segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Capítulo 15: Magia Sensata

Eu não sei nada sobre o doutor Jorge, delegada. – responde Fabrício.
Fabrício, eu só estou querendo facilitar as coisas para o seu lado. Eu vou deixar você pensar mais um tempo, aí depois eu te chamo novamente para conversarmos.
Eu já disse que não sei de nada.
De repente você pode se lembrar de algo. Até mais. – fala a delegada, saindo da sala.
Logo após a saída da delegada, Fabrício é levado de volta para sua cela.

***
Regina entra na casa de Olga e Pietro, procura os donos da casa, chamando pelos nomes deles, porém só encontra a filha, que está no quarto, e fala com ela, que está estudando:
Oi filha. Estudando?
Sim, mãe. A prova para a faculdade de pedagogia é depois de amanhã.
Por que você não relaxa, filha? Acho que é a melhor coisa a fazer.
Estou dando uma revisada. Logo que eu terminar aqui, eu vou sair com o Augusto.
Ah, que bom, filha. O Augusto é um ótimo rapaz.
Também acho. Mas você tava querendo falar com a Olga e o Pietro? Ouvi você chamando por eles.
Sim, filha. Eles saíram?
Sim. O Gustavo também. Mas o que você quer com eles?
Você sabe aquele vestido meu azul que ganhei da tia Cássia?
Sim. Eu acho ele lindo. Que pena que aquela mancha de café não saiu.
Você pegou ele recentemente?
Não. Por quê?
Então, filha, quando você foi sequestrada pelo crápula do Jorge, eu não achei esse vestido.
E...
Aí eu perguntei para a Olga e ela disse que não tinha visto, porém hoje, na rua, tinha uma mulher com esse vestido, inclusive com a mancha, e ela disse que comprou de uma ‘‘tal de Olga’’.
A Olga vendeu seu vestido, mãe?
É o que deu para entender. A moça disse que comprou lá em Bulires. A Olga saiu da cidade para vender roupa que não é dela.
Será que ela vendeu outras roupas?
É isso que vamos ver. – fala Regina, abrindo o armário.
Olhando o armário, Ângela sente falta de algumas roupas suas e Regina também:
Mãe, ela pegou algumas coisas minhas também.
E mais algumas minhas também.
Por que será que ela fez isso? Dinheiro?
Deve ser, filha, mas eu não vou ficar numa casa em que vendem as minhas roupas.
Nem eu. Quando ela chegar, vamos colocá-la na parede. – diz Ângela, decidida.
– Isso mesmo, filha. Vamos arrumar nossas malas. Vou alugar um apartamento – responde Regina.

***
Vestidos de faxineiros, Pietro e Olga invadem o quarto de Kika Postrad, com a chave que abre todos os apartamentos. No quarto, Kika está sozinha.
Olá. Vocês vão limpar agora?
Kika! Isso é um sonho! – grita Olga, histericamente.
Oi? – estranha a cantora.
Somos seus fãs. – responde Pietro.
Vocês trabalham aqui? – pergunta Kika.
Não. Nós tivemos que deixar de entrar. – diz Olga.
Vocês querem uma foto?
Claro. – responde Pietro.
Kika, generosamente, tira um foto com Olga e Pietro, que retiram as roupas de faxineiros e ficam com suas camisas com o rosto de Kika.
Ai, Kika, você não imagina a nossa felicidade. Acompanhamos você desde a época do seu hit ‘‘Vai sucuri’’. – conta a mãe de Gustavo.
Poxa, essa é das antigas.
Também não temos como esquecer a sua atuação de Cleópatra. Foi a melhor Cleópatra que já vi.
Ah, que bom. E o que vocês acharam do meu papel como a empregada Dirce? – pergunta Kika, deixando Olga e Pietro surpresos.
A Dirce... Ah, ela... – tenta Olga, porém não lembra essa personagem de Kika.
Vocês não lembram da Dirce? Foi um dos meus melhores papéis! – diz Kika.
Bem...
É brincadeira! Não tem Dirce nenhuma. – fala Kika, rindo.
Ah, que susto. Achei que tínhamos esquecido de algum papel seu. Impossível esquecer. – comenta Pietro, aliviado.
E aquele seu show com a MC Kat? Foi ótimo! – diz Olga.
Tantas memórias, não é mesmo?! Mas agora vocês podem me dar licença para eu arrumar minhas malas para a viagem? – pede Kika, educadamente.
É que nós temos um convite para você. – fala Olga.
Qual?
Nós já sabemos que o filme sobre a sua carreira vai começar a ser gravado na próxima semana, mas nós achamos que Pitenópolis combina muito com a sua história. Que tal se o seu filme for gravado aqui?! – propõe Olga.
Que ideia maravilhosa! Até porque os cenários que criaram lá no estúdio são horríveis, é tudo de papelão ou gesso. Eu gosto de coisa real!
Então já está tudo certo? Nós queremos ser os seus empresários aqui.
Bem, não tenho como dar essa resposta agora, mas eu vou pensar muito bem nessa proposta e ligo para vocês.
Ótimo. – fala Pietro, entregando seu cartão a Kika.
Então agora vamos deixar você em paz. Beijo! – fala Olga, que sai do quarto de Kika, junto com Pietro.
Pietro e Olga saem discretamente do hotel e voltam para casa.

