segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Capítulo 14: Magia Sensata

A queima de fogos de artifício continua. Várias garrafas de champanhe são estouradas ao mesmo tempo. Todos se abraçam e bebem o champanhe, em pequenas taças de plástico distribuídas gratuitamente. Augusto surpreende Ângela com um beijo em sua boca. Já Jenny afasta-se da irmã, que conversa com Gustavo. A irmã de Mary Leh então vê Marcos, aproxima-se dele e pergunta:
Você é o empregado daqueles loucos da Leite de Porca, né?
Sim. Você roubou mesmo aqueles animais dele?
Longa história. Depois te conto.
Tudo bem.
Está sozinho?
Sim.
Você parece triste.
Estou mesmo.
Então vamos curtir.
Marcos dá um beijo na boca de Jenny e os dois se conhecem melhor durante a noite. Após tantos desejos para os amigos e pedidos para o novo ano, todos pedem a volta do show de Kika, que está num intervalo. Ouvindo os pedidos do público, a cantora volta ao palco.
Vamos começar esse ano, que promete ser muito especial, com a música Mais ninguém, da Banda do Mar. – avisa Kika, que logo depois canta a música prometida.
O clima de confraternização e comemoração continua na praça. Um pouco mais afastados do palco do show, Rumina e Eufrásio se beijam e observam Mary e Jenny, que festejam a passagem de ano ao lado de Gustavo e Marcos. Os dois fazendeiros então aproveitam que Gustavo e Marcos saem para comprar algo e surpreendem as irmãs, que correm. Rumina e Eufrásio correm atrás das irmãs. Olga observa a cena e fica espantada. Ao voltarem, Marcos e Gustavo não encontram as irmãs.
Cadê a Mary e a Jenny, mãe? – pergunta Gustavo a Olga.
Elas saíram correndo e dois roceiros foram atrás dela.
Como eles são? – pergunta Marcos, achando que podem ser Rumina e Eufrásio.
A mulher tem um cabelo meio ruivo e o homem usa umas roupas de fazendeiro, um colete, um chapéu. Eles são muito cafonas! – responde Olga.
Então eu sei quem são. – fala Marcos.
Quem?
Eles são meus patrões, Rumina e Eufrásio.
O que eles querem com as duas? – questiona Gustavo a Marcos.
Parece que elas têm uma dívida com eles.
Aonde será que eles foram? – pergunta Gustavo, e Olga se afasta.
Devem ter ido à casa das duas.
Vamos lá então. – decide Gustavo.
Os dois vão em direção à casa de Mary e Jenny.

***
Um pouco distante de Pitenópolis, em Bulires, Max e Carmen aproveitam também a passagem de ano.
Que esse ano seja muito melhor para a gente, Max. – deseja Carmen.
Tomara, Carmen. Temos que pegar a Sofia logo. O tempo está passando.
Verdade. Quando vamos voltar para aquela cidadezinha?
Eu acho mais fácil fazermos ela voltar.
Ela voltar? Como assim?
Inventamos algo para trazer ela até aqui. – responde Max.
Mas aquele engomadinho do Álvaro vai querer vir junto. Aquele ali é um mala e o pior de tudo é que ele não larga a Sofia, parece pulga.
Então teremos que eliminar ele.
Vamos matar o Álvaro? – questiona Carmen.
É a melhor coisa que podemos fazer, Carmen. Não podemos arriscar com esse enjoado perto da gente.
Max, você não está se precipitando?
Claro que não, Carmen. Esse cara é um chato. Nós temos que colocar Sofia para fazer o que ela está destinada ainda no começo desse mês.
Tá bom, então. Mas agora vamos curtir. – fala Carmen, que agarra Max.
Max e Carmen se beijam e vão ao quarto da casa em que Max morava com Sofia.

***
Na praça de Pitenópolis, Kika canta mais alguns sucessos, como a agitada música ‘‘Me abraça e me beija’’, que cria um clima de romance entre os casais. Kika resolve dar uma pausa no show e dá um recado:
Pessoal, infelizmente tenho que avisar que o show já está chegando ao fim. Por mim, ficava cantando aqui direto por uns dias, mas não é assim que a banda toca. – avisa Kika, rindo.
Após ser deixada de lado por Aurora, Leia continua observando Ângela e Augusto. A vendedora lembra-se então de seu pacto com Jorge e pensa em visitá-lo na prisão. Cansada da festa, Olga comenta com Pietro sobre a fuga de Mary e Jenny:
Aquelas duas só se metem em roubada, Pietro. Temos que tirar essas duas das nossas vidas.
Nossas? Quem você chama de ‘nós’?
Eu, você e o Gustavo, principalmente, que fica de papinho com aquela Mary.
Está com ciúmes, Olga?
Ciúmes? Claro que não. Estou preocupada mesmo.
Por quê?
É muito estranho as duas correrem do nada, e dois roceiros irem atrás delas.
Para de delirar, Olga.
Eu não estou delirando, Pietro. Estou cuidando do meu filho. Ele não veio da gente, mas ele é nosso filho.
Claro. – diz Pietro, abraçando a esposa.
Será que esse show nunca vai acabar não?
A Kika acabou de falar que já está no final.
Que bom. Sabe o que eu pensei?
O que?
Nós podemos conseguir um dinheiro com essa cantora. – propõe Olga.
De que forma?
Podemos fingir que somos fãs enlouquecidos dela, então podemos conseguir algum trabalho na equipe dela. Eu posso ser maquiadora, porque essa maquiagem...
Desde quando você sabe maquiar?
Desde sempre, Pietro. Você pode ser o motorista dela.
Tô fora!
Você prefere ser motorista de uma famosa ou continuar ganhando a merreca que você ganha?
Pensando bem, motorista não é uma má ideia.
Então vamos falar com ela!
Mas ela não vai desconfiar? – pergunta Pietro.
Por que ela desconfiaria?
Temos que saber algumas coisas da carreira dela. Vamos pesquisar e mais tarde procuramos ela no hotel.
Boa ideia. Pelo menos uma vez na vida você raciocinou. – fala Olga, rindo.

***
Após andarem um pouco, Gustavo e Marcos chegam à casa de Mary e Jenny. Quando chegam, encontram Rumina e Eufrásio, do lado de fora, gritando com as irmãs, que estão dentro da casa, na janela do segundo andar.
Marcos? O que ta fazendo aqui? – pergunta Rumina, espantada e com ciúmes.
Nada não, dona Rumina.
A gente tava se pegando lá na praça. Tá com ciúmes, Rumina? – provoca Jenny.
Ah? Como assim? Ciúmes por quê? – pergunta Eufrásio, furioso.
Nada não, seu Eufrásio. – responde Marcos.
Vamos parar de enrolar, e passem logo a grana, suas golpistas. – diz Rumina.
Golpistas? – questiona Gustavo, surpreso.
Essas duas estão devendo uma grana nossa. – responde Eufrásio.
Paguem logo e vamos curtir a noite. – aconselha Gustavo.
Isso mesmo. Se ocês não pagarem, vou chamar a polícia. – ameaça Rumina.
Vocês não estão podendo ficar ameaçando a gente não. – diz Mary, rindo.
Por quê? Que dívida é essa? – pergunta Gustavo.
Nada demais, Gustavo. – responde Mary.
As duas irmãs vão ao quarto, voltam para a janela com o dinheiro na mão e jogam para Rumina e Eufrásio.
Tá faltando. – diz Rumina.
Não tá não. – fala Jenny.
Tá sim, os juros. – responde Eufrásio.
Ah, me poupem. Agora vocês já podem ir. – diz Mary.
Rumina e Eufrásio voltam para a casa deles. Mary e Jenny saem de casa e voltam para o show de Kika Postrad, acompanhadas de Gustavo e Marcos.

***
Após tantos outros sucessos, Kika Postrad canta a última música: Hoje o céu abriu. Logo que termina, a cantora agradece a presença do público.
Foi ótimo passar essa virada de ano aqui com vocês. Vou voltar sempre que possível. – avisa Kika, feliz com o show feito.
As pessoas começam a deixar a praça de Pitenópolis. Augusto dá um beijo de despedida em Ângela, e depois, ele e os outros moradores da pensão se despedem e vão em direção à pensão. O clima de despedida é geral, na praça da cidade, e, em alguns minutos, a praça já está praticamente deserta.

***
As horas passam e a manhã do primeiro dia do ano chega bem chuvosa. Logo que acorda, Leia vai à delegacia da cidade para visitar Jorge. Chegando lá, a visita é autorizada, e ela é levada para uma sala pequena e escura, somente com uma mesa e duas cadeiras. Em uma das cadeiras, já está Jorge, que fica feliz com a visita da vendedora.
Sabia que você ia aparecer aqui. – comenta Jorge.
Como você sabia? – pergunta Leia.
Instinto. O que quer? Vai me ajudar?
Eu quero te ajudar sim a separar a Ângela do Augusto.
Na verdade eu estou falando de outra ajuda.
Qual?
Me tirar daqui, mas também será ótima sua ajuda para acabar com a Ângela.
Tá, mas como você quer que eu te tire daqui? – questiona Leia, curiosa.
Eu quero fugir.
Mas não vão te capturar de novo?
Não se a gente for para bem longe ou ficar escondido.
E se a luz da prisão acabar e você conseguir uma forma de fugir?
Que forma?
Sei lá. Quando a luz acabar, você pode bater em um policial e roubar a chave dele.
Boa ideia.
É verdade que o Fabrício está aqui?
Aquele cara que te ajudou no sequestro da Regina?
Sim. – confirma Jorge.
É, ele está preso aqui. Vamos levá-lo?
Sim.
A delegada Sabrina entra na sala, e interrompe a conversa entre Jorge e Leia.
Acabou o papinho! Bora, Jorge. – fala a delegada, retirando o pai de Ângela da sala.
Logo após a saída de Jorge e da delegada, Leia deixa a delegacia.

