sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Capítulo 16: DANCIN' DAYS




CENA 01. HOSPITAL. QUARTO DE FRANKLIN. INTERIOR. NOITE
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR.
FERNANDA SE APROXIMA DE FRANKLIN, CHOROSA.
FERNANDA – Amor.
FRANKLIN – Por favor, Fernanda, facilita pra nós dois! Não tem mais chance de nós continuarmos com isso.
FERNANDA – Franklin cai na real! A louca da sua mulher tentou te matar. Ela te deu uma facada na frente da família inteira.
FRANKLIN ENGOLE SECO. ENCARA.
FRANKLIN – A Celina tá paraplégica, Fernanda!
FERNANDA SE CHOCA, COLOCANDO A MÃO SOBRE A BOCA.
FERNANDA – A queda do cavalo?
FRANKLIN ASSENTE AFIRMANDO.
FRANKLIN – A queda do cavalo lesionou a coluna da Celina e a deixou presa numa cadeira de rodas, sabe-se lá por quanto tempo. Talvez pra sempre, Fernanda. É por isso que nós não podemos continuar com isso.
FERNANDA – Mas isso não tira o agravante que./
FRANKLIN – (Por cima/ Tom forte) Ela é mãe dos meus filhos. Nós somos casados há mais de trinta anos. Eu não posso e eu não vou abandonar a Celina nessa situação. Não quando ela precisa mais de mim do que qualquer outra pessoa, entenda isso. Eu não vou terminar o meu casamento com a Celina nesse estado!
FERNANDA ENCARA FRANKLIN, CHORANDO.
FERNANDA – Eu te amo.
FRANKLIN – (Engole seco) Eu também te amo, mas nós não podemos mais seguir com isso. Acabou.
FERNANDA – Você não ama! É mentira! Quem ama não faz isso!
FRANKLIN – Quem ama não quer ver o outro arrastando corrente! Eu tô te libertando de uma vida ao meu lado, onde só te traria dor de cabeça. Me diz se você conseguiria ficar comigo, com dois filhos e com uma mulher inválida no pacote? Você sugere o que? Que casemos e levemos a Celina para dormir ao quarto ao lado? Por favor, Fernanda!
FERNANDA CONCORDA. SECA AS LÁGRIMAS.
FERNANDA – Eu não posso te obrigar a ficar comigo. E eu também nem acho que conseguiria te dividir com ela. Eu suportei até agora, e suportei com a promessa que um dia você deixaria dessa mulher pra ficar comigo, mas agora? (Pausa) Agora não importa!
FRANKLIN – Eu juro que tentei.
FERNANDA – Não precisa mais tentar, foi perda de tempo. Mas sinceramente, eu espero que você se enterre no fundo de uma cama com a maldita Celina! Vocês se merecem!
FRANKLIN APENAS A ENCARA. FERNANDA SE VIRA E SE ENCAMINHA PARA A PORTA.
FRANKLIN – Fernanda!
FERNANDA SE VIRA.
FERNANDA – Tem mais alguma coisa pra me dizer?
FRANKLIN – Não preciso nem dizer que você tem que sair do Haras, não é?
FERNANDA RI, COM DEBOCHE. NEGA COM A CABEÇA.
FERNANDA – Fica tranqüilo que quando você voltar, empurrando a cadeira de rodas da sua mulherzinha, não vai ter mais nenhum fio de cabelo meu naquelas cocheiras.
FRANKLIN – Eu te deposito um bom dinheiro./
FERNANDA – (Corta) Guarda o seu dinheiro. Aproveita e com ele, compra uma cadeira de rodas bem bonita pra sua esposinha. Ela vai amar o presente!
FERNANDA SAI, BATENDO A PORTA. EM FRANKLIN.
CORTA PARA:

