Capítulo 24
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Cena 01.
Sanatório/ Quarto/ Int./ Dia.
Continuação
imediata do capítulo anterior.
Eva está
gritando, até que Yvete aparece.
Eva
(desesperada) – Por favor, me ajuda.
Yvete – Calma, eu
vou te ajudar, só um minuto.
Yvete se
esconde atrás da porta. Segundos depois, Ellen entra no quarto com uma seringa
imensa.
Ellen (a
Eva) – Tá na hora do remedinho, baby!
Close no
olhar amedrontado de Eva.
Ellen se aproxima
com a seringa, até que Yvete sai de trás da porta.
Yvete
(séria) – Você não deveria fazer isso, Ellen.
Ellen se
assusta e volta seu olhar para Yvete.
Ellen – O que faz
aqui sua velha?
Yvete – Você não
pode aplicar remédios na nova paciente daqui. Ela ainda não passou por
avaliação do psiquiatra e de um neurologista.
Ellen – Ela já veio
com um laudo.
Yvete – Se veio,
onde ele está?
Ellen – Não me
amola.
Yvete – Se você
tentar aplicar essa injeção nela, eu conto tudo para o Fabrício e para a Ana
Rosa, aí a sua dor de cabeça vai ser bem maior, assim como, explicar a origem
dessa paciente.
Ellen – Por hoje
você ganhou, mas me aguarde Yvete. Rapidamente eu vou te colocar para fora
desse lugar.
Ellen olha
Yvete com um olhar mortal e sai do quarto.
Eva (aliviada)
– Obrigada
por me salvar.
Yvete – Eu já
estava te esperando há meses.
Eva
(confusa) – Como assim?
Yvete – Um tal de
Miguel, planejou há uns sete ou oito meses atrás te trazer para cá, com a ajuda
dessa demônia da Ellen, ele colocou o plano em prática.
Eva – Eu fui uma
idiota, ele me enganou. Disse ser solteiro, separado, mas na verdade, quis me
engravidar e roubar o meu filho, para dar a esposa dele.
Yvete – Eu sei por
que ele fez isto com você.
Eva – E o que de
fato ele quer? Eu não entendi o objetivo.
Yvete – Vou te
desamarrar, mas se prepare, o plano dele é macabro.
Corta para:
Cena 02.
Praia de Copacabana/ Ext./ Dia.
Vitória
está sentada em uma cadeira de praia tomando água de coco. Ao lado, está
Miguel, sentado na areia.
Vitória – Enfim,
libertos. Agora sim, somos milionários.
Miguel – É mãe,
agora a nossa vida vai ser perfeita.
Vitória – Mais que
perfeita. Eu vou aprontar minhas malas, quero viajar ainda essa semana.
Miguel – Os tramites
vão demorar um pouco mãe, já liguei hoje cedo para o Álvaro e tratei tudo com
ele, creio que a senhora só consiga viajar semana que vem.
Vitória – Quero
passar um mês no Leste Europeu. Sem pensar em Milena, em bebê chorando. Mas tem
um, porém.
Miguel – Diga.
Vitória – Aquela tia
dela, a Fernanda, vai querer saber onde a sobrinha está enfiada.
Miguel – A história
é a seguinte: “A Eva descobriu que vou ter um bebê com a Milena e do Rio de
Janeiro, decidiu voltar para as origens em Itaperuna e me deixou. Eu tentei
ligar, argumentar, mas foi em vão.”.
Vitória
sorri.
Miguel – Diz que a
história não é perfeita? Me livrei da mala da Eva e ainda por cima, livrei a
tia dela também.
Vitória – Você é
sempre um arraso.
Miguel – Agora, eu
vou esfriar minha cabeça no mar. Deixar toda essa negatividade lá.
Miguel se
levanta e sai em direção ao mar.
Corta para:
Cena 03.
Sanatório/ Jardim/ Dia.
Yvete e Eva
estão sentadas em um banco, conversando.
Yvete – E essa é
toda a história.
Eva
(chocada) – Então quer dizer que o Miguel tinha uma herança pra
receber e dependia de um filho legítimo?
Yvete – Exatamente.
Eva – Mas tem uma
coisinha que não bate nessa história. Se o Miguel queria um filho, se ele ainda
é casado com a Milena, por que cargas d’água, ele não teve filho com ela? Seria
muito mais fácil. Esse seria o desenrolar natural das coisas.
Yvete – Seria tudo
fácil demais né, mas há um, porém. Eu também fiquei meses pensando nisso. A
Milena só pode ser estéril, só isso explicaria eles terem arquitetado esse
plano.
Eva – Então eu
acho que vou ligar para a polícia.
Yvete – E vai
contar toda essa obra fantasiosa?
Eva – É a minha
única saída.
Yvete – E vai
provar como?
Eva – Com um
teste de DNA. Eu conto tudo a polícia, eles pegam a criança, a gente faz o
teste e prova que de fato o filho é meu.
Yvete – Tudo seria
lindo demais, se estivéssemos numa novela, mas isso daqui é vida real, baby. O
Miguel pode sumir com essa criança e além do mais, depois que ganhar essa
herança, ele pode acabar com a vida do seu filho.
Eva
(triste) – Nem fale uma coisa dessas. Eu morro se perder meu
filho.
Yvete – Eu sei um
jeito de você se aproximar dele.
Eva – Como?
Yvete – Casando-se
com o irmão dele.
Eva – Você tá
maluca né?
Yvete – Então
esqueça de uma vez que um dia você teve um filho e deixe o Miguel ficar rico e
poderoso, enquanto você mofa aqui dentro.
Yvete se
levanta e sai. Eva continua pensativa.
Corta para:
Cena 04.
Hotel Copacabana Palace/ Quarto/ Int./ Dia.
Milena está
segurando o bebê, tentando niná-lo, mas ele não para de chorar.
Milena (ao
bebê) – Para de chorar meu filho, por favor! Mamãe está até com uma dor
de cabeça horrível.
Milena
continua ninando o bebê, que prossegue com um choro bem alto e agudo. Pouco
depois, Vitória e Miguel chegam ao quarto.
Vitória
(gritando) – Faz esse bebê para de chorar gazela do asfalto.
Milena – Tô
tentando, mas tá complicado.
Miguel – Eu odeio
choro de criança. Vou nessa.
Milena – Vai pra
onde?
Miguel – Qualquer
lugar, onde essa criança não me infernize.
Vitória se
encaminha ao banheiro.
Milena – Mas é seu
filho.
Miguel – Só tive,
porque fui obrigado. Por mim, depois que a grana saísse, a gente jogava numa
caçamba de lixou, ou colocava pra estudar na Europa...melhor, mandava pro
Tibet.
Miguel sai.
Milena (ao
bebê) – Não liga não filho, mamãe te ama muito e vai te dar um nome bem
lindo. Só espere a gente chegar a Flores.
Milena
continua ninando o bebê, que vai diminuindo a frequência do choro.
Corta para:
Cena 05.
Apto. de Ana Rosa e Fabrício/ Quarto/ Int./ Dia.
Ana Rosa
está deitada na cama, pensativa.
***INSERT
do flashback a ser gravado***
Mansão
Amadeu/ jardim/ ext./ dia.
LETREIRO:
2012.
Jardim todo
enfeitado para um casamento, no altar: o padre, Vitória e Ângelo, já do outro
lado está Ana Rosa, Fabrício e mais um casal. Todos vestidos socialmente.
Um grande
número de convidados de pé, olhando Milena, que está vestida de noiva, caminhar
por um tapete vermelho até chegar a Miguel.
Ocorre uma
passagem de tempo, Miguel e Milena se beijam no altar, sob o olhar triste de
Ana Rosa.
Corta
para:
Mansão
Amadeu/ Banheiro/ Int./ Dia.
Ana Rosa
está retocando a maquiagem, quando Miguel entra no banheiro.
Ana Rosa – Banheiro
errado.
Miguel
chega por trás dela e a agarra.
Ana Rosa
(tentando se desvencilhar) – Sai daqui, me larga. Vai dar
atenção a sua noivinha. Hoje o dia é de vocês.
Miguel – Mas é você
que eu quero.
Ana Rosa
vira-se para Miguel.
Ana Rosa
(séria) – Eu não vou continuar sendo a outra na sua vida, não vou enganar
novamente a minha melhor amiga. Aliás, estou me enganando. Tudo que você quer,
é roubar a minha juventude Miguel. Chega.
Miguel
(charme) – Você fala demais. Chegou a hora de agir.
Miguel e
Ana Rosa dão um beijo avassalador.
***FIM
do INSERT do flashback***
Ana Rosa
continua pensativa, e nem percebe a presença de Fabrício no quarto, que está
trocando de roupa.
Ana Rosa
(pra si/ pensativa) – Não, isso não pode acontecer mais uma vez.
Fabrício – Isso o que?
Tô aqui falando há minutos com você, que não me responde.
Ana Rosa
desperta de seus pensamentos.
Ana Rosa – Nem te vi
aí.
Fabrício – Eu percebi,
mas diga-me, o que é que não pode acontecer mais uma vez?
Ana Rosa
(sem jeito) – Nada...nada mesmo. Nem sei do que estava falando.
Fabrício – Hoje não
irei para o Sanatório. Amanhã eu dou uma passada por lá.
Ana Rosa – Eu vou
hoje, preciso conversar um pouco com a Yvete.
Fabrício
continua se arrumando e Ana Rosa, volta para seus pensamentos.
Corta para:
Cena 06.
Sanatório/ Fachada/ Ext./ Dia.
CAM mostra
as imagens do local. Diálogo da cena seguinte.
Eva (off) –
Posso
entrar?
Yvete (off)
– Mas
é claro.
Eva (off) –
Eu
pensei no que você me falou agora a pouco.
Corta para:
Cena 07.
Sanatório/ Quarto de Yvete/ Int./ Dia.
Yvete está
sentada em uma cadeira de balanço, olhando pela janela e Eva está de pé na
porta.
Yvete – E qual foi
a sua decisão?
Eva – Eu vou
montar o plano que você me sugeriu.
Yvete olha
para Eva.
Yvete – Entra,
fecha a porta e sente-se.
Eva entra,
fecha a porta e se senta na cama de Yvete, de frente para ela.
Eva – Eu quero
ter o meu filho de volta, mas mais que isso, eu quero acabar com a vida do
Miguel, da Milena, e principalmente, daquela mãe dele, a Vitória Amadeu.
Yvete – Então está
falando com a pessoa certa. Eu posso te indicar isso tudo, desde que você me
ajude numa coisa.
Eva – No que você
quiser.
Yvete – Que me leve
para Flores junto com você e que me infiltre num lugar aí.
Eva – E posso
saber que lugar é esse?
Yvete – Na hora
certa.
Eva – Sendo assim,
eu aceito. Agora, como faremos para que eu me case com o irmão daquele demônio?
Yvete – Eu vou
puxar a ponta mais fraca dessa história, que é a atual mulher dele, a Ana Rosa.
Eles não se amam, e ela é apaixonada pelo Miguel, acho que no passado tiveram
um caso. Eu vou fazer ela aflorar ainda mais esse sentimento que ela sente por
ele, enquanto você, vai dar ao Miguel, o que ele não tem em casa: amor,
dedicação e companheirismo.
Eva – Mas isso
vai me tomar muito tempo, e nada garante que ele casará comigo.
Yvete – Não. Mas te
prometo ser ligeira. Ana Rosa me prometeu vir aqui hoje, e com isso, a farei
esquecer esse Fabrício. O caminho ficará livre pra você.
Eva – Assim que
eu quero. Só com um homem com dinheiro, eu poderei espezinhar naquela família.
Yvete – Então te
prepara.
Close em
Eva Convicta.
Corta para:
Cena 08.
Cidade Flores/ Pontos Turísticos/ Ext./ Dia-Noite.
(Música “Sou Dela” – Nando Reis.) Vista aérea,
plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da
fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de
mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da
cidade, feito de madeira envernizada e coberto por telha colonial portuguesa,
com o letreiro “Bem vindo a Flores”. 2º: Praça Central, com um lindo chafariz
no meio, cercada por bancos com pessoas e animais domésticos, além de alguns
vendedores de pipocas e brinquedos. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro
mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com
iluminação interna, cercado por um grande gramado que é delimitado por canteiro
de diversas flores campestres. 4º: Fachada da Prefeitura de Flores.
Corta para:
Cena 09.
Prefeitura/ Gabinete da Prefeita/ Int./ Noite.
Meg está
sentada, pensativa. Lui entra na sala sem bater.
Lui – Dona
Méguiiiii, tô indo nessa, tá querida?
Meg
(triste) – Você tem dois minutinhos?
Lui – Vou ganhar
como hora extra? Porque tô na necessidade de reformar o meu banheiro. O bebê já
até disse que faria isso, mas.../
Meg (corta)
– É
como amiga. Eu preciso desabafar ou desabar, se for o caso. Preciso que alguém
me escute e me aconselhe, e acho que nessa vida, eu só posso contar com você.
Lui
(emocionado) – Adoro! Essa foi a mais linda declaração de amor
feita pra mim. Não posso chorar, esse mês meu dinheiro tava curto e, acabei
comprando um rímel que não é a prova d’água. Sabe como é, né, tava na promoção.
Meg – Senta aí,
preciso muito que você me escute e depois me aconselhe.
Lui se
senta.
Meg – Eu já fiz
muita coisa errada nessa vida, Lui. Eu realmente não sou quem parece ser. Sei
que a maioria das pessoas me acha uma fútil deslumbrada, que quis ser prefeita,
apenas por capricho.
Lui – Desculpa
dona Meg, mas não foi?
Meg – Essa coisa
de ser dondoca, é uma máscara, sabe, uma segunda pele, algo que eu precisa para
acobertar um passado ruim e uma alma podre.
Lui – Mas qual o
objetivo de fazer isso?
Meg – Eu
realmente necessitava. O que vou dizer aqui e agora, espero que fique só entre
a gente. É pesado demais e compromete, não só a minha vida, mas a de outras
tantas.
Lui
(beijando os dedos) – Juro, juro, juro, de pé junto e dedinho cruzado
que não conto. Agora, faça que nem dragão e solte o bafo.
Meg respira
fundo.
Meg – Eu não sei
por onde começar Lui, mas eu tô perdendo meu casamento. Álvaro e eu não nos
amamos mais, disso tenho certeza, mas eu queria que ele saísse desse casamento
com uma imagem verdadeira de mim, de quem realmente sou.
Lui – Não tô
entendendo bem.
Meg – No passado,
eu me distanciei aqui da cidade, fui pra capital junto com a Vitória e a
Eneida, lá nós nos tornamos garotas de programa.
Lui fica
chocado.
Meg – A Mafalda
nunca descobriu, mas eu por muito tempo fui uma das pombinhas da Madame
Catalina.
Lui – Eu já ouvi
falar nessa tal madame. Ela foi uma cafetina muito conhecida.
Meg – O problema
não é contar isso, mas o problema é que isso envolve a Vitória, que obviamente,
tem vergonha da origem, assim, como eu. Mas por causa desse segredo, a Vitória
já matou muita gente e eu sei de todos esses crimes.
Lui (surpreso)
– Isso
pode te levar para a cadeia.
Meg – Eu sei, por
isso estou hesitante, não sei se falo ou não para o Álvaro, o que acha?
Lui – Dizer a
verdade, mesmo que pareça ser doido, é a única saída correta. Essa história
vira bola de neve, e antes que essa Vitória acabe com a sua vida, ou te coloque
em outra furada, alguém necessita saber.
Meg
(preocupada) – Mas e se ele me denunciar pra polícia?
Lui – Infelizmente,
é o risco que tem que correr. Também será o preço a ser pago.
Meg fica
pensativa.
Corta para:
Cena 10.
Sanatório/ Corredor/ Int./ Noite.
Ana Rosa
está caminhando pelo longo corredor, quando dá de cara com Ellen.
Ana Rosa – Boa noite
Ellen.
Ellen
(surpresa) – O que faz aqui?
Ana Rosa – Vim
conversar com a Yvete.
Ellen – Aquela
velha tá cada vez mais louca. Se eu fosse você.../
Ana Rosa
(corta/séria) – Como você não é eu dá licença, tenho muito que
conversar com a minha amiga.
Ana Rosa
continua andando e Ellen fica intrigada.
Corta para:
Cena 11.
Sanatório/ Quarto de Yvete/ Int./ Noite.
Yvete está
deitada em sua cama, quando alguém bate a porta.
Yvete (tom
alto) – Pode entrar!
A porta se
abre e Ana Rosa entra. Yvete se levanta.
Ana Rosa – Com
licença.
Yvete – Pensei que
fosse a Caxias da Ellen.
Ana Rosa – Eu
precisava falar muito com você.
Yvete
abraça Ana Rosa.
Yvete
(abraçada) – Já sei, é a dúvida que paira na sua cabeça?
Ana Rosa – É sim dona
Yvete. Eu acho o Fabrício legal, tenho um carinho por ele, mas eu amo o Miguel.
Tentei reprimir esse sentimento de todas as formas, mas não tá dando.
Yvete – Só tem um
jeito: separa do Fabrício o quanto antes e corra atrás da sua felicidade.
Ana Rosa – Não dá. O
Miguel tá casado, e a Milena, a esta altura do jogo, deve ter parido o filho
deles.
Yvete – Quer o
conselho de uma velha que já viveu muito e tem experiência?
Ana Rosa – Eu não
quero, eu preciso!
Yvete – Vai atrás
dele. Larga o Fabrício e embarca nessa. Se der errado, paciência! Ao menos você
tentou, ao menos você apostou as fichas no cavalo que você quer. Não adianta se
lamentar com as moedas na mão, ou pior, apostar no cavalo errado e ficar
frustrada por uma vida toda. O tempo voa, tudo passa tão depressa, que você nem
percebe. Não perde mais tempo não, deixa de desperdiçar.
Ana Rosa
fica pensativa.
Corta para:
Cena 12.
Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Noite.
Eva está de
pé, olhando a janela, com pensamento longe.
***INSERT
do flashback Capítulo 03, cena 22***.
Capela
Mortuária/ Sala de Velório/ Interior/ Dia.
Miguel está
de pé, próximo ao caixão.
Miguel
(chorando) – ô pai, por que você foi embora?
Nesse
instante uma sombra por trás de Miguel vai se aproximando. É Eva.
Miguel
(surpreso) – Você aqui?
Eva o
abraça fortemente.
Miguel
(abraçado) – Como eu precisava desse abraço. Você está sendo
fundamental nesse momento. Obrigado.
Eva (meiga)
– Não
precisa dizer nada. Você pode me abraçar o quanto quiser.
Miguel – Na
correria, eu nem perguntei o seu nome.
Eva – Me
registraram como Eva.
Miguel dá
um sorriso.
Miguel – Eva, nome
da primeira mulher a viver nesse mundo. É um nome lindo. Eu sou Miguel.
Eva – Nome de
anjo. Anjo Miguel, enviado de Deus, com a missão de nos trazer paz e amor.
Miguel – Posso te
pedir mais um abraço?
Eva – Pode pedir
até dois. Eu vim aqui porque não parei de pensar em você um único minuto. O
quão frágil você está, e o quanto precisa de carinho.
Miguel
abraça Eva com ternura, os dois se olham por um bom tempo.
***Fim
do INSERT do flashback***
Eva deixa
escorrer algumas lágrimas.
Eva (pra
si) – Maldita foi a hora que eu te conheci. Eu te odeio Miguel
Queirós, e prometo por mim, por Deus e pelo meu filho, que você vai pagar caro.
Eva sai da
janela e deita-se na cama.
Corta para:
Cena 13.
Livraria Dom Casmurro/ Fachada/ Ext./ Dia.
Fluxo
normal de pessoas passando pelo local. Livraria já em funcionamento.
Corta para:
Cena 14.
Livraria Dom Casmurro/ Sala de Lucas/ Int./ Dia.
Lucas está
sentado em sua mesa, analisando alguns papeis, quando alguém bate a porta.
Tamara
(entrando) – Madrugou aí?
Lucas
(sério) – Madruguei. Agora senta aí, precisamos ter uma conversa muito
séria.
Tamara se
senta, aflita.
Tamara – Fala Lucas,
assim você me deixa nervosa. O que está acontecendo de errado?
Lucas – Como que
você sabe que é algo errado?
Tamara – Ninguém
fica com uma cara dessas para dar notícias boas.
Lucas – Então eu
vou ser direto, nós estamos falindo.
Tamara
(assustada) – O que?
Corta para:
Cena 15.
Casa de Fernanda/ Quarto de Malu/ Int./ Dia.
O quarto
está escuro e Malu está dormindo. Fernanda entra desesperada, abre as cortinas,
dando passagem a uma imensa claridade. Malu começa a acordar.
Fernanda
(tensa) – Malu acorda, anda, acorda minha!
Malu
(sonolenta) – Mãe, deixa eu dormir... que horas tem?
Fernanda – Hora de
levantar. Malu eu tô nervosa, acho que vou ter um treco.
Malu senta
na cama rapidamente.
Malu – O que é
mãe? A senhora tá sentindo alguma coisa?
Fernanda – A sua
prima, ela não mandou uma única notícia sequer. Não ligou, não mandou e-mail,
nada. Tento ligar pra ela e só dá caixa de mensagens. Tô ficando preocupada.
Malu – Eu também
tô.
Fernanda – Pelas
minhas contas, ela chegaria hoje de manhã.
Malu – Então vamos
aguardar.
Fernanda – Aguardar é
uma ova. Vou até a mansão da Vitória, ela deve ter notícias. Não posso ficar de
braços cruzados. Fui.
Fernanda
sai nervosa. Malu se deita novamente.
Corta para:
Cena 16.
Livraria Dom Casmurro/ / Sala de Lucas/ Int./ Dia.
Continuação
da cena 14.
Tamara
(desesperada) – Não pode ser, como assim faliu?
Lucas – Faliu,
faliu como qualquer outra empresa. Deve ser a crise financeira, apostas
erradas. Também, qualquer estabelecimento comercial que venda cultura pra essa
sociedade tupiniquim, vai falir mesmo. Perto do centenário da Dom Casmurro,
fecharemos as portas.
Tamara – Deve ter
algum jeito, alguma forma de salvar a livraria.
Lucas – Já tentei
de tudo.
Tamara – Empréstimo?
Lucas – Fiz três.
Tamara – Vender
ações?
Lucas – Todo mundo
sabe da real situação financeira da empresa, e ninguém quis.
Tamara – Vai fechar
assim do nada?
Lucas – Eu tô
vendendo toda a livraria, com funcionários, livros e contratos em vigência. Se
algum empresário comprar, vocês terão emprego por pelo menos mais um ano.
Coloquei este anúncio em todos os principais jornais do Rio de janeiro.
Corta
rápido para:
Cena 17.
Sanatório/ Jardim/ Ext./ Dia.
Eva está
sentada em um banco, quando Ellen aparece com um jornal e se senta ao seu lado.
Ellen – Você tem
dado sorte aqui, tá tendo proteção daquela velha caquética, que é protegida de
pessoas influentes, mas essa sua sorte não vai durar tanto tempo assim não. Eu
chamei o doutor Vitor Abou, um grande amigo meu e médico neurologista. Tenho
certeza que ele vai te receitar muitos sedativos e bem em breve, você vai estar
mais louca que a rainha de Portugal, D. Maria I.
Eva
(assustada) – Você não pode fazer isso. Esse médico deve ter
conchavo com você e com o Miguel.
Ellen – Tão
bonitinha você, quem sabe o Dr. Abou não te leva para Niterói junto com ele, aí
você se livra desse inferno.
Eva – Eu vou ter
o meu filho de volta, custe o que custar. Além do mais, isso daqui é uma prisão
provisória. Em no máximo, poucos dias, estarei retornando a Flores e aí sim,
vocês verão que é Eva Magalhães.
Ellen
começa a gargalhar.
Ellen – Nem preciso
chamar médico nenhum, eu mesma te diagnostico, a essa hora da manhã, só pode
ser demência e das bravas. (SÉRIA) Acorda
pra vida garota, isso daqui não é novela mexicana, onde a pobrezinha vai tentar
se vingar do vilão que a enganou. Estamos falando de vida real, e pra você o
jogo já acabou e o Miguel te destruiu. Fica boazinha e em poucos meses você sai
daqui e recomeça a sua vida longe.
Eva – Some da
minha frente, ou eu te dou uma coça aqui mesmo. Não ligo se vão me deixar
eternamente presa, mas eu acabo com isso que você chama de cara, sua pistoleira
de quinta.
Ellen se
levanta.
Ellen – Pra não
dizer que sou ruim, toma pra você, é de hoje. Aproveite e desfrute das regalias
do meu bom humor matinal, pois ele é mais raro que água em São Paulo.
Ellen joga
o jornal no banco e sai. Eva pega e começa a ler. Pouco depois, Eva fica com
semblante de surpresa.
Eva – Eu sabia que
esse clone do Paraguai iria acabar com a empresa. Então quer dizer que a
livraria está a venda? Vou me casar com o milionário do tal Fabrício, comprar a
livraria e de quebra me vingo da vadiazinha da Tamara. Melhor que isso, só
nascendo Madonna.
Eva sorri
gananciosamente.
Corta para:
Cena 18.
Mansão Amadeu/ Jardim/ Ext./ Dia.
Um táxi
chega ao local, Fernanda desce e fica olhando tudo ao redor.
Fernanda
(pra si/ convicta) – Alguém vai ter que me dar uma ótima explicação.
Corta para:
Cena 19.
Mansão Amadeu/ Sala de Jantar/ Int./ Dia.
Eneida e
Tia Pombinha estão tomando café da manhã.
Tia
Pombinha – Quando a Vitória volta do Rio?
Eneida – Pelo que
ela disse, hoje, antes do almoço até.
Tia
Pombinha – Tô ansiosa pra chegada dela.
Eneida – Posso saber
o por quê?
Tia
Pombinha – Na hora certa, gaivotas posarão sobre essa casa e
todos saberão.
Nesse
instante Teresa entra.
Teresa – Dona
Eneida, desculpa interromper seu café, mas tem uma moça lá na sala.
Eneida – Ela disse
quem é?
Teresa – Não. Só
disse que está atrás da dona Vitória, ou de alguém que esclareça uma história
pra ela.
Eneida (se
levantando) – Eu vou lá resolver isso.
Eneida se
levanta e sai.
Tia
Pombinha (a Teresa) – E você acha que eu vou ficar aqui fazendo meu
desjejum sabendo que tem babado, confusão e gritaria lá fora? É ruim hein. Bota
a cara no sol mona.
Tia
Pombinha se levanta e sai rapidamente.
Corta para:
Cena 20.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Fernanda
está de pé, impaciente, quando Eneida adentra a sala.
Eneida (surpresa)
– Fernanda?
Fernanda – Eneida, eu
vim saber notícias da viagem.
Eneida – Mas que
viagem?
Fernanda – A viagem
que a minha sobrinha fez com o seu sobrinho.
Eneida – Eu continuo
sem entender. As únicas pessoas que viajaram nessa casa foram a Vitória, o
Miguel e a Milena, mais ninguém.
Fernanda – A minha
sobrinha, Eva, foi viajar com o Miguel. Eles foram para o Rio de Janeiro.
Nesse
instante Tia Pombinha aparece.
Tia
Pombinha (a Fernanda) – Deve haver um erro, a sua tal sobrinha não foi
viajar com nenhum integrante dessa família.
Fernanda
(séria) – Quem é a senhora?
Tia
Pombinha – Eu sou a Tia Pombinha, amiga e moradora dessa
residência.
Eneida – Temporariamente.
Fernanda (a
Tia Pombinha) – Escuta aqui Andorinha.
Tia
Pombinha – É Pombinha. POM-BI-NHA!
Fernanda – Pombinha,
Rolinha, Andorinha ou Jacu, é tudo ave mesmo. O que eu quero dizer, é para não
se meter na conversa em que não foi chamada, senão.../
Tia
Pombinha (corta) – Senão o que?
Fernanda – Senão eu
esqueço a quantidade de janeiros que a senhora já viu e rimo a palavra jacu,
mandando à senhora ir parar naquele lugar.
Tia
Pombinha – Eu só quis auxiliar.
Fernanda – Então vai
auxiliar o jardineiro, pois aquele jardim está cheio de ervas daninhas e com
certeza, deve ter cobras, vá lá ajuda-lo me meta-se com sua vida.
Tia
Pombinha – Você é muito da deselegante. Eu vou subir e tomar
meu remédio de pressão.
Fernanda – Aproveita e
toma um formicida, ninguém precisa de uma velha intrometida aqui na Terra.
Tia
Pombinha sobe as escadas com raiva.
Eneida – Eu sei que
a Pombinha é fuxiqueira, mas você pegou pesado hein. Não precisava disso
Fernanda.
Fernanda – Tá, eu sei
que me descontrolei, mas é que tô nervosa, tô querendo notícias da Eva.
Eneida – Mas eu não
estava sabendo que a Eva iria fazer viagem com eles não.
Fernanda – Ela foi com
o Miguel, um dia à noite, fiquei até com medo dessas estradas.
Eneida – Tem razão,
o Miguel foi um dia à noite sim, antes da Milena e da Vitória, mas eu não sabia
que era acompanhado da sua sobrinha.
Fernanda – Eles estão
noivos. A Eva está grávida.
Eneida – Tem razão,
lembro-me dela nesse jantar aqui em casa. Mas a Vitória não deu notícias até
agora, sinto muito Fernanda, mas não há nada que eu poça fazer por você nesse
momento.
Fernanda – Obrigada
Eneida, então vou indo nessa. Mas hoje ainda, mais tarde, eu volto.
Eneida – Tá bem.
Fernanda se
encaminha a saída e Eneida a acompanha até a porta.
Eneida
(fechando a porta) – Tchau!
Eneida se
encaminha até o sofá, se senta e respira fundo.
Eneida – Tô
começando a sacar qual é o plano desses três pilantras. Coitadinha da Fernanda
e dessa sobrinha dela.
Corta para:
Cena 21.
Casa de Edu/ Sala/ Int./ Dia.
Edu está
sentado no sofá falando ao telefone.
Edu (tel.)
– Tá
bem então. Eu vou olhar os horários na internet e te falo. (pausa) Tá ok, vou falar aqui com a
mamãe.
Nesse
instante Julieta entra na sala.
Edu (tel.)
– Sim.
Bênção e beijo.
Edu desliga
o telefone.
Julieta – Já sei até
com quem você estava falando.
Edu – Com o meu
pai mesmo.
Julieta – E ele? Como
está?
Edu – Quer saber
a boa da verdade? Meu pai tá namorando e muito feliz.
Julieta
(surpresa) – O que? Como ele ousa?
Edu – Ele tá mais
que certo mãe. A vida ao seu lado não deu certo, vocês divorciaram e ele
encontrou novas possibilidades, acho que isso é o que a senhora deveria fazer,
ao invés de se trancar em mágoas e ressentimentos. Vá viver sua vida, vá ser
feliz, procurar outra pessoa.
Julieta
(séria) – A única pessoa que me interessa é seu pai.
Edu – Meu pai é
página virada, acabou pra vocês.
Julieta – As
esperanças só vão terminar, quando um de nós estiver comendo grama pela raiz.
Edu (tenso)
– Vira
essa boca pra lá. Cruz credo.
Julieta – Eu sou
realista. Enquanto há vida, há esperança. E as minhas esperanças em reatar com
o imprestável do César, continuam em 100%.
Edu – Mãe, esse
assunto me desagrada muito e, aliás, nem era dele que eu queria tratar, tem
outra coisa que anda me incomodando e que quero dar uma virada.
Julieta – Diga o que
é.
Edu – Eu quero
esquecer a Malu.
Julieta
sorri.
Julieta
(feliz) – Mas essa é a notícia mais animadora dos últimos tempos. Fico
muito feliz por você. Enfim tomou atitude e viu que aquela garota não é pra
você.
Edu – E pra esquecer
a Malu, eu vou pro Rio de Janeiro passar uma temporada com o meu pai.
Julieta – Sabe que eu
não gosto da ideia, mas colocando os pós e os contras na balança, prefiro você
longe daqui, a estar de namoro com aquela filha da Fernanda.
Edu – Então eu
vou dentro de dias.
Edu respira
fundo.
Corta para:
Cena 22.
Apto. de Fabrício/ Sala / Int./ Dia.
Regininha
está tirando pó dos móveis, quando Ana Rosa entra em casa com roupa de
ginástica e um pouco suada.
Regininha –
Nossa
Ana Rosa, hoje você foi cedo pra academia.
Ana Rosa – Pra te ser
sincera, eu nem fui. Eu fui dar uma corrida boa na orla, pra poder espairecer a
mente, poder pensar. Eu preciso muito resolver alguns assuntos.
Regininha –
Falando
assim você me deixa preocupada. Tem algo que eu possa ajudar?
Ana Rosa se
senta, cabisbaixa.
Ana Rosa – Não. São
coisas de destino, sei lá.
Regininha –
Pela
sua cara isso é amor.
Ana Rosa – Só que esse
amor é mais complicado do que ensinar algoritmo em chinês para cego.
Regininha –
Nada
que é do coração, é fácil. Mas resolva, optando sempre por aquilo que você
gosta.
Ana Rosa – Mas o que
eu gosto é difícil.
Regininha –
É
essa dificuldade que o torna precioso. Eu mesma aprendi com a vida, que o que
vem fácil, vai mais fácil ainda.
Ana Rosa – Mas e se eu
tiver que disputar esse amor com alguém?
Regininha –
Disputas,
perdas, escolhas, todos esses ingredientes fazem parte da nossa vida. Cabe a
cada um de nós, sentar e esperar os restos, como se fossemos porcos, ou então,
ir a luta e batalhar pelo que a gente quer. Até porque, o que torna o brilho de
um diamante mais bonito, é a sua raridade, é a dificuldade em encontrá-lo.
Ana Rosa – Você tem
razão. Eu vou lá dentro agora pra abrir o jogo com o Fabrício.
Ana Rosa se
levanta e começa a se encaminhar para o quarto.
Regininha –
Fabrício
saiu.
Ana Rosa
para e vira-se para Regininha.
Ana Rosa – E disse
para onde iria?
Regininha –
Praquela
casa de maluco.
Ana Rosa – Eu posso te
pedir um favor?
Regininha –
Até
dois.
Ana Rosa – Você
levaria o almoço do Fabrício para mim?
Regininha –
Mas
é claro. Mas ele disse que viria almoçar em casa.
Ana Rosa – É que eu
quero encontrar com ele só à noite. A gente precisa conversar muito sério.
Regininha –
Eu
vou apressar esse almoço. Mas que ônibus eu tomo para chegar ao Jardim
Botânico?
Ana Rosa – Eu vou
pagar um táxi pra você. O que eu preciso é de sossego, pra poder pensar bem em
tudo.
Corta para:
Cena 23.
Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.
Eva está
lendo o jornal, quando Yvete entra no quarto, totalmente afobada.
Yvete – Eva, ele tá
aí.
Eva larga o
jornal e se levanta, muito tensa.
Yvete – Acho que
chegou a nossa hora.
Eva – Você acha
que eu vou conseguir?
Yvete – O caminho
tá livre. Pela conversa que eu tive com a Ana Rosa, com certeza eles vão se
separar.
Eva – Mas tô com
essa roupa horrorosa.
Yvete – Venha até o
meu quarto, eu separei algumas coisas de doações. Não é nada de grife e nem tão
novo, mas é melhor que essa sua roupa aí.
Yvete e Eva
saem do quarto.
Corta para:
Cena 24.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
A sala está
totalmente vazia quando Vitória, Miguel e Milena, como o bebê no colo, adentram
a casa.
Miguel – Enfim, lar
doce lar. Que viagem cansativa.
Vitória – Cansativa,
mas muito lucrativa.
O bebê
começa a chorar.
Miguel
(irritado) – Cala a boca dessa criança Milena, eu não aguento
mais ouvir choro. Chega a ser irritante.
Milena – E você quer
que eu faça o que?
Miguel – Coloca
meia, ou até, batata quente na boca dessa criatura, mas a faça ficar quieta,
senão eu mesmo, dou meu jeito de sumir com esse estrupício.
Milena – Para de
falar assim do nosso filho.
Miguel – Nosso filho
uma ova. Seu filho. Eu quero distância dessa criatura.
Milena sobe
as escadas com o bebê.
Vitória – Tem que ter
calma rapaz. Criança recém-nascida é assim mesmo.
Miguel – Ah mãe,
poupe-me né. Eu não tô nem aí pra essa criança, tô pensando em coloca-la para
adoção assim que puder.
Vitória – E o que a
sociedade vai falar?
Miguel – Com aqueles
milhões na minha mão e a presidência da La Salud, eu quero que a sociedade, a
elite e todos os moradores de Flores se danem.
Vitória – Dinheiro
não é tudo.
Miguel – Dinheiro
não é tudo, mas é noventa e nove por cento do que eu preciso. O restante eu
ando comprar.
Vitória – Eu não
quero saber de nada. Tô pensando em comprar uma casa na Escócia para mim e me
isolar lá. Longe de tudo e de todos.
Miguel – Faz muito
bem.
Vitória – Agora vou
tomar um banho e descansar um pouco.
Vitória
sobe as escadas em direção ao quarto. Miguel vai até a cristaleira e se serve
de uísque.
Corta para:
Cena 25. Sanatório/
Quarto de Yvete/ Int./ Dia.
Yvete está
admirando Eva, que está muito bem vestida e se olhando no espelho. Eva respira
fundo.
Eva – Chegou a
hora.
Yvete – Se quiser
ganhar essa partida, jogue sempre no ataque.
Eva
(convicta) – Eu já conquistei o Fabrício, espia só.
Corta para:
Cena 26.
Sanatório/ Jardim/ Ext./ Dia.
Fabrício
está rodeado por pessoas, todos sentados na grama, enquanto um rapaz está com
um violão e tocando “All Star – Nando Reis”. Eva aparece e começa a caminhar
graciosamente na direção de Fabrício, que percebe a moça e começa a admirá-la.
Eva
(chegando/ doce) – Será que posso me juntar a vocês?
Fabrício
(encantado) – Sente-se e venha ouvir boa música.
Eva se
senta e começa a trocar olhares românticos com Fabrício.
Corta para:
Cena 27.
Mansão Trajano/ Quarto de Álvaro e Meg/ Int./ Dia.
Eva está
sentada na cama, quando Álvaro aparece.
Álvaro – Ainda na
cama?
Meg – Álvaro, eu
queria muito conversar com você.
Álvaro – Tem que ser
agora?
Meg – Não dá pra
adiar mais.
Álvaro – Se for
viagem não poderei agora.
Meg – Não é
viagem.
Álvaro – Então, se
for comprar alguma coisa, já lhe adianto que esse mês estou no vermelho.
Meg – Álvaro,
você me vê apenas como uma mulher fútil que vive para compras, viagens e para
passar uma imagem nobre a sociedade, não é?
Álvaro – Por que a
pergunta?
Meg – É
justamente sobre isso que eu queria falar. O assunto é bastante sério e acho
que você precisa se sentar, o que vou dizer é muito, mas muito pesado.
Álvaro – Tô sem
tempo pra essas suas crises existenciais. Outra hora falamos disso, ou melhor,
marca com o Dr. Cury.
Álvaro se
encaminha para sair do quarto.
Meg
(gritando) – Eu sou cúmplice de alguns assassinatos.
Álvaro
para, assustado.
Corta para:
Cena 28.
Sanatório/ Varanda/ Ext./ Dia.
Eva está
sentada em uma cadeira de balanço, quando Fabrício se aproxima.
Fabrício – Oi. Tudo
bem?
Eva – Bem, e
você?
Fabrício – Tô muito
bem também.
Eva – Quer
balançar um pouco?
Fabrício – Não a
incomodo?
Eva – Muito pelo
contrário, faço muito gosto.
Fabrício se
senta ao lado de Eva e os dois começam a balançar juntos.
Fabrício – Eu nunca
tinha te visto aqui antes.
Eva – Cheguei a
pouco tempo, e antes que pense, não sou maluca e muito menos neurótica, eu vim
para poder respira novos ares, para poder relaxar. Além de conviver um tempinho
com a minha amiga Yvete.
Fabrício – Yvete é sua
amiga?
Eva – É sim, uma
grande amiga.
Fabrício – Eu adoro a
Yvete e acho que ela está aqui pelo mesmo propósito que o seu.
Eva – É sim. Às
vezes a gente precisa disso pra ser feliz né.
Fabrício – Mas uma
moça tão linda dessas, é infeliz?
Eva – Eu nunca
encontrei um homem que me amasse, que me respeitasse. Os homens só se aproximam
para se aproveitarem. Eu queria alguém pra poder dividir as alegrias, sabe?
Fabrício – Mas você é
nova, é linda. Rapidamente vai encontrar alguém que te desperte esse amor.
Eva – Talvez eu
já tenha encontrado. Sabe quando a gente bate o olho e tem certeza de que é
aquela pessoa que você quer para passar o resto da vida?
Fabrício – Sei sim.
Eva – Então, o
meu aconteceu hoje.
Fabrício
sorri, meio sem graça.
Eva – Você pode
brigar comigo, pode sumir, mas eu vou fazer o que estou com vontade, desde o
primeiro instante em que te vi.
Eva puxa
Fabrício e lhe dá um beijaço, quando Regininha aparece com uma sacola térmica
nas mãos e se aproxima dos dois, que continuam o beijo.
Regininha
(surpresa) – Fabrício?
Fabrício e
Eva levam um susto e param de se beijar. Regininha olha surpresa para Eva, que
fica muito assustada. Close no desespero de Eva.
Corta para:
FIM
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