CENA 1/ FAZENDA DE CRISTINA/
DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Continuação imediata da última cena do capítulo
anterior;
Vicente se levanta
decidido. Cristina e Gabriel observando a bravura.
VICENTE – Pois então encontrarei esse irmão a
qualquer custo!
GABRIEL – Não será tão fácil quanto você imagina.
Domingos está sumido há muito tempo. Afonso o procura há tempos, mas nunca
consegue encontra-lo. Parece que os segredos dele são muito piores do que nós
imaginamos.
CRISTINA – Dizem que o Barão está envolvido na morte
de sua primeira esposa. Deixou uma filha com ela, que se chama Beatrice. Mas
ela é totalmente nula com os negócios do pai, e vive esbanjando dinheiro e
glamour em Londres.
VICENTE – E vocês acham que ela sabe de alguma
coisa?
GABRIEL – (receoso) Eu não queria dizer isso, mas...
VICENTE – Mas, o quê?
GABRIEL – Beatrice foi expulsa da cidade. O pai já
não mantém mais contato com ela.
VICENTE – (confuso) Mas por que uma Leroy seria
expulsa de Monte Velho?!
CRISTINA – Por que Beatrice é a maior inimiga do pai,
Vicente. Ela e Domingos se uniram contra ele. Ela partiu com o dinheiro que a
mãe deixou de herança, já que ela era de uma nobre família francesa. Já ele
viveu pelos cantos, tentando uma oportunidade de entrar na prefeitura e
derrubar o Barão.
VICENTE – Pois estou disposto a me unir aos dois e
arruinar a vida de Afonso Leroy!
FOCA em Vicente
com sangue nos olhos. Cristina e Gabriel receosos. CORTA PARA/
CENA 2/ BARRACO/ DIA/ INT.
Vicente entra
animado. Helena costurando, sem muito ânimo.
HELENA – Por que está tão feliz?
VICENTE – Acho que encontrei uma solução que vai nos
tirar dessa confusão toda.
HELENA – Uma solução? Que solução?
VICENTE – Fui pedir ajuda a dona Cristina e ao
senhor Gabriel e eles me ajudaram... Disseram que um tal de Domingos, irmão do
Barão, sabe alguns segredos dele. Eu sei que não é o certo, mas ao encontra-lo
vou obrigar o Barão a te deixar em paz, caso contrário entregarei tudo o que
sei a polícia.
HELENA – E não acha muito perigoso?
VICENTE – Perigo, Helena? Eu matei um psicopata
dentro de um navio, sem ter pra onde correr. Eu não vou fraquejar. Não vou!
HELENA – Eu prometo que serei mais forte!
Helena e Vicente
se abraçam. CORTA PARA/
CENA 3/ HOSPITAL/ DIA/ INT./
CONSULTÓRIO.
Germana e Afonso
sentados em frente a mesa do médico, que entra em seguida. Eles ansiosos o
encaram.
GERMANA – Viemos buscar Helena, doutor.
MÉDICA – (hesita) Helena?! Mas Helena já deixou o
hospital. Não estou entendendo!
GERMANA – Como assim Helena deixou o hospital? A
minha filha estava internada aqui, doutor.
MÉDICO – Nisso você tem razão. Ela estava internada
aqui, mas foi embora... Foi inclusive com um rapaz, que eu esqueci o nome...
GERMANA – (com cara fechada) Vicente.
MÉDICO – Isso mesmo. Vicente...
AFONSO – Desgraçado!
Afonso se
enfurece, pega tudo a sua volta e joga no chão. Germana tenta segura-lo, mas o
médico o pega pelo braço.
AFONSO – (CONT.) Me solta!
O médico solta
ele, que vai ficando mais calmo. Germana sem reação.
AFONSO – (CONT.) Incompetentes... É isso que vocês
são!
FOCA em Afonso
alterado, respirando ofegante. CORTA
PARA/
CENA 4/ PRAÇA/ DIA/ EXT.
Filomena e Saulo
tomam um sorvete sentados no banco, felizes.
FILOMENA – Estou me sentindo uma criança novamente.
SAULO – Eu também. Nunca tinha me divertido tanto!
Saulo fecha a
cara. Filomena estranha.
FILOMENA – O que foi?
SAULO – Filomena... Eu te amo muito, mas a
sociedade pode não aceitar esse nosso romance.
FILOMENA – Você está feliz?
SAULO – Muito!
FILOMENA – Meus pais morrerão há um bom tempo, eu era
criança, sabe?! Mas eu me lembro muito bem do que eles falavam nos meus ouvidos
e nos ouvidos de minhas irmãs... Não importa o pensamento do outro, mas se você
está feliz, é apenas isso o importante. E eu estou feliz do seu lado! Não importa
o que as pessoas vão dizer.
SAULO – Cada dia que passo vejo que fiz a melhor
escolha de minha vida te pedindo em namoro! Eu te amo!
FILOMENA – Eu também te amo!
Os dois se
aproximam e se beijam apaixonadamente. CORTA
PARA/
CENA 5/ SENZALA/ DIA/ INT./
SALA.
Germana, nervosa,
entra jogando tudo no chão. Chiara espantada.
GERMANA – (a Chiara) Isso é tudo por culpa sua... É
tudo culpa sua!
CHIARA – Minha culpa? O que eu fiz?!
GERMANA – Foi você que armou pra Helena e o
maledetto do seu filho fugirem.
CHIARA – (grita) Não chame o meu filho de
maledetto!
Valter entra,
assustado.
VALTER – O que está acontecendo aqui?
CHIARA – Pergunte a sua mulher, Valter. Chegou aqui
me apontando o dedo e me acusando. Ela deve saber o porquê.
GERMANA – Fui até o hospital pra buscar Helena e ela
já tinha saído... Ou melhor... Fugido com o tal do Vicente, filho dessa
desgraçada.
Chiara se aproxima
de Germana em silêncio, e fica de cara com ela. Valter amedrontado.
CHIARA – Quer saber... Fui eu... Sim! Fui eu que
alertei e mandei meu filho e Helena fugirem daqui. Eu nunca vou permitir que
esses dois desgracem as suas vidas por causa da sua ambição!
GERMANA – Eu tenho nojo de você! Nojo... Uma mulher
viúva e velha e que se mete na vida dos outros.
VALTER – Obrigado, Chiara!
Germana não
entende. CAM FOCA em seu olhar
avermelhado.
GERMANA – Como assim, Valter? Depois de tudo que
essa mulher fez, você ainda agradece ela?!
VALTER – Sim, Germana! Agradeço por ter diminuído a
culpa que eu iria sentir se tivesse que entregar a minha filha nas mãos de um
homem que ela não ama. Perdi meus filhos queimados, e não vou perder novamente
mais um filho!
Germana encara
Valter e sai com raiva. Valter começa a chorar. Chiara o abraça. CORTE IMEDIATO PARA/
CENA 6/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/
INT./ SALA DE ESTAR.
Afonso entra
nervoso chutando tudo pela frente. Maria Tereza espantada, porém controlada
olhando-o.
M. TEREZA – Que isso? Que maluquice toda é essa de
sair chutando tudo pela frente?!
AFONSO – Helena fugiu com Vicente!
M. TEREZA – E o que você tem a ver com isso?
AFONSO – Eu vou me casar com Helena.
M. TEREZA – (alterada) Não! Fala que é mentira... Você
não pode se casar com a italianinha chata. Pelo amor de Deus, Afonso!
AFONSO – Você não tem nada com a minha vida. Faça
seu trabalho bem feito e estará de bom tamanho!
Afonso sobe as
escadas com raiva. Maria Tereza com ódio. CORTA
PARA/
CENA 7/ FAZENDA DE CRISTINA/
DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Cristina lendo um
livro, porém preocupada. Gabriel chega, dá um beijo em sua testa e estranha o
comportamento dela.
GABRIEL – Vai... Me fala o que está te incomodando!
CRISTINA – Estou preocupada com Vicente, Gabriel.
Você sabe como Afonso é... Nós tínhamos força pra lutar contra ele, mas Vicente
não tem nem a onde cair morto.
GABRIEL – Também me preocupo, mas eu confio nele...
É um rapaz corajoso.
CRISTINA – Eu também confio, mas não sei... Continuo
preocupada!
TENSÃO. Cristina e
Gabriel trocando olhares apreensivos. CORTA
PARA/
CENA 8/ CAFEZAL/ DIA/ EXT.
Chiara colhendo
café e chorando. Afonso vê-la e se aproxima, sem alardear. Chiara se vira e
leva um susto com ele.
AFONSO – Está satisfeita com o que fez?
CHIARA – Fiz o que deveria ser feito!
AFONSO – Não tem medo?!
CHIARA – Perdi meu marido, perdi um filho quando
ele ainda estava em minha barriga... Não vou ter medo de você!
AFONSO – Pois deveria! Deveria ter muito medo!
CHIARA – Eu não vou permitir que você faça com
Helena o que fez comigo há anos atrás.
AFONSO – Não fiz nada com você... Essas coisas são
todas fruto da sua imaginação. Ou está ficando caduca.
Chiara larga o
cesto de café e encara Afonso.
CHIARA – Você me fez sofrer incansavelmente,
Afonso. Passei noites chorando, dias com aperto no peito... Helena não vai
passar pela mesma coisa que passei. Não vai viver o mesmo inferno que eu vivi.
Agora deixe-me ir... Tenho que preparar o almoço!
Chiara se retira.
Afonso pensativo. CORTA PARA/.
CENA 9/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/
INT./ QUARTO DE MARIA TEREZA.
Maria Tereza entra
ofegante. Ela chora de raiva e quebra quase tudo.
M. TEREZA – Você é a culpada, Maria Tereza! Você é a
culpada por tudo... Tentou matar a italiana e agora vai ter que ouvir ordens
dela. Mas eu não vou desistir! Se essa mulher pisa sob essa casa, eu a mato.
Mando para o quinto dos infernos!
Close em Maria Tereza com ódio. CORTA PARA/
CENA 10/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/
EXT./ VARANDA.
Germana em pé no
local. Afonso desce as escadas, com semblante pesado.
AFONSO – O que veio fazer aqui?
GERMANA – Vim dizer ao senhor que Helena aparecerá.
Eu vou fazer de tudo para encontrá-la.
AFONSO – Eu encontrarei Helena. Meus capangas
começarão a procura, mas existe uma coisa que acontecerá!
GERMANA – Que coisa?!
AFONSO – Servirei a cabeça de Vicente em uma
bandeja, como era feito nos períodos medievais. Vicente será morto!
Germana se
espanta. Afonso ri. Closes alternados. CORTA
PARA/
CENA 11/ HOSPITAL DE FORTALEZA/
DIA/ INT./ QUARTO.
A empregada
observando-o. Ele abre os olhos lentamente. Ela corre e fica ao seu lado.
EMPREGADA – Senhor Rubens?!
RUBENS – Estou bem... Ainda não chegou a hora de
minha partida!
EMPREGADA – Graças a Deus... Orei muito pela sua
melhora!
RUBENS – (com dificuldade na fala) Sabe... Eu já
fiz muitas coisas ruins nessa vida. Já trai minha mulher, bati em meus
filhos... Bebi, cheguei em casa fedendo a cachaça. Mas nunca deixei de ser um
homem... Um homem nunca deixa de ser um homem, e é por isso que temos que nos
dar ao respeito. Pois somos acima de tudo homens.
EMPREGADA – O senhor melhorou mesmo!
Os dois riem. CORTA PARA/
CENA 12/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/
INT./ PORÃO.
Rogério sem camisa
sentado em um banco. Maria Tereza abre a porta e entra.
M. TEREZA – Está liberto! Me perdoe pelo que fiz!
ROGÉRIO – A senhora me pedindo perdão?!
Maria Tereza se
aproxima de Rogério, senta-se ao seu lado, e começa a chora.
M. TEREZA – Eu só quero ser amada! Somente isso, e não
sou amada por ninguém. Nem pela minha irmã, nem pelo homem que amo! Afonso não
me ama como eu o amo.
ROGÉRIO – A senhora precisa esperar. A hora certa
vai chegar.
Maria Tereza olha
nos olhos de Rogério. Ele a segura pelo braço. Ela rasga sua roupa e coloca os
seios no rosto dele, que respira aceleradamente, levanta e a joga no chão. CAM mostra ele deitado nu no chão. Em
seguida, a CAM se desloca mostrando
Maria Tereza se movimentando em cima dele, também nua. Gemidos altos. CORTA PARA/
CENA 13/ STOCK-SHOTS/ EXT.
TAKES DO ANOITECER EM
MONTE VELHO. UMA GRANDE FESTIVIDADE NO CENTRO DA CIDADE. O PREFEITO GASPAR NO
CORETO DISCURSANDO. PESSOAS ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO. TAKE FINAL
NOS ARREDORES DO BARRACO. CORTA PARA/
CENA 14/ BARRACO/ NOITE/ INT.
Vicente chega com
sacolas na mão. Helena costurando.
VICENTE – Cheguei, meu amor!
HELENA – Onde arrumou essa comida toda?
VICENTE – Dona Cristina deu para nós. Eles estão nos
ajudando muito!
HELENA – Tome cuidado... Sabe que é difícil andar
por Monte Velho e não ser reconhecido!
VICENTE – Você tem razão. Não vou mais ficar
rondando pela cidade!
Helena se levanta
e pega as sacolas da mão de Vicente. CORTA
PARA/
CENA 15/ SENZALA/ NOITE/ EXT./
VARANDA.
Chiara preocupada.
Valter fica ao lado dela.
CHIARA – Estou preocupada, Valter.
VALTER – Também estou preocupado.
CHIARA – Será que eles estão comendo direito?
VALTER – Não sei, tomara que sim!
CHIARA – Vicente não me disse o lugar ao certo pra
onde eles foram.
VALTER – Deve ser pra ninguém descobrir!
CHIARA – Tem razão.
VALTER – Mas a minha preocupação maior é com
Vicente!
CHIARA – Por que?
VALTER – Temo pelo que o Barão pode fazer se
encontra-lo.
CHIARA – O Barão não vai fazer nada com Vicente.
Confia em mim... Sei do que estou falando! Tenho uma carta na manga pra ser
usado quando for necessário!
FOCA em Chiara
decidida. CORTA PARA/
CENA 16/ BARRACO/ NOITE/ INT.
Helena e Vicente
dormindo tranquilamente. Helena falando palavras enroladas. Vicente ouve, se
levanta e coloca a mão em sua cabeça.
VICENTE – Mas está delirando em febre!
Vicente pega
Helena no colo, e sai correndo do local. CORTA
PARA/
CENA 17/ HOSPITAL/ NOITE/ INT./
CONSULTÓRIO.
Vicente entra com
Helena no colo e logo a coloca na maca.
VICENTE – Doutor... Ela está delirando em febre, por
favor... Me ajude!
O médico virado de
costas para ele, sentado em uma cadeira.
VICENTE – Doutor?!
A cadeira se vira.
É Afonso, rindo.
AFONSO – Surpresa!
Vicente assustado.
Helena na maca. Afonso rindo.
VICENTE – Não pode ser!
EFEITO FINAL: CONGELA NO RISO
DEBOCHADO DE AFONSO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário