Cena 01.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Noite.
A sala está
vazia, até que a campainha toca e Teresa, vindo da cozinha, vai atender.
Teresa – Pois não?
Nesse
instante Tia Pombinha dá um empurrão em Teresa e entra na sala, com sua mala.
Tia
Pombinha – Vá chamar a sua patroa, minha conversa é com a
Condessa Vitória.
Nesse
instante Vitória desce as escadas.
Vitória
(surpresa) – Pombinha?
Tia
Pombinha (a Teresa) – Vá buscar uma limonada pra mim, vai!
Teresa fica
olhando para Vitória.
Vitória (a
Teresa) – Faça o que ela manda.
Teresa sai
em direção à cozinha.
Vitória – O que você
faz aqui Pombinha?
Tia
Pombinha – Vamos ao seu escritório querida.
Vitória – Fale aqui
mesmo.
Tia
Pombinha abre sua mala e retira um DVD e um pedaço de blusa cheio de sangue.
Tia
Pombinha – Reconhece esse tecido? Gostou de assistir a esse
filme? Pois é Vitória, qual foi a viagem que o Antero fez mesmo?
Vitória
fica muito assustada.
Vitória – Que
porcaria é essa?
Tia
Pombinha – Vamos ser maduras Vitória Amadeu, você sabe muito
bem do que estou falando.
Vitória
(preocupada) – Venha pro meu escritório.
Vitória sai
em direção ao escritório e Tia Pombinha a segue.
Corta para:
Cena 02.
Casa de Fernanda/ Sala/ Int./ Noite.
Fernanda,
Malu e Eva estão sentadas no sofá assistindo TV.
Fernanda – Mas essa
novela tá muito boa, entrando na reta final. Qual o nome dela mesmo?
Malu – Tem alguma
coisa com filho.
Eva – Em Nome do
Filho. Essa novela tá mesmo esquentando mais a cada dia. Sabia que ela está no
Melhores do Ano do Blog da Zih?
Fernanda
(surpresa) – Sério?
Eva – É sim. Eu
mesma já votei nela e no Wesley Alcântara como melhor autor.
Malu – Nossa, vou
subir e votar agora.
Malu sobe
as escadas depressa. Eva e Fernanda voltam assistir a novela, segundos depois à
campainha toca.
Fernanda
(se levantando) – Eu atendo!
Fernanda
atende a porta.
Fernanda
(séria) – Entra!
Eva – Quem é tia?
Fernanda
(desgostosa) – Seu noivinho.
Miguel
adentra a sala e Eva se levanta. Fernanda fecha a porta e sai em direção à
cozinha.
Eva – O que faz
aqui Miguel?
Miguel – Antes, me
dá um beijo?
Eva pula
nos braços de Miguel e lhe dá um beijaço.
Eva – E agora?
Miguel – Já fiquei
sabendo que dona Vitória esteve aqui.
Eva – Esteve. Eu
estava cansada, acho que fui até grossa com ela.
Miguel – Minha mãe
precisa disso às vezes. Mas o fato é que ela achou que você não gosta dela e
quer reparar o erro. Me mandou vir aqui te buscar, nem que seja amarrada,
segundo ela, para jantar conosco.
Eva – Mas Miguel,
eu já até coloquei pijama. Nem rola.
Miguel – Por favor,
assim você fica conhecendo a nossa casa.
Eva – A Milena
vai estar lá?
Miguel – Infelizmente
ela mora lá. Mas já conversei com ela e o clima será de paz. É um jantar para a
gente oficializar nosso noivado diante da família Amadeu.
Eva – Eu vou, mas
por você.
Miguel pega
Eva no colo e lhe dá um beijo.
Corta para:
Cena 03.
Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Noite.
Vitória
está de pé, andando de um lado para o outro com semblante de preocupada,
enquanto Tia Pombinha está espojada em uma poltrona tomando uísque.
Vitória – Então você
quer morar aqui?
Tia
Pombinha – Eu não quero, eu vou.
Vitória dá
uma gargalhada.
Vitória – Sabe quem
sou eu?
Tia
Pombinha – A estrela maior do filme: “A viagem de Antero”.
Vitória
fica mais preocupada ainda.
Vitória – Então era
você a chantagista?
Tia
Pombinha – Não. Devo reconhecer que não tenho inteligência para
tudo isso. Mas, eu definitivamente, não queria estar no seu lugar.
Vitória
(nervosa) – Se não foi você, que pode ter sido?
Tia
Pombinha – Alguém que te detesta muito.
Vitória – Mas se
fosse outra pessoa, você não estaria usando essas informações para me
chantagear, a fim de se beneficiar de tão pouco. A charada acabou, é você
Pombinha.
Tia
Pombinha – Se você pensa assim, melhor pra mim, melhor pra você
e melhor para a Gaivota.
Vitória – Que
Gaivota?
Tia
Pombinha – A pessoa que está por trás disso tudo usa o
pseudônimo de Gaivota. Eu não sei quem é, ela só se comunica comigo através de
cartas. Eu digo ela, pelo apelido estar no feminino. Mas pode ser homem, mulher
ou um grupo.
Vitória – Essa sua
história ficaria linda no conto de fadas da Disney, mas aqui o jogo é outro.
Fala de uma vez, se não for você, quem está por trás disso?
Tia
Pombinha se levanta e deixa o copo vazio em cima da mesa.
Tia
Pombinha – Se você quer acreditar nisso ou não, já não é mais o
meu setor. Te passei mais informações do que deveria, eu nem sei se essa tal
Gaivota é perigosa e nem sei porque ela escolheu a mim para recolher essas
informações. O fato é que eu preciso de abrigo e irei morar aqui por uns tempos.
Vitória – Se eu
descobrir que isso tudo é uma farsa, eu... Eu acabo com a sua raça.
Tia
Pombinha – E vai matar quantas pessoas mais? Uma? Dez? Cem?
Para com essa matança. Você está se enforcando na própria corda. Essa Gaivota é
alguém querendo te ver sofrer, se eu fosse você, ficaria de olho vivo, ao invés
de pensar em me matar. Eu sou pinto pequeno nessa história. Seu terror está nos
céus, voando.
Tia
Pombinha sai do escritório.
Vitória
(pensativa) – Gaivota? Quem será? Tô perdida!
Vitória
continua pensativa.
Corta para:
Cena 04.
Praça Central/ Ext./ Noite.
(Música
“Uma História de Amor” – Fanzine). Clipe com imagens da praça, pessoas
passeando, chafariz decorando o centro do local com rajadas de água.
Pipoqueiros com suas barraquinhas. Tudo muito calmo e bucólico.
Corta para:
Cena 05.
Mansão Amadeu/ Sala de Jantar/ Int./ Noite.
Vitória,
Milena e Eneida estão sentadas a mesa, enquanto Teresa está de pé ao longe.
Milena – O Miguel
foi buscar a seriema?
Vitória – Não me fala
em aves hoje, estou por aqui com elas. Mas se está falando da Divina Eva, ele
foi sim.
Milena
bufa.
Eneida – Quem é essa
Eva? Já não chega a Pombinha vir morar aqui?
Vitória – Você não
estava Eneida, mas no maldito testamento do Ângelo, ficou decidido que a casa
seria minha, então, coloco quem eu quiser aqui dentro. A Pombinha fica. Ela é
minha amiga.
Eneida – E quem é
Eva gente?
Milena – É uma longa
história, não dá tempo de dizer agora.
Vitória (a
Eneida) – Tudo que você ver e ouvir nesse jantar, por mais absurdo que
seja, porte-se sempre com uma naturalidade inglesa. Ok?
Eneida – Não saindo
briga de facas e revólveres, tudo bem.
Teresa (a
Vitória) – Posso servir o jantar?
Nesse
instante Miguel entra com Eva.
Miguel – Pode sim
Teresa.
Eva – Boa noite a
todos.
Milena faz
cara feia.
Vitória
(sorridente) – Boa noite querida sente-se, por favor.
Eva e
Miguel se sentam lado a lado e de frente para Milena.
Eneida – Quem é esta
Miguel?
Miguel – Esta daqui
é a minha noiva. Tia Eneida, esta é a Eva.
Eneida – Prazer em
conhecê-la Eva. Muito bonita.
Eva – O prazer é
todo meu.
Eneida olha
para Vitória, surpresa.
Corta para:
Cena 06.
Flores/ Elevado/ Subúrbio/ Exterior/ Noite- Dia.
(Música
“Aceita, paixão” – Péricles) Transposição da noite para o dia com tomadas do
bairro suburbano Elevado. Ônibus passando pelos pontos, camelôs ambulantes
vendendo salgados e quinquilharias, periguetes circulando pelas ruas, em meio a
carros antigos e velhos e motoboys. Close na fachada do Bar Chegaí.
Corta para:
Cena 07.
Bar Chegaí/ Calçada/ Ext./ Dia.
Ondina está
varrendo a calçada em frente ao bar, quando Tamara aparece.
Tamara – Ondina, eu
preciso falar com você e com o Zé Diogo, será q eu
isso seria possível?
Ondina – Marca uma
hora, minha agenda hoje tá lotada. Tenho que varrer aqui, lavar os banheiros,
fazer salgadinhos.
Tamara
(séria) – Eu posso ajudar a tirar o Chegaí dessa crise financeira que
estão passando.
Ondina – E como
seria?
Tamara – O Lucas,
dono da livraria, quer promover uma festa em comemoração aos Cem anos da
livraria e por isso vai trazer o show do Nando Reis.
Ondina – E no que
isso pode influenciar o nosso bar? A livraria é no centro da cidade.
Tamara – Sua besta,
eu quero que a festa dos cem anos seja aqui no bar. Já propus ao Lucas e ele
concordou. Uma festa aberta ao público. O intuito dele não é vender ingresso
não, ele quer apenas uma grande comemoração.
Ondina – Então, as
cervejas, refrigerantes, comidas e tudo mais, seriam vendidos pelo bar?
Tamara – Exatamente.
Mas tem uma condição.
Ondina – Qual?
Tamara – Eu quero
cerveja de graça.
Ondina – Quantas
você e esse seu estômago de lagarta no cio aguentarem.
Tamara e
Ondina riem.
Corta para:
Cena 08.
Rio de Janeiro/ Pontos Turísticos/ Ext./ Dia.
(Música
“Águas de Março” – Tom Jobim e Elis Regina). Tomadas aéreas dos principais
pontos turísticos, como: Corcovado, Praia de Copacabana, Pão-de-Açúcar, Pedra
da Gávea e Estádio do Maracanã.
Corta para:
Cena 09.
Apto. de Fabrício/ Sala/ Int./ Dia.
Fabrício
está sentando no sofá, de pijama, lendo um livro, quando Ana Rosa, vem do
quarto para a sala.
Ana Rosa – Ainda não
se trocou meu bem?
Fabrício – Pra que?
Hoje nós não vamos para o hospital psiquiátrico.
Ana Rosa – Eu sei, mas
hoje vem à moça pra entrevista.
Fabrício – Que
entrevista?
Ana Rosa – Você tá
louco ou o que? A moça que vai trabalhar como doméstica aqui em casa.
Nesse
instante a campainha toca.
Ana Rosa – É ela.
Fabrício – Eu vou pro
quarto terminar de ler meu livro. Você fica responsável por isso.
Fabrício se
levanta e se encaminha para o quarto. Ana Rosa atende a porta.
Ana Rosa – Você é a
candidata?
Nesse
instante a CAM vai pegando do sapato e subindo, vagarosamente, até chegar ao
rosto.
Regininha
(convicta) – Eu mesma.
Close em
Regininha, com um sorriso misterioso.
Corta para:
Cena 10.
Sanatório/ Jardim/ Ext./ Dia.
Vários
internos estão andando pelo local, mas Yvete está sentada em um banco,
pensativa. Ellen chega e senta-se ao seu lado.
Yvete
(rude) – O que faz aqui?
Ellen – Por que
você não gosta de mim Yvete?
Yvete – Eu detesto
pessoas falsas.
Ellen – Mas eu não
sou falsa.
Yvete – Você
poderia me explicar uma coisa?
Ellen – Até duas.
Yvete – Qual a sua
ligação com o Miguel Queirós?
Ellen fica
visivelmente assustada.
Ellen
(disfarçando) – Não, nenhuma... Nem o conheço pessoalmente.
Yvete – Eu posso
ser louca, mas não sou burra. E sei que você tem ligação com ele e que a
Vitória Amadeu, mãe desse rapaz, esteve algumas vezes aqui, pra conversar com
você e pra visitar aquela moça que foi embora alguns meses atrás.
Ellen fica
espantada.
Ellen – Vou pedir
ao doutor Franco que te dê, em doses cavalares, um calmante. Você não tá bem
das ideias e tá inventando uma história mirabolante. Sabe o que é isso? Muito
tempo ocioso.
Yvete – Eu não
posso fazer nada, mas saiba que tem gente lá fora, que está de olho em você e
na sua ligação com a família do empresário Ângelo Queirós. Te cuida Ellen,
dinheiro não é tudo.
Ellen fica
assustada e sai andando depressa.
Yvete – Perfeito,
qualquer que seja o plano deles, eu consegui detonar.
Yvete
sorri.
Corta para:
Cena 11.
Apto. de Fabrício/ Sala/ Int./ Dia.
Ana Rosa e
Regininha estão sentadas conversando.
Ana Rosa – Então quer
dizer que você tem a disponibilidade de morar no serviço?
Regininha –
Eu
sou uma mulher sozinha. Não tive filhos, nunca me casei, meus parentes
conhecidos faleceram, acho que cuidar de uma casa, de uma família, seria uma
distração pra mim.
Ana Rosa – Compreendi.
Seu rosto não me é estranho.
Regininha –
Sou
um tipo muito comum por aí, mas caso você realmente me conheça, deve ser das
praias.
Ana Rosa – É, deve ser
sim. Acho que você está contratada. Quando pode começar?
Regininha –
Hoje
mesmo.
Ana Rosa
(surpresa) – Que disposição.
Regininha –
Acho
que essa é uma boa hora pra começar, posso?
Ana Rosa – Fique a
vontade.
Regininha
sorri.
Corta para:
Cena 12.
Flores/ Pontos Turísticos/ Ext./ DIA-NOITE-DIA.
(Música
“Uma história de Amor” – Fanzine.) Vista aérea, plano aberto. CAM aérea faz um
clipe dos principais pontos turísticos da fictícia cidade de Flores. Clipe com
suaves emendas das imagens, a fim de mostrar toda a beleza da cidade, na
seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da cidade, feito de madeira envernizada
e coberto por telha colonial portuguesa, com o letreiro “Bem vindo a Flores”.
2º: Praça Central, com um lindo chafariz no meio, cercada por bancos com
pessoas e animais domésticos, além de alguns vendedores de pipocas e
brinquedos. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro mais alto da cidade,
com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com iluminação interna, cercado
por um grande gramado que é delimitado por canteiro de diversas flores
campestres. 4º: Fachada da Prefeitura de Flores.
Várias
transposições do dia para a noite e da noite para o dia.
LETREIRO:
Alguns meses depois...
Corta para:
Cena 13.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Vitória e
Tia Pombinha estão sentadas conversando.
Vitória – Pombinha,
já se passaram muitos meses desde a sua vinda para a minha casa, e até agora
nada dessa Gaivota aparecer, quem ela é?
Tia
Pombinha – Eu também não sei, ela parou de se corresponder
comigo.
Vitória ri
fartamente.
Tia
Pombinha – O que tá acontecendo?
Vitória – Eu já sei
quem é essa gaivota. Na verdade ela não é uma gaivota, ela é uma pomba.
Tia
Pombinha – Novamente você achando que sou eu.
Vitória – Eu não vou
discutir, mas se essa Gaivota não aparecer você sofrerá as duras penas.
Tia
Pombinha fica assustada. Nesse instante Milena desce as escadas, com uma
barriga de nove meses de gestação.
Milena – Bom dia.
Milena se
senta ao lado de Tia Pombinha.
Milena – Esse peso
da barriga está acabando comigo.
Tia Pombinha
– Mas
já está para nascer né?
Milena – Daqui uma
semana no máximo.
Tia
Pombinha – E mesmo assim vocês querem viajar para o Rio de
Janeiro?
Vitória – Quero que o
meu neto nasça lá, que seja carioca. Quero no futuro, fazer parte da Elite Mor
Carioca.
Tia
Pombinha – Ou seja, pretende se mudar para a Cidade
Maravilhosa?
Milena – Nós
pretendemos sim.
Tia
Pombinha – E viajam quando?
Vitória – Milena e eu
viajaremos amanhã.
Tia
Pombinha – E o Miguel vai sozinho hoje?
Vitória – Ele vai com
a Eneida. Nós passaremos o Réveillon na praia de Copacabana.
Tia
Pombinha – Ficarei na mansão sozinha?
Milena – Você e a
Tereza.
Vitória – Se bem que
você poderia passar o ano novo com a sua amada sobrinha Meg.
Tia
Pombinha – Vou ver com ela. É um caso a se pensar.
Vitória e
Milena se olham com cara de deboche.
Corta para:
Cena 14.
Casa de Fernanda/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.
Eva está
com uma barriga de nove meses de gestação, arrumando suas malas. Ela tira
roupas do armário e coloca em sua mala. Malu está deitada em sua cama,
conversando com ela.
Malu – Que sonho
hein. Entrar o ano no Réveillon mais famoso do mundo.
Eva – Eu não
queria ir por causa da gestação, mas o Miguel insistiu.
Malu – Você tem
que aproveitar, daqui a pouco seu filho nasce e você tá aí com a vida estagnada.
Eva – Disse o
Miguel, que já deixou um médico em alerta lá no Rio, quero só ver.
Eva
continua arrumando suas malas.
Corta para:
Cena 15.
Mansão Trajano/ Piscina/ Ext./ Dia.
Meg,
Mafalda, Téo e Álvaro estão na piscina.
Meg – Quanto
tempo não fazíamos um programa a quatro.
Álvaro – Cada um tem
seus compromissos Meg, acaba dificultando.
Mafalda – As eleições
se aproximam, você vai ter coragem se se candidatar?
Meg – É lógico. E
vou ganhar. Mais quatro anos mamando nas tetas gordas do governo.
Téo – Seu
objetivo deveria ser melhorar a cidade. Ajudar quem necessita.
Mafalda – Virtudes,
essa palavra a Meg desconhece.
Meg sai da
piscina irritada.
Téo – Dessa vez
você pegou pesado demais. Não pode falar assim com a sua irmã. Mafalda vai
atrás dela.
Álvaro – Deixa Téo,
a Mafalda tá certa. A Meg tem que aprender. Eu mesmo estou de saco cheio dela e
da personagem que ela criou.
Mafalda – Você quer
se separar da Meg?
Álvaro – Eu tô
apaixonado por outra. E a Meg já não me atrai mais.
Close em
Meg, de longe e escondida, escutando tudo.
Corta para:
Cena 16.
Mansão Amadeu/ Jardim/ Ext./ Dia – Noite.
(Música
“Luxúria” – Isabela Taviani). Transposição do dia para a noite mostrando
imagens do belíssimo jardim da família Amadeu.
Corta para:
Cena 17.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Noite.
Vitória
está sentada no sofá, tomando licor, quando a campainha toca. Teresa vem da
cozinha e atende. Meg entra desesperada.
Meg
(nervosa) – Vitória, eu preciso da sua ajuda urgente, por favor!
Vitória e
Teresa ficam espantadas.
Vitória (a
Teresa) – Pode voltar pra senzala. Aqui na Casa Grande, a sinhá não
precisa mais dos seus trabalhos.
Teresa
(saindo) – Com licença.
Teresa sai
em direção à cozinha.
Meg
(desesperada) – Você precisa me ajudar. Precisamos bolar um plano urgente,
por favor.
Vitória – O que
aconteceu criatura?
Meg – Eu tô a
beira de um colapso nervoso.
Tia
Pombinha (descendo as escadas) – Isso nós estamos vendo, eu quero
saber, o motivo pelo qual, você está soltando essa franga toda. Há anos não te
vejo assim.
Meg (séria)
– Tia
Pombinha, suma da face da Terra.
Vitória – Essa mala
sem alça veio para cá.
Tia
Pombinha – E serei eternamente grata a Gaivota por isso.
Meg – Quem é
Gaivota?
Vitória – Vamos ao
meu escritório, lá conversaremos com mais privacidade.
Vitória se
encaminha em direção ao escritório e Meg a segue. Tia Pombinha se senta no
sofá.
Tia
Pombinha (gritando) – Teresaaaaaaaa.
Teresa
chega à sala.
Teresa – Pois não,
dona Pombinha.
Tia
Pombinha – Traga-me um suco de luz e um misto quente com
presunto de Parma e ricota.
Teresa
(saindo) – Sim senhora!
Tia
Pombinha (pra si) – Eu tirei a sorte grande. Antero morreu pra me dar
vida mansa.
Corta para:
Cena 18.
Casa de Fernanda/ Calçada/ Ext./ Noite.
Miguel está
colocando a última mala no carro. Fernanda e Eva vêm de dentro da casa e param
na calçada.
Miguel – Tem mais
alguma bagagem amor?
Eva – Tem não.
Eram essas mesmo.
Fernanda
(preocupada) – Tem certeza de que quer passar esse bendito
réveillon no Rio de Janeiro? Eu acho muito arriscado.
Eva – Vai dar tudo
certo tia Fernanda. Além do mais, o meu noivo está comigo e tem um médico lá.
Fernanda – Mas e no
caminho? E se essa criança quiser nascer no caminho?
Miguel – Fique calma
dona Fernanda. Iremos por rodovias com pedágios, tem médicos, ambulâncias e
tudo mais de plantão nas rodovias. Mas garanto que a Eva ainda voltará grávida.
Esse bebê vai nascer aqui na cidade.
Eva – Agora temos
que ir tia, vamos pegar a estrada de uma vez.
Fernanda
abraça Eva e em seguida abraça Miguel.
Fernanda – Vá em paz
minha querida.
Eva e
Miguel entram no carro e saem.
Fernanda
(triste/ pra si) – Algo dentro de mim, diz que essa viagem não é uma
boa coisa.
Corta para:
Cena 19.
Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Noite.
Vitória e
Meg estão sentadas conversando. Meg está muito tensa.
Vitória – Diga de uma
vez Meg, o que te trouxe aqui tão desesperada?
Meg – Quando eu
era criança, eu pedi ao meu pai uma boneca de porcelana, ela era linda, grande,
perfeita, além de ser muito cara. No natal eu ganhei a tal boneca, mas depois
de alguns meses eu passei a não dar importância para a boneca, comecei a gostar
de outras coisas, e a boneca foi ficando esquecida na prateleira.
Vitória – Mas o que
tem isso?
Meg – Meu pai
vendo que eu não ligava mais para a boneca, decidiu doá-la para um orfanato.
Quando cheguei da escola e vi a prateleira com um espaço vazio, eu dei um
ataque. Eu não ligava mais para a boneca, porque eu sabia que ela estava ali,
comigo.
Vitória – O que uma
boneca de porcelana tem haver com seu desespero? Teve pesadelo com ela?
Meg – É o Álvaro.
Hoje eu o ouvi dizer a Mafalda que vai se separar de mim.
Vitória – Isso é obra
daquela sua irmã. A Mafalda sempre teve inveja de você, posso garantir.
Meg – Assim como
a boneca, o Álvaro anda meio esquecido por mim, mas ele é meu, entende? Não
quero perde-lo. E para isso, preciso da sua ajuda.
Vitória – Tarde
demais Meg. Agora não posso te ajudar, pois tenho planos maiores e melhores.
Não dá pra eu parar um plano de meses, para atender a picuinhas de casal, até
porque eu não sou terapeuta.
Meg olha
com espanto para Vitória.
Meg – Eu tô
ouvindo direito? Você não vai me ajudar?
Vitória – Tenta
entender Meg, estou focada num plano muito maior do que esse descarrilamento da
sua vida conjugal. Eu posso te ajudar mais pra frente, mas agora, tô de pés e
mãos atadas.
Meg
(gritando) – Eu sempre te ajudei em tudo. Te ouvi, te aconselhei,
te acobertei durante todos esses anos. Você é mesmo uma ingrata.
Vitória – Meça suas
palavras. Eu não sou a sua irmã.
Meg – A Mafalda
sempre teve razão, você só olha para o próprio umbigo. É um ser vil e abjeto.
Tantos anos de dedicação, para ouvir um não como resposta. Eu sou mesmo uma
otária.
Vitória se
levanta.
Vitória – Saia da
minha casa Meg. Você está com a cabeça quente por causa da ameaça do Álvaro.
Outro dia, quando eu voltar da viagem, nós conversaremos melhor.
Meg – Uma
promessa eu faço aqui e agora, eu juro pela minha alma, que nunca mais quero
olhar pra essa sua cara deprimente. Nunca mais vou respirar o mesmo ar maligno
que você. O seu castigo está chegando Vitória, ou devo dizer, Nameless?
Vitória
(séria) – Saia daqui!
Meg se
levanta e sai apressada.
Corta para:
Cena 20. Flores/
Pontos Turísticos/ Exterior/Noite- Dia
Transposição
da noite para o dia. (Música “Uma história de Amor” – Fanzine.) Vista aérea,
plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da
fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de
mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da
cidade, feito de madeira envernizada e coberto por telha colonial portuguesa,
com o letreiro “Bem vindo à Flores”. 2º: Praça Central, com um lindo chafariz
no meio, cercada por bancos com pessoas e animais domésticos, além de alguns
vendedores de pipocas e brinquedos. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro
mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com
iluminação interna, cercado por um grande gramado que é delimitado por canteiro
de diversas flores campestres.
Corta para:
Cena 21.
Mansão Amadeu/ Sala de Jantar/ Int./ Dia.
Tia
Pombinha, Eneida e Milena tomam café da manhã.
Eneida – Quanto
tempo você pretende ficar aqui Pombinha?
Tia
Pombinha – Não sei, depende de uma amiga minha aí.
Milena – Podemos
saber qual amiga?
Tia
Pombinha – O que posso adiantar, é que muito em breve, vocês
terão uma grande surpresa. A Vitória pode não gostar muito dessa surpresa.
Nesse
instante Vitória chega à sala.
Vitória – Do que eu
posso não gostar? Desembuche Pombinha.
Tia
Pombinha – Gaivota. Ela me mandou uma carta hoje e disse que em
breve estará aqui.
Eneida
(confusa) – Quem é Gaivota? O que esse ser tem haver com a
Vitória?
Vitória
(séria) – A Pombinha deve estar variando.
Tia
Pombinha – Deve ser mesmo.
Todas
voltam a tomar café em silêncio.
Vitória – Já arrumou
suas coisas Milena?
Milena – Tô pronta!
Vitória – Vá buscar
suas coisas. Partiremos em dez minutos.
Milena se
levanta e sai da sala de jantar.
Tia
Pombinha – E posso saber pra onde vocês vão?
Vitória
(séria) – Cada uma guarda os segredos que tem. Enquanto essa Gaivota não
vem, vou eu voar e buscar uma encomenda muito importante.
Tia
Pombinha – E eu vou passar o réveillon sozinha?
Eneida – Vai.
Vitória – E você
Eneida, vai para onde?
Eneida – O Lucído me
chamou para passar com ele e a família dele.
Vitória – Já vi tudo.
O belo casalzinho vai se reconciliar, que lindinho. Seria cômico, se não fosse
trágico.
Vitória se
levanta.
Vitória – Olha só
Pombinha, eu vou, mas volto. E fala pra essa Gaivota, que estou armando uma
para ela, maior do que ela pode pensar.
Vitória sai
e Tia Pombinha fica preocupada.
Corta para:
Cena 22.
Rio das Flores/ Pontos Turísticos/ Ext./ Dia.
(Música
“Gentileza” – Marisa Monte). Imagens da Prefeitura, da praça central, do
Cruzeiro e terminando na Praça da Matriz de Santa Tereza D’Ávila.
Corta para:
Cena 23.
Rio das Flores/ Matriz Santa Tereza D’Ávila./ Ext./ Dia.
O dia está
ensolarado. A praça está vazia e Eva e Miguel saem abraçados do interior da
igreja e se sentam em um banco da praça.
Eva
(deslumbrada) – Que cidadezinha linda.
Miguel – Eu também
amo Rio das Flores. Você precisa conhecer as fazendas do império do café, são
divinas. Já serviram de locação para novelas, filmes e minisséries.
Eva – E a igreja?
Nossa, achei perfeita demais. Lindíssima.
Miguel – Sabe quem
foi batizado aqui? Santos Dumont, o pai da aviação.
Eva
(surpresa) – Mentira?
Miguel – É verdade.
Tem até o busto dele, esculpido aqui. Vamos lá para você ver.
Eva e
Miguel se levantam e vão até a estatueta de Santos Dumont, e observam, entre
beijos e abraços.
Corta para:
Cena 24.
Rio das Flores/ Centro Cultural/Sala de Apresentações/ Int./ Dia.
Uma sala,
igualmente as salas de teatro. No palco, um grupo de crianças, da Camerata
Rioflorense, canta o hino do município de Rio das Flores. Várias pessoas estão
na plateia, entre elas: Miguel e Eva.
Corta para:
Cena 25.
Livraria Dom Casmurro/ Salão Principal/ Int./ Dia.
O movimento
está fraco. Téo está no caixa, quando Tamara desce as escadas e para próxima a
ele.
Tamara – E o
movimento?
Téo – Fraquíssimo.
Há semanas que a coisa tá fraca.
Tamara
(preocupada) – Meu Jesus, o que será que estou fazendo de errado?
Téo – Fique
calma, não deve ser culpa sua.
Tamara – Acabei de
ter uma conversa tensa com o Lucas. Ele disse que se a livraria continuar dando
mais dividendos do que lucros terá que vendê-la.
Téo
(assustado) – Isso quer dizer que podemos ser demitidos?
Tamara – Você nem
tanto, mas eu sim. Só de pensar, me dá calafrios.
Tamara sai
e Téo fica pensativo.
Corta para:
Cena 26.
Rio das Flores/ Padaria Polly/ Int./ Dia.
Eva e
Miguel adentram a padaria, que está um pouco cheia e Eva sente uma leve
tontura.
Miguel
(preocupado) – Você tá bem meu amor?
Eva – Estou um
pouco indisposta.
Miguel – É só um
instante. Vou pegar algo pra gente comer.
Eva – Enquanto
isso vou me sentar naquela pracinha pra te esperar.
Miguel dá
um selinho em Eva, que sai da padaria.
Corta para:
Cena 27.
Rio das Flores/ Pracinha/ Ext./ Dia.
Eva
atravessa a rua e chega à pracinha, sentando-se em um banco, onde está um
adolescente, moreno, aparentando ter entre 15 e 17 anos.
Eva – Essa cidade
é quente né?
Rapaz – A senhora
não é daqui né?
Eva – Não. Sou do
interior do Espírito Santo. Qual o seu nome?
Rapaz – Me chamo
João. João Carvalho, e você?
Eva – Eva
Magalhães.
João – Prazer em
conhecê-la.
João e Eva
sorriem amigavelmente, quando Eva sente uma contração muito forte.
Eva
(gritando) – Ai, meu bebê!
João
(desesperado) – A senhora tá passando bem?
Eva sente
mais uma pontada e vê que sua roupa está molhada.
Eva
(sentindo dor) – A minha bolsa estourou, ai meu Deus, vai nascer.
Nesse
instante Miguel vem da padaria rapidamente.
Miguel – O que está
havendo?
João – Acho que
ela tá começando a dar a luz.
Miguel
(desesperado) – Onde é o hospital mesmo?
João – Eu te
explico.
Miguel – Vamos no
meu carro.
Miguel pega
Eva no colo e entra no carro. João entra em seguida e eles saem desesperados.
Corta para:
Cena 28.
Carro de Vitória/ Int./ Dia.
Vitória
está dirigindo, enquanto Milena está olhando o celular.
Vitória – Que tanto
você olha esse celular, eu posso saber?
Milena – Você vai
enfartar quando souber.
Vitória – Sem rodeios
Milena, fala de uma vez.
Milena
(feliz) – O bebê da Eva nasceu.
Vitória
(chocada) – O que? Sério?
Milena – Sim, é
verdade.
Vitória
(feliz) – Meu futuro, meus dólares, minhas viagens. Tudo isso tá
garantido.
Milena – Miguel está
em Rio das Flores. A vaca acabou tendo o parto lá.
Vitória – Então vamos
direto para o Rio, tenho que preparar a Ellen e o sanatório.
Milena – Tem certeza
disso?
Vitória – Para que
essa Eva nunca mais nos perturbe, ou é o sanatório, ou a morte. Qual você
escolhe?
Milena fica
chocada.
Corta para:
Cena 29.
Hospital/ Sala de Espera/ Int./ Dia.
João está
sentado em uma cadeira, enquanto Miguel anda de um lado para o outro, até que o
médico aparece.
Miguel
(desesperado) – E aí, como foi? E meu filho, como está?
Médico – Seu meninão
está ótimo. Nasceu saudável e tudo mais. Sua esposa está dormindo agora.
Miguel – Posso
vê-los?
Médico – É claro,
vamos lá.
João – Será que
posso ir também?
Miguel – Não. Já
ajudou, agora pode caçar seu rumo.
Miguel e o
médico adentram ao hospital.
Corta para:
Cena 30.
Hospital/ Quarto/ Int./ Dia.
Eva está
dormindo, e ao lado, num berçário está o filho dela, também dormindo. O médico
e Miguel entram, e a enfermeira que estava no local, sai.
Miguel vai
até o berçário e fica admirando o bebê.
Miguel
(pomposo) – Esse narizinho parece com o meu. Acho que esse
garoto é todo meu.
Médico – Parabéns
papai.
Miguel
vira-se para o médico.
Miguel
(sério) – Há um assunto que eu preciso resolver com o senhor.
Médico – Mas o que
é? Diga-me.
Miguel – Eu e a
minha esposa, estávamos fazendo uma viagem e paramos aqui em Rio das Flores por
acaso. Será que teria como o senhor dar alta aos dois, para seguirmos nossa
viagem?
Médico – Você quer
isso hoje?
Miguel – O quanto
antes.
Médico – Não posso.
É antiético. Além do que, colocaria em risco a saúde dos dois.
Miguel abre
a carteira e retira do bolso um bolo de dinheiro e coloca no bolso do jaleco do
médico.
Miguel – Nem assim,
a gente se acerta?
Médico – Vou assinar
o papel da alta.
Miguel – Antes,
queria que desse um sedativo a minha esposa. Para que ela não visse a viagem.
Também queria alugar uma enfermeira, para cuidar do meu filho até a chegada ao
Rio de Janeiro.
Miguel retira
outro bolo de dinheiro e coloca nas mãos do médico, que pega e enfia no bolso.
Médico – Vou
providenciar isso tudo, só um minutinho.
Corta para:
Cena 31.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Tia
Pombinha está sentada, falando ao telefone.
Tia Pombinha
(tel.) – Tenha muito cuidado Gaivota, a Vitória está tentando saber quem
é você. Essa viagem misteriosa dela me deixou encucada. (PAUSA) Você acha isso? Não sei, mas tenha muito cuidado. E sabe
quando você vem a Flores? (PAUSA) Depende
de que pessoa? Tome muito cuidado, ou a Vitória nos elimina.
Tia
Pombinha desliga o celular e Eneida começa a descer as escadas.
Eneida – Falava com
quem?
Tia
Pombinha – Não é da sua conta, mas eu vou dizer. Eu falava com
Meg, minha sobrinha.
Eneida – Só um aviso
Pombinha: Se estiver tentando passar a perna na Vitória, cuidado, porque ela é
muito má e pode acabar com você, sem dó nem piedade. Agora me deixa tomar meu
sol.
Eneida sai
e Tia Pombinha fica aflita.
Corta para:
Cena 32.
Casa de Fernanda/ Sala/ Int./ Dia.
A sala está
vazia, quando a campainha toca. Malu desce as escadas e abre a porta, sendo
surpreendida por Edu, que dá um beijaço nela.
Malu se
solta e dá um tapa na cara de Edu.
Malu
(nervosa) – Você tá louco?
Edu – Louco por
você.
Malu – Vai beijar
a Tamara. Não é com ela que você se esfregou pra todo mundo ver?
Edu – Tenta
entender Malu, nada daquilo teve importância pra mim. Eu amo é você. A Tamara
foi acidente de percurso, aconteceu sem eu querer. Depois daquilo, nunca mais
ouve nada.
Malu – Me esqueça Edu,
vai atrás da sua queridinha lá. Eu não te quero mais.
Edu – Tem certeza
disso Malu?
Malu
permanece quieta.
Edu – Tem certeza
Malu? Se você disser que me quer, a gente volta a namorar agora, mais firme do
que nunca, e aí não vai ter minha mãe, não vai ter Tamara, não vai ter nada que
nos separe. Mas se você não me quiser, eu vou atrás da minha felicidade, vou
tentar te esquecer. Vou pro Rio de Janeiro, pra casa do meu pai e nunca mais
apareço aqui, o que é que você quer?
Malu – Sai da
minha casa, sai da minha vida. Eu não quero mais você.
Edu
(cabisbaixo) – Então tá bem. Seja feliz!
Edu sai.
Malu fecha a porta e começa a chorar.
Corta para:
Cena 33.
Bairro Elevado/ Rua/ Ext./ Dia.
Edu está
andando sem rumo, chorando, até que para próximo a uma ponte e vê seu reflexo
na água. Ele seca as lágrimas.
Edu (sério)
– Eu
juro que a partir de hoje, nunca mais vou chorar por mulher nenhuma, nunca mais
vou sofrer. Vou me tornar um cara frio, gélido.
Corta para:
Cena 34.
Rio de Janeiro/ Jardim Botânico/ Ext./ Dia-Noite.
(Música
“Águas de Março” – Tom Jobim). Transposição do dia para a noite. Tomada com
imagens do bairro. Pessoas caminhando, conversando, chegando do trabalho. Takes
das principais ruas do Bairro.
Corta para:
Cena 35.
Rio de Janeiro/ Sanatório/ Ext./ Noite.
O carro de
Vitória para no portão do sanatório, até que ele se abre automaticamente, e o
carro entra.
Corta para:
Cena 36.
Sanatório/ Sala de Estar/ Int./ Noite.
A sala está
vazia, Ellen entra no local com Vitória.
Ellen – Sua nora
não quis entrar?
Vitória – Essa
conversa é entre a gente.
Ellen – Então a
menina está prestes a vir?
Nesse
instante Yvete está adentrando ao local, quando vê que Vitória e Ellen estão
conversando, ela arregala os olhos, surpresa, e se esconde numa pilastra.
Vitória – Amanhã o
Miguel chega com a encomenda. Bem cedo ele estará aqui.
Ellen – ótimo.
Vitória – Eu espero
não haja falha da sua parte. Essa menina terá que viver dia e noite dopada. Mas
amanhã eu venho aqui me mostrar para ela. É uma vingancinha pessoal.
Ellen – Aqui tudo
está sob controle. Podem vir amanhã.
Vitória e
Ellen se olham. Vitória sai do local.
Corta para:
Cena 37.
Sanatório/ Jardim/ Ext./ Noite-dia.
Transposição
da noite para o dia. Ellen se senta na varanda, até que o carro de Miguel e de
Vitória param no jardim. Miguel desce do carro carregando Eva e Vitória vem ao
seu lado.
Ellen – Tragam para
um quarto aqui.
Corta para:
Cena 38.
Sanatório/ Quarto/ Int./ Dia.
Ellen está
terminando de amarrar Eva. Miguel está com uma caneca nas mãos.
Vitória
pega a caneca da mão de Miguel e despeja a água no rosto de Eva, que acorda
assustada.
Eva – Onde estou?
Cadê meu bebê?
Miguel
(gritando) – Cala boca sua vaca.
Eva – Que isso
Miguel? Você nunca falou assim comigo.
Miguel – Então tá na
hora de você aprender quem manda aqui. Você é uma chata. Sem graça, eu odeio
você.
Eva – Eu não vou
ficar nesse lugar desconhecido, ouvindo suas ladainhas. Vou embora.
Eva tenta
se levantar e percebe que está amarrada.
Eva – Eu quero
sair, me tira daqui!
Vitória – Você pensa
que vai onde?
Eva – Pra
qualquer lugar longe de vocês. Cadê meu filho?
Nesse
instante Milena entra no quarto com o bebê nos braços.
Eva
(nervosa) – Tira as mãos do meu filho, sua nojenta.
Milena – Esse filho
agora é meu. Você perdeu Eva Magalhães, perdeu!
Eva começa
a chorar.
Miguel – Tadinha.
Vai chorar por causa de um filho? Eu detesto você Eva. Só fiquei com você, para
ter um filho seu e com isso ganhar a minha herança.
Eva – E por que
eu?
Miguel – Porque a
Milena é estéril e você é uma vagabunda que se deitou comigo muito facilmente.
Eva – Eu ainda
vou acabar com vocês.
Vitória
chega próximo de Eva e cospe em seu rosto.
Vitória – Gostou? É
tudo o que você vai ter de mim e da minha família.
Milena,
Vitória e Ellen saem do quarto.
Miguel – Agora somos
só você e eu, novamente.
Eva – Me tira
daqui seu porco nojento.
Miguel – Vá pro
inferno.
Miguel sai
do quarto.
Eva
(gritando) – Me tira daqui! Socorro!
Corta para:
Cena 39.
Sanatório/ Varanda/ Ext./ Dia.
Miguel e
Ellen estão conversando.
Miguel – Sob
hipótese alguma, você deixa essa garota lúcida hein.
Ellen – Deixa
comigo.
Miguel – Vou te dar
sua parte no trato.
Miguel
retira um envelope e entrega a Ellen.
Ellen
(feliz) – Você é um anjo.
Miguel – Cuide
pessimamente dessa garota.
Miguel
entra no carro e sai. Ellen vai para dentro do sanatório.
Corta para:
Cena 40.
Sanatório/ Quarto/ Int./ Dia.
Eva está
gritando, até que Yvete aparece.
Eva
(desesperada) – Por favor, me ajuda.
Yvete – Calma, eu
vou te ajudar, só um minuto.
Yvete se
esconde atrás da porta. Segundos depois, Ellen entra no quarto com uma seringa
imensa.
Ellen (a
Eva) – Tá na hora do remedinho, baby!
Close no
olhar amedrontado de Eva.
Corta para:
FIM
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