O doutor está
segurando o envelope com o resultado do exame, e responde Josefina:
–
Felizmente, a senhora não tem nenhum problema.
– Ah, que
alívio. – responde Josefina, com uma respiração aliviada.
– Que
bom! – comemora Tito, dando um beijo em Josefina.
– Mas não
se esqueça, Josefina, de fazer o exame pelo menos uma vez por ano. – lembra o
médico.
– Tudo
bem, doutor. É muito importante mesmo. Obrigada, até mais. – agradece e
despede-se Josefina.
– De
nada. Um bom dia para vocês. – deseja o médico.
Tito e Josefina
saem da clínica, levando o exame e felizes e aliviados com o resultado.
***
Na
fazenda Leite de Porca, Marcos prepara-se para trabalhar. Fabrício observa o
irmão e o pergunta:
– Marcos,
vai fazer o que?
– Vou
vender umas galinhas lá no centro. Quer vir junto?
– Ah,
prefiro ficar por aqui mesmo. E você?
– Vou
fazer uma limpeza lá no estábulo.
– Tá.
Fabrício, não sei se viu, mas ontem já libertei os animais silvestres.
– Que
bom, Marcos. O que os seus antigos patrões faziam com eles?
–
Vendiam. Não sei se era uma espécie de tráfico de animais, mas eles vendiam
aqueles bichos.
– Ah, tá.
Mudando de assunto: terei que comparecer na delegacia daqui a dois dias.
– Por
quê?
– Para
falar mais sobre o Jorge. Não quero ser preso de novo.
– Mas a
delegada disse o que?
– Ela
disse que eu serei julgado e a decisão vai caber ao tribunal.
– Ah,
sim. Vai demorar muito tempo?
– Parece
que não.
– Então
tá bom. Tenho que ir, Fabrício. Até mais tarde, irmão.
– Até.
Marcos
sai da fazenda, carregando a caixa com as galinhas.
***
Após
investigar o passado de Hanna Curie em Ravione, Jenny Franc chega à praça de
Pitenópolis. Ela sai de um ônibus e vê Mary na praça. Ela vai até a irmã.
– Jenny!
Já tava achando que ia trabalhar na Gaiola. – brinca Mary, abraçando a irmã.
– Ah,
claro, Mary. – responde Jenny, rindo.
– Tô
cheia de novidades pra contar, Mary, mas quero falar tudo isso aqui em público.
Hanna que se cuide.
– Que
novidades?
– Você
vai saber na hora.
– Você
vai falar que ela vendeu o próprio filho, o Gustavo?
– Claro,
faz parte da história. Ele tá aqui na praça, então daqui a pouco o show começa.
– Jenny,
vamos deixar isso pra trás. O Gustavo vai brigar com a gente também e
principalmente com a Hanna.
– Eu me
recuso a passar a mão em cima da Hanna. Ela deixou a gente na lama, Mary. Você
teve que fazer previsão com desconto.
– Eu que
me recuso a participar dessa palhaçada;
– Não
estou mais te reconhecendo, Mary. Você que sempre me estimulou a fazer isso.
– Eu que
não tô te reconhecendo, irmã. Você sempre foi tão inocente e ingênua.
– Eu era
assim.
– Ah,
Jenny, o Gustavo não merece saber isso dessa forma. Não será bom pra ninguém.
– Mary,
eu tive um trabalho enorme para arrumar tudo isso, já pensei até como falarei e
você vem me reprimindo...
– Não é
repressão, Jenny. Acho que temos que repensar.
– Olha,
você até pode querer voltar atrás, mas eu não irei.
– Depois
não vem se arrepender, Jenny. – avisa Mary, afastando-se da irmã.
***
Ao
sair do prédio em que está morando com Ângela e Regina, Augusto chega à loja da
Vinhos Albuquerque. Ele está lá para seu primeiro dia de trabalho como
vendedor. Ao entrar na loja, ele cumprimenta Gustavo:
– Bom
dia, Gustavo.
– Oi
Augusto. Seja bem vindo! – responde Gustavo, que coloca alguns vinhos nas
prateleiras.
–
Obrigado. Pra gente trabalhar bem, eu queria pedir pra você esquecer toda
aquela história do passado.
– Sim, eu
ia te pedir o mesmo. Aquela historinha minha com Ângela foi muito mais uma
encenação por causa dos interesseiros dos meus pais, porque eu nunca fui
apaixonado pela Ângela. Eu gosto mesmo é da Mary.
– Da Mary
Leh?
– Sim.
– Ela é
uma ótima pessoa. Depois teremos tempo para conversar, mas vou te ajudar a
guardar esses vinhos.
Augusto e
Gustavo arrumam os vinhos nas prateleiras e atendem os clientes.
***
Marcos
anda pela praça de Pitenópolis carregando uma caixa com algumas galinhas.
Jenny, que também está passando por ali, observa o irmão de Fabrício e vai
falar com ele:
– Oi.
Marcos? – diz Jenny, insegura.
– Oi.
Você é a...
– Jenny!
– Isso.
Tudo bem?
– Tudo
ótimo. Tá vendendo o que?
–
Galinhas.
– Você
ainda tá trabalhando na Leite de Porca?
– Eu sou
dono de lá agora.
– Poxa,
que legal. Depois vou dar uma passadinha lá pra conversarmos. Tô com pressa.
– Passa
sim. Até mais.
Jenny
afasta-se de Marcos, que continua vendendo as galinhas. Também na praça, ocorre
a gravação de mais uma cena do filme de Kika Postrad. Kika cuida da cena, que é
protagonizada por Keyla.
– Keyla,
pelo amor de Deus, podemos começar a gravação? Você demora mais tempo se
arrumando do que gravando. – irrita-se Kika.
– Calma,
Kika. Relax, Kikinha. – responde Keyla, despreocupada.
– Olha,
Keyla, se você não terminar agora de se arrumar, tá fora do filme. Que saco!
– Aff,
Kika. Só mais um minuto.
– Clóvis,
arruma outra atriz pra esse papel! – fala Kika para Clóvis, o diretor geral do
filme.
– Ah,
Kika. Você é uma chata. Já acabei. – diz Keyla, aproximando-se de Kika.
–
Aleluia! – comenta Kika.
Keyla
inicia a encenação de uma cena, com a direção de Kika.
***
Seguindo
as recomendações de Max, Carmen prepara-se para sair da pousada ‘‘Aconchego de
Pitelires’’, junto com Sofia. Ela arruma as malas, enquanto Sofia está deitada
no chão, com seus braços e pernas amarrados, além da mordaça na boca. Carmen dopa
Sofia novamente, e a leva para o carro, enrolada em uma manta. Elas passam pela
recepcionista, que pergunta:
– Ela
está bem?
– Tá, tá
sim. – responde Carmen, com pressa.
– Vocês
já vão embora?
– Sim. Já
pode fechar a conta que vou passar aqui pra pagar, só vou deixar ela no carro e
depois pegar uma coisa no quarto.
Carmen
vai ao carro, junto com Sofia. Ela deixa a namorada de Álvaro no banco
traseiro, encosta a porta e volta para o seu quarto na pousada. Enquanto isso,
a recepcionista, que está desconfiada, vai até o carro e vê que Sofia está com
uma mordaça em sua boca e com cordas nos braços e nas pernas. Ela abre a porta
para resgatar Sofia, porém Carmen volta, com sua bolsa na mão.
– O que
você tá fazendo aqui? – pergunta Carmen, de forma arrogante.
– O que
você fez com ela? Por que ela tá assim? Você é sadomasoquista?
– Meu
nome não é Christian Grey. Não te interessa o que eu fiz com ela. Me deixe ir.
– Eu não
vou deixar não. Ela pode estar morrendo. Vou avisar a polícia.
– Tá,
faça o que você quiser, mas antes toma o seu dinheiro. – fala Carmen, jogando o
dinheiro no chão.
A
recepcionista abaixa e pega o dinheiro, que voa um pouco. Aproveitando isso,
Carmen entra no carro, senta-se no banco do motorista, liga o carro e dá ré,
atropelando a recepcionista, que está atrás do carro. Carmen passa com o carro
em cima da mulher, e depois acelera para bem longe dali.
***
Mesmo com
os pedidos repetitivos de Mary, Jenny decide contar a verdade a todos sobre
Hanna Curie. Ela olha em volta de si e percebe que Gustavo, Olga, Pietro, Hanna
e Mary também estão na praça. Gustavo descansa um pouco do trabalho,
conversando com Olga, que está no intervalo de suas gravações. Jenny pega um
alto falante que pede emprestado a um ambulante, sobe em uma mesa e começa:
– Pessoal
de Pitenópolis, tenho uma revelação a fazer. Vocês tão vendo a Hanna, que agora
deu pra dar uma de cartomante?! Ela é uma farsa, não só como cartomante mas
também na vida pessoal.
Hanna fica
surpresa com o que Jenny está falando, e comenta em tom baixo com Cléo:
– O que
será que essa bruxinha pretende falar de mim?
– Não sei
não, Hanna, mas parece que é coisa séria.
Jenny
continua falando:
– Vamos
conhecer a verdadeira Hanna. Para isso, vamos voltar na história um pouquinho.
Não é na era dos dinossauros, mas é perto. Antes de ser chamada de Hanna, ela
era Ana Paula Couto, mais conhecida como Aninha do Bordel.
– Para
com isso, Jenny. Você não tem o direito de expor a minha intimidade dessa
forma. – grita Hanna, frustrada.
– Eu vou
fingir que nem ouvi o que você disse. – fala Jenny, que atrai ainda mais
espectadores. – Como eu estava dizendo, Aninha do Bordel era uma grandessíssima
dançarina, mulher da vida e até cafetina do Bordel Conga. Ela chegou a se casar
com um velho rico, aplicou um golpe nele e quando ele bateu as botas, ela ficou
com tudo.
– Se você
falar mais alguma coisa, eu te dou na cara. – diz Hanna, irritada e com medo do
que Jenny pode falar.
– Que
alguma coisa? Que você vendeu o próprio filho? – provoca Jenny. – Então,
queridos, não precisam ficar com essa cara de choque. Ela fez isso mesmo. A
Hanna Curie, nossa Aninha do Bordel vendeu o próprio filho, mas esse não foi com
o velho rico. Esse foi com um jovem empresário, que virou nada mais nada menos
do que o dono da vinícola Albuquerque.
– O
Jorge? – pergunta uma mulher.
– Ele
mesmo. Ela foi capaz de vender o filho que pariu. Mais uma prova de que ela é
totalmente egoísta. E vocês sabem quem é esse filho? Dica 1: ele está aqui na
praça agora. Dica 2: acho que ele não vai gostar muito dessa história. Vamos
ver se alguém sabe. Gustavo, cunhadinho, qual seu palpite? – pergunta Jenny,
deixando Mary ainda mais irritada e angustiada.
– Sei lá,
Jenny. – responde Gustavo.
– Vamos
pra dica 3, então. É a seguinte: o nome dele começa com ‘‘g’’ e termina com
‘‘ustavo’’. – revela Jenny, deixando Gustavo totalmente paralisado e sem
reação.
Com a
revelação de Jenny, todos na praça ficam totalmente chocados. Olga e Pietro
estão chorando bastante, Gustavo continua em choque, Mary fica envergonhada com
a atitude da irmã e Hanna chora ao se lembrar de seu passado e ao ver o estado
de seu filho. Regina e Ângela, que também estão na praça, continuam em choque
ao saberem que Gustavo é filho de Jorge e por isso, irmão de Ângela.
– Mãe,
será que o Jorge sabe que o Gustavo é filho dele? – pergunta Ângela a Regina.
– Olha,
Ângela, acho que não. Antes de eu conhecer o Jorge, ele era um galinha. Como
falam atualmente, passava o rodo. – responde Regina, rindo levemente.
– Deve
ser um baque enorme pro Gustavo descobrir tudo isso em tão pouco tempo, né?
– Deve
ser mesmo, porque ele sempre achou que era filho dos trambiqueiros da Olga e do
Pietro.
–
Verdade. Agora tenho um irmão.
– Sim,
Ângela. O Gustavo é ótimo, só foi criado por aqueles dois interesseiros. –
comenta Regina.
***
Após
saírem da saída de Pitenópolis, Carmen e Sofia logo chegam a Ravione. Elas vão
até a rua Mia Couto, indicada por Max. Carmen sai do carro, deixa Sofia ainda lá,
e toca a campainha da casa. A fachada externa da casa é antiga, com rachaduras,
a sua cor amarela desbotando e o portão enferrujado. Leia, que está dentro da
casa, olha pela janela e vê Carmen. Ela vai até o portão e pergunta a Carmen:
– Oi.
Quem é você?
– Oi. Sou
Carmen Costa. Meu namorado me ligou e falou pra eu vir pra cá e ficar com você.
Ele foi preso e disse que irá fugir da delegacia junto com outros presos.
– Ah,
sim. Eu sou Leia. Vamos entrar. Tem mais
alguém?
– Sim, a
Sofia. Ela é nossa refém.
– Vocês
não vão pedir recompensa usando esse endereço não, né?
– Não,
quando o Max aparecer vamos ver o futuro dela.
–
Entendi. Pega ela e entrem. – ordena Leia.
Carmen
vai ao carro e volta para a casa carregando Sofia. Ela coloca a ex-namorada de
Max no sofá da casa.
– Então,
vamos conversar. Quero saber mais desse plano aí. O Max não me falou nada
demais, só disse que iriam fugir e tal. – diz Carmen.
– Eu
também não sei muita coisa, mas pelas mensagens do Jorge, eles têm uma pessoa
que vai colocar fogo na delegacia. Com isso, alguém vai invadir lá e
resgatá-los. – explica Leia.
– Mas já
que colocarão fogo na delegacia como eles vão sair?
– Pelo
que eu entendi, tem uma saída por trás que está desativada pelos policiais, mas
eles vão abri-la.
–
Entendi. E depois que eles chegarem aqui?
– Cada um
vai ver seu rumo.
– Ah, tá.
– Você
está com fome? Posso preparar algo pra comermos?
– Tô
morrendo de fome.
– Então
tá. – responde Leia, indo em direção à casa.
***
Jenny
continua a falar sobre Hanna, na praça de Pitenópolis. Ela já atrai uma
multidão que fica interessada no passado da dona da pensão mais famosa e antiga
da cidade.
– Acho
que já falei tudo que tinha pra falar. Gustavo, peço desculpas, mas eu tinha
que fazer isso. Não podemos deixar essa mulher fazendo essas besteiras por aí
com todos nós, além, claro, das previsões dela que são mais falsas que ela. –
diz Jenny, descendo da mesa.
Hanna
fica totalmente irritada e se aproxima de Jenny:
– Por que
você fez isso? Tá feliz? O que isso vai
mudar pra você? – pergunta Hanna, aos prantos.
– Pra mim
quase nada, mas pra você, Hanna, vai mudar tudo. Você foi mexer com quem tava quieta,
acho que não deu muito certo. – responde Jenny.
– Você
não vale o ar que respira, Jenny. Você ainda vai se ver comigo. – fala Hanna,
saindo da praça.
Jenny sai
discretamente do centro da praça, ignorando quem a chama. Hanna está indo em
direção à pensão, até que é parada por Gustavo:
– Hanna!
– fala Gustavo, segurando o braço da dona da pensão.
– O que
foi? – pergunta Hanna, ainda chorando.
– Quero
conversar com você.
– Vamos
ali pro canto. – responde Hanna, indo a uma mesa um pouco longe da praça, junto
com Gustavo.
– Diga. O
que você quer?
– Por que
você me vendeu? Por quê? Responde! – diz Gustavo, irritado e chorando.
–
Gustavo, não grita comigo, por favor. Eu não te fiz mal.
– Então
vender o filho é uma coisa boa?
– Claro
que não. Você não sabe quanto foi difícil eu tomar essa decisão.
–
Realmente não sei. Se você tivesse falado comigo antes, eu saberia.
– Eu não
tinha o que comer, nem pra te dar. Você ia acabar morrendo de fome e eu também.
– Você é
mesmo muito egoísta. Jenny tem razão.
–
Egoísta? Eu fiz o melhor pra você.
– Pra
mim? Você se livrou de um filho, de uma responsabilidade.
– Não,
filho, não fala isso.
– Não me
chama de filho! – grita Gustavo.
–
Gustavo, por que você tá me tratando assim? Eu só fiz o melhor. O Pietro e a
Olga tinham condições pra criar você, coisa que eu não tinha.
– Elas
tinham, principalmente, amor, coisa que você também não tinha e não tem.
– Eu te
amo. – fala Hanna, chorando muito.
– Mas eu
só te desprezo ainda mais. Não se aproxime de mim nunca mais! – declara
Gustavo, afastando-se de Hanna.
Hanna
continua chorando muito, até que Cléo chega, e fala com ela:
– Hanna,
minha prima, você não pode ficar aqui desse jeito. Vamos pra pensão.
– Vamos,
Cléo. Não quero ficar aqui nem por mais um minuto. Minha vontade é quebrar a
Jenny ao meio. – diz Hanna, saindo da praça, junto com a prima.
Após
discutir com Hanna, Gustavo vai até Mary, que está sentada num banco na praça.
– Me dá
um abraço, Mary?! – pede Gustavo.
– Claro.
– responde Mary, abraçando Gustavo.
– Ela foi
egoísta, Mary. A Hanna só pensou nela. Não consigo acreditar nisso. Você sabia
disso?
– Não, a
Jenny disse que sabia sobre a Hanna, mas eu não sabia de tantas coisas assim.
– Então
você sabia que eu era filho da Hanna?
– Sim,
Gustavo. Me desculpa, quis te preservar.
– Eu te
entendo. – diz Gustavo, abraçando novamente Mary.
***
Chegando
à pensão, Hanna e Cléo vão ao quarto da ex-cafetina. Hanna senta-se em sua cama
e Cléo, no chão. Hanna ainda chora muito e a prima a consola:
– Hanna,
ele falou isso no impulso. Eu sei o quanto você sofreu pra tomar a decisão e
vender ele, de fato.
– Você
sabe, Cléo, mas ele acha que é mentira minha. Ele me falou que eu sou egoísta,
que eu quis me livrar dele.
– Prima,
vamos entender o lado dele. Até agora pouco os pais reais dele eram Pietro e
Olga. Ele ficou em estado de choque e acabou descontando isso em você. Eu tenho
certeza de que vocês vão se resolver.
– Eu
espero, Cléo. Eu quero conversar com ele, mostrar as fotos de quando ele era
bem pequeno ainda.
– Melhor
fazer isso depois, Hanna. Se ele vier aqui, vai querer rasgar as fotos e
destruir tudo que lembra você.
– Eu não
vou aguentar ele me tratando dessa forma. Ele disse que me despreza. Eu quero
sair de Pitenópolis. – conta Hanna, chorando.
– Hanna,
você aguentou durante anos ver esse menino sendo criado pela Olga e pelo
Pietro, e agora você vai querer ir embora?! O melhor a fazer é esperar a poeira
abaixar pra vocês conversarem.
– Não,
Cléo, eu quero ir embora.
– Hanna,
eu não vou deixar você ir. Não quero que você tome atitudes precipitadas,
porque depois você pode se arrepender.
– Tá bom.
Vou esperar.
Cléo dá
um abraço na prima.
***
Na
delegacia de Pitenópolis, a delegada Sabrina continua investigando alguns
casos, até que um policial entra em sua sala.
–
Licença, delegada. Tenho uma novidade! – fala o policial.
– Conte!
– pede Sabrina.
–
Descobrimos que o Jorge Albuquerque tem trocado ligações de telefone com uma
mulher chamada Leia, e com outra chamada Carmen.
– Essa
Leia já veio aqui. Ela já visitou o Jorge, e Carmen é o nome da amante e
cúmplice do Max Mattos.
– O que
será que eles estão planejando, delegada?
– Não
sei, só sei que temos que acabar com isso antes que seja tarde. Vocês
conseguiram pegar as ligações?
– Ainda
não, mas já rastreamos onde Leia e Carmen estão.
– Onde?
– Em uma
casa em Ravione.
– Ok.
Junta uma equipe e vão prender essas duas. A Sofia deve estar junto. Tragam ela
também.
–
Delegada, a senhora não vai junto?
– Não.
Melhor eu ficar aqui.
– Ok. Até
mais. – fala o policial, saindo da sala.
Uma
equipe de policiais é montada e eles saem da delegacia, em três carros da
polícia de Pitenópolis. Vendo que a delegacia está com menos policiais, o homem
contratado por Jorge para colocar fogo na delegacia entra no recinto. Ele
carrega duas garrafas, aparentemente com água, e uma caixa de fósforos no
bolso. Ele abre as duas garrafas e despeja gasolina pela delegacia, acende
fósforos e os joga em cima da gasolina. O fogo começa a se espalhar pela
delegacia, queima cadeiras, mesas, cortinas. Alguns policiais percebem o início
do incêndio, ligam para os bombeiros e tentam utilizar os extintores de
incêndio. A delegada Sabrina percebe que o fogo começa invadir a sua sala e
foge rapidamente, pegando uma caixa, somente. O cúmplice de Jorge consegue
invadir a área das celas, dopando o carcereiro. Ele abre as celas dos
prisioneiros, inclusive a de Jorge, Jonas e Max, que comemoram. O cúmplice vai
até a porta dos fundos, acompanhado pelos outros prisioneiros, porém ele não
consegue abrir a porta. Jorge vê o fogo se aproximando. O corredor que vai até
a saída principal da delegacia já está com o fogo no teto e um armário está
caído no meio do corredor, impedindo a passagem de qualquer um. Max fica
frustrado:
– Abre
essa porcaria logo. A gente vai morrer aqui queimado!
Jorge
também tenta abrir a porta, porém não consegue. Outros homens também tentam, e
ninguém consegue. Os policiais continuam usando os extintores de incêndio,
porém, ao verem que não está resolvendo muito, eles resolvem esvaziar a
delegacia. Em poucos minutos, uma explosão acontece na delegacia. O fogo já
toma conta de toda a delegacia. Os bombeiros logo chegam e apagam o fogo da
delegacia. A rua da delegacia está cheia de pessoas. Os bombeiros avisam que
somente um homem sobreviveu, deixando todos curiosos. Alguns minutos depois, os
bombeiros voltam com Jonas, que está quase morrendo. Aurora e Guilherme, que
estão na rua da delegacia, correm para falar com ele. Pedro, que está com os
dois, vai junto. Eles se aproximam de Jonas. Ele está muito debilitado, com
queimaduras pelo corpo inteiro. Com sua voz rouca, ele fala:
– Gui, eu
te amo muito. Desculpa pelo que eu fiz. Aurora, desculpa também. Você não
merecia isso. Pedro, cuida bem deles, por favor. Eles são a melhor coisa desse
mundo.
Guilherme
e Aurora dão um abraço em Jonas, delicadamente, para não machucá-lo, porém ele
acaba caindo no chão. Um bombeiro o levanta, o coloca em uma maca, mede a
pulsação e concluir:
– Ele se
foi! Não tem mais jeito.
Guilherme
e Aurora choram muito, pela morte de Jonas.
– Pai!
Pai! Acorda, pai! – grita Guilherme, inconformado.
– Filho!
Filho! Ele se foi. Temos que entender isso. Vamos ser fortes pra encararmos
isso juntos, nós três. – diz Aurora, deixando o filho mais calmo.
–
Guilherme, nós vamos encarar isso juntos. – completa Pedro.
– Por que
ele se foi, mamãe? Por que ele? O meu pai! – pergunta Guilherme, ainda chorando
demais.
– É
porque precisaram dele lá no céu. Vamos sempre olhar pra ele de noite.
– Vamos
ver a estrelinha dele?
– Sim. –
responde Aurora, abraçando seu filho, que ainda está muito abalado.
Os
bombeiros vão tirando os outros corpos de dentro da delegacia. Regina e Ângela
ficam assustadas ao verem o resultado do incêndio e veem o corpo de Jorge, que
está morto. As duas também choram bastante, mas sentem um alívio.
– Ele foi
tão especial, Ângela. Ele foi meu único amor verdadeiro, mas ele nos fez tantas
coisas ruins... – fala Regina, chorando.
– É, mãe.
Ele nos amava demais. Temos que guardar nas memórias as coisas e os momentos
bons que nós passamos juntos.
–
Verdade, Ângela. Se ele foi, é porque chamaram ele lá em cima.
– Pois é.
Lá ele vai poder nos acompanhar sempre. – responde Ângela, também chorando.
Já Álvaro
vê que Max também morreu, fica um pouco mais tranquilo, porém ainda preocupado
com o sumiço de Sofia.
***
O clima
nas ruas de Pitenópolis é de tristeza pela morte dos presos e de dois
policiais, no incêndio da delegacia. Um carro da polícia de Pitenópolis
estaciona na praça da cidade. A delegada Sabrina vai até ele. Sofia sai dele.
– Olá. Eu
sou a delegada Sabrina. – apresenta-se Sabrina.
– Oi,
delegada. O que aconteceu aqui? – pergunta Sofia.
–
Colocaram fogo na delegacia. Os presos e dois policiais morreram.
– E o
Max?
– Ele
bateu as botas.
– Ah, que
alívio.
– Depois
nós iremos chamar você para depor, tudo bem?
– Claro.
Até mais, delegada. E muito obrigada.
– De
nada. É o meu trabalho. – fala a delegada Sabrina, saindo da praça.
Álvaro vê
Sofia e vai correndo para encontrar com ela.
– Sofia,
que bom poder te abraçar. Eu estava com tanto medo. – revela Álvaro, abraçando
a amada.
– Também,
Álvaro. É tão bom voltar. – diz Sofia.
– Vamos
pra pensão? Todos querem te ver.
– Vamos!
– fala Sofia, indo à pensão de Hanna, junto com Álvaro.
Outro
carro da polícia passa pela praça. Nele estão Leia e Carmen. A delegada Sabrina
entra no carro e vai nele até Bulires, onde Leia e Carmen ficarão até a
construção da nova delegacia de Pitenópolis.
***
Os dias
vão se passando muito rápido e três meses ‘‘voam’’. Nesse período, Fabrício
cumpre sua pena, na nova delegacia de Pitenópolis, por colaborar com Jorge no
sequestro de Regina. O filme de Kika Postrad está com suas gravações na reta
final. Após discussões e conversas mais amistosas, Gustavo e Hanna se
aproximam. Leia e Carmen continuam presas, agora em Pitenópolis. Guilherme
aproxima-se mais de Pedro. Hanna e Cléo desistem das falsas previsões e iniciam
uma mini empresa de cosmético, com Olga e Pietro, deixando para trás o passado
deles. Regina gerencia a Vinhos Albuquerque. Ângela cursa sua faculdade de
pedagogia e Augusto passa para a faculdade de administração. Aurora engravida
de Pedro e os dois ficam muito felizes, assim como Guilherme.
***
A igreja
de Pitenópolis está muito cheia. O dia é muito especial para os casais que irão
se casar. Para reduzirem os custos, Álvaro e Sofia, Augusto e Ângela, Mary e
Gustavo e Pedro e Aurora resolveram fazer um casamento coletivo. No altar, está
o Padre, junto com os noivos, muito ansiosos pelo momento da entrada das
noivas, além de Tito, Josefina, Marcos, Cléo, Olga e Pietro. Todos eles se
vestem muito bem. As mulheres adotam vestidos longos e de cores mais claras
como rosa, azul claro e dourado. Os homens usam ternos pretos ou cinzas. Os
convidados também estão bem vestidos. A igreja não é muito grande, por isso
algumas pessoas estão sentadas em cadeiras colocadas ao lado dos bancos. Um
coral está na parte superior da igreja e a música de entrada das noivas é
tocada. Sofia, com seu vestido branco tradicional, entra com Hanna; Aurora, com
seu vestido também branco, entra com seu filho; Ângela entra, com sua mãe,
vestindo um belo vestido branco feito à mão; e Mary chega com um vestido longo
da cor salmão, acompanhada da irmã Jenny.
–
Caríssimos noivos, viestes à casa da Igreja para que o vosso propósito de
contrair o matrimônio seja firmado com o sagrado selo de Deus. – inicia o
padre.
– Que
demora! – reclama Jenny, em tom baixo, sem que ninguém a ouça.
O padre
continua a celebração, falando sobre o matrimônio, até que os noivos fazem os
consentimentos, confirmando o matrimônio e a fidelidade, respeito, amor, etc.
Ao fim da celebração, o padre avisa:
– Os
noivos podem beijar suas noivas!
Os quatro
casais se beijam ao mesmo tempo, e os convidados aplaudem. Quando os noivos
deixam a igreja, os convidados jogam pó de arroz neles. Após a saída definitiva
dos noivos, todos começam a sair da igreja e se direcionam ao salão de festas
onde ocorrerá a festa de casamento. O salão é na mesma rua da igreja e todos
andam até lá.
***
No salão
de eventos próximo à igreja de Pitenópolis, acontece a festa do casamento de
Aurora e Pedro, Ângela e Augusto, Mary e Gustavo, e Sofia e Álvaro. Todos
dançam bastante. As comidas são variadas: vão desde salgadinhos até espaguete.
A decoração é delicada, com várias flores. Alguns membros do elenco de filme de
Kika Postrad também estão na festa. Enquanto Neyla dança bastante, sua irmã
Keyla está sentada, em uma cadeira, só observando os demais, até que um rapaz a
convida para dançar, e eles dançam juntos. Um momento bastante aguardado, o
lançamento dos buquês se aproxima e as mulheres vão em direção às noivas. De
costas, Ângela, Mary, Sofia e Aurora arremessam seus buquês, que são pegos por
Hanna, Cléo, Jenny e Regina, que comemoram. A festa continua e um pouco depois,
todos são chamados para o momento do bolo. Cada casal tem um bolo diferente e
com os bonecos personalizados. Cada casal corta o primeiro pedaço de seu bolo e
os pedaços são distribuídos para os convidados. As pessoas começam a se
despedir umas das outras e deixam o salão.
***
Sete
mesas se passam. A praça de Pitenópolis está cheia de pessoas, sentadas em
cadeiras colocadas pela equipe do filme de Kika Postrad. Um grande telão está
na praça também. Aurora segura seu bebê, chamado Hugo e está acompanhado de
Pedro e do filho Guilherme. Ângela também está com seu filho, Jorge, e com
Regina e Augusto. Leia e Fabrício chegam juntos, vindo da direção da delegacia,
e se juntam aos demais, na praça. O filme de Kika Postrad é exibido para os
moradores de Pitenópolis, em primeira mão, na íntegra. Os membros do elenco
riem ao verem suas cenas. Após o fim do filme, todos aplaudem o projeto, e alguns
resolvem comentar um pouco sobre a experiência, que mobilizou a cidade inteira:
– Adorei
participar. Esse filme mostrou pra nossa cidade que lutando conseguimos atingir
nossos objetivos. – comenta Olga.
– O filme
foi uma ótima experiência para todos nós. Obrigada, pessoal! – fala Mary.
Os outros
participantes do filme também comentam um pouco mais. Kika Postrad se
manifesta:
– Então,
queridos, foi um prazer realizar o sonho de ter um filme sobre a minha
carreira. Todos vocês foram importantíssimos para a realização desse sonho.
Muito obrigada, Pitenópolis! – diz Kika, sendo aplaudida por todos os
moradores.
Como
disse uma vez Jon Bon Jovi, ‘‘Acredite no amor, acredite na magia. Acredite em
si mesmo. Acredito nos seus sonhos. Se você não os fizer, quem os fará?’’ O
amor é mágico, mexe com as pessoas de uma forma indescritível. Por amor as
pessoas se matam, matam os outros, fazem loucuras, etc. Mas ele também é
sensato, equilibrado, ou seja, o amor é uma magia sensata.
FIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário