CENA 1. AP
BRUNO. SALA. INTERIOR. NOITE.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ULTIMA CENA DO CAPITULO
ANTERIOR. BEATRIZ E BRUNO.
BEATRIZ — Tudo aquilo que aconteceu lá no clube, o
afogamento de Raíssa, foi culpa de Géssica. Ela que armou tudo! E foi pra
atingir Rafaela.
BRUNO — (SEM ACREDITAR) Miserável! Eu não acredito
que Géssica tenha sido capaz de aprontar uma dessas.
BEATRIZ — Ela é capaz de coisas que você nem
imagina! Géssica é sangue ruim, Bruno! Ela quis matar Rafaela pra ficar com
você! Eu não concordei com o plano no começo/
BRUNO — (CORTA) Como assim? Você já sabia do plano
dela?
BEATRIZ SE CALA.
BRUNO — (CONTINUA) Você sabia que Rafaela poderia
morrer e não fez nada pra poder impedir?
BEATRIZ FICA CALADA.
BRUNO — (GRITA) Responde Beatriz!
BEATRIZ — (RETIDA) Eu confesso que participei um
pouco do plano, mas não sabia que o objetivo de Géssica era matar Rafaela! Ela
falou comigo indiretamente que queria sim, matar Rafaela, mas eu não concordei
em participar do plano! Eu não sou tão ruim como pareço!
BRUNO — E o que você pretendia fazer?
BEATRIZ — (COM VERGONHA) Eu só queria mostrar pra
Rafaela quem é que manda no pedaço! Eu ia jogar ela na piscina, na frente de
todo mundo.
BRUNO — Você queria humilhar ela? Pra quê? Pra se mostrar a melhor? A superior? Já não bastava aquela vez no primeiro dia de aula não? Você ainda queria mais?
BEATRIZ — Eu quis me vingar dela. Foi por culpa dela
que eu fiquei de castigo, uma semana sem celular, computador, internet/
BRUNO — (CORTA) Mas não foi Rafaela que causou tudo
isso! Foi você mesma! Não assumiu seus erros e resolveu colocar a culpa numa
pessoa que foi a vítima da história!
BEATRIZ — Não foi só por isso que eu participei do
plano com Géssica! (T) Eu era apaixonada por você Bruno!
BRUNO FICA SURPRESO.
BEATRIZ — (CONTINUA) Eu já estava com raiva daquela
menina por que pra mim ela era culpada pelo meu castigo, daí ela vai e te dá
uns pegas antes de mim. Eu quis realmente acabar com ela, mas matar não! Você
me conhece, sabe que eu não tenho coragem de matar uma barata! Até por que eu
tenho nojo de barata! E depois/
BRUNO — (CORTA) Chega! Chega Beatriz! Não fala mais
nada!
BEATRIZ — Mas eu ainda não acabei Bruno! Eu queria
pedir desculpas! Eu estou arrependida por tudo que eu fiz! Até terminei a minha
amizade com Géssica. Eu sei que aquilo não era amizade, mas enfim, você me
entende! Me desculpa por favor!
BRUNO SE CALA, ABAIXA A CABEÇA.
BEATRIZ — Eu estou te pedindo desculpas Bruno!
BRUNO — (COM A CABEÇA ABAIXADA) E eu vou pedir pra
você sair da minha casa!
BEATRIZ — (SEM ACREDITAR) Você está me expulsando?
BRUNO — (AINDA COM A CABEÇA ABAIXADA) O que você
acha? (LEVANTA A CABEÇA) Essa história me fez sentir nojo de você! Eu até achei
que você tinha melhorado, mas não! Você só faz piorar cada vez mais! Sai daqui,
por favor!
BEATRIZ — Mas...
BRUNO — (TOM) Sai Beatriz!
BEATRIZ VAI EMBORA CABISBAIXA. BRUNO, COM A MÃO NA
CABEÇA, AINDA SEM ACREDITAR EM TUDO QUE OUVIU. CLOSE NELE.
CENA 2.
MANSÃO LIDIANE. QUARTO BEATRIZ. INTERIOR. NOITE.
BEATRIZ CONVERSA COM AMANDA.
BEATRIZ — Ele me expulsou de lá!
AMANDA — Mas também, o que você queria? Que ele te
cobrisse de beijos?
BEATRIZ — Mas eu tou arrependida velho! Será que
ninguém consegue enxergar isso?
AMANDA — Eu sei que você tá arrependida! Eu vejo
isso nos seus olhos. Mas você acha mesmo que Bruno ia acreditar, olhando nos
seus olhos depois de tudo o que ouviu?
BEATRIZ — Será que um dia ele vai me perdoar?
AMANDA — Você tem que dar um tempo Beatriz! O tempo
é o melhor remédio pra tudo!
BEATRIZ — Será mesmo?
CLOSE EM BEATRIZ.
CENA 3.
RESTAURANTE. INTERIOR. NOITE.
LIDIANE E GILBERTO CONVERSAM ENQUANTO JANTAM.
LIDIANE — Eu adoro esse restaurante!
GILBERTO — Eu também. Eu e minha filha!
LIDIANE — Foi aqui que a gente se conheceu lembra?
GILBERTO — Claro! Nunca vou esquecer do nosso
reencontro.
LIDIANE — (SEM ENTENDER) Reencontro?
GILBERTO — (SE CONSERTA) Eu quis dizer primeiro
encontro! Eu sou assim, misturo as palavras à toa.
LIDIANE — Ah! (T) A comida tá uma delícia!
GILBERTO — Está mesmo! (T) Você tá linda hoje sabia?
LIDIANE — (ENCANTADA) Obrigada! Você também! Aliás,
você é lindo, Gilberto!
GILBERTO BEIJA A MÃO DE LIDIANE QUE SORRI PRA ELE.
CENA 4.
HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. NOITE.
OTÁVIO COM RAÍSSA QUE ESTÁ DEITADA. ELES CONVERSAM
EM OFF. DE REPENTE MÁRCIO ENTRA COM ANDRESSA.
MÁRCIO — (P/ RAÍSSA) Mana, amor, eu vim correndo/
(VÊ OTÁVIO E MUDA A VOZ) Minha irmã querida, como você tá?
RAÍSSA — (ESTRANHA) Estou bem, eu acho!
OTÁVIO — Que bom que vocês vieram! (PARA RAÍSSA)
Raíssa, você já conhece a namorada do seu irmão?
RAÍSSA — (SEM ENTENDER) Namorada?
MÁRCIO E ANDRESSA LANÇAM UM OLHAR DISCRETO PRA
RAÍSSA, NUMA ESPÉCIE DE CÓDIGO.
RAÍSSA — (ENTENDE) Ah sim! Claro que eu conheço!
Tudo bom Andressa?
ANDRESSA — Tudo ótimo! (PARA OTÁVIO, DISFARÇA) Tudo
bom sogrão?
OTÁVIO — Tudo indo minha nega! Bom, eu vou deixar
vocês aqui conversando enquanto eu vou tomar um café na lanchonete.
OTÁVIO SAI. MÁRCIO E ANDRESSA RESPIRAM ALIVIADOS.
MÁRCIO — (ALIVIADO) Nossa mona, achei que meu plano
ia pro brejo!
ANDRESSA — Nem fale! Graças a Deus, eu sei disfarçar
rápido!
RAÍSSA — Vocês ficaram loucos?
ANDRESSA — Eu não preciso ficar louca pra ser louca
querida!
RAÍSSA — Por que vocês inventaram essa mentira de
namoro?
MÁRCIO — Ah mana, deixa de ser idiota! Tu sabe que
painho nunca vai me aceitarné?
RAÍSSA — Mas também não precisava inventar essa
mentira né?
MÁRCIO — (PARA ANDRESSA) Olha amiga, ela não
entendeu mesmo! (PARA RAÍSSA) Papi não pode saber querida!
RAÍSSA — Sua bicha burra! Eu entendi! Quero dizer
que uma hora ou outra ele vai descobrir tudo e aí sim você vai tomar bem no
olho... (HESITA) da cara!
ANDRESSA — Mas, enquanto isso não acontece, vamos
nos entendendo por aqui “meixmo”.
MÁRCIO — Mana, isso é segredo nosso! Não vai sair
contando pros quatro cantos do mundo, pelo amor de Deus!
RAÍSSA — Eu acho isso muito arriscado! Mas Ok! Podem
contar com meu silêncio.
MÁRCIO E ANDRESSA COMEMORAM.
CENA 5.
SHOPPING. LOJA. INTERIOR. NOITE.
LORENA E MARGOT FAZEM COMPRAS ENQUANTO CONVERSAM.
LORENA — Ele esteve lá em casa de novo!
MARGOT — Ele quem?
LORENA — “ELE” Margot! Vitor!
MARGOT — Ah sim! E aí, como foi?
LORENA — E aí é que ele me agarrou, me deu um beijo!
MARGOT — Menina! Não! Me conta isso direito! Ele te
beijou?
LORENA — Beijou! Mas eu não dei o braço a torcer
não! Mandei ele ir embora logo!
MARGOT — Ah, pelo amor de Deus, Lorena! Você também
não colabora mesmo né?
LORENA — Colaborar em quê mulher, tá maluca? Ele
chegou quando Paula tinha acabado de sair! Já pensou ele se bate lá com ela?
(T) Aliás, graças a Deus isso não aconteceu! E nem vai acontecer se depender de
mim!
CLOSE NELA.
CENA 6. SALVADOR.
PLANOS GERAIS. EXTERIOR. DIA.
PLANOS GERAIS DO AMANHECER.
CENA 7. MANSÃO
LIDIANE. SALA. INTERIOR. DIA.
LIDIANE ESTÁ SENTADA EM UM SOFÁ, AO LADO DE BEATRIZ,
QUE ESTÁ COM O PENSAMENTO LONGE.
LIDIANE — (COM UM PAPEL EM MÃOS) Olha, eu já
providenciei o buffet completo! As bebidas eu coloquei aqui na lista, com
álcool e sem álcool, vai de acordo com o gosto de cada um! Mandei um rapaz aqui
pra poder limpar a piscina que estava uma sujeirada danada e a decoração eu...
ELA PARA DE FALAR QUANDO PERCEBE QUE BEATRIZ NÃO TÁ
LHE DANDO ATENÇÃO.
LIDIANE — Beatriz? Você ouviu o que eu disse?
BEATRIZ — (VOLTA A SI) Ah... Não mãe! Foi mal! Eu
tava com a cabeça distante!
LIDIANE — Tá acontecendo alguma coisa minha filha?
BEATRIZ — Não tá acontecendo nada! Eu só estou
indisposta hoje! Tudo o que a senhora desejar pra essa festa rolar, tá ok pra
mim! Vou subir, quero ficar um pouco sozinha!
BEATRIZ SOBE.
LIDIANE — Espera filha! Beatriz!
BEATRIZ SUBIU SEM DAR OUVIDOS A MÃE.
LIDIANE — O que será que aconteceu com ela?
LIDIANE FICA PENSATIVA.
CENA 8. AP
GILBERTO. SALA DE JANTAR. INTERIOR. DIA.
GILBERTO TOMA O CAFÉ DA MANHÃ ENQUANTO CONVERSA COM
ARTHUR.
ARTHUR — E então, como foi ontem com a rainha de
copas?
GILBERTO — Foi maravilhoso! Melhor não poderia ter
sido!
ARTHUR — Que bom!
