Capítulo 08
(Final da Primeira Fase)
CENA 1/
MONTE PRAZER/ NOITE/ INT./ SALÃO.
Continuação
imediata da última cena do capítulo anterior;
Maria Tereza ainda
observando Raquel que anda pelo salão. CAM FOCA em seu olhar tristonho, que
escorre uma lágrima. CORTE IMEDIATO PARA/
CENA 2/
NAVIO/ NOITE/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
CENA 02. PARTE 1
Lorenzo solitário
observando o mar. Grande ventania. Helena observa de longe e se aproxima dele.
HELENA – Pensando na vida?
Lorenzo se vira e
olha para Helena, dando um discreto sorriso.
LORENZO – Sabe, Helena... Io
aprendi que na vida existem as coisas boas e ruins. Se a gente espalhar coisas
boas por onde passar, a vida se encarregará de nos trazes outras melhores. E io
non fiz isso.
HELENA – Non pense assim!
LORENZO – Me desculpe!
HELENA – Seja melhor que
sua melhor desculpa, Lorenzo. Prove que mudou... Prove com atitudes! Na vida só
vive quem tem muita coragem e pouco orgulho.
LORENZO – Você salvou minha
vida, Helena. O amor que io sinto por você me mudou por dentro.
HELENA – Você é bom,
Lorenzo. Só precisava descobrir isso dentro de si. Per favore, non desista tão
fácil da vida. Ela é curta, mas é boa.
LORENZO – Grazie! Grazie por
ser tão boa para mim!
HELENA – Me dê um abraço!
Lorenzo chora e
abraça Helena. CAM girando em volta deles. CORTA PARA/
CENA 02. PARTE 02 – DO OUTRO LADO DO NAVIO
Germana cortando
laranja, com semblante fechado. Valter ao lado dela tomando um vinho.
VALTER – Por que você está
com essa cara amarrada, Germana?
GERMANA – Mais uma vez
Helena me desobedeceu, Valter. Ela voltou a se enrolar com aquele ragazzo
maledetto.
VALTER – Deixe disso,
mujer. Deixa os dois se amarem em paz. Quando você casou comigo io também era
pobre.
GERMANA – Mas io non... Io
era rica! E non quero que Helena se case com um pouca cosa. Capite?
VALTER – Com você non dá
para conversar!
CORTA PARA/
VOLTA PARA CENA 02. PARTE 01
Lorenzo e Helena
abraçados. Vicente chega. Lorenzo se solta de Helena e sai sem pronunciar nada.
VICENTE – O que você estava
conversando com questo maledetto?
HELENA – Ele veio me pedir
desculpas. Io aceitei. Non quero guardar ressentimento.
VICENTE – Tem razão. Isso
non é bom!
HELENA – Quer me dizer
alguma coisa?
VICENTE – Na verdade io
queria te dizer que precisamos armar um plano contra o Comandante.
Helena anda de um
lado para o outro. Vicente aguardando resposta.
HELENA – Não há outro
jeito. Só temos uma solução.
VICENTE – E qual seria essa
solução?
HELENA – (firme) Matando!
Temos que matar o Comandante... Antes que ele faça isso com a gente.
FOCA em Vicente
decidido. CORTA PARA/
CENA 3/
MONTE PRAZER/ NOITE/ INT./ ESCRITÓRIO DE LUZIA.
Luzia sentada em
sua mesa, em silêncio. Maria Tereza entra revoltada. Luzia se levanta
rapidamente, sem entender.
LUZIA – O que foi? Ta
nervosa/
Maria Tereza corta
a fala de Luzia com um tapa na cara dela.
LUZIA – (com a mão no
rosto) Toma...
Luzia revida o
tapa. Maria Tereza se reconstituí logo. Vira-se contra Luzia, que continua sem
entender, e depois volta o olhar para a irmã.
M. TEREZA – Cínica! Demônio! É
isso que você é... Um monstro demoníaco que surgiu na minha vida.
LUZIA – Mas o que eu fiz,
criatura?
M. TEREZA – Você nasceu,
Luzia. O seu nascimento já foi um erro!
LUZIA – Você está me
desrespeitando. Eu exijo respeito!
M. TEREZA – Como? Como você
exige respeito e não é mulher de respeitar?! Você escondeu a verdade de mim,
Luzia. Escondeu a verdade de mim! Sua própria irmã... Que sofreu anos e anos
procurando a própria filha!
LUZIA – Do que você está
falando?
M. TEREZA – Eu estou falando
de Raquel, Luzia. A Raquel... Você escondeu dela a verdade e trouxe a minha
filha para Monte Velho sem ao menos me avisar!
LUZIA – Ia adiantar alguma
coisa te avisando? Se liga, Tereza. Raquel nem sabe que você existe. Pra ela a
mãe morreu há muitos anos!
M. TEREZA – E até quando você
ia sustentar essa mentira? Hein? Até quando?!
LUZIA – (grita) Até o
último dia da minha vida! Enquanto eu estiver viva, a Raquel nunca vai saber
quem é a mãe dela. Nunca!
M. TEREZA – (grita) Uma filha
não pode ser privada de conhecer sua verdadeira mãe! Não pode!
Luzia e Maria
Tereza se encarando. CORTA PARA/
CENA 4/
CASA DAS IRMÃS/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Sonoplastia: TE VOY
AMAR – AXEL
Filomena sozinha
sentada no sofá. Ela começa a relembrar em FLASHS das vezes que se encontrou
com Saulo. Bernarda desce as escadas. Os pensamentos de Filomena cessam.
MÚSICA CESSA;
Bernarda se
aproxima e se senta ao lado de Filomena.
BERNARDA – Não vai dormir?
FILOMENA – Já estava indo...
BERNARDA – Te achei muito
pensativa. (brinca) Pensando em homem, né?
FILOMENA – (sem graça) Que
isso, Bernarda? Isso é jeito de falar?
BERNARDA – Mas é a mais pura
verdade. Vai dizer que é mentira?!
FILOMENA – Pior que é
verdade, minha irmã.
BERNARDA – É aquele moço?
Saulo?!
FILOMENA – Sim. É! Eu não
paro de pensar nele, Bernarda. Eu penso naquele homem todos os dias. Quando eu
acordo, quando eu vou dormir. E meu coração chega a doer.
BERNARDA – Sabe o que isso se
chama? Amor... Você está apaixonada por esse Saulo.
FILOMENA – Mas como,
Bernarda? Eu vi ele poucas vezes. Não tem como eu me apaixonar por uma pessoa
que vi poucas vezes na vida!
BERNARDA – Tem sim, e você é
a prova disso. Vá atrás... Procure ele!
FILOMENA – Ir atrás? Eu? Você
está maluca? Um homem que tem que se rastejar nos pés de uma dama, e não ao
contrário.
BATIDAS NA PORTA.
Filomena e Bernarda se encaram assustadas.
BERNARDA – Visita? A essa
hora da noite?
FILOMENA – Quem será?
Filomena abre a
porta. É Margarida. Filomena e Bernarda se alegram e abraçam a irmã. CORTA
PARA/
CENA 5/
STOCK-SHOTS/ EXT./ MONTE VELHO.
Sonoplastia: A PARTIR
DE HOY – MARCO DI MAURO
TAKES DO AMANHECER.
CASAIS APAIXONADOS JUNTOS NA PRAÇA. PESSOAS SAINDO DE SUAS CASAS. TAKE FINAL
NA FACHADA DA FAZENDA DE CRISTINA. CORTA PARA/
CENA 6/
FAZENDA DE CRISTINA/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
MÚSICA CESSA;
Cristina sentada
no sofá observando alguns papéis. Saulo desce as escadas com várias malas na
mão. Ele solta as malas no chão, em seguida, ao chegar na sala. Cristina se
levanta. Os dois ficam de frente um para o outro.
SAULO – Pronto!
CRISTINA – É! Quantos anos...
Quantos anos vivemos juntos dentro desta casa. Sonhamos em ter nosso primeiro
filho e eu não consegui te fazer pai!
SAULO – Não se culpe... Os
anos que vivi com você foram os melhores anos de minha vida.
CRISTINA – E os meus
também... Sem você eu não conseguiria levar em frente toda essa fazenda... Você
me preparou em tudo. E por mais que hoje eu não te ame como marido, eu sempre
vou te amar como um amigo e companheiro de vida.
SAULO – Eu também. O nosso
amor de companheirismo nunca vai morrer! Nunca!
A MÚSICA RETORNA;
Os dois se abraçam
carinhosamente. FOCA no olhar dos dois lacrimejados. CORTA PARA/
A MÚSICA CESSA;
CENA 7/
NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DO NAVIO.
Todos nervosos
conversando entre si. O Comandante aparece e ri da cara de todos de
preocupação.
COMANDANTE – Estão preocupados
é? Pois já eram pra estar roendo as unhas... Io já adiei demais o que já
deveria ter feito. De hoje non passa... Hoje todos vocês vão morar com Dio ou
com o Demônio!
Todos
desesperados. CORTE IMEDIATO PARA/
CENA 8/
NAVIO/ DIA/ INT./ PORÃO.
Helena descendo as
escadas. Se aproxima de Rogério, que treme com febre. Ela coloca a mão em sua
testa.
HELENA – Dio santo... Mas
você está ardendo em febre! Preciso de um pano molhado.
Helena olha para o
lado e vê uma blusa rasgada e um balde com água ao lado. Ela coloca a camisa
dentro do balde e enrola no pescoço de Rogério, deitando sua cabeça em seu
colo.
ROGÉRIO – (dificuldade na
fala) Non deixe que... Non deixe que eles matem todos!
HELENA – Eles? Você deve
estar delirando. Somente o Comandante quer nos matar.
ROGÉRIO – Eles... Ele vai
tentar matar Vicente outra vez.
HELENA – Nós já sabemos
disso, Rogério. Sabemos que o Comandante tentou matar Vicente. Agora se acalme!
ROGÉRIO – Non foi só ele!
HELENA – Non?!
ROGÉRIO – Foi o maledetto
desgraziato... Foi Lorenzo!
FOCA em Helena
espantada. CORTA PARA/
CENA 9/
NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DO NAVIO.
Lorenzo parado sem
fazer nada. Helena aparece. Lorenzo a vê. Ela dá um tapa em sua cara.
HELENA – Você non mudou,
Lorenzo!
LORENZO – (sem entender) Mas
o que io fiz?
HELENA – Você sabe muito
bem, Lorenzo. Como foi capaz de me enganar mais uma vez?
LORENZO – Mas io non te
enganei. Aliás, io non fiz nada!
HELENA – (com raiva) Você
tentou matar Vicente... Foi você que deu aquele tiro que assustou todo mundo.
Você é um monstro. Me fez acreditar que mudou, me fez acreditar que Vicente era
o culpado por tudo. Você é um monstro!
LORENZO – Me entenda, per
favore... Io fiz isso por tuo bem. Vicente non presta... Você vai se
decepcionar com ele... Ele é ruim!
HELENA – Quem está provando
ser ruim aqui é você, maledetto... É você! Que me iludiu, me manipulou!
Lorenzo segura
Helena pelos braços. Ela se acalma um pouco, mas com respiração ofegante.
LORENZO – Io fiz isso per
amore, Helena. Per amore a você!
HELENA – Isso é doença...
Isso non é amore, Lorenzo... Isso non é amore!
LORENZO – Perdoname! Per
favore... Perdoname!
HELENA – Io non vou perdoar
alguém que tentou matar o homem da minha vida, o homem com que io quero me
casar, ter filho... Io non vou deixar você acabar com a minha vida!
Helena sai
revoltada. Lorenzo estressado chora. CORTA PARA/
CENA
10/ NAVIO/ DIA/ INT./ QUARTO.
LOCAL ESCURO.
Vicente vai caminhando apenas com uma vela na mão. Um barulho que ecoa. Muita
sujeira presente. Um piano velho. Vicente coloca a vela em cima do piano.
VICENTE – (falando consigo
mesmo) Mas quem haveria de trazer um piano?
Vicente pega a
vela novamente e abre a caixa do piano. CAM foca em um revólver que aparece
dentro do piano no momento em que Vicente abre a caixa. Vicente se assusta.
VICENTE – Um revólver... Uma
arma de fogo...
Vicente pega o
revólver e guarda dentro de sua calça, disfarçadamente. Ele caminha em direção
a porta de saída. Abrem a porta. Ele se assusta.
HELENA – (ecoa) Alguém aí!
VICENTE – Helena?! É você?
Helena coloca a
vela na frente seu rosto.
HELENA – Sim... Sou io! Vi
você entrando aqui.
VICENTE – Temos que sair sem
com que alguém perceba. Conversamos lá fora.
Eles vão indo em
direção à porta. As VELAS se apagam. CORTA PARA/
CENA
11/ NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
Helena e Vicente
ao lado de fora do quarto. Ambos aflitos.
HELENA – E daí? Conseguiu
encontrar alguma coisa?
VICENTE – Sim... Io achei um
revólver. Só vou esperar a hora certa pra disparar uma bala bem no meio da
testa deste maledetto.
HELENA – Io fiz as contas e
viajamos por 29 dias. Se tudo der certo, chegaremos amanhã no Brasil e o
Comandante vai precisar fazer rapidamente esse serviço.
VICENTE – Mas nós seremos
mais rápidos do que ele... Quando ele vier nos ameaçar com a arma nós atiramos!
E bem certeiro!
HELENA – (apavorada) Io
estou com muito medo, Vicente. Com muito medo!
Helena abraça
Vicente. FOCA na cara de preocupação de Vicente. CORTA PARA/
CENA
12/ STOCK-SHOTS/ EXT.
Sonoplastia de
tensão. TAKES DO ANOITECER. MAR SEGUINDO VIOLENTO. VENTANIA. TAKE
FINAL NO NAVIO. CORTA PARA/
CENA
13/ NAVIO/ NOITE/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
Comandante saindo
de dentro da sala de comando. Todos o encarando com medo.
COMANDANTE – Espero que estejam
todos prontos!
CHIARA – (grita) Tem
certeza de que vai fazer isso com todos nós? Vai aceitar trair Itália? Sua
própria terra?
COMANDANTE – Dona Chiara
Fragnani... A senhora vai mesmo insistir?
CHIARA – Enquanto correr
sangue nestas minhas veias sim... Vou insistir!
COMANDANTE – Pouco falta para
que isso aconteça!
Comandante solta
uma alta gargalhada. CORTE IMEDIATO PARA/
CENA
14/ NAVIO/ NOITE/ INT./ PORÃO.
Vicente desce as
escadas do porão. Rogério já recuperado.
VICENTE – É hoje, Rogério.
ROGÉRIO – Io já esperava por
isso!
VICENTE – Io sei que posso
vencer essa guerra, mas posso perder também. Io tenho medo de tudo terminar
mal.
ROGÉRIO – Tem quantas balas?
VICENTE – Uma!
ROGÉRIO – Realmente você ou
acerta ou acerta.
VICENTE – E isso está me
agoniando.
ROGÉRIO – Por que non vieram
por trás dele?!
VICENTE – O homem é forte...
Se atacássemos ele o máximo que conseguiríamos era segura-lo por um tempo... Já
ouviu aquele ditado? Quando a cobra se sente ameaçada ela dá o bote!
ROGÉRIO – Nisso você tem
razão. Mas io non me preocupo nem um pouco. Estou confiante. Vai dar tudo
certo!
VICENTE – Dio te ouça... Dio
te ouça!
Vicente
preocupado. Rogério confiante. CORTA PARA/
CENA
15/ MANSÃO DE AFONSO/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Afonso pensativo.
Murilo entra no cômodo. Fica de frente a Afonso, que está sentado no sofá.
MURILO – É amanhã, não é?
AFONSO – Sim... É amanhã!
Eles estão chegando!
MURILO – E o senhor já está
preparado?
AFONSO – Mais do que nunca,
Murilo. Me preparei durante esses 29 dias como se estivesse me preparando para
ir pra uma guerra.
MURILO – Mas o senhor sabe.
Não vai ser fácil!
AFONSO – Não me importa.
Vou enfrentá-los!
Closes alternados.
CORTA PARA/
CENA
16/ NAVIO/ NOITE/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
Comandante parado
observando a todos. Uma multidão de pessoas paradas frente a ele.
COMANDANTE – É chegada a grande
hora! (grita) Todos! Quero todos aqui... AGORA!
A CAM mostra
Lorenzo ao lado, receoso.
LORENZO – (sussurra) Io non
posso deixar que isso aconteça! Non posso!
COMANDANTE – (grita) Rápido! Io
non tenho muito tempo!
Helena e Vicente
sobem juntos, decididos, mas com medo. Chiara agarrada em um terço rezando
desesperada, chorando. Outros desesperados.
COMANDANTE – (aplaude)
Palmas... Palmas para os incompetentes, para os justiceiros que pensam estar
chegando em uma terra iluminada, cheia de coisas boas, mas na verdade estão
chegando em uma terra precária, cheia de sujeiras e podres. Brasil non segurou
uma monarquia, non foi capaz... Brasil non segurou uma economia... Non foi
capaz... O Brasil fracassou com os próprios brasileiros, e como vão acertar com
um povo que nem conhecem? Vocês estão chegando com ideais vivos, com cultura,
com ensino e chegarão em uma terra onde o pouco que se tem é a mancha de sangue
de pessoas que sacrificaram a própria nação por cobiça e vontade de poder.
Acham mesmo que vão chegar em uma boa terra de se plantar... Em uma terra
livre? Vão chegar em uma terra devastada pelo poder fracassado dos poderosos. E
vão voltar... Vão voltar porque não se tem futuro em uma terra que matou seu
próprio mártir. Se mataram seu herói o que vão fazer com pobres plebeus?
Morrerão aqui dignos ou seguirão até o Brasil com um grande sofrimento... Os
italianos me verão como heróis de ter salvado a pátria, de ter salvado vocês de
chegarem até uma terra sofrida!
HELENA – (rebate) Tem
certeza de que é uma terra sofrida aquela que amamenta outras nações com o
leite de seu próprio fruto, de seu trabalho? Seu discurso é uma verdadeira
mentira, Comandante. O senhor é uma verdadeira mentira!
O Comandante
observa Helena em silêncio, olhando para Vicente em seguida.
COMANDANTE – (a Vicente) Dê um
passo para a frente!
Vicente dá um
passo para frente. Helena desesperada.
VICENTE – O que quer comigo?
COMANDANTE – Quero fazer
justiça, Vicente. Só isso!
VICENTE – Non consigo reconhecer
em você o homem que encontrei quando cheguei. Aliás, qual é sua verdadeira
identidade, Comandante? É o Comandante cruel ou homem humanizado? Io non sei se
acredito em você ou na sua sombra!
COMANDANTE – Um homem é aquilo
que ele diz ser!
VICENTE – Io tenho pena!
Pena do que se tornou! Uma vez mio padre me disse uma frase: “Filho, se matamos
um bando somos heróis e se matamos apenas um somos assassinos!”.
O Comandante
aponta o revólver para Vicente. Sonoplastia densa. Lorenzo olhando ao
lado. Vicente fecha os olhos. Todos desesperados. Comandante aperta o gatilho.
Lorenzo pula na frente e é baleado no peito, caindo lentamente no chão.
Helena se abaixa
desesperada, se agarrando em Lorenzo caído no chão. O Comandante tentando
atirar, mas não tem bala na arma. Vicente tira seu revólver rapidamente do
bolso. ÂNGULO BAIXO. Vicente atira
rapidamente no peito do Comandante, que coloca a mão no peito e cai desfalecido
no chão. Helena agarrada a Lorenzo, muito debilitado.
LORENZO – Io te amo, Helena.
Fiz isso por você! Eu pude fazer por você o que ninguém fez por mim!
Vicente abaixa e
fica ao lado de Lorenzo.
VICENTE – Grazie! Io te
agradeço!
LORENZO – Io sou uma árvore
ruim... Árvore ruim, tem que ser cortada pela raiz. Perdoname, Vicente!
VICENTE – Seu ato me mostrou
o quanto mudou!
Vicente dá a mão
para Lorenzo, que morre. Helena chorando. Todos em volta de Lorenzo. A CAM
VAI SE DISTANCIANDO e vemos Comandante caído morto ao lado de Lorenzo. Uma
multidão em volta. CORTE RÁPIDO PARA/
CENA
17/ NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
Helena dormindo.
Vicente a cutucando feliz.
VICENTE – Acorda, Helena!
Acorda!
Helena acorda e se
levanta.
VICENTE – (aponta para a
frente) Olha!
HELENA – Dio Santo!
CAM MOSTRA o litoral. Pessoas
esperando lá.
Sonoplastia: ESPERANZA – LAURA PAUSINI
Helena e Vicente
choram e se abraçam. Todos felizes. Helena ergue os braços na ponta da
embarcação. Vicente também, atrás dela.
VICENTE – Chegamos!
EFEITO FINAL: Congela nos dois
felizes.
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