CENA 02. HOSPITAL. QUARTO DE CELINA. INTERIOR. NOITE
CELINA CHORA DESESPERADA, SOBRE A CAMA. O MÉDICO ALI COM ELA. BRUNO SE CONTROLANDO.
BRUNO – Mãe, tenta se acalmar.
CELINA – Me controlar? Tente se controlar quando Deus te tira o movimento das suas pernas!
BRUNO SE CALA.
DR. ARIEL – Não é assim, Celina. Isso só vai te deixar pra baixo, pensando desse jeito. Deus não te tirou os movimentos, é momentâneo. Você pode voltar a andar, inclusive, tem tudo para que volte!
CELINA – À base de que? De anos de fisioterapia? Vou voltar a andar quando? Quando eu tiver idade suficiente para aí sim, usar muletas?
CELINA VIRA O ROSTO CONTRA BRUNO E O MÉDICO. CADÚ ENTRA NO QUARTO.
CADÚ – Mãe, você acordou!
CELINA SE VIRA, CHORANDO.
CELINA – E você é outro! Seu ingrato! Vocês dois, dois ingratos!
CADÚ – O que tá acontecendo?
CADÚ ENCARA BRUNO, QUE DESMONTA.
BRUNO – A mamãe.
CELINA – (Berra) Eu tô aleijada!
CADÚ EM CHOQUE. REAÇÃO FORTE. CELINA CHORA.
CELINA – (Tom caindo) Eu fiquei inválida! Uma inútil! Uma inútil, Cadú!
CELINA CHORA COM A MÃO NO ROSTO. CADÚ CORRE PARA ABRAÇÁ-LA. OS DOIS ABRAÇADOS, CHORANDO. BRUNO CHORA DE PÉ.
CADÚ – Não fala assim, mãe. Você não ficou inútil. Calma!
CELINA – Cadú, eu vou ficar dependente de todo mundo. De vocês, do seu pai, eu não quero passar por isso. Eu preferia ter batido a cabeça naquela pedra e ter morrido!
BRUNO – Não diz isso, mãe.
CELINA ENCARA BRUNO.
CELINA – Vocês prometem que nunca vão me abandonar nesse estado? Prometem?
BRUNO VAI ATÉ CELINA E A ABRAÇA.
BRUNO – Nunca, mãe. É óbvio que nós nunca vamos te abandonar. Nem nessa e nem em condição nenhuma.
CADÚ – Mãe, não pensa nisso. Você tem que se recuperar logo e sair daqui. Temos que começar um tratamento e./
CELINA – Vocês estão me condenando à passar por isso tudo? Tratamento? Eu não quero tratamento!
BRUNO – Mas, mãe.
DR. ARIEL – Celina é irredutível quanto ao tratamento. Você tem grandes chances de voltar a andar, Celina. Sua lesão não é irreversível!
BRUNO – Ouviu, mãe? Vai dar tudo certo.
CELINA DÁ DE OMBROS, INCONFORMADA. CLOSES ALTERNADOS. NELA.
CORTA PARA:

CENA 03. MANSÃO PRATINI. SALA. INTERIOR. NOITE
ABRE EM WILSON TERMINANDO DE FECHAR A PORTA E VINDO COM UM PEQUENO EMBRULHO NAS MÃOS. MARIANA E AMANDA DESCENDO AS ESCADAS.
MARIANA – E você pensa em ir visitar a Celina ainda hoje?
AMANDA – Claro, minha filha. Nessas horas que temos que nos aproximar, mostrar solidariedade.
AMANDA VÊ WILSON COM O EMBRULHO. AS DUAS CHEGAM AOS PÉS DAS ESCADAS.
AMANDA – O que é isso, Wilson?
WILSON – Dona Amanda, o segurança acabou de deixar isso aqui na porta. Disse que uma moça deixou. (Olha Mariana) É pra você, Mariana.
MARIANA – (Surpresa) Pra mim?
AMANDA – Deve ser os presentes pelo seu aniversário que começaram a chegar. (Analisa o pacote) Mas tão pequeno. Quem deixou?
WILSON – Isso o segurança não falou não, senhora.
AMANDA – Incompetente!
AMANDA BUFA. WILSON ENTRE O PACOTE. MARIANA ABRE E VÊ UMA CARTA. ABRE O PACOTE E VÊ O COLAR. O SEGURA ENTRE OS DEDOS.
MARIANA – Que lindo, Amanda.
AMANDA – Meio mixuruca. Quem deixou isso aqui?
MARIANA ABRE O ENVELOPE E COMEÇA A LER A CARTA, ATENTA. REAÇÃO.
AMANDA – (Percebe) O que foi, Mariana? Quem deixou essa carta pra você? Deixa eu ver aqui!
AMANDA PEGA A CARTA E COMEÇA A LER. MARIANA COM OS OLHOS MAREJADOS.
AMANDA – (Exulta) Não pode ser!
MARIANA – (Encara) É da minha mãe, Amanda. A carta e o presente são da minha mãe!
AMANDA NERVOSA. CLOSES ALTERNADOS. MARIANA SORRI, MEIO BOBA.
CORTA PARA:

CENA 04. BARONESA GLAM. INTERIOR NOITE.
MÚSICA ELETRÔNICA ROLANDO. PESSOAS AGITAM. TAKES COMUNS DA BOATE EM NOITE DE DIVERSÃO. CORTES DESCONTÍNUOS, JAMIL RECEBENDO ALGUMAS PESSOAS, CONVERSA COM OUTRAS, EM SEGUNDO PLANO, HENRIQUE SEMPRE O OBSERVANDO.
CORTA PARA: JAMIL SENTADO NO BAR, BEBE UM DRINK. HENRIQUE SE APROXIMA COM UM COPO.
HENRIQUE – E aí?
JAMIL – (Olha) Opa! (Cumprimenta) Casa cheia né?
HENRIQUE – Sim, muito bom. Você tem feito um bom trabalho de divulgação aqui.
JAMIL – Valeu! Tenho contatos, ajuda muito.
HENRIQUE – Não adianta ter contatos e não saber como tirar proveito disso, não é?
JAMIL NÃO ENTENDE. CONTINUA BEBENDO.
HENRIQUE – Jamil, a Amanda me contou sobre a Juliana.
JAMIL O ENCARA. HENRIQUE SENTA AO LADO.
HENRIQUE – Eu normalmente não costumo ser assim tão direto, mas Jamil, eu me interessei nessa história. Eu queria saber mais sobre isso.
JAMIL SE LEVANTA.
JAMIL – Desculpa, Henrique, mas eu não vou me meter mais nisso do que já me meti.
HENRIQUE – Para com isso, rapaz. Eu sei bem como você conseguiu esse emprego na Baronesa, vai dar uma de falso moralista pra cima de mim? Relaxa! Eu só quero ajudar.
JAMIL OLHA DESCONFIADO PARA HENRIQUE.
JAMIL – O que você quer saber, afinal?
HENRIQUE – (Sorri) Bom, estamos começando a nos entender.
JAMIL – Eu não quero prejudicar ninguém com essa história.
HENRIQUE – Não vai. A Amanda me contou a história de vida da Juliana e que ela ficou presa durante anos, eu não vou prejudicar essa moça. Não sou de chutar cachorro morto. Só quero ajudar... De verdade.
JAMIL – Ajudar como?
HENRIQUE – Ainda não pensei muito bem no que vou fazer, mas eu gostaria de saber o endereço dela.
JAMIL – Ela mora no mesmo prédio que eu, aliás, no apartamento da família da minha noiva, mas porque você quer o endereço dela? Você pensa em procurar a Juliana?!
EM HENRIQUE.
CORTA PARA:

CENA 05. MANSÃO PRATINI. SALA. INTERIOR. NOITE
Continuação cena 03/ Cap. 16.
AMANDA SEGURA COM ÓDIO A CARTA DE JULIANA.
AMANDA – Me dá esse colar aqui. Eu vou jogar fora!
MARIANA SE AFASTA COM O COLAR EM MÃOS.
MARIANA – Cê tá louca? Obvio que eu não vou te dar esse colar. É o primeiro presente que a minha mãe manda em anos, cê enlouqueceu?
AMANDA – Mariana, nada do que essa mulher pode te dar é algo bom, tá entendendo?
MARIANA – Não! Eu não tô entendendo! Sabe por que eu não tô? Porque você parece que tá escondendo a minha mãe dentro da dispensa de comida!
AMANDA – Mas o que./
MARIANA – (Por cima) É isso mesmo. E eu cansei. Você e o Dante parece que escondem a identidade da minha mãe à sete chaves e aí tem, mas eu vou descobrir.
ELA SACODE A CARTA NO AR.
MARIANA – Esse é o primeiro passo. Uma carta escrita de próprio punho significa que ela tá aqui no Brasil, tá no Rio, perto de mim. E pode ter certeza que eu vou descobrir o motivo do porque ela não aparecer!
MARIANA VAI SUBINDO AS ESCADAS. AMANDA COM ÓDIO, SAPATEIA NA SALA.
AMANDA – Desgraçada! Infeliz!
WILSON SE APROXIMA.
WILSON – Dona Amanda, fique calma!
AMANDA SE VIRA PARA WILSON, COM RAIVA.
AMANDA – (Grita) Sai daqui você também! Imprestável! Porque não engoliu essa maldita carta?!
WILSON SAI CORRENDO DA SALA. A PORTA SE ABRE, DANTE ENTRA. AMANDA ENCARA COM RAIVA.
AMANDA – Eu vou matar a Juliana!
DANTE – Mas o que tá acontecendo dessa vez?
AMANDA – A infeliz da Juliana resolveu brincar com a minha vida e mandou presentinho de aniversário pra Mariana, cê acredita?
DANTE – Acredito, Amanda. Afinal, é mãe dela. Seria natural que agora./
AMANDA – (Corta/ Exaltada) Ai cala a boca, cala! Não sei por que eu acho que você ainda vai me apoiar em algo. Sempre tá contra mim!
DANTE – Não é assim!
AMANDA – (Grita) É assim!
AMANDA SOBE AS ESCADAS CORRENDO.
CORTA PARA:

CENA 06. MANSÃO PRATINI. SUÍTE DE MARIANA. INTERIOR. NOITE
MARIANA PROVA O COLAR EM FRENTE AO ESPELHO. SORRI, PASSANDO A MÃO NELE.
MARIANA – Mãe, você tá pertinho de mim. Eu juro que vou te encontrar. Quero saber essa história de uma vez por todas.
NELA, DESLUMBRADA COM O COLAR EM MÃOS.
CORTA PARA:

CENA 07. MANSÃO PRATINI. SUÍTE DE AMANDA. INTERIOR. NOITE
ABRE NUM OBJEITO ARREMESSANDO O ESPELHO E O ESPATIFANDO. ABRE EM PLANO GERAL, AMANDA COM MUITA RAIVA, BUFANDO.
AMANDA – Desgraçada! Se você pensa que vai acabar com a minha vida, eu vou te provar que posso ser bem pior do que você imagina!
AMANDA BATE A MÃO SOBRE UMA PENTEADEIRA, ARREMESSANDO TUDO O QUE ESTÁ EM CIMA, NO CHÃO.
AMANDA – (Berra) Infeliz!
NELA, BUFANDO.
CORTA PARA:

CENA 08. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
SONOPLASTIA: “COPACABANA” – EMÍLIO SANTIAGO.
TAKES DO RIO AMANHECENDO. ÚLTIMO TAKE DA FACHADA DO JÓQUEI CLUB.
CORTA PARA:

CENA 09. JÓQUEI CLUB. INTERIOR. DIA
CORTES DESCONTÍNUOS: ALBERICO CHEGA AO JÓQUEI, BEM VESTIDO, ACOMPANHADO COM GUIDA, DE BRAÇOS DADOS. ELA MUITO BEM ARRUMADA TAMBÉM, COM O CABELO EM UM COQUE. OS DOIS VÃO ANDANDO POR ALI. ELE CUMPRIMENTA ALGUNS AMIGOS E VAI MOSTRANDO AS COISAS PARA ELA. GUIDA DESLUMBRADA COM O REQUINTE DO LOCAL.
CORTA PARA A FILA DE APOSTAS, ALBERICO VÊ AS OPÇÕES DE CAVALOS, GUIDA TAMBÉM PALPITA EM ALGO. ELA APONTA UM NOME. ALBERICO FAZ EXPRESSÃO DE DÚVIDA E APOSTA NO QUE ELA APONTOU.
CORTA PARA A ARQUIBANCADA, TODOS ASSISTEM À CORRIDA DE CAVALOS. GUIDA APREENSIVA, ALBERICO DE PÉ, TORCENDO MUITO. CORTES DESCONTÍNUOS DA CORRIDA. ALBERICO VIBRA.
CORTA PARA: O CAVALO QUE ALBERICO APOSTOU CRUZA A LINHA DE CHEGADA EM PRIMEIRO LUGAR.
ALBERICO E GUIDA COMEMORAM JUNTO COM OUTROS APOSTADORES. ELES VIBRAM, PULAM NA ARQUIBANCADA, COMEMORANDO A VITÓRIA.
SONOPLASTIA OFF.
CORTA PARA:

CENA 10. PRÉDIO DE ALBERICO. CORREDOR. INTERIOR. DIA
FÁTIMA VEM COM ALGUMAS SACOLAS DE SUPERMERCADO. CONRADO DESCENDO AS ESCADAS, A VÊ.
CONRADO – (indo em direção) Fátima, deixa que eu te ajudo.
FÁTIMA – (Suave) Não precisa, Conrado. Eu dou o meu jeito.
CONRADO – Imagina, vai cair com essas sacolas ainda.
CONRADO PEGA A MAIORIA DAS SACOLAS DAS MÃOS DE FÁTIMA E SORRI.
CONRADO – Deveria ter me pedido pra te acompanhar no mercado.
FÁTIMA – Que bobagem! Eu não iria bater na casa do vizinho e pedir para ele me ajudar á ir no supermercado. Não tem cabimento isso.
CONRADO SORRI. FÁTIMA RETRIBUI.
CORTA PARA:

