A
queima de fogos de artifício continua. Várias garrafas de champanhe são
estouradas ao mesmo tempo. Todos se abraçam e bebem o champanhe, em pequenas
taças de plástico distribuídas gratuitamente. Augusto surpreende Ângela com um
beijo em sua boca. Já Jenny afasta-se da irmã, que conversa com Gustavo. A irmã
de Mary Leh então vê Marcos, aproxima-se dele e pergunta:
– Você
é o empregado daqueles loucos da Leite de Porca, né?
– Sim.
Você roubou mesmo aqueles animais dele?
– Longa
história. Depois te conto.
– Tudo
bem.
– Está
sozinho?
– Sim.
– Você
parece triste.
– Estou
mesmo.
– Então
vamos curtir.
Marcos
dá um beijo na boca de Jenny e os dois se conhecem melhor durante a noite. Após
tantos desejos para os amigos e pedidos para o novo ano, todos pedem a volta do
show de Kika, que está num intervalo. Ouvindo os pedidos do público, a cantora
volta ao palco.
– Vamos
começar esse ano, que promete ser muito especial, com a música Mais ninguém, da
Banda do Mar. – avisa Kika, que logo depois canta a música prometida.
O
clima de confraternização e comemoração continua na praça. Um pouco mais
afastados do palco do show, Rumina e Eufrásio se beijam e observam Mary e Jenny,
que festejam a passagem de ano ao lado de Gustavo e Marcos. Os dois fazendeiros
então aproveitam que Gustavo e Marcos saem para comprar algo e surpreendem as
irmãs, que correm. Rumina e Eufrásio correm atrás das irmãs. Olga observa a
cena e fica espantada. Ao voltarem, Marcos e Gustavo não encontram as irmãs.
– Cadê
a Mary e a Jenny, mãe? – pergunta Gustavo a Olga.
– Elas
saíram correndo e dois roceiros foram atrás dela.
– Como
eles são? – pergunta Marcos, achando que podem ser Rumina e Eufrásio.
– A
mulher tem um cabelo meio ruivo e o homem usa umas roupas de fazendeiro, um
colete, um chapéu. Eles são muito cafonas! – responde Olga.
– Então
eu sei quem são. – fala Marcos.
– Quem?
– Eles
são meus patrões, Rumina e Eufrásio.
– O
que eles querem com as duas? – questiona Gustavo a Marcos.
– Parece
que elas têm uma dívida com eles.
– Aonde
será que eles foram? – pergunta Gustavo, e Olga se afasta.
– Devem
ter ido à casa das duas.
– Vamos
lá então. – decide Gustavo.
Os
dois vão em direção à casa de Mary e Jenny.
***
Um
pouco distante de Pitenópolis, em Bulires, Max e Carmen aproveitam também a
passagem de ano.
– Que
esse ano seja muito melhor para a gente, Max. – deseja Carmen.
– Tomara,
Carmen. Temos que pegar a Sofia logo. O tempo está passando.
– Verdade.
Quando vamos voltar para aquela cidadezinha?
– Eu
acho mais fácil fazermos ela voltar.
– Ela
voltar? Como assim?
– Inventamos
algo para trazer ela até aqui. – responde Max.
– Mas
aquele engomadinho do Álvaro vai querer vir junto. Aquele ali é um mala e o pior
de tudo é que ele não larga a Sofia, parece pulga.
– Então
teremos que eliminar ele.
– Vamos
matar o Álvaro? – questiona Carmen.
– É
a melhor coisa que podemos fazer, Carmen. Não podemos arriscar com esse enjoado
perto da gente.
– Max,
você não está se precipitando?
– Claro
que não, Carmen. Esse cara é um chato. Nós temos que colocar Sofia para fazer o
que ela está destinada ainda no começo desse mês.
– Tá
bom, então. Mas agora vamos curtir. – fala Carmen, que agarra Max.
Max
e Carmen se beijam e vão ao quarto da casa em que Max morava com Sofia.
