – A casa
caiu pra você playboy.
Corta
para:
CENA 13 – Colégio Charles Darwin/pátio/Dia
Uma pequena movimentação no pátio da escola.
Paula caminha distraída. Diego surge em sua frente.
Paula (susto) –
Diego! Quase me matou de susto.
Diego – Me
desculpe. Eu não tinha a intenção de te assustar. Preciso falar com você.
Paula – Não
temos mais nada para conversar Diego. Me esqueça. Sabe que estou com o Roberto
e o amo.
Diego – Sim,
eu sei disso. Sei que está cega de amores por ele e não me conformo. Mas também
sei que minhas palavras também não vão te fazer mudar de idéia, então resolvi
apresentar provas concretas.
Diego entrega o envelope para Paula.
Paula – Do que
você está falando? O que é isso?
Diego – Abra e
veja com seus próprios olhos, Paula. Veja o quanto seu namorado te ama de
verdade.
Lentamente, Paula abre o envelope e começa a
analisar cada foto. Sua expressão vai ficando pálida a cada imagem que vê.
Diego – O
homem que você diz amar ganha a vida se prostituindo.
Paula – Meu
Deus! Isso não pode ser verdade.
Paula começa a chorar silenciosamente. Enquanto
Diego observa. A imagem vai ficando em preto e
branco para o fim do capítulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário