Episódio 02: THE FIVE

episódio escrito por

EDI SANTOS

Mudando os Hábitos

CENA 01. STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Música: HEART ATACK – Demi Lovato

Visão panorâmica. Calçadão de Copacabana, com uma grande movimentação de pessoas, carros e bicicletas. Algumas pessoas fazendo exercícios e praticando esportes na areia.

Música cessa

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CENA 02. MANSÃO DOS MARINHO. DIA. INT. SALA DE ESTAR.

Lúcio de pé no meio da sala. NO sofá, estão sentadas as quatro mulheres, Ana Júlia, Giovana, Fabíola e Jéssica. Silêncio por alguns segundos.

Jéssica  - Pituquinho, eu...

Lucio    - Shiiii! Calada Jéssica! Shiiii...

Jéssica baixa a cabeça.

Lucio    - Francamente. Uma traição? Eu esperava menos de você. Eu me mato de trabalhar para manter vocês no luxo e no conforto e é assim que sou retribuído?

Lucio faz um gesto de chifre sobre a cabeça com os dedos da mão direita.

Fabíola  - Também não é assim, môzinho. Nós três aqui (enfatizando ela, Ana Júlia e Giovana) jamais faríamos algo assim com você. Isso é coisa de piranha.

Giovana  - É! De piranha. E de interesseira.

Jéssica  - A mim, Giovana? Aqui de nós quatro eu sou a única que ama mais o marido do que a carteira dele. Muito mais santa que vocês são?

Ana Júlia - Imagina se não amasse.

Jéssica  - Escuta aqui...

Lucio    - Chega! Silêncio as quatro. Eu não quero mais ouvir discussão.

As quatro mulheres baixam a cabeça.

Lucio    - Quero comunicar as quatro de que tomei uma decisão com relação a tudo isso.

Jéssica  - (preocupada) Decisão?

Jéssica se levanta e caminha até Lucio.

Jéssica  - (medo em seus olhos) Pituquinho, que decisão é essa?

Lucio olha nos olhos de Jéssica. Closes da CAM alternando de um para o outro.

Lucio    - (triste) Você me traiu, Jéssica! (pausa) Você me decepcionou muito.

Jéssica  - Sim! Eu errei. Confesso que eu errei e me arrependo disso. Só não joga fora tudo o que nós passamos.

Lucio tenta se desvencilhar de Jéssica, mas ela se põe em sua frente e segura o rosto dele.

Jéssica  - Olha pra mim, pituquinho. Diz que nosso amor é maior que esse tropeço que eu dei. Diz que vamos passar uma borracha em cima de tudo isso. Diz.

Pausa. Lucio evita de olhar nos olhos de Jéssica. CAM foca nos rostos de desdém de Ana Júlia, Fabíola e Giovana.

Lucio    - Sinto muito, mas você tem que ir embora por enquanto. Agora com licença. (saindo de cena) Preciso pegar Dilma no aeroporto.

Jéssica fica em choque. Tenta concatenar as ideias, enquanto Ana Júlia, Giovana e Fabíola comemoram ao lado.

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CENA 03. STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. AEROPORTO. DIA.

Visão Panorâmica. Imagem de aviões decolando e pousando. CAM fecha no letreiro com o nome do aeroporto.

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CENA 04. AEROPORTO. DIA. INT. ÁREA DE DESEMBARQUE.

Lucio animado olhando as pessoas que saem pelo portão de desembarque. Dilma surge. Casaco longo, de cor vermelha, chapéu bem chamativo na cabeça, óculos escuros e uma bolsa pequena, de mão. CAM foca no sorriso de Lucio e depois no de Dilma. Abre a imagem nos dois frente a frente.

Lucio    - Minha deusa! Que saudade de você!

Dilma    - Imagino que sim. Juntando aquelas quatro não dão a unha do meu dedo.

Lucio    - Vejo que Cuba fez muito bem para o seu senso de humor.

Os dois começam a caminhar lado a lado.

Dilma    - Fez nada. Lugar horrível. Nunca vi tanta gente feia e falando esquisito. (para e olha para Lucio) Olha aqui: da próxima vez que me pagar um pacote de viagens eu quero conhecer o Caribe e não um projeto mal sucedido de Brasília.

Lucio    - (expressão de medo) Cla... cla... claro... Caribe. Entendido.

Voltam a caminhar.

Dilma    - Cuba nunca mais!

CAM fica enquanto Lucio e Dilma saem de cena.

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CENA 05. MANSÃO DOS MARINHO. DIA. INT. COZINHA.

Ambiente grande e bem iluminado. Giovana e Ana Júlia estão presentes. Tentam fazer o almoço. Há uma bagunça espalhada pela mesa e pela pia.

Ana Júlia - Acho que foi uma péssima hora para o Lucinho dar folga para a empregada.

Giovana  - Também concordo. E a Fabíola ao invés de ajudar, some. Quero só ver na hora de encher o bucho com a nossa comida. Vai tá lá, sentada na mesa.

Ana Júlia - Se ela comer. (olha a panela no fogão) Para ser sincera, nem eu mesma comeria essa gororoba. O que é isso que você está fazendo?

Giovana  - Isso aí? Arroz à francesa com suco de limão.

Ana Júlia - Eu não quero ser estraga prazeres, mas isso aqui ta mais pra um sopão que as casas de caridade distribuem para os mendigos.

Giovana  - Olha só quem ta falano. Pior é aquilo ali que você chama de bife a cavalo. Tá parecendo as chinelas da minha avó.

Ana Júlia - Mas você adorou as chinelas da sua avó quando fiz da última vez.

Giovana  - Era isso ou a comida da Jéssica. Entre o ruim e o péssimo eu preferi o seu.

Ana Júlia - Há há há... Engraçadinha. Fala menos e vai mexer sua panela. E nada de ocupar o forno. Vou colocar o meu bife agora.

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CENA 06. MANSÃO DOS MARINHO. DIA. INT. QUARTO 1.

Jéssica arrumando uma mala, que está sobre uma das camas. Fabíola deitada sobre outra cama, observando.

Jéssica para de arrumar a mala e olha para Fabíola.

Jéssica  - Escuta, tu não tem o que fazer não?

Fabíola  - Sabe o que é? É que eu to adorando ver essa cena.

Jéssica  - Vai rindo. Quem ri por último ri melhor meu amor. Eu vou voltar pra essa casa por cima. E oh! Já vou avisando. Quando voltar eu só vou descansar, quando colocar uma por uma de vocês daqui pra fora.

Jéssica continua a colocar roupas na mala.

Fabíola  - Tu num baixa a guarda, né Jéssica? Mermo aí, assim, no chão, toda quebrada. Só quero ver essa tua pose de dondoca agora sem um centavo do Lucin.

Jéssica  - Pode latir. Continua, continua. A inveja de vocês é que o Pituquinho gosta mais de mim. Ele adora tudo isso aqui. (exibe o corpo).

Fabíola  - E o que é que tu tem, Jéssica? Tu é mais reta que uma tábua de passar. Sem bunda, sem teta. A única coisa que te salva é a cara. O resto Deus se esqueceu de te dar, minha filha.

Jéssica  - Falô a mulher de plástico. Tá pensando que silicone é obra de Deus? Se toca, loira de farmácia.

Fabíola  - Quer saber? Eu vou é sair daqui antes que tua feiura me pegue. E vê se acaba logo isso aí, Jéssica!

Fabíola sai do quarto.

Jéssica  - Vai, ô siliconada sem sal!

Jéssica se irrita e joga as roupas de qualquer jeito na mala e fecha.

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CENA 07. STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Sequência acelerada de imagens. Carros na Avenida Brasil. Surfistas no mar e Pessoas caminhando no calçadão de Copacabana.

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CENA 07. MANSÃO DOS MARINHO. DIA. INT. SALA DE ESTAR.

Fabíola, Ana Júlia e Giovana estão sentadas no sofá. Dilma e Lucio entram na casa. Lúcio trazendo as duas malas de Dilma.

Dilma    - Finalmente em casa. Como é bom sentir o delicioso aroma do meu lar! Minhas coisas!

Dilma olha para as três, que se levantam sorridentes.

Dilma    - Pena que a realidade seja outra.

Giovana  - Dilma! Como foi de viagem? Trouxe presente pra nóis?

Dilma    - Trouxe, minha filha. Pra você principalmente. Trouxe uma gramática pra você consertar esse seu português que só piora.

Fabíola  - Sentimos muita saudades do seu bom humor.

Dilma    - Imagino. E a Jéssica? Onde está?

Nesse momento Jéssica vem descendo a escada com sua mala. Ela para na sala.

Jéssica  - Bem, eu já estou indo.

Dilma olha para Lucio e depois para Jéssica.

Dilma    - Você está indo viajar?

Lucio    - Não, Dilminha. A Jéssica vai ficar uns dias afastada de nós.

Giovana  - É! Ela meteu chifre no fofuxinho.

Lucio    - Shiii... As três! Esse assunto está proibido aqui dentro. (a Dilma) Vai descansar minha rainha do Tibet. Deve estar exausta.

Dilma    - Está certo. Mas depois eu quero saber direitinho dessa história.

Jéssica arrasta a mala até Lucio. Ele evita de olhar nos olhos dela.

Jéssica  - Até logo, Pituquinho. Se mudar de idéia... Tiver saudades de mim... É só me ligar. Eu volto correndo pros teus braços.

Lucio fica em silêncio e se afasta de Jéssica. Jéssica olha em volta da sala.

Jéssica  - Eu voltarei!

Em seguida Jéssica sai da casa. Fabíola, Ana Júlia e Giovana pulam de alegria. Dilma observa as três.

De repente Dilma e Lucio começam a sentir um cheiro estranho. Ana Júlia, Giovana e Fabíola também começam a sentir.

Dilma    - Mas que cheiro de queimado é esse?

Lucio    - Verdade! Parece que tá vindo da cozinha!

Ana Júlia - Ai, meu Deus. Meu bife!

Ana Júlia sai correndo para a cozinha, seguida por Giovana.

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CENA 07. STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Sequência acelerada de imagens. Muitos carros e ônibus no trânsito da orla de Copacabana.

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CENA 08. CASA DE DONA MAGDA. DIA. INT. SALA DE ESTAR

Casa simples, mas bem aconchegante. Abre a cena com o som desesperador da campainha. Vemos Robson (amante de Jéssica – mesmo do episódio anterior) caminhando até a porta. Um rapaz alto, corpo bem cuidado, de bermuda jeans, sem camisa e com boné na cabeça.

Robson   - Já vai!

Robson abre a porta. Jéssica entra de imediato arrastando a mala.

Jéssica  - Tenho que ficar na sua casa por uns dias.

Robson   - Jéssica?

Jéssica  - A peçonhenta da Giovana contou tudo para o Pituquinho sobre nosso caso.

Robson   - Que chato isso. Mas ficar aqui? Sabe o que é, Jéssica? É que...

Jéssica  - Shiii... Nem mais uma palavra. Isso tudo é culpa sua também. Nem pense em me virar as costas.

Imediatamente aparece Magda. Uma senhora de idade avançada, um pouco gordinha, vestido longo de estampa exagerada. Olha com cara de poucos amigos para Jéssica.

Magda    - Agora deu para trazer suas piranhas pra dentro de casa? Que desgosto.

Robson   - Mamãe!

Jéssica  - Mamãe? Mas ela não tinha morrido?

Magda    - Bem que ele queria. Mas estou vivinha. E você quem é, sua vigarista?

Jéssica fica pasma olhando para Robson e para Magda.

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CENA 09. MANSÃO DOS MARINHO. DIA. INT. QUARTO 1.

Dilma desarruma as malas. Ana Júlia, Fabíola e Giovana estão sentadas nas camas. Conversam sobre a viagem.

Dilma    - Eu confesso que não vou sentir saudades daquele lugar. Tirando as praias, o resto é horroroso.

Ana Júlia - Lucinho devia ter mandado a Jéssica para Cuba e deixado por lá mesmo.

Giovana  - Aí eu concordo. Uma passagem só de ida.

Dilma    - Ta aí uma coisa que eu nunca entendi. Por que vocês têm tanto ódio assim da Jéssica?

Fabíola  - Ora. A Jéssica é a pior das esposas. Sonsa, falsa, interesseira e só sabe fazer nossa cova para o Lucin.

Dilma    - Tudo bem. (suspiro) Nada melhor do que estar em casa.

Fabíola bate as mãos e levanta da cama eufórica.

Fabíola  - Tive uma ideia!

Ana Júlia - Lá vem bomba.

Dilma    - Que ideia, Fabíola?

Fabíola  - Que tal irmos as quatro ao shopping fazer umas comprinhas e comemorarmos a volta da Dilma?

Dilma    - Ótimo! Eu adorei essa ideia mesmo. Vamos gastar tudo. Vamos ao shopping.

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CENA 10. SHOPPING. DIA. INT. DIVERSAS LOJAS

Música: HEART ATACK – Demi Lovato

Sequência de imagens aleatórias. Ana Júlia, Fabíola, Giovana e Dilma caminhando pelo shopping. CAM focando nas quatro mulheres caminhando em câmera lenta. Elegantes e usando óculos escuros.

Fabíola experimenta um vestido longo, vermelho e se olha no espelho. Giovana experimenta um sapato de salto alto e não gosta. A vendedora oferece outro. Ana Júlia aponta para uma jóia na vitrine e a atendente lhe alcança um par de brincos de brilhantes. Dilma sinaliza para o vendedor embalar um relógio de ouro.

As quatro, já reunidas no caixa da loja. Dilma entrega o cartão à atendente.

Música cessa.

Fabíola  - Nada como um dia de compras pra relaxar o meu dia.

Ana Júlia - No seu caso fica difícil. Você não sabe fazer outra coisa a não ser comprar.

Fabíola  - Shiii... Fica quieta, anão de jardim! Se não gosta, porque veio?

Dilma    - Vamos parar de barraco?

Barulho da maquininha do caixa. Atendente olha para Dilma e sorri.

Atendente - Seu cartão foi recusado, senhora.

As quatro se olham assustadas.

Dilma    - Minha querida, deve estar havendo algum engano. Meu cartão não tem limites. Deve ser essa sua maquininha aí. Tenta em outra.

Atendente - Claro!

Atendente tenta na outra maquina.

Dilma    - Imagina! Meu cartão recusado? Jamais.

Barulhinho da maquininha. Atendente sorri novamente.

Atendente - Foi recusado novamente, senhora. Quer tentar outro cartão?

Dilma    - O quê?

Fabíola  - Tenta o meu. Deve ser algum probleminha. Ela chegou hoje de viagem e deve ter acontecido algo. Mas o meu vai dar com certeza.

Atendente - Claro.

Atendente passa o cartão e também é recusado.

Ana Júlia - Eu não estou gostando nada disso.

Atendente - Também deu recusado, senhora. Tem certeza de que há limite disponível para este valor?

As quatro se olham e tentam disfarçar o constrangimento diante dos outros clientes ao redor.

Dilma    - (entre risos) Eu juro que vou matar o Lucio.

- Abertura –

CENA 11. MANSÃO DOS MARINHO. DIA. INT. SALA DE ESTAR.

Lúcio sentado em sua poltrona. Ana Júlia, Fabíola, Dilma e Giovana sentadas juntas no sofá, olhando para Lúcio. Expressão de pavor.

Lucio    - Estamos falidos!

Fabíola  - Fa... falidos? Lucin, do que você está falando? Nós somos ricos. Milionários. Não tem como a gente falir.

Giovana  - Estamos pobres? Sem nada? Nadinha mermo?

Lucio    - Exatamente, meus amores. Sem nada.

Dilma    - Meu remédio! Eu preciso das minhas gotinhas. Acho que estou passando mal. Está ficando tudo escuro.

Giovana abana e assopra o rosto de Dilma.

Ana Júlia - Isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. É tudo culpa da Fabíola.

Fabíola  - Êpa! Péra lá... Porque culpa minha?

Ana Júlia - Você é a mais que gasta de todas nós. Falava da Jéssica mais é igual.

Fabíola  - Alto lá! Não me compare com aquela desnivelada da Jéssica. E aqui dentro nenhuma de nós podemos falar nada sobre gastos. Tirando a Giovana, que é burrinha pra essas coisas, nós três aqui não se salva uma.

Lucio    - CHEEEEEEEGA!

Lucio se levanta da poltrona. As quatro mulheres olham assustadas.

Lucio    - Não importa de quem é a culpa. Apontar o dedo não vai fazer nada voltar a ser como era. Temos que ser realistas. Temos que nos adaptar à nova realidade.

Fabíola  - Lucin? Querido? Quando você fala assim de nos adaptarmos à nova realidade, o que exatamente você está dizendo?

Lucio olha para Fabíola.

Lucio    - Quer dizer, Fabíola, que vamos nos mudar para uma casa menor, em um bairro mais simples e teremos que viver como pessoas simples.

Giovana  - Lascou!

Fabíola e Dilma se abraçam chorando. Ana Júlia balança a cabeça negativamente.

Lucio    - Arrumem as malas, queridas. Já encontrei nosso novo lar.

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CENA 12. STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Visão panorâmica. Comunidade da Rocinha. Casas coloridas, postes de luz, crianças brincando de soltar pipa e pessoas caminhando pelas ruas.

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CENA 13. CASA DOS MARINHOS. DIA. EXT. FRENTE

A cena abre com o carro de Lucio em movimento, parando em frente à nova casa deles. Ana Júlia, Fabíola, Dilma e Giovana saem do carro, olhando com cara de pavor para todos os lados. Dois homens, morenos, passam por elas e assoviam.

Homem 1  - Carne nova no pedaço.

Homem 2  - Passa lá no meu barraco, princesa.

Fabíola faz cara de nojo.

Fabíola  - Eu não vou ficar nesse lugar.

Lucio sai de dentro do carro.

Lucio    - E então? O que acharam?

Dilma    - Depende do que exatamente você está perguntando? Do lugar ou do atalho que você pegou para nos levar até a nossa casa?

Fabíola  - Lucin porque você parou nesse lugar? Isso aqui é uma favela? Tem bandido aqui?

Lucio    - Isso aqui, meu docinho, é a nossa nova casa.

Lucio aponta para uma casa de cor amarela logo a frente deles. Uma casa simples, com um pequeno portão de ferro e um muro baixo. Dilma e Fabíola tiram os óculos ao mesmo tempo e analisam horrorizadas à casa.

Dilma    - Você está de brincadeira com a gente?

Lucio    - Vamos entrar?

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CENA 14. CASA DOS MARINHOS. DIA. INT. SALA

Sala simples. Objetos e móveis um pouco empoeirados. Ambiente um pouco iluminado. Lucio entra acompanhado das quatro esposas: Ana Julia, Dilma, Fabíola e Giovana.

Lucio    - E então? O que acharam? Não é confortável?

As quatro se olham.

Fabíola  - Isso aqui é um pesadelo, Lucio. Eu quero voltar pra nossa casa. Nossa verdadeira casa.

Giovana  - É mermo. Eu também quero ir embora.

Dilma    - Isso aqui é terrível. Olha esses móveis capenga. Essa decoração brega. Tudo empoeirado. E a vista? Um monte de barraco pintado. Fala sério!

Lucio muda de expressão. Fica de cabeça baixa e triste.

Lucio    - Eu nunca pensei que um dia pudesse dizer isso a nenhuma de vocês, mas não é justo arrastar as quatro comigo para o buraco.

Dilma, Fabíola, Ana Júlia e Giovana se olham e percebem que magoaram Lucio.

Lucio    - Eu deixo vocês livres para seguirem o caminho de vocês. Se acham que esse lugar não serve para vocês, sintam-se livres.

Dilma    - Não! O que é isso meu bem?

As quatro vão até Lúcio abraçá-lo.

Fabíola  - Você entendeu tudo errado. Nós te amamos independente de onde a gente estiver.

Ana Júlia - Com ou sem mansão, você é a nossa maior riqueza.

Giovana  - É! Nossa maior riqueza.

Os cinco permanecem abraçados por alguns segundos.

Lucio    - Eu amo vocês.

Lucio dá um beijo em cada uma delas.

Lucio    - Vamos conhecer o resto da casa?

Dilma    - Vamos!

Corta o áudio da cena... Música: O Rappa – Pescador de Ilusões... Lucio vai apresentando a casa.

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CENA 15. STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. ANOITECER.

Imagem Panorâmica... Imagens do por do sol a partir do Cristo Redentor. Imagens dos últimos raios de sol refletidos nas ondas da praia de Copacabana. Trânsito de carros, já de noite.

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CENA 16. BAR. NOITE. EXT. FRENTE

Música cessa.

Local bem movimentado. Música ambiente - pagodinho. Várias mesas cheias de clientes. Em uma delas vemos Lucio com seu amigo, Tesoura. Um homem alto, de bigodinho, jeito bem largado.

Tesoura  - Você não acha muita maldade com as meninas? Elas devem estar pirando. Imagina só uma mudança dessas de uma hora pra outra?

Lucio    - Não! Eu não acho. Na verdade eu acho que isso vai unir um pouco mais a nossa família. Elas têm que aprender a dar mais valor a tudo o que temos.

Lucio toma um gole de cerveja.

Lucio    - Depois do que a Jéssica me fez eu achei que essa seria a coisa mais certa a fazer.

Tesoura  - E falando na Jéssica, o que pretende fazer com relação a ela?

Lucio    - Ainda não sei. Estou pensando. Uma coisa de cada vez.

Tesoura ergue o copo de cerveja.

Tesoura  - Um brinde às novas mudanças.

Lucio    - Às novas mudanças!

Os dois brindam e bebem um gole.

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CENA 17. CASA DOS MARINHOS. NOITE. INT. QUARTO

Quarto pequeno. Uma cama de casal e um guarda roupas. Dilma, Ana Júlia e Fabíola estão sentadas na cama. Ouve-se o som do chuveiro ligado e Giovana cantarolando.

Fabíola  - Nem mesmo mudando de casa acaba essa saga de espera para tomar banho.

Dilma    - (grito) ANDA LOGO, GIOVANA!

Fabíola e Ana Júlia se assustam.

Dilma    - Desculpa!

De repente as luzes se apagam. O quarto fica escuro. Giovana começa a gritar.

Giovana (off) - O que aconteceu? A água ficou gelada aqui.

Dilma    - Ótimo! Agora ficou perfeito.

Música: Zeca Baleiro - Samba do Approach

Dilma, Ana Júlia e Fabíola se jogam para trás, na cama. A CAM vai se afastando. Giovana sai do banheiro enrolada na toalha e fica próximo às três.

FIM DO EPISÓDIO