***
Na
praça de Pitenópolis, Kika canta mais alguns sucessos, como a agitada música
‘‘Me abraça e me beija’’, que cria um clima de romance entre os casais. Kika
resolve dar uma pausa no show e dá um recado:
– Pessoal,
infelizmente tenho que avisar que o show já está chegando ao fim. Por mim,
ficava cantando aqui direto por uns dias, mas não é assim que a banda toca. –
avisa Kika, rindo.
Após
ser deixada de lado por Aurora, Leia continua observando Ângela e Augusto. A
vendedora lembra-se então de seu pacto com Jorge e pensa em visitá-lo na
prisão. Cansada da festa, Olga comenta com Pietro sobre a fuga de Mary e Jenny:
– Aquelas
duas só se metem em roubada, Pietro. Temos que tirar essas duas das nossas
vidas.
– Nossas?
Quem você chama de ‘nós’?
– Eu,
você e o Gustavo, principalmente, que fica de papinho com aquela Mary.
– Está
com ciúmes, Olga?
– Ciúmes?
Claro que não. Estou preocupada mesmo.
– Por
quê?
– É
muito estranho as duas correrem do nada, e dois roceiros irem atrás delas.
– Para
de delirar, Olga.
– Eu
não estou delirando, Pietro. Estou cuidando do meu filho. Ele não veio da
gente, mas ele é nosso filho.
– Claro.
– diz Pietro, abraçando a esposa.
– Será
que esse show nunca vai acabar não?
– A
Kika acabou de falar que já está no final.
– Que
bom. Sabe o que eu pensei?
– O
que?
– Nós
podemos conseguir um dinheiro com essa cantora. – propõe Olga.
– De
que forma?
– Podemos
fingir que somos fãs enlouquecidos dela, então podemos conseguir algum trabalho
na equipe dela. Eu posso ser maquiadora, porque essa maquiagem...
– Desde
quando você sabe maquiar?
– Desde
sempre, Pietro. Você pode ser o motorista dela.
– Tô
fora!
– Você
prefere ser motorista de uma famosa ou continuar ganhando a merreca que você
ganha?
– Pensando
bem, motorista não é uma má ideia.
– Então
vamos falar com ela!
– Mas
ela não vai desconfiar? – pergunta Pietro.
– Por
que ela desconfiaria?
– Temos
que saber algumas coisas da carreira dela. Vamos pesquisar e mais tarde
procuramos ela no hotel.
– Boa
ideia. Pelo menos uma vez na vida você raciocinou. – fala Olga, rindo.
***
Após
andarem um pouco, Gustavo e Marcos chegam à casa de Mary e Jenny. Quando
chegam, encontram Rumina e Eufrásio, do lado de fora, gritando com as irmãs,
que estão dentro da casa, na janela do segundo andar.
– Marcos?
O que ta fazendo aqui? – pergunta Rumina, espantada e com ciúmes.
– Nada
não, dona Rumina.
– A
gente tava se pegando lá na praça. Tá com ciúmes, Rumina? – provoca Jenny.
– Ah?
Como assim? Ciúmes por quê? – pergunta Eufrásio, furioso.
– Nada
não, seu Eufrásio. – responde Marcos.
– Vamos
parar de enrolar, e passem logo a grana, suas golpistas. – diz Rumina.
– Golpistas?
– questiona Gustavo, surpreso.
– Essas
duas estão devendo uma grana nossa. – responde Eufrásio.
– Paguem
logo e vamos curtir a noite. – aconselha Gustavo.
– Isso
mesmo. Se ocês não pagarem, vou
chamar a polícia. – ameaça Rumina.
– Vocês
não estão podendo ficar ameaçando a gente não. – diz Mary, rindo.
– Por
quê? Que dívida é essa? – pergunta Gustavo.
– Nada
demais, Gustavo. – responde Mary.
As
duas irmãs vão ao quarto, voltam para a janela com o dinheiro na mão e jogam
para Rumina e Eufrásio.
– Tá
faltando. – diz Rumina.
– Não
tá não. – fala Jenny.
– Tá
sim, os juros. – responde Eufrásio.
Ah,
me poupem. Agora vocês já podem ir. – diz Mary.
Rumina
e Eufrásio voltam para a casa deles. Mary e Jenny saem de casa e voltam para o
show de Kika Postrad, acompanhadas de Gustavo e Marcos.
***
Após
tantos outros sucessos, Kika Postrad canta a última música: Hoje o céu abriu.
Logo que termina, a cantora agradece a presença do público.
– Foi
ótimo passar essa virada de ano aqui com vocês. Vou voltar sempre que possível.
– avisa Kika, feliz com o show feito.
As
pessoas começam a deixar a praça de Pitenópolis. Augusto dá um beijo de
despedida em Ângela, e depois, ele e os outros moradores da pensão se despedem
e vão em direção à pensão. O clima de despedida é geral, na praça da cidade, e,
em alguns minutos, a praça já está praticamente deserta.
***
As
horas passam e a manhã do primeiro dia do ano chega bem chuvosa. Logo que
acorda, Leia vai à delegacia da cidade para visitar Jorge. Chegando lá, a
visita é autorizada, e ela é levada para uma sala pequena e escura, somente com
uma mesa e duas cadeiras. Em uma das cadeiras, já está Jorge, que fica feliz
com a visita da vendedora.
– Sabia
que você ia aparecer aqui. – comenta Jorge.
– Como
você sabia? – pergunta Leia.
– Instinto.
O que quer? Vai me ajudar?
– Eu
quero te ajudar sim a separar a Ângela do Augusto.
– Na
verdade eu estou falando de outra ajuda.
– Qual?
– Me
tirar daqui, mas também será ótima sua ajuda para acabar com a Ângela.
– Tá,
mas como você quer que eu te tire daqui? – questiona Leia, curiosa.
– Eu
quero fugir.
– Mas
não vão te capturar de novo?
– Não
se a gente for para bem longe ou ficar escondido.
– E
se a luz da prisão acabar e você conseguir uma forma de fugir?
– Que
forma?
– Sei
lá. Quando a luz acabar, você pode bater em um policial e roubar a chave dele.
– Boa
ideia.
– É
verdade que o Fabrício está aqui?
– Aquele
cara que te ajudou no sequestro da Regina?
– Sim.
– confirma Jorge.
– É,
ele está preso aqui. Vamos levá-lo?
– Sim.
A
delegada Sabrina entra na sala, e interrompe a conversa entre Jorge e Leia.
– Acabou
o papinho! Bora, Jorge. – fala a delegada, retirando o pai de Ângela da sala.
Logo
após a saída de Jorge e da delegada, Leia deixa a delegacia.
***
Na
pensão de Hanna Curie, Josefina conversa com a própria Hanna e com Cléo, porém
a esposa de Tito sente dores, e senta-se no sofá.
– O
que houve, Josefina? – pergunta Hanna.
– Estou
sentido umas dores fortes. – responde a ex-doceira profissional.
– Onde?
– Nos
meus seios.
– Jose,
você fez a mamografia recentemente? – questiona Cléo.
– Já
tem um tempo.
– Então
é melhor você fazer uma, amiga. – aconselha Hanna.
– Será
que eu estou com câncer de mama? – diz Josefina.
– Vira
essa boca pra lá. – fala Hanna.
– Só
com o exame para saber. – completa Cléo.
– Então
eu vou marcar logo, mas não comentem com ninguém. – avisa e pede a avó de
Augusto.
– Você
não vai falar pro Tito?
– Não
quero preocupar ninguém agora. – responde Josefina.
– Se
você estiver com alguma coisa, quanto mais rápido descobrir, mais rápido será o
tratamento e maiores serão as chances de cura. – fala Cléo.
– Exatamente,
Cléo. – comenta a dona da pensão.
– Tudo
bem, então eu falarei, mas quero ser a primeira, por favor. – decide Josefina.
– Então
ótimo. – responde Cléo.
***
Ao
chegar da delegacia, Leia vê Guilherme brincando, na sala da casa de Aurora, e
o menino, ao vê-la também, pergunta:
– Onde
você tava, tia Leia?
– Passeando
um pouquinho, Gui. Tudo bem?
– Mais
ou menos. Eu quero visitar o meu pai. – fala Guilherme, fazendo com que sua
mãe, Aurora, escute.
– Eu
vou ver na delegacia sobre isso. – diz Leia, deixando Guilherme esperançoso e
feliz.
– Filho,
já conversamos sobre isso. – responde Aurora, olhando fixamente para o filho.
– Mas
eu quero ver o meu pai. Tem muito tempo que eu não brinco com ele. – comenta
Guilherme.
– Guilherme,
não vou discutir com você.
-
Então eu vou com a tia Leia.
– Nada
disso. Você só vai se eu deixar. – responde Aurora.
Logo
que Guilherme vai ao seu quarto, Aurora aproxima de Leia.
– Leia,
por favor, não fica criando essas esperanças no Guilherme.
– Aurora,
me desculpa, mas ele tem direito de ver o pai.
– Depois
de tudo que o Jonas fez?
– Sim.
– Olha,
Leia, o Jonas fez um monte de besteira e eu acho que ele não deve ver o filho
dele. Eu me mato para cuidar e criar o Guilherme direito e não quero que ele vá
para o caminho do pai.
– Amiga,
mas ele é o pai do seu filho.
– Infelizmente,
né? Não quero essa vida pro Guilherme, de ficar visitando bandido na cadeia.
– Você
sabe o que faz, Aurora. Só estava querendo ajudar.
– Não
estou sendo grossa, Leia, mas da próxima vez fala comigo antes de criar
esperanças e essas coisas pro meu filho.
– Tá,
desculpa. – diz Leia, abraçando Aurora.
***
Pelas
ruas de Pitenópolis, Regina caminha com várias sacolas. Cansada, a empresária
senta-se em um banco na praça, vê uma moça com um vestido azul igual ao que ela
pensa ter perdido e repara que o vestido é o dela, pois percebe uma mancha de
café. Totalmente surpresa, Regina aproxima-se da jovem e pergunta:
– Olá,
bom dia. Onde você comprou esse vestido? Achei lindo!
– Oi.
Foi lá em Bulires, eu moro lá. Eu também acho lindo, mas só fui ver depois que
tinha uma mancha de café.
– Você
comprou usado?
– Sim.
Foi uma moça que estava vendendo nas ruas de Bulires, uma tal de Olga.
– Ah,
sim. Vou ver se consigo comprar umas roupas com essa senhora. Tenha um bom dia.
– disfarça Regina, indo à casa de Olga e Pietro.
***
Após
acordarem cedo, Olga e Pietro chegam à recepção do hotel onde Kika Postrad está
hospedada. Os dois vestem blusas com o rosto de Kika estampado, compradas um
pouco antes de entrarem no hotel. A recepcionista pergunta ao casal:
– Bom
dia. Os senhores desejam um quarto?
– Não.
Queremos falar com a Kika Postrad. Somos fãs enlouquecidos. – responde Olga.
– A
Kika não está recebendo fãs.
– Por
quê? – pergunta Jorge.
– Porque
ela não está a fim ué. – diz a recepcionista.
– Libera
essa aí, querida. – pede Olga.
– Não
posso. Sinto muito.
– Nem
com uma ajudinha? – questiona Pietro, colocando dinheiro em cima do balcão.
– Não,
são ordens. – insiste a recepcionista.
Com
a resposta negativa da recepcionista, os dois entram discretamente na sala dos
funcionários e se vestem com roupas de faxineiros. Carregando materiais de
limpeza, os dois saem do pequeno cômodo sem ninguém perceber.
***
Disposta
a conseguir mais provas contra Jorge, a delegada Sabrina vai a uma sala da
delegacia, para onde Fabrício é levado. Sem saber o motivo de estar ali, o
irmão de Marcos pergunta:
– O
que a senhora quer comigo, delegada?
– Olha,
Fabrício, eu quero saber tudo sobre o Jorge e os crimes dele. Se você me
ajudar, eu posso te ajudar. – propõe a delegada.
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