CENA 01. HOSPITAL. QUARTO DE FRANKLIN. INTERIOR.
NOITE
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR.
FERNANDA
SE APROXIMA DE FRANKLIN, CHOROSA.
FERNANDA – Amor.
FRANKLIN – Por
favor, Fernanda, facilita pra nós dois! Não tem mais chance de nós continuarmos
com isso.
FERNANDA –
Franklin cai na real! A louca da sua mulher tentou te matar. Ela te deu uma
facada na frente da família inteira.
FRANKLIN
ENGOLE SECO. ENCARA.
FRANKLIN – A
Celina tá paraplégica, Fernanda!
FERNANDA
SE CHOCA, COLOCANDO A MÃO SOBRE A BOCA.
FERNANDA – A
queda do cavalo?
FRANKLIN
ASSENTE AFIRMANDO.
FRANKLIN – A
queda do cavalo lesionou a coluna da Celina e a deixou presa numa cadeira de
rodas, sabe-se lá por quanto tempo. Talvez pra sempre, Fernanda. É por isso que
nós não podemos continuar com isso.
FERNANDA – Mas
isso não tira o agravante que./
FRANKLIN – (Por
cima/ Tom forte) Ela é mãe dos meus filhos. Nós somos casados há mais de trinta
anos. Eu não posso e eu não vou abandonar a Celina nessa situação. Não quando
ela precisa mais de mim do que qualquer outra pessoa, entenda isso. Eu não vou
terminar o meu casamento com a Celina nesse estado!
FERNANDA
ENCARA FRANKLIN, CHORANDO.
FERNANDA – Eu te
amo.
FRANKLIN –
(Engole seco) Eu também te amo, mas nós não podemos mais seguir com isso.
Acabou.
FERNANDA – Você
não ama! É mentira! Quem ama não faz isso!
FRANKLIN – Quem
ama não quer ver o outro arrastando corrente! Eu tô te libertando de uma vida
ao meu lado, onde só te traria dor de cabeça. Me diz se você conseguiria ficar
comigo, com dois filhos e com uma mulher inválida no pacote? Você sugere o que?
Que casemos e levemos a Celina para dormir ao quarto ao lado? Por favor,
Fernanda!
FERNANDA
CONCORDA. SECA AS LÁGRIMAS.
FERNANDA – Eu não
posso te obrigar a ficar comigo. E eu também nem acho que conseguiria te
dividir com ela. Eu suportei até agora, e suportei com a promessa que um dia
você deixaria dessa mulher pra ficar comigo, mas agora? (Pausa) Agora não
importa!
FRANKLIN – Eu
juro que tentei.
FERNANDA – Não
precisa mais tentar, foi perda de tempo. Mas sinceramente, eu espero que você
se enterre no fundo de uma cama com a maldita Celina! Vocês se merecem!
FRANKLIN
APENAS A ENCARA. FERNANDA SE VIRA E SE ENCAMINHA PARA A PORTA.
FRANKLIN –
Fernanda!
FERNANDA
SE VIRA.
FERNANDA – Tem
mais alguma coisa pra me dizer?
FRANKLIN – Não
preciso nem dizer que você tem que sair do Haras, não é?
FERNANDA
RI, COM DEBOCHE. NEGA COM A CABEÇA.
FERNANDA – Fica
tranqüilo que quando você voltar, empurrando a cadeira de rodas da sua
mulherzinha, não vai ter mais nenhum fio de cabelo meu naquelas cocheiras.
FRANKLIN – Eu te
deposito um bom dinheiro./
FERNANDA –
(Corta) Guarda o seu dinheiro. Aproveita e com ele, compra uma cadeira de rodas
bem bonita pra sua esposinha. Ela vai amar o presente!
FERNANDA
SAI, BATENDO A PORTA. EM FRANKLIN.
CORTA PARA:
CENA 02. HOSPITAL. QUARTO DE CELINA. INTERIOR.
NOITE
CELINA
CHORA DESESPERADA, SOBRE A CAMA. O MÉDICO ALI COM ELA. BRUNO SE CONTROLANDO.
BRUNO – Mãe,
tenta se acalmar.
CELINA – Me
controlar? Tente se controlar quando Deus te tira o movimento das suas pernas!
BRUNO SE
CALA.
DR. ARIEL – Não é
assim, Celina. Isso só vai te deixar pra baixo, pensando desse jeito. Deus não
te tirou os movimentos, é momentâneo. Você pode voltar a andar, inclusive, tem
tudo para que volte!
CELINA – À base
de que? De anos de fisioterapia? Vou voltar a andar quando? Quando eu tiver
idade suficiente para aí sim, usar muletas?