***
Antes de ir à fazenda Leite de Porca, para trabalhar, Marcos vai à delegacia de Pitenópolis. Chegando lá, ele pede para visitar o irmão. Logo que autorizado, o funcionário da falida fazenda entra em uma sala, onde encontra o irmão, que já está sentado e algemado.
O que você fazendo aqui, Marcos? – pergunta Fabrício, surpreso com a visita do irmão.
Vim te visitar . – responde Marcos.
Quando eu vou sair daqui? Você sabe de alguma coisa?
Não sei, Fabrício. Vamos ter que esperar a decisão judicial.
Isso está demorando mais do que as promessas do governo.
A justiça demora, mas cumpre o papel dela corretamente.
Estou de saco cheio dessa cadeia.
Você já assumiu seus crimes?
Eu não vou me entregar, Marcos. Pirou?
Fabrício, se você admitir, vai ficar muito melhor para você.
Por quê?
Geralmente a pena é diminuída quando a pessoa confessa.
Ah, aquela delegada até veio me oferecer ajuda se eu falasse sobre o doutor Jorge.
Fabrício, por que você não ajudou?
Eu não sei quase nada sobre ele.
Conta o que você sabe, então. Esse pouco pode ajudar bastante a polícia.
Então tá. Vou ver o que faço.
Nesse momento, um policial avisa que o tempo acabou.
Faz o que eu te disse. Vai ser melhor. – fala Marcos, preocupado com o irmão.
Obrigado, Marcos. – agradece Fabrício, que é retirado da sala.

***
Em seu quarto, Leia lê um livro para o tempo passar mais rápido. A vendedora lembra-se de Guilherme e liga para a delegacia.
Delegacia de Pitenópolis. Boa tarde.
Oi. Eu queria saber se uma criança pode visitar o pai que está preso?
Existe uma lei que permite, mas em penitenciárias.
Então...
Até segunda ordem, a criança não pode.
Ok. Obrigada.
Leia desliga o telefone e chama Guilherme, que entra no quarto dela.
Oi tia Leia. O que foi?
Oi Gui. Então, você não pode visitar seu pai na delegacia.
Por quê?
É uma ordem da polícia, mas você pode mandar uma carta para ele. O que você acha?
Legal. Eu vou falar com a mamãe.
Não, Gui. Sua mãe não pode saber.
Mas por quê?
Ela não vai deixar, né?
Verdade, tia. Então vou escrever. – fala Guilherme, que começa a escrever a carta para o pai.

***
Na zona rural de Pitenópolis, na fazenda Leite de Porca, o telefone toca. Rumina está preparando o almoço, com algumas sobras da noite anterior, e atende o telefone.
Alô? Quem é?
Oi Rumina. É Virgulina.
Oi Vi. O que horve?
A tia Cida se foi.
Ela saiu de Campinhos?
Não, Rumina. Ela bateu as botas.
Ah, senhor. Eu nunca gostei daquela véia, prima. Ela era chata demais.
Ela deixou uma herança.
Ela não era pobre?
Não, muito pelo contrário, tia Cida tinha várias casas aqui em Campinhos.
Véia mentirosa.
Ela deixou um casarão pra você.
Ah, tadinha da tia Cida. Adorava ela. – fala Rumina, fingindo sofrimento.
Não precisa mentir não, Rumina. A casa já é sua.
Ah, que bom. A casa é boa?
Sim. E enorme.
Você vem pro enterro?
Vai ser quando?
Hoje mais tarde.
Então eu vou.
Vem morar aqui logo, Rumina, e aproveita esse casarão que a tia deixou pra você.
Tô pensando mesmo. Até mais, prima.
Até mais.
Rumina desliga o telefone. A fazendeira sai da cozinha e vai logo falar com Eufrásio, que está no pasto.
Eufrásio, meu homi. – grita Rumina, eufórica.
O que foi, muié?
Você lembra da tia Cida?
Aquela chifruda?
Ela mesma.
O que tem essa véia?
Ela morreu.
Já vai tarde.
Ela deixou um casarão pra gente, Eufrásio, lá em Campinhos.
Coisa boa não deve ser, vindo dessa véia.
A Virgulina disse que é ótima e enorme.
Então vamo pra lá, muié.
Sim, Eufrásio. Mas vamos levar os animais?
Não vai ter lugar pra tanto bicho num casarão.
Por que a gente não deixa a fazenda com o Marcos?!
Boa ideia.
Rumina e Eufrásio começam a montar as malas. Os dois colocam alguns objetos e malas na pequena caminhonete. Marcos logo chega à fazenda. Logo que chega à fazenda, o irmão de Fabrício pergunta para Eufrásio:
Vocês vão viajar, seu Eufrásio?
Não, Marcos. A gente vai sair de Pitenópolis. Vamos para Campinhos.
Por quê?
Ganhamos uma casa de herança de uma tia da Rumina.
E eu?
O que tem ocê?
Meu dinheiro ué.
Então, nós vamos deixar a fazenda com ocê, mas não procê trabalhar. A fazenda agora é sua. Já serve como pagamento também.
Obrigado, seu Eufrásio, mas é muita coisa pra eu cuidar... – fala Marcos, interrompido por Rumina.
Que nada! Tchau! Boa sorte. – fala Rumina.
Rumina e Eufrásio saem na caminhonete, deixando Marcos assustado com a novidade.  Sem saber o que fazer, Marcos vai em direção à pensão para contar a novidade com seus amigos.

***
Em casa, Guilherme termina a carta para o seu pai. O menino entrega o papel para Leia.
Aqui, tia Leia. Você vai lá entregar pro papai?
Vou sim, Gui.
Obrigado, tia. – agradece Guilherme, dando um beijo na bochecha de Leia.
Guilherme sai do quarto de Leia e ela começa a ler a carta, que conta: ‘‘Oi pai. Estou com muita saudade de você. A casa fica muito quieta sem você aqui. Queria poder conversar com você pra entender melhor isso. Eu até gosto do Pedro, mas ele nunca será meu pai. Te amo. Você é o melhor pai do mundo. Não se esqueça de mim. Beijo, Guilherme.’’
Ao ler a carta, Leia fica emocionada e sai da casa, sem Aurora notar.

***
Chegando à pensão de Hanna Curie, Marcos logo conta a novidade:
Vocês não vão acreditar no que aconteceu?
O que? – pergunta Álvaro.
Os meus patrões deixaram a fazenda para mim.
Como assim? – pergunta Tito.
A Leite de Porca será minha. Uma tia da Rumina morreu e ela ganhou um casarão em Campinhos, então vão morar lá.
Você aceitou ficar com aquela fazenda falida? – pergunta Hanna.
Lá é bem legal. Tava pensando em fazer um churrasco lá hoje. Que tal?! – sugere Marcos.
Ótima ideia. – responde Cléo.
Também acho. – opina Sofia
Marcos e os outros hóspedes da pensão pegam algumas carnes e outras comidas para levarem para a fazenda.

***
Após conversarem com Kika Postrad, Olga e Pietro chegam à casa deles. Logo que entram, se deparam com Regina, que está sentada no sofá da sala.
Oi Regina. Tudo bem? – pergunta Olga.
Não se faça de minha amiga, Olga. Você é uma falsa.
Como assim, Regina? O que houve? – pergunta Olga, assustada.
Eu descobri que você andou vendendo roupa minha e da Ângela.
Nesse momento, Ângela, que estava no quarto, entra na sala.
É isso mesmo. A gente já descobriu. – fala Ângela.
Eu posso explicar. – tenta responder Olga.
Olga, por favor, nem tente. Nós não queremos nada mais que venha de vocês.
Não me mete nisso. Eu nem sabia. – diz Pietro.
Nada a ver, Pietro. Assume o que você fez. – fala Olga para o marido.
Foi você que vendeu.
Olha, vocês discutam entre vocês. Nós fomos muito tolas mesmo, não é, filha, em acreditar em dois safados como vocês. – comenta Regina, irritada.
Desculpa, Regina. Fique aqui. Isso é passado.
Ficar aqui pra quê? Para você vender o resto das minhas roupas? – fala Regina.
Não... – tenta Olga, mas é interrompida por Ângela.
Nós vamos embora.
Regina e Ângela pegam as malas, que já estão na sala, e saem da casa. Olga vai atrás delas.
- Olga, por favor, não insista. – pede Regina, fazendo com que Olga volte para casa.

***
Após fazer compras no supermercado, Mary volta para casa eufórica para contar uma novidade para a irmã. A irmã de Jenny chega à casa chamando pela irmã:
Jenny, cadê tu?
Oi Mary. O que houve?
Adivinha quem saiu de Pitenópolis.
Quem? A Hanna, aquela chata?
Não. Rumina e Eufrásio.
Ah, aqueles velhos pulguentos.
Os próprios. Parece que a Rumina ganhou uma mansão de herança longe daqui e foi morar lá.
Que bom! – comemora Jenny.
Você não parece tão alegre com a notícia.
É, não estou tão preocupada com isso agora. Eu vou para Ravione.
De novo?
Sim. Foi visitar sobre a Hanna naquela Gaiola das Panteras, a antiga Boate Conga. Eu quero saber tudinho sobre esse filho dela.
Ótimo. Mas temos que ter mais alguns podres sobre ela.
Claro. Deixa que vou cuidar de tudo isso. Agora preciso arrumar minhas malas. – avisa Jenny, saindo da sala.

***
Na delegacia de Pitenópolis, a delegada Sabrina vai até uma sala onde Fabrício foi colocado. Ele está sentado em uma cadeira e algemado.
Oi Fabrício. Me disseram que você pediu para me chamar. – conta Sabrina.

Sim. Eu vou te ajudar com algumas informações sobre o doutor Jorge. – diz Fabrício, olhando firmemente para a delegada, que fica feliz.

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