CENA 11. APARTAMENTO DE ALBERICO. COZINHA. INTERIOR. DIA
CONRADO DEIXA AS SACOLAS DE FÁTIMA SOBRE A MESA.
FÁTIMA – Obrigada, de verdade. Talvez você tivesse razão, tenho que reconhecer.
CONRADO – Quase sempre tenho.
FÁTIMA – Não conhecia esse seu lado convencido.
OS DOIS RIEM. CLIMÃO. OS DOIS SE ENCARAM.
FÁTIMA – Agradeço a ajuda.
CONRADO – Acho que eu que nunca vou saber te agradecer por ter aparecido na hora certa.
FÁTIMA – Conrado... Conrado, eu sei o que você tá tentando fazer, mas eu sou uma mulher casada. Eu nunca traí o meu marido e não é hoje que eu vou trair.
CONRADO – Fátima.
ELE SE APROXIMA DELA. ELA OFEGANTE, TENTA DESVIAR, ELE SEGURA O SEU ROSTO.
CONRADO – Não tenta negar o que tá na cara. Você também quer. Eu tô louco por você. Eu te quero.
ELE ACARICIA O SEU ROSTO.
CONRADO – Eu quero sentir o teu toque, a tua pele macia.
FÁTIMA – Não, Conrado.
CONRADO – Para. Pensa um minuto só em você. Você já se dedicou muito á sua família e não tem nem tempo pra você. Por favor, só um momento.
FÁTIMA FECHA OS OLHOS, DELIRANDO DE PRAZER. CONRADO SE APROXIMA DELA E QUANDO VAI TOCAR OS SEUS LÁBIOS...
SONOPLASTIA: “PROPOSTA INDECENTE” – CHEIRO DE AMOR E LUCAS LUCCO.
FÁTIMA OLHA PARA ELE E SORRI.
FÁTIMA – Vem logo!
OS DOIS SE BEIJAM COM PAIXÃO, COM FORÇA, COM DESEJO. ELE PEGA EM SUA BUNDA, ELA VAI TIRANDO A CAMISA DELE. OS DOIS SE ROÇANDO ALI MESMO, DE PÉ NA COZINHA. FICAM ALI SE ESFREGANDO, ENQUANTO SE BEIJAM COM DESEJO. ATÉ QUE ELA O AFASTA, RÁPIDA. SONOPLASTIA OFF.
FÁTIMA – Jesus Coroado, o quê que eu fiz?!
FÁTIMA COLOCA A MÃO SOBRE A BOCA. CONRADO RI.
CONRADO – Finalmente tá colocando a sua vida pra andar.
FÁTIMA – Quem vai andar aqui é você. Vai, sai!
FÁTIMA VAI COLOCANDO CONRADO PRA FORA.
CORTA PARA:

CENA 12. APARTAMENTO DE ALBERICO. SALA. INTERIOR. DIA
FÁTIMA VEM EMPURRANDO CONRADO.
CONRADO – (Argumentando) Fátima, para com isso.
FÁTIMA – Vai, Conrado. Pelo amor de Cristo, ninguém pode te ver aqui!
SONOPLASTIA: “PROPOSTA INDECENTE” – CHEIRO DE AMOR E LUCAS LUCCO.
CONRADO SE VIRA, COLOCANDO A MÃO EM SUA BUNDA.
CONRADO – Então bora lá pra casa.
FÁTIMA DÁ UM TAPA NO ROSTO DELE.
FÁTIMA – Nunca mais, tá entendendo! Nunca mais!
CONRADO SORRI, ESFREGANDO O ROSTO, CAFAJESTE.
CONRADO – Eu tenho certeza que você vai me procurar muito antes do que pensa. Acabou, Fátima. Você tá atrelada à mim e eu a você. (Sussurra) Pra sempre.
FÁTIMA COLOCA CONRADO PRA FORA, QUE SAI RINDO. ELA SE ENCOSTA NA PORTA, OFEGANTE E NERVOSA. PAULINA VEM DO INTERIOR DO APARTAMENTO.
PAULINA – Dona Fátima?
FÁTIMA DÁ UM GRITO DE SUSTO.
FÁTIMA – (Nervosa) Cê tava aí faz tempo?
PAULINA – Tava lá no quarto. (Analisa) O que a senhora tá fazendo aí escorando a porta? Tá caindo?
PAULINA RI. FÁTIMA SORRI, TENTANDO DISFARÇAR. NELA.
SONOPLASTIA OFF.
CORTA PARA:

CENA 13. HOSPITAL. QUARTO DE FRANKLIN. INTERIOR. DIA
FRANKLIN SENTADO NA CAMA, COM ROUPAS NORMAIS. CADÚ E BRUNO COM O MÉDICO.
BRUNO – Então ele tá liberado?
MÉDICO – Isso mesmo. Franklin tá liberado para ir pra casa e continuar a recuperação no conforto do lar.
CADÚ E BRUNO SE VIRAM PARA FRANKLIN E SORRIEM.
FRANKLIN – Ótimo, porque já não suportava mais fazer cena em hospital. Tava deprimente.
TODOS RIEM.
CADÚ – Então, vamos?
FRANKLIN CONCORDA.
CORTA PARA:

CENA 14. HOSPITAL. QUARTO DE CELINA. INTERIOR. DIA
DR. ARIEL ALI PELO QUARTO (CÂM NÃO MOSTRA CELINA).
DR. ARIEL – Os seus filhos tão sofrendo muito, Celina.
CELINA – (V.O) Eu sei disso e é exatamente essa a intenção. Eles têm que me valorizarem. Esse acidente foi perfeito pra isso. Veio na hora certa! A minha família tava se destruindo. Tudo isso por causa daquela vagabunda daquela veterinária.
DR. ARIEL – Mas esse acidente...
CELINA – (V.O) Esse acidente me deixou paraplégica, Ariel!
CÂM VAI DESVIANDO LENTAMENTE DE ARIEL, ATÉ MOSTRAR A CAMA VAZIA... CÂM DESVIA UM POUCO MAIS E REVELA CELINA, PRÓXIMA DA JANELA, COM UM CIGARRO EM MÃOS E DE PÉ!
CELINA – Pelo menos, foi isso que você disse!
DR. ARIEL – (Ri) Você é louca, Celina! Se aproveitar de um acidente pra enganar a sua família, dizer que você ficou paraplégica?
CELINA – (De dedo) Não estou enganando ninguém, tá me ouvindo?
CELINA APAGA O CIGARRO E VOLTA PARA A CAMA.
CELINA – Eu simplesmente não posso deixar que a minha família acabe. Talvez eu não tenha outra chance de fazer isso. Situações desesperadoras pedem medidas desesperadas!
DR. ARIEL – Eu entendo. Não julgo.
CELINA – Não julga porque tá levando uma boa grana pra mentir sobre o diagnóstico.
ARIEL SORRI, SAFADO.
DR. ARIEL – Não posso negar que tá sendo bem conveniente.
CELINA – Eu sei que sim. Você é igual operadora de celular: Tá cheio de planos, só que nenhum presta!
ELES RIEM.
DR. ARIEL – Por falar nisso, não tem nenhum pra me arrumar agora.
CELINA – Ó lá hein, não se acostuma, porque eu não sou caixa eletrônico. Pega na minha bolsa.
ELE VAI ATÉ UM MÓVEL E PEGA A BOLSA DE CELINA, LEVA ATÉ ELA, QUE ABRE E PEGA SUA CARTEIRA. ELE PEGA UM MONTANTE E ENTREGA AO MÉDICO. NESSE MOMENTO, A PORTA É ABERTA E AMANDA ENTRA NO QUARTO. CELINA E ARIEL SE VIRAM E A ENCARAM. CLOSES ALTERNADOS.
AMANDA – Atrapalho?
CELINA E ARIEL NERVOSOS. EM AMANDA.
CORTA PARA:

CENA 15. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
SONOPLASTIA: “WILDEST DREAMS” – TAYLOR SWIFT.
IMAGENS PANORÂMICAS DA PRAIA, DO ATLÂNTICO ATÉ A COSTA. SURFISTAS PEGAM ONDA, BANHISTAS AO LONGO DAA ORLA. CÂM DESVIA PARA UM GRUPO DE JOVENS SE DIVERTINDO POR ALI. ÚLTIMO TAKE NO BISTROT CASTRO MAISON.
CORTA PARA:

CENA 16. BISTROT CASTRO MAISON. INTERIOR. DIA
SALÃO SENDO PREPARADO. EMÍLIA POR ALI EM ALGUMAS COORDENADAS. INÊS ENTRANDO.
INÊS – (Se aproxima) Emília?
EMÍLIA SE VIRA E ABRE UM SORRISO.
EMÍLIA – Inês, meu bem. Que surpresa!
INÊS E EMÍLIA SE ABRAÇAM, CORDIALMENTE.
INÊS – Eu tava aqui pela orla e resolvi dar uma passadinha rápida pra te dar um beijo e pedir desculpas por aquela noite. Foi uma cena horrível e eu devia isso à você. Um pedido formal de desculpas.
EMÍLIA – Que doce você, Inês. Não precisa se desculpar, é normal acontecer esse tipo de coisa. É mais recorrente entre os casais freqüentadores do restaurante, do que você imagina (Ri).
INÊS – Mesmo assim, foi com o seu filho. Alguém próximo. Não gostaria que isso respingasse em você.
EMÍLIA – De forma alguma, minha querida. Eu sei separar as coisas e sei o gênio que o Raulzinho tem. (Pausa) E vocês, como estão?
INÊS RESPIRA FUNDO.
INÊS – Não estamos mais. Nós terminamos, ele me procurou, mas...
EMÍLIA – Eu entendo. Ele tá sofrendo muito, Inês. Desculpa, eu sou mãe. Não posso obrigar você a permanecer nesse relacionamento se não tem mais jeito, se não tem alternativa, mas é meu filho. Não consigo não me preocupar.
INÊS – Claro, você tem total direito.
EMÍLIA – E para a virada? Não quer passar aqui e cear conosco?
RAULZINHO ENTRANDO NO AMBIENTE.
RAULZINHO – (Não vê Inês) Mãe, tai?
INÊS E EMÍLIA SE VIRAM. RAULZINHO VÊ INÊS.
RAULZINHO – (Sorri) Inês? Você veio me procurar?
INÊS E EMÍLIA SE ENTREOLHAM.
EMÍLIA – Para com isso, Raul. A Inês veio conversar comigo.
INÊS – Só passei pra cumprimentar a sua mãe.
RAULZINHO – Inês, eu quero conversar com você, por favor.
INÊS – Raul, nós já falamos sobre isso e eu não gostaria de ser grosseira com você.
INÊS SE VIRA PARA EMÍLIA.
INÊS – Esse é um motivo que explica a minha resposta: Eu não posso passar a virada de ano com vocês. Mas agradeço o convite, Emília.
EMÍLIA ACENA, COMPREENSIVA. INÊS DÁ UM BEIJO NO ROSTO DELA.
INÊS – Obrigada por tudo.
EMÍLIA – Imagina, querida. Apareça quando quiser, sem cerimônia e nem precisa avisar.
AS DUAS SORRIEM. INÊS SE VIRA, RAULZINHO PRÓXIMO.
RAULZINHO – Posso te cumprimentar ao menos?
INÊS OLHA RAULZINHO PAUSADAMENTE. CONCORDA. ELE LHE DÁ UM BEIJO NO ROSTO. INÊS DESCONFORTÁVEL. ACENA PARA EMÍLIA E SAI. RAULZINHO FICA COMO SEMPRE ARRASADO.
EMÍLIA – Raul...
RAULZINHO A ENCARA.
EMÍLIA – Eu sinto muito, filho.
OS DOIS SE ABRAÇAM. EMÍLIA SOFRE PELO FILHO. NOS DOIS.
CORTA PARA:

CENA 17. HOSPITAL. QUARTO DE CELINA. INTERIOR. DIA
Continuação cena 14/ Cap. 16.
AMANDA ENTRA NO QUARTO. CELINA SORRI, AMARELO.
CELINA – Claro que não. Pode entrar.
AMANDA ENTRA DESCONFIADA, OLHANDO ARIEL.
DR. ARIEL – (Cumprimenta) Ariel Martelli, médico da Celina.
AMANDA – Prazer. Como você tá, minha querida?
CELINA – (Finge choro) Péssima, Amanda. Eu fiquei paraplégica com a queda do cavalo.
AMANDA – Nessas horas é que eu sei porque nascemos chorando, Celina. Esse mundo é tão injusto, não é, querida?
CELINA E AMANDA TROCAM OLHARES CÚMPLICES. AMANDA DESVIA O OLHAR PARA ARIEL, QUE SE AFASTA.
DR. ARIEL – Bom, eu vou ver outros pacientes, Celina, mas logo mais passo aqui para te ver.
CELINA – Obrigada, doutor.
DR. ARIEL SAI. AMANDA OLHA PARA A BOLSA ABERTA DE CELINA.
AMANDA – Quer que eu guarde a sua bolsa, querida?
CELINA NERVOSA, ENTREGA A BOLSA PARA AMANDA.
AMANDA – Desculpe a indiscrição, mas não sabia que agora, pagavam-se os médicos em pleito leito, amiga.
TENSÃO. CELINA ENCARA AMANDA.
CELINA – Pagar o médico?
AMANDA – Quando cheguei você estava dando dinheiro ao médico, não estava?
CELINA NERVOSA, ENGOLE SECO. AMANDA REGISTRA O NERVOSISMO.
CELINA – Pra você ver o quão mercenários eles estão. Não se compadecem nem de uma convalescente.
AMANDA – Deveria deixar esse trabalho para os seus filhos. Eles que deveriam acertar o preço da internação e tudo mais.
CELINA – Eu não quero causar nenhum aborrecimento à Bruno e Cadú nesse momento.
AMANDA, FALSA, PASSA A MÃO PELOS CABELOS DE CELINA.
AMANDA – Coitadinha de você. Mesmo nessa situação, onde as pessoas estariam praguejando Deus e o Diabo, você ainda consegue ser boa! Generosa!
CELINA – Não exagere, Amanda.
AMANDA – Você merece o céu, querida!
CELINA SORRI AMARELO. AMANDA MUITO DESCONFIADA, A ENCARANDO.
CORTA PARA:

CENA 18. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
SONOPLASTIA: “REI DO BAILE” – MR. CATRA, MC GUIMÊ E MC SAPÃO.
VAI ANOITECENDO NA CIDADE. TAKES DAS BALADAS DA CIDADE. FACHADA DA BARONESA GLAM, PONTUANDO.
CORTA PARA:

CENA 19. BARONESA GLAM. INTERIOR. NOITE
PISTA CHEIA. BRUNO E MARIANA NO MEIO, DANÇAM, ENQUANTO DANÇAM SENSUALMENTE UM COM O OUTRO, SE BEIJAM, NAMORANDO. SEMPRE JUNTINHOS. DO OUTRO LADO, LEILA DANÇA COM UM CARA, LÉO SE APROXIMA E A PUXA.
LÉO – (Tom) Nós podemos falar?
LEILA – Acho melhor não. (Nervosa) Não agora.
LÉO A PUXA PARA SI, FALANDO NO SEU OUVIDO.
LÉO – (Sussurra) Eu não consigo tirar você da minha cabeça, sabia?!
LEILA – Léo... Você é meu amigo.
LÉO – Mas não é mais assim que eu te vejo, Leila.
LEILA E LÉO SE ENCARAM, UM NOVO BEIJO ACONTECE ENTRE ELES. BRUNO E MARIANA EM SEGUNDO PLANO, NEM PERCEBEM, APENAS NAMORAM. CÂM ABRE EM PLANO GERAL, REVELANDO OS DEMAIS NA BOATE.
CORTA PARA:

CENA 20. MANSÃO LINHARES. QUARTO DE FRANKLIN. INTERIOR. NOITE
AMBIENTE À MEIA-LUZ. A PORTA É ABERTA E CADÚ ENTRA. SONOPLASTIA OFF.
CADÚ – (Tom) Pai?! Pai, você tá aí?
CADÚ OLHA EM VOLTA, ESTRANHA.
CADÚ – Ué, mas ele saiu? Como assim?!
NELE.
CORTA PARA:

CENA 21. RIO DE JANEIRO. HOTEL. QUARTO DE OTÁVIO. INTERIOR. NOITE
NUM AMBIENTE BEM SIMPLES, COM POUCA MOBÍLIA, NUMA CAMA DE CASAL, OTÁVIO DEITADO NA CAMA, ASSISTE TV, ENTEDIADO. TOMA UMA CERVEJA. ALGUÉM BATE A PORTA. ELE LEVANTA-SE E ATENDE. CÂM REVELA FRANKLIN ALI. OTÁVIO RAPIDAMENTE VAI FECHAR A PORTA, QUANDO ELA É ESMURRADA E FRANKLIN ENTRA COM TUDO.
OTÁVIO – (Nervoso) O que você quer aqui? Como me encontrou?
FRANKLIN – Isso não importa, eu tenho os meus contatos. Agora eu vim acertar as minhas contas com você!
OTÁVIO VAI LEVANTAR E FRANKLIN LHE DÁ UM SOCO, O JOGANDO NA CAMA. OTÁVIO ENCARA NERVOSO.
FRANKLIN – Seu desgraçado!
CLOSES ALTERNADOS. OTÁVIO COM MEDO. EM FRANKLIN,  CHEIO DE ÓDIO.
CORTA PARA:
EFEITO FINAL: A TELA CONGELA EM EFEITO VITRAL.
FIM DO CAPÍTULO 16.

Nenhum comentário:

Postar um comentário