– Eu
não sei nada sobre o doutor Jorge, delegada. – responde Fabrício.
– Fabrício,
eu só estou querendo facilitar as coisas para o seu lado. Eu vou deixar você
pensar mais um tempo, aí depois eu te chamo novamente para conversarmos.
– Eu
já disse que não sei de nada.
– De
repente você pode se lembrar de algo. Até mais. – fala a delegada, saindo da
sala.
Logo
após a saída da delegada, Fabrício é levado de volta para sua cela.
***
Regina
entra na casa de Olga e Pietro, procura os donos da casa, chamando pelos nomes
deles, porém só encontra a filha, que está no quarto, e fala com ela, que está
estudando:
– Oi
filha. Estudando?
– Sim,
mãe. A prova para a faculdade de pedagogia é depois de amanhã.
– Por
que você não relaxa, filha? Acho que é a melhor coisa a fazer.
– Estou
dando uma revisada. Logo que eu terminar aqui, eu vou sair com o Augusto.
– Ah,
que bom, filha. O Augusto é um ótimo rapaz.
– Também
acho. Mas você tava querendo falar com a Olga e o Pietro? Ouvi você chamando
por eles.
– Sim,
filha. Eles saíram?
– Sim.
O Gustavo também. Mas o que você quer com eles?
– Você
sabe aquele vestido meu azul que ganhei da tia Cássia?
– Sim.
Eu acho ele lindo. Que pena que aquela mancha de café não saiu.
– Você
pegou ele recentemente?
– Não.
Por quê?
– Então,
filha, quando você foi sequestrada pelo crápula do Jorge, eu não achei esse
vestido.
– E...
– Aí
eu perguntei para a Olga e ela disse que não tinha visto, porém hoje, na rua,
tinha uma mulher com esse vestido, inclusive com a mancha, e ela disse que
comprou de uma ‘‘tal de Olga’’.
– A
Olga vendeu seu vestido, mãe?
– É
o que deu para entender. A moça disse que comprou lá em Bulires. A Olga saiu da
cidade para vender roupa que não é dela.
– Será
que ela vendeu outras roupas?
– É
isso que vamos ver. – fala Regina, abrindo o armário.
Olhando
o armário, Ângela sente falta de algumas roupas suas e Regina também:
– Mãe,
ela pegou algumas coisas minhas também.
– E
mais algumas minhas também.
– Por
que será que ela fez isso? Dinheiro?
– Deve
ser, filha, mas eu não vou ficar numa casa em que vendem as minhas roupas.
– Nem
eu. Quando ela chegar, vamos colocá-la na parede. – diz Ângela, decidida.
– Isso mesmo, filha. Vamos arrumar nossas malas. Vou alugar um
apartamento – responde Regina.
***
Vestidos
de faxineiros, Pietro e Olga invadem o quarto de Kika Postrad, com a chave que
abre todos os apartamentos. No quarto, Kika está sozinha.
– Olá.
Vocês vão limpar agora?
– Kika!
Isso é um sonho! – grita Olga, histericamente.
– Oi?
– estranha a cantora.
– Somos
seus fãs. – responde Pietro.
– Vocês
trabalham aqui? – pergunta Kika.
– Não.
Nós tivemos que deixar de entrar. – diz Olga.
– Vocês
querem uma foto?
– Claro.
– responde Pietro.
Kika,
generosamente, tira um foto com Olga e Pietro, que retiram as roupas de
faxineiros e ficam com suas camisas com o rosto de Kika.
– Ai,
Kika, você não imagina a nossa felicidade. Acompanhamos você desde a época do
seu hit ‘‘Vai sucuri’’. – conta a mãe de Gustavo.
– Poxa,
essa é das antigas.
– Também
não temos como esquecer a sua atuação de Cleópatra. Foi a melhor Cleópatra que
já vi.
– Ah,
que bom. E o que vocês acharam do meu papel como a empregada Dirce? – pergunta Kika,
deixando Olga e Pietro surpresos.
– A
Dirce... Ah, ela... – tenta Olga, porém não lembra essa personagem de Kika.
– Vocês
não lembram da Dirce? Foi um dos meus melhores papéis! – diz Kika.
– Bem...
– É
brincadeira! Não tem Dirce nenhuma. – fala Kika, rindo.
– Ah,
que susto. Achei que tínhamos esquecido de algum papel seu. Impossível
esquecer. – comenta Pietro, aliviado.
– E
aquele seu show com a MC Kat? Foi ótimo! – diz Olga.
– Tantas
memórias, não é mesmo?! Mas agora vocês podem me dar licença para eu arrumar
minhas malas para a viagem? – pede Kika, educadamente.
– É
que nós temos um convite para você. – fala Olga.
– Qual?
– Nós
já sabemos que o filme sobre a sua carreira vai começar a ser gravado na
próxima semana, mas nós achamos que Pitenópolis combina muito com a sua
história. Que tal se o seu filme for gravado aqui?! – propõe Olga.
– Que
ideia maravilhosa! Até porque os cenários que criaram lá no estúdio são
horríveis, é tudo de papelão ou gesso. Eu gosto de coisa real!
– Então
já está tudo certo? Nós queremos ser os seus empresários aqui.
– Bem,
não tenho como dar essa resposta agora, mas eu vou pensar muito bem nessa
proposta e ligo para vocês.
– Ótimo.
– fala Pietro, entregando seu cartão a Kika.
– Então
agora vamos deixar você em paz. Beijo! – fala Olga, que sai do quarto de Kika,
junto com Pietro.
Pietro
e Olga saem discretamente do hotel e voltam para casa.
***
Antes
de ir à fazenda Leite de Porca, para trabalhar, Marcos vai à delegacia de
Pitenópolis. Chegando lá, ele pede para visitar o irmão. Logo que autorizado, o
funcionário da falida fazenda entra em uma sala, onde encontra o irmão, que já
está sentado e algemado.
– O
que você tá fazendo aqui, Marcos? –
pergunta Fabrício, surpreso com a visita do irmão.
– Vim
te visitar ué. – responde Marcos.
– Quando
eu vou sair daqui? Você sabe de alguma coisa?
– Não
sei, Fabrício. Vamos ter que esperar a decisão judicial.
– Isso
está demorando mais do que as promessas do governo.
– A
justiça demora, mas cumpre o papel dela corretamente.
– Estou
de saco cheio dessa cadeia.
– Você
já assumiu seus crimes?
– Eu
não vou me entregar, Marcos. Pirou?
– Fabrício,
se você admitir, vai ficar muito melhor para você.
– Por
quê?
– Geralmente
a pena é diminuída quando a pessoa confessa.
– Ah,
aquela delegada até veio me oferecer ajuda se eu falasse sobre o doutor Jorge.
– Fabrício,
por que você não ajudou?
– Eu
não sei quase nada sobre ele.
– Conta
o que você sabe, então. Esse pouco pode ajudar bastante a polícia.
– Então
tá. Vou ver o que faço.
Nesse
momento, um policial avisa que o tempo acabou.
– Faz
o que eu te disse. Vai ser melhor. – fala Marcos, preocupado com o irmão.
– Obrigado,
Marcos. – agradece Fabrício, que é retirado da sala.
***
Em
seu quarto, Leia lê um livro para o tempo passar mais rápido. A vendedora
lembra-se de Guilherme e liga para a delegacia.
– Delegacia
de Pitenópolis. Boa tarde.
– Oi.
Eu queria saber se uma criança pode visitar o pai que está preso?
– Existe
uma lei que permite, mas em penitenciárias.
– Então...
– Até
segunda ordem, a criança não pode.
– Ok.
Obrigada.
Leia
desliga o telefone e chama Guilherme, que entra no quarto dela.
– Oi
tia Leia. O que foi?
– Oi
Gui. Então, você não pode visitar seu pai na delegacia.
– Por
quê?
– É
uma ordem da polícia, mas você pode mandar uma carta para ele. O que você acha?
– Legal.
Eu vou falar com a mamãe.
– Não,
Gui. Sua mãe não pode saber.
– Mas
por quê?
– Ela
não vai deixar, né?
– Verdade,
tia. Então vou escrever. – fala Guilherme, que começa a escrever a carta para o
pai.
***
Na
zona rural de Pitenópolis, na fazenda Leite de Porca, o telefone toca. Rumina
está preparando o almoço, com algumas sobras da noite anterior, e atende o
telefone.
– Alô?
Quem é?
– Oi
Rumina. É Virgulina.
– Oi
Vi. O que horve?
– A
tia Cida se foi.
– Ela
saiu de Campinhos?
– Não,
Rumina. Ela bateu as botas.
– Ah,
senhor. Eu nunca gostei daquela véia,
prima. Ela era chata demais.
– Ela
deixou uma herança.
– Ela
não era pobre?
– Não,
muito pelo contrário, tia Cida tinha várias casas aqui em Campinhos.
– Véia mentirosa.
– Ela
deixou um casarão pra você.
– Ah,
tadinha da tia Cida. Adorava ela. – fala Rumina, fingindo sofrimento.
– Não
precisa mentir não, Rumina. A casa já é sua.
– Ah,
que bom. A casa é boa?
– Sim.
E enorme.
– Você
vem pro enterro?
– Vai
ser quando?
– Hoje
mais tarde.
– Então
eu vou.
– Vem
morar aqui logo, Rumina, e aproveita esse casarão que a tia deixou pra você.
– Tô
pensando mesmo. Até mais, prima.
– Até
mais.
Rumina
desliga o telefone. A fazendeira sai da cozinha e vai logo falar com Eufrásio,
que está no pasto.
– Eufrásio,
meu homi. – grita Rumina, eufórica.
– O
que foi, muié?
– Você
lembra da tia Cida?
– Aquela
chifruda?
– Ela
mesma.
– O
que tem essa véia?
– Ela
morreu.
– Já
vai tarde.
– Ela
deixou um casarão pra gente, Eufrásio, lá em Campinhos.
– Coisa
boa não deve ser, vindo dessa véia.
– A
Virgulina disse que é ótima e enorme.
– Então
vamo pra lá, muié.
– Sim,
Eufrásio. Mas vamos levar os animais?
– Não
vai ter lugar pra tanto bicho num casarão.
– Por
que a gente não deixa a fazenda com o Marcos?!
– Boa
ideia.
Rumina
e Eufrásio começam a montar as malas. Os dois colocam alguns objetos e malas na
pequena caminhonete. Marcos logo chega à fazenda. Logo que chega à fazenda, o
irmão de Fabrício pergunta para Eufrásio:
– Vocês
vão viajar, seu Eufrásio?
– Não,
Marcos. A gente vai sair de Pitenópolis. Vamos para Campinhos.
– Por
quê?
– Ganhamos
uma casa de herança de uma tia da Rumina.
– E
eu?
– O
que tem ocê?
– Meu
dinheiro ué.
– Então,
nós vamos deixar a fazenda com ocê,
mas não procê trabalhar. A fazenda
agora é sua. Já serve como pagamento também.
– Obrigado,
seu Eufrásio, mas é muita coisa pra eu cuidar... – fala Marcos, interrompido
por Rumina.
– Que
nada! Tchau! Boa sorte. – fala Rumina.
Rumina
e Eufrásio saem na caminhonete, deixando Marcos assustado com a novidade. Sem saber o que fazer, Marcos vai em direção à
pensão para contar a novidade com seus amigos.
***
Em
casa, Guilherme termina a carta para o seu pai. O menino entrega o papel para
Leia.
– Aqui,
tia Leia. Você vai lá entregar pro papai?
– Vou
sim, Gui.
– Obrigado,
tia. – agradece Guilherme, dando um beijo na bochecha de Leia.
Guilherme
sai do quarto de Leia e ela começa a ler a carta, que conta: ‘‘Oi pai. Estou com muita saudade de você. A
casa fica muito quieta sem você aqui. Queria poder conversar com você pra
entender melhor isso. Eu até gosto do Pedro, mas ele nunca será meu pai. Te
amo. Você é o melhor pai do mundo. Não se esqueça de mim. Beijo, Guilherme.’’
Ao
ler a carta, Leia fica emocionada e sai da casa, sem Aurora notar.
***
Chegando
à pensão de Hanna Curie, Marcos logo conta a novidade:
– Vocês
não vão acreditar no que aconteceu?
– O
que? – pergunta Álvaro.
– Os
meus patrões deixaram a fazenda para mim.
– Como
assim? – pergunta Tito.
– A
Leite de Porca será minha. Uma tia da Rumina morreu e ela ganhou um casarão em
Campinhos, então vão morar lá.
– Você
aceitou ficar com aquela fazenda falida? – pergunta Hanna.
– Lá
é bem legal. Tava pensando em fazer um churrasco lá hoje. Que tal?! – sugere
Marcos.
– Ótima
ideia. – responde Cléo.
– Também
acho. – opina Sofia
Marcos
e os outros hóspedes da pensão pegam algumas carnes e outras comidas para
levarem para a fazenda.
***
Após
conversarem com Kika Postrad, Olga e Pietro chegam à casa deles. Logo que
entram, se deparam com Regina, que está sentada no sofá da sala.
– Oi
Regina. Tudo bem? – pergunta Olga.
– Não
se faça de minha amiga, Olga. Você é uma falsa.
– Como
assim, Regina? O que houve? – pergunta Olga, assustada.
– Eu
descobri que você andou vendendo roupa minha e da Ângela.
Nesse
momento, Ângela, que estava no quarto, entra na sala.
– É
isso mesmo. A gente já descobriu. – fala Ângela.
– Eu
posso explicar. – tenta responder Olga.
– Olga,
por favor, nem tente. Nós não queremos nada mais que venha de vocês.
– Não
me mete nisso. Eu nem sabia. – diz Pietro.
– Nada
a ver, Pietro. Assume o que você fez. – fala Olga para o marido.
– Foi
você que vendeu.
– Olha,
vocês discutam entre vocês. Nós fomos muito tolas mesmo, não é, filha, em
acreditar em dois safados como vocês. – comenta Regina, irritada.
– Desculpa,
Regina. Fique aqui. Isso é passado.
– Ficar
aqui pra quê? Para você vender o resto das minhas roupas? – fala Regina.
– Não...
– tenta Olga, mas é interrompida por Ângela.
– Nós
vamos embora.
Regina
e Ângela pegam as malas, que já estão na sala, e saem da casa. Olga vai atrás
delas.
-
Olga, por favor, não insista. – pede Regina, fazendo com que Olga volte para
casa.
***
Após
fazer compras no supermercado, Mary volta para casa eufórica para contar uma
novidade para a irmã. A irmã de Jenny chega à casa chamando pela irmã:
– Jenny,
cadê tu?
– Oi
Mary. O que houve?
– Adivinha
quem saiu de Pitenópolis.
– Quem?
A Hanna, aquela chata?
– Não.
Rumina e Eufrásio.
– Ah,
aqueles velhos pulguentos.
– Os
próprios. Parece que a Rumina ganhou uma mansão de herança longe daqui e foi
morar lá.
– Que
bom! – comemora Jenny.
– Você
não parece tão alegre com a notícia.
– É,
não estou tão preocupada com isso agora. Eu vou para Ravione.
– De
novo?
– Sim.
Foi visitar sobre a Hanna naquela Gaiola das Panteras, a antiga Boate Conga. Eu
quero saber tudinho sobre esse filho dela.
– Ótimo.
Mas temos que ter mais alguns podres sobre ela.
– Claro.
Deixa que vou cuidar de tudo isso. Agora preciso arrumar minhas malas. – avisa
Jenny, saindo da sala.
***
Na
delegacia de Pitenópolis, a delegada Sabrina vai até uma sala onde Fabrício foi
colocado. Ele está sentado em uma cadeira e algemado.
– Oi
Fabrício. Me disseram que você pediu para me chamar. – conta Sabrina.
– Sim.
Eu vou te ajudar com algumas informações sobre o doutor Jorge. – diz Fabrício,
olhando firmemente para a delegada, que fica feliz.
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