***
Na pensão de Hanna Curie, Josefina conversa com a própria Hanna e com Cléo, porém a esposa de Tito sente dores, e senta-se no sofá.
O que houve, Josefina? – pergunta Hanna.
Estou sentido umas dores fortes. – responde a ex-doceira profissional.
Onde?
Nos meus seios.
Jose, você fez a mamografia recentemente? – questiona Cléo.
Já tem um tempo.
Então é melhor você fazer uma, amiga. – aconselha Hanna.
Será que eu estou com câncer de mama? – diz Josefina.
Vira essa boca pra lá. – fala Hanna.
Só com o exame para saber. – completa Cléo.
Então eu vou marcar logo, mas não comentem com ninguém. – avisa e pede a avó de Augusto.
Você não vai falar pro Tito?
Não quero preocupar ninguém agora. – responde Josefina.
Se você estiver com alguma coisa, quanto mais rápido descobrir, mais rápido será o tratamento e maiores serão as chances de cura. – fala Cléo.
Exatamente, Cléo. – comenta a dona da pensão.
Tudo bem, então eu falarei, mas quero ser a primeira, por favor. – decide Josefina.
Então ótimo. – responde Cléo.

***
Ao chegar da delegacia, Leia vê Guilherme brincando, na sala da casa de Aurora, e o menino, ao vê-la também, pergunta:
Onde você tava, tia Leia?
Passeando um pouquinho, Gui. Tudo bem?
Mais ou menos. Eu quero visitar o meu pai. – fala Guilherme, fazendo com que sua mãe, Aurora, escute.
Eu vou ver na delegacia sobre isso. – diz Leia, deixando Guilherme esperançoso e feliz.
Filho, já conversamos sobre isso. – responde Aurora, olhando fixamente para o filho.
Mas eu quero ver o meu pai. Tem muito tempo que eu não brinco com ele. – comenta Guilherme.
Guilherme, não vou discutir com você.
- Então eu vou com a tia Leia.
Nada disso. Você só vai se eu deixar. – responde Aurora.
Logo que Guilherme vai ao seu quarto, Aurora aproxima de Leia.
Leia, por favor, não fica criando essas esperanças no Guilherme.
Aurora, me desculpa, mas ele tem direito de ver o pai.
Depois de tudo que o Jonas fez?
Sim.
Olha, Leia, o Jonas fez um monte de besteira e eu acho que ele não deve ver o filho dele. Eu me mato para cuidar e criar o Guilherme direito e não quero que ele vá para o caminho do pai.
Amiga, mas ele é o pai do seu filho.
Infelizmente, né? Não quero essa vida pro Guilherme, de ficar visitando bandido na cadeia.
Você sabe o que faz, Aurora. Só estava querendo ajudar.
Não estou sendo grossa, Leia, mas da próxima vez fala comigo antes de criar esperanças e essas coisas pro meu filho.
Tá, desculpa. – diz Leia, abraçando Aurora.

***
Pelas ruas de Pitenópolis, Regina caminha com várias sacolas. Cansada, a empresária senta-se em um banco na praça, vê uma moça com um vestido azul igual ao que ela pensa ter perdido e repara que o vestido é o dela, pois percebe uma mancha de café. Totalmente surpresa, Regina aproxima-se da jovem e pergunta:
Olá, bom dia. Onde você comprou esse vestido? Achei lindo!
Oi. Foi lá em Bulires, eu moro lá. Eu também acho lindo, mas só fui ver depois que tinha uma mancha de café.
Você comprou usado?
Sim. Foi uma moça que estava vendendo nas ruas de Bulires, uma tal de Olga.
Ah, sim. Vou ver se consigo comprar umas roupas com essa senhora. Tenha um bom dia. – disfarça Regina, indo à casa de Olga e Pietro.

***
Após acordarem cedo, Olga e Pietro chegam à recepção do hotel onde Kika Postrad está hospedada. Os dois vestem blusas com o rosto de Kika estampado, compradas um pouco antes de entrarem no hotel. A recepcionista pergunta ao casal:
Bom dia. Os senhores desejam um quarto?
Não. Queremos falar com a Kika Postrad. Somos fãs enlouquecidos. – responde Olga.
A Kika não está recebendo fãs.
Por quê? – pergunta Jorge.
Porque ela não está a fim ué. – diz a recepcionista.
Libera essa aí, querida. – pede Olga.
Não posso. Sinto muito.
Nem com uma ajudinha? – questiona Pietro, colocando dinheiro em cima do balcão.
Não, são ordens. – insiste a recepcionista.
Com a resposta negativa da recepcionista, os dois entram discretamente na sala dos funcionários e se vestem com roupas de faxineiros. Carregando materiais de limpeza, os dois saem do pequeno cômodo sem ninguém perceber.

***
Disposta a conseguir mais provas contra Jorge, a delegada Sabrina vai a uma sala da delegacia, para onde Fabrício é levado. Sem saber o motivo de estar ali, o irmão de Marcos pergunta:
O que a senhora quer comigo, delegada?
Olha, Fabrício, eu quero saber tudo sobre o Jorge e os crimes dele. Se você me ajudar, eu posso te ajudar. – propõe a delegada.






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