CELINA
VIRA O ROSTO CONTRA BRUNO E O MÉDICO. CADÚ ENTRA NO QUARTO.
CADÚ – Mãe,
você acordou!
CELINA SE
VIRA, CHORANDO.
CELINA – E você
é outro! Seu ingrato! Vocês dois, dois ingratos!
CADÚ – O que
tá acontecendo?
CADÚ
ENCARA BRUNO, QUE DESMONTA.
BRUNO – A
mamãe.
CELINA –
(Berra) Eu tô aleijada!
CADÚ EM
CHOQUE. REAÇÃO FORTE. CELINA CHORA.
CELINA – (Tom
caindo) Eu fiquei inválida! Uma inútil! Uma inútil, Cadú!
CELINA
CHORA COM A MÃO NO ROSTO. CADÚ CORRE PARA ABRAÇÁ-LA. OS DOIS ABRAÇADOS,
CHORANDO. BRUNO CHORA DE PÉ.
CADÚ – Não
fala assim, mãe. Você não ficou inútil. Calma!
CELINA – Cadú,
eu vou ficar dependente de todo mundo. De vocês, do seu pai, eu não quero
passar por isso. Eu preferia ter batido a cabeça naquela pedra e ter morrido!
BRUNO – Não
diz isso, mãe.
CELINA
ENCARA BRUNO.
CELINA – Vocês
prometem que nunca vão me abandonar nesse estado? Prometem?
BRUNO VAI
ATÉ CELINA E A ABRAÇA.
BRUNO – Nunca,
mãe. É óbvio que nós nunca vamos te abandonar. Nem nessa e nem em condição
nenhuma.
CADÚ – Mãe,
não pensa nisso. Você tem que se recuperar logo e sair daqui. Temos que começar
um tratamento e./
CELINA – Vocês
estão me condenando à passar por isso tudo? Tratamento? Eu não quero
tratamento!
BRUNO – Mas,
mãe.
DR. ARIEL – Celina
é irredutível quanto ao tratamento. Você tem grandes chances de voltar a andar,
Celina. Sua lesão não é irreversível!
BRUNO – Ouviu,
mãe? Vai dar tudo certo.
CELINA DÁ
DE OMBROS, INCONFORMADA. CLOSES ALTERNADOS. NELA.
CORTA PARA:
CENA 03. MANSÃO PRATINI. SALA. INTERIOR. NOITE
ABRE EM
WILSON TERMINANDO DE FECHAR A PORTA E VINDO COM UM PEQUENO EMBRULHO NAS MÃOS. MARIANA
E AMANDA DESCENDO AS ESCADAS.
MARIANA – E você
pensa em ir visitar a Celina ainda hoje?
AMANDA – Claro,
minha filha. Nessas horas que temos que nos aproximar, mostrar solidariedade.
AMANDA VÊ
WILSON COM O EMBRULHO. AS DUAS CHEGAM AOS PÉS DAS ESCADAS.
AMANDA – O que
é isso, Wilson?
WILSON – Dona
Amanda, o segurança acabou de deixar isso aqui na porta. Disse que uma moça
deixou. (Olha Mariana) É pra você, Mariana.
MARIANA –
(Surpresa) Pra mim?
AMANDA – Deve
ser os presentes pelo seu aniversário que começaram a chegar. (Analisa o
pacote) Mas tão pequeno. Quem deixou?
WILSON – Isso o
segurança não falou não, senhora.
AMANDA –
Incompetente!
AMANDA
BUFA. WILSON ENTRE O PACOTE. MARIANA ABRE E VÊ UMA CARTA. ABRE O PACOTE E VÊ O
COLAR. O SEGURA ENTRE OS DEDOS.
MARIANA – Que
lindo, Amanda.
AMANDA – Meio
mixuruca. Quem deixou isso aqui?
MARIANA
ABRE O ENVELOPE E COMEÇA A LER A CARTA, ATENTA. REAÇÃO.
AMANDA –
(Percebe) O que foi, Mariana? Quem deixou essa carta pra você? Deixa eu ver
aqui!
AMANDA
PEGA A CARTA E COMEÇA A LER. MARIANA COM OS OLHOS MAREJADOS.
AMANDA –
(Exulta) Não pode ser!
MARIANA –
(Encara) É da minha mãe, Amanda. A carta e o presente são da minha mãe!
AMANDA
NERVOSA. CLOSES ALTERNADOS. MARIANA SORRI, MEIO BOBA.
CORTA PARA:
CENA 04. BARONESA GLAM. INTERIOR NOITE.
MÚSICA
ELETRÔNICA ROLANDO. PESSOAS AGITAM. TAKES COMUNS DA BOATE EM NOITE DE DIVERSÃO.
CORTES DESCONTÍNUOS, JAMIL RECEBENDO ALGUMAS PESSOAS, CONVERSA COM OUTRAS, EM
SEGUNDO PLANO, HENRIQUE SEMPRE O OBSERVANDO.
CORTA PARA: JAMIL SENTADO NO BAR, BEBE UM DRINK. HENRIQUE SE APROXIMA COM UM COPO.
HENRIQUE – E aí?
JAMIL – (Olha)
Opa! (Cumprimenta) Casa cheia né?
HENRIQUE – Sim,
muito bom. Você tem feito um bom trabalho de divulgação aqui.
JAMIL – Valeu!
Tenho contatos, ajuda muito.
HENRIQUE – Não
adianta ter contatos e não saber como tirar proveito disso, não é?
JAMIL NÃO
ENTENDE. CONTINUA BEBENDO.
HENRIQUE – Jamil,
a Amanda me contou sobre a Juliana.
JAMIL O
ENCARA. HENRIQUE SENTA AO LADO.
HENRIQUE – Eu
normalmente não costumo ser assim tão direto, mas Jamil, eu me interessei nessa
história. Eu queria saber mais sobre isso.
JAMIL SE
LEVANTA.
JAMIL –
Desculpa, Henrique, mas eu não vou me meter mais nisso do que já me meti.
HENRIQUE – Para
com isso, rapaz. Eu sei bem como você conseguiu esse emprego na Baronesa, vai
dar uma de falso moralista pra cima de mim? Relaxa! Eu só quero ajudar.
JAMIL
OLHA DESCONFIADO PARA HENRIQUE.
JAMIL – O que
você quer saber, afinal?
HENRIQUE –
(Sorri) Bom, estamos começando a nos entender.
JAMIL – Eu não
quero prejudicar ninguém com essa história.
HENRIQUE – Não
vai. A Amanda me contou a história de vida da Juliana e que ela ficou presa
durante anos, eu não vou prejudicar essa moça. Não sou de chutar cachorro
morto. Só quero ajudar... De verdade.
JAMIL – Ajudar
como?
HENRIQUE – Ainda
não pensei muito bem no que vou fazer, mas eu gostaria de saber o endereço
dela.
JAMIL – Ela
mora no mesmo prédio que eu, aliás, no apartamento da família da minha noiva,
mas porque você quer o endereço dela? Você pensa em procurar a Juliana?!
EM
HENRIQUE.
CORTA PARA:
CENA 05. MANSÃO PRATINI. SALA. INTERIOR. NOITE
Continuação cena 03/ Cap. 16.
AMANDA
SEGURA COM ÓDIO A CARTA DE JULIANA.
AMANDA – Me dá
esse colar aqui. Eu vou jogar fora!
MARIANA
SE AFASTA COM O COLAR EM MÃOS.
MARIANA – Cê tá
louca? Obvio que eu não vou te dar esse colar. É o primeiro presente que a
minha mãe manda em anos, cê enlouqueceu?
AMANDA –
Mariana, nada do que essa mulher pode te dar é algo bom, tá entendendo?
MARIANA – Não!
Eu não tô entendendo! Sabe por que eu não tô? Porque você parece que tá
escondendo a minha mãe dentro da dispensa de comida!
AMANDA – Mas o
que./
MARIANA – (Por
cima) É isso mesmo. E eu cansei. Você e o Dante parece que escondem a
identidade da minha mãe à sete chaves e aí tem, mas eu vou descobrir.
ELA
SACODE A CARTA NO AR.
MARIANA – Esse é
o primeiro passo. Uma carta escrita de próprio punho significa que ela tá aqui
no Brasil, tá no Rio, perto de mim. E pode ter certeza que eu vou descobrir o
motivo do porque ela não aparecer!
MARIANA
VAI SUBINDO AS ESCADAS. AMANDA COM ÓDIO, SAPATEIA NA SALA.
AMANDA –
Desgraçada! Infeliz!
WILSON SE
APROXIMA.
WILSON – Dona
Amanda, fique calma!
AMANDA SE
VIRA PARA WILSON, COM RAIVA.
AMANDA –
(Grita) Sai daqui você também! Imprestável! Porque não engoliu essa maldita
carta?!
WILSON
SAI CORRENDO DA SALA. A PORTA SE ABRE, DANTE ENTRA. AMANDA ENCARA COM RAIVA.
AMANDA – Eu vou
matar a Juliana!
DANTE – Mas o
que tá acontecendo dessa vez?
AMANDA – A
infeliz da Juliana resolveu brincar com a minha vida e mandou presentinho de
aniversário pra Mariana, cê acredita?
DANTE –
Acredito, Amanda. Afinal, é mãe dela. Seria natural que agora./
AMANDA –
(Corta/ Exaltada) Ai cala a boca, cala! Não sei por que eu acho que você ainda
vai me apoiar em algo. Sempre tá contra mim!
DANTE – Não é
assim!
AMANDA –
(Grita) É assim!
AMANDA
SOBE AS ESCADAS CORRENDO.
CORTA PARA:
CENA 06. MANSÃO PRATINI. SUÍTE DE MARIANA.
INTERIOR. NOITE
MARIANA
PROVA O COLAR EM FRENTE AO ESPELHO. SORRI, PASSANDO A MÃO NELE.
MARIANA – Mãe,
você tá pertinho de mim. Eu juro que vou te encontrar. Quero saber essa
história de uma vez por todas.
NELA,
DESLUMBRADA COM O COLAR EM MÃOS.
CORTA PARA:
CENA 07. MANSÃO PRATINI. SUÍTE DE AMANDA. INTERIOR.
NOITE
ABRE NUM
OBJEITO ARREMESSANDO O ESPELHO E O ESPATIFANDO. ABRE EM PLANO GERAL, AMANDA COM
MUITA RAIVA, BUFANDO.
AMANDA –
Desgraçada! Se você pensa que vai acabar com a minha vida, eu vou te provar que
posso ser bem pior do que você imagina!
AMANDA
BATE A MÃO SOBRE UMA PENTEADEIRA, ARREMESSANDO TUDO O QUE ESTÁ EM CIMA, NO
CHÃO.
AMANDA –
(Berra) Infeliz!
NELA,
BUFANDO.
CORTA PARA:
CENA 08. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
SONOPLASTIA: “COPACABANA”
– EMÍLIO SANTIAGO.
TAKES DO
RIO AMANHECENDO. ÚLTIMO TAKE DA FACHADA DO JÓQUEI CLUB.
CORTA PARA:
CENA 09. JÓQUEI CLUB. INTERIOR. DIA
CORTES
DESCONTÍNUOS:
ALBERICO CHEGA AO JÓQUEI, BEM VESTIDO, ACOMPANHADO COM GUIDA, DE BRAÇOS DADOS.
ELA MUITO BEM ARRUMADA TAMBÉM, COM O CABELO EM UM COQUE. OS DOIS VÃO ANDANDO
POR ALI. ELE CUMPRIMENTA ALGUNS AMIGOS E VAI MOSTRANDO AS COISAS PARA ELA.
GUIDA DESLUMBRADA COM O REQUINTE DO LOCAL.
CORTA PARA A
FILA DE APOSTAS, ALBERICO VÊ AS OPÇÕES DE CAVALOS, GUIDA TAMBÉM PALPITA EM
ALGO. ELA APONTA UM NOME. ALBERICO FAZ EXPRESSÃO DE DÚVIDA E APOSTA NO QUE ELA
APONTOU.
CORTA PARA A
ARQUIBANCADA, TODOS ASSISTEM À CORRIDA DE CAVALOS. GUIDA APREENSIVA, ALBERICO
DE PÉ, TORCENDO MUITO. CORTES DESCONTÍNUOS DA CORRIDA. ALBERICO VIBRA.
CORTA PARA: O CAVALO QUE ALBERICO APOSTOU CRUZA A LINHA DE CHEGADA EM PRIMEIRO
LUGAR.
ALBERICO
E GUIDA COMEMORAM JUNTO COM OUTROS APOSTADORES. ELES VIBRAM, PULAM NA
ARQUIBANCADA, COMEMORANDO A VITÓRIA.
SONOPLASTIA
OFF.
CORTA PARA:
CENA 10. PRÉDIO DE ALBERICO. CORREDOR. INTERIOR.
DIA
FÁTIMA
VEM COM ALGUMAS SACOLAS DE SUPERMERCADO. CONRADO DESCENDO AS ESCADAS, A VÊ.
CONRADO – (indo
em direção) Fátima, deixa que eu te ajudo.
FÁTIMA –
(Suave) Não precisa, Conrado. Eu dou o meu jeito.
CONRADO –
Imagina, vai cair com essas sacolas ainda.
CONRADO
PEGA A MAIORIA DAS SACOLAS DAS MÃOS DE FÁTIMA E SORRI.
CONRADO –
Deveria ter me pedido pra te acompanhar no mercado.
FÁTIMA – Que
bobagem! Eu não iria bater na casa do vizinho e pedir para ele me ajudar á ir
no supermercado. Não tem cabimento isso.
CONRADO
SORRI. FÁTIMA RETRIBUI.
CORTA PARA:
CENA 11. APARTAMENTO DE ALBERICO. COZINHA.
INTERIOR. DIA
CONRADO
DEIXA AS SACOLAS DE FÁTIMA SOBRE A MESA.
FÁTIMA –
Obrigada, de verdade. Talvez você tivesse razão, tenho que reconhecer.
CONRADO – Quase
sempre tenho.
FÁTIMA – Não
conhecia esse seu lado convencido.
OS DOIS
RIEM. CLIMÃO. OS DOIS SE ENCARAM.
FÁTIMA –
Agradeço a ajuda.
CONRADO – Acho
que eu que nunca vou saber te agradecer por ter aparecido na hora certa.
FÁTIMA –
Conrado... Conrado, eu sei o que você tá tentando fazer, mas eu sou uma mulher
casada. Eu nunca traí o meu marido e não é hoje que eu vou trair.
CONRADO –
Fátima.
ELE SE
APROXIMA DELA. ELA OFEGANTE, TENTA DESVIAR, ELE SEGURA O SEU ROSTO.
CONRADO – Não
tenta negar o que tá na cara. Você também quer. Eu tô louco por você. Eu te
quero.
ELE
ACARICIA O SEU ROSTO.
CONRADO – Eu
quero sentir o teu toque, a tua pele macia.
FÁTIMA – Não,
Conrado.
CONRADO – Para.
Pensa um minuto só em você. Você já se dedicou muito á sua família e não tem
nem tempo pra você. Por favor, só um momento.
FÁTIMA
FECHA OS OLHOS, DELIRANDO DE PRAZER. CONRADO SE APROXIMA DELA E QUANDO VAI
TOCAR OS SEUS LÁBIOS...
SONOPLASTIA:
“PROPOSTA INDECENTE” – CHEIRO DE AMOR E LUCAS LUCCO.
FÁTIMA
OLHA PARA ELE E SORRI.
FÁTIMA – Vem
logo!
OS DOIS
SE BEIJAM COM PAIXÃO, COM FORÇA, COM DESEJO. ELE PEGA EM SUA BUNDA, ELA VAI
TIRANDO A CAMISA DELE. OS DOIS SE ROÇANDO ALI MESMO, DE PÉ NA COZINHA. FICAM
ALI SE ESFREGANDO, ENQUANTO SE BEIJAM COM DESEJO. ATÉ QUE ELA O AFASTA, RÁPIDA.
SONOPLASTIA OFF.
FÁTIMA – Jesus
Coroado, o quê que eu fiz?!
FÁTIMA
COLOCA A MÃO SOBRE A BOCA. CONRADO RI.
CONRADO –
Finalmente tá colocando a sua vida pra andar.
FÁTIMA – Quem vai
andar aqui é você. Vai, sai!
FÁTIMA
VAI COLOCANDO CONRADO PRA FORA.
CORTA PARA:
CENA 12. APARTAMENTO DE ALBERICO. SALA. INTERIOR.
DIA
FÁTIMA
VEM EMPURRANDO CONRADO.
CONRADO –
(Argumentando) Fátima, para com isso.
FÁTIMA – Vai,
Conrado. Pelo amor de Cristo, ninguém pode te ver aqui!
SONOPLASTIA:
“PROPOSTA INDECENTE” – CHEIRO DE AMOR E LUCAS LUCCO.
CONRADO
SE VIRA, COLOCANDO A MÃO EM SUA BUNDA.
CONRADO – Então
bora lá pra casa.
FÁTIMA DÁ
UM TAPA NO ROSTO DELE.
FÁTIMA – Nunca
mais, tá entendendo! Nunca mais!
CONRADO
SORRI, ESFREGANDO O ROSTO, CAFAJESTE.
CONRADO – Eu
tenho certeza que você vai me procurar muito antes do que pensa. Acabou,
Fátima. Você tá atrelada à mim e eu a você. (Sussurra) Pra sempre.
FÁTIMA
COLOCA CONRADO PRA FORA, QUE SAI RINDO. ELA SE ENCOSTA NA PORTA, OFEGANTE E
NERVOSA. PAULINA VEM DO INTERIOR DO APARTAMENTO.
PAULINA – Dona
Fátima?
FÁTIMA DÁ
UM GRITO DE SUSTO.
FÁTIMA –
(Nervosa) Cê tava aí faz tempo?
PAULINA – Tava
lá no quarto. (Analisa) O que a senhora tá fazendo aí escorando a porta? Tá
caindo?
PAULINA
RI. FÁTIMA SORRI, TENTANDO DISFARÇAR. NELA.
SONOPLASTIA
OFF.
CORTA PARA:
CENA 13. HOSPITAL. QUARTO DE FRANKLIN. INTERIOR.
DIA
FRANKLIN SENTADO
NA CAMA, COM ROUPAS NORMAIS. CADÚ E BRUNO COM O MÉDICO.
BRUNO – Então
ele tá liberado?
MÉDICO – Isso
mesmo. Franklin tá liberado para ir pra casa e continuar a recuperação no
conforto do lar.
CADÚ E
BRUNO SE VIRAM PARA FRANKLIN E SORRIEM.
FRANKLIN – Ótimo,
porque já não suportava mais fazer cena em hospital. Tava deprimente.
TODOS
RIEM.
CADÚ – Então,
vamos?
FRANKLIN
CONCORDA.
CORTA PARA:
CENA 14. HOSPITAL. QUARTO DE CELINA. INTERIOR. DIA
DR. ARIEL
ALI PELO QUARTO (CÂM NÃO MOSTRA CELINA).
DR. ARIEL – Os
seus filhos tão sofrendo muito, Celina.
CELINA – (V.O)
Eu sei disso e é exatamente essa a intenção. Eles têm que me valorizarem. Esse
acidente foi perfeito pra isso. Veio na hora certa! A minha família tava se
destruindo. Tudo isso por causa daquela vagabunda daquela veterinária.
DR. ARIEL – Mas
esse acidente...
CELINA – (V.O)
Esse acidente me deixou paraplégica, Ariel!
CÂM VAI
DESVIANDO LENTAMENTE DE ARIEL, ATÉ MOSTRAR A CAMA VAZIA... CÂM DESVIA UM POUCO
MAIS E REVELA CELINA, PRÓXIMA DA JANELA, COM UM CIGARRO EM MÃOS E DE PÉ!
CELINA – Pelo
menos, foi isso que você disse!
DR. ARIEL – (Ri)
Você é louca, Celina! Se aproveitar de um acidente pra enganar a sua família,
dizer que você ficou paraplégica?
CELINA – (De
dedo) Não estou enganando ninguém, tá me ouvindo?
CELINA
APAGA O CIGARRO E VOLTA PARA A CAMA.
CELINA – Eu
simplesmente não posso deixar que a minha família acabe. Talvez eu não tenha
outra chance de fazer isso. Situações desesperadoras pedem medidas
desesperadas!
DR. ARIEL – Eu
entendo. Não julgo.
CELINA – Não
julga porque tá levando uma boa grana pra mentir sobre o diagnóstico.
ARIEL
SORRI, SAFADO.
DR. ARIEL – Não
posso negar que tá sendo bem conveniente.
CELINA – Eu sei
que sim. Você é igual operadora de celular: Tá cheio de planos, só que nenhum
presta!
ELES
RIEM.
DR. ARIEL – Por
falar nisso, não tem nenhum pra me arrumar agora.
CELINA – Ó lá
hein, não se acostuma, porque eu não sou caixa eletrônico. Pega na minha bolsa.
ELE VAI
ATÉ UM MÓVEL E PEGA A BOLSA DE CELINA, LEVA ATÉ ELA, QUE ABRE E PEGA SUA
CARTEIRA. ELE PEGA UM MONTANTE E ENTREGA AO MÉDICO. NESSE MOMENTO, A PORTA É
ABERTA E AMANDA ENTRA NO QUARTO. CELINA E ARIEL SE VIRAM E A ENCARAM. CLOSES
ALTERNADOS.
AMANDA –
Atrapalho?
CELINA E
ARIEL NERVOSOS. EM AMANDA.
CORTA PARA:
CENA 15. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
SONOPLASTIA: “WILDEST
DREAMS” – TAYLOR SWIFT.
IMAGENS
PANORÂMICAS DA PRAIA, DO ATLÂNTICO ATÉ A COSTA. SURFISTAS PEGAM ONDA, BANHISTAS
AO LONGO DAA ORLA. CÂM DESVIA PARA UM GRUPO DE JOVENS SE DIVERTINDO POR ALI.
ÚLTIMO TAKE NO BISTROT CASTRO MAISON.
CORTA PARA:
CENA 16. BISTROT CASTRO MAISON. INTERIOR. DIA
SALÃO
SENDO PREPARADO. EMÍLIA POR ALI EM ALGUMAS COORDENADAS. INÊS ENTRANDO.
INÊS – (Se
aproxima) Emília?
EMÍLIA SE
VIRA E ABRE UM SORRISO.
EMÍLIA – Inês,
meu bem. Que surpresa!
INÊS E
EMÍLIA SE ABRAÇAM, CORDIALMENTE.
INÊS – Eu
tava aqui pela orla e resolvi dar uma passadinha rápida pra te dar um beijo e
pedir desculpas por aquela noite. Foi uma cena horrível e eu devia isso à você.
Um pedido formal de desculpas.
EMÍLIA – Que
doce você, Inês. Não precisa se desculpar, é normal acontecer esse tipo de
coisa. É mais recorrente entre os casais freqüentadores do restaurante, do que
você imagina (Ri).
INÊS – Mesmo
assim, foi com o seu filho. Alguém próximo. Não gostaria que isso respingasse
em você.
EMÍLIA – De
forma alguma, minha querida. Eu sei separar as coisas e sei o gênio que o
Raulzinho tem. (Pausa) E vocês, como estão?
INÊS
RESPIRA FUNDO.
INÊS – Não
estamos mais. Nós terminamos, ele me procurou, mas...
EMÍLIA – Eu entendo.
Ele tá sofrendo muito, Inês. Desculpa, eu sou mãe. Não posso obrigar você a
permanecer nesse relacionamento se não tem mais jeito, se não tem alternativa,
mas é meu filho. Não consigo não me preocupar.
INÊS – Claro,
você tem total direito.
EMÍLIA – E para
a virada? Não quer passar aqui e cear conosco?
RAULZINHO
ENTRANDO NO AMBIENTE.
RAULZINHO – (Não
vê Inês) Mãe, tai?
INÊS E
EMÍLIA SE VIRAM. RAULZINHO VÊ INÊS.
RAULZINHO –
(Sorri) Inês? Você veio me procurar?
INÊS E
EMÍLIA SE ENTREOLHAM.
EMÍLIA – Para
com isso, Raul. A Inês veio conversar comigo.
INÊS – Só
passei pra cumprimentar a sua mãe.
RAULZINHO – Inês,
eu quero conversar com você, por favor.
INÊS – Raul,
nós já falamos sobre isso e eu não gostaria de ser grosseira com você.
INÊS SE
VIRA PARA EMÍLIA.
INÊS – Esse é
um motivo que explica a minha resposta: Eu não posso passar a virada de ano com
vocês. Mas agradeço o convite, Emília.
EMÍLIA
ACENA, COMPREENSIVA. INÊS DÁ UM BEIJO NO ROSTO DELA.
INÊS –
Obrigada por tudo.
EMÍLIA –
Imagina, querida. Apareça quando quiser, sem cerimônia e nem precisa avisar.
AS DUAS
SORRIEM. INÊS SE VIRA, RAULZINHO PRÓXIMO.
RAULZINHO – Posso
te cumprimentar ao menos?
INÊS OLHA
RAULZINHO PAUSADAMENTE. CONCORDA. ELE LHE DÁ UM BEIJO NO ROSTO. INÊS
DESCONFORTÁVEL. ACENA PARA EMÍLIA E SAI. RAULZINHO FICA COMO SEMPRE ARRASADO.
EMÍLIA –
Raul...
RAULZINHO
A ENCARA.
EMÍLIA – Eu
sinto muito, filho.
OS DOIS
SE ABRAÇAM. EMÍLIA SOFRE PELO FILHO. NOS DOIS.
CORTA PARA:
CENA 17. HOSPITAL. QUARTO DE CELINA. INTERIOR. DIA
Continuação cena 14/ Cap. 16.
AMANDA
ENTRA NO QUARTO. CELINA SORRI, AMARELO.
CELINA – Claro
que não. Pode entrar.
AMANDA
ENTRA DESCONFIADA, OLHANDO ARIEL.
DR. ARIEL –
(Cumprimenta) Ariel Martelli, médico da Celina.
AMANDA –
Prazer. Como você tá, minha querida?
CELINA – (Finge
choro) Péssima, Amanda. Eu fiquei paraplégica com a queda do cavalo.
AMANDA – Nessas
horas é que eu sei porque nascemos chorando, Celina. Esse mundo é tão injusto,
não é, querida?
CELINA E
AMANDA TROCAM OLHARES CÚMPLICES. AMANDA DESVIA O OLHAR PARA ARIEL, QUE SE
AFASTA.
DR. ARIEL – Bom,
eu vou ver outros pacientes, Celina, mas logo mais passo aqui para te ver.
CELINA –
Obrigada, doutor.
DR. ARIEL
SAI. AMANDA OLHA PARA A BOLSA ABERTA DE CELINA.
AMANDA – Quer
que eu guarde a sua bolsa, querida?
CELINA
NERVOSA, ENTREGA A BOLSA PARA AMANDA.
AMANDA –
Desculpe a indiscrição, mas não sabia que agora, pagavam-se os médicos em
pleito leito, amiga.
TENSÃO. CELINA ENCARA AMANDA.
CELINA – Pagar
o médico?
AMANDA – Quando
cheguei você estava dando dinheiro ao médico, não estava?
CELINA
NERVOSA, ENGOLE SECO. AMANDA REGISTRA O NERVOSISMO.
CELINA – Pra
você ver o quão mercenários eles estão. Não se compadecem nem de uma
convalescente.
AMANDA –
Deveria deixar esse trabalho para os seus filhos. Eles que deveriam acertar o
preço da internação e tudo mais.
CELINA – Eu não
quero causar nenhum aborrecimento à Bruno e Cadú nesse momento.
AMANDA,
FALSA, PASSA A MÃO PELOS CABELOS DE CELINA.
AMANDA – Coitadinha
de você. Mesmo nessa situação, onde as pessoas estariam praguejando Deus e o
Diabo, você ainda consegue ser boa! Generosa!
CELINA – Não
exagere, Amanda.
AMANDA – Você
merece o céu, querida!
CELINA
SORRI AMARELO. AMANDA MUITO DESCONFIADA, A ENCARANDO.
CORTA PARA:
CENA 18. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
SONOPLASTIA: “REI DO
BAILE” – MR. CATRA, MC GUIMÊ E MC SAPÃO.
VAI
ANOITECENDO NA CIDADE. TAKES DAS BALADAS DA CIDADE. FACHADA DA BARONESA GLAM,
PONTUANDO.
CORTA PARA:
CENA 19. BARONESA GLAM. INTERIOR. NOITE
PISTA
CHEIA. BRUNO E MARIANA NO MEIO, DANÇAM, ENQUANTO DANÇAM SENSUALMENTE UM COM O
OUTRO, SE BEIJAM, NAMORANDO. SEMPRE JUNTINHOS. DO OUTRO LADO, LEILA DANÇA COM
UM CARA, LÉO SE APROXIMA E A PUXA.
LÉO – (Tom)
Nós podemos falar?
LEILA – Acho
melhor não. (Nervosa) Não agora.
LÉO A
PUXA PARA SI, FALANDO NO SEU OUVIDO.
LÉO –
(Sussurra) Eu não consigo tirar você da minha cabeça, sabia?!
LEILA – Léo...
Você é meu amigo.
LÉO – Mas
não é mais assim que eu te vejo, Leila.
LEILA E
LÉO SE ENCARAM, UM NOVO BEIJO ACONTECE ENTRE ELES. BRUNO E MARIANA EM SEGUNDO
PLANO, NEM PERCEBEM, APENAS NAMORAM. CÂM ABRE EM PLANO GERAL, REVELANDO OS
DEMAIS NA BOATE.
CORTA PARA:
CENA 20. MANSÃO LINHARES. QUARTO DE FRANKLIN.
INTERIOR. NOITE
AMBIENTE
À MEIA-LUZ. A PORTA É ABERTA E CADÚ ENTRA. SONOPLASTIA OFF.
CADÚ – (Tom)
Pai?! Pai, você tá aí?
CADÚ OLHA
EM VOLTA, ESTRANHA.
CADÚ – Ué,
mas ele saiu? Como assim?!
NELE.
CORTA PARA:
CENA 21. RIO DE JANEIRO. HOTEL. QUARTO DE OTÁVIO.
INTERIOR. NOITE
NUM
AMBIENTE BEM SIMPLES, COM POUCA MOBÍLIA, NUMA CAMA DE CASAL, OTÁVIO DEITADO NA
CAMA, ASSISTE TV, ENTEDIADO. TOMA UMA CERVEJA. ALGUÉM BATE A PORTA. ELE
LEVANTA-SE E ATENDE. CÂM REVELA FRANKLIN ALI. OTÁVIO RAPIDAMENTE VAI FECHAR A
PORTA, QUANDO ELA É ESMURRADA E FRANKLIN ENTRA COM TUDO.
OTÁVIO –
(Nervoso) O que você quer aqui? Como me encontrou?
FRANKLIN – Isso
não importa, eu tenho os meus contatos. Agora eu vim acertar as minhas contas
com você!
OTÁVIO
VAI LEVANTAR E FRANKLIN LHE DÁ UM SOCO, O JOGANDO NA CAMA. OTÁVIO ENCARA
NERVOSO.
FRANKLIN – Seu
desgraçado!
CLOSES
ALTERNADOS. OTÁVIO COM MEDO. EM FRANKLIN,
CHEIO DE ÓDIO.
CORTA PARA:
EFEITO FINAL: A TELA
CONGELA EM EFEITO VITRAL.
FIM DO CAPÍTULO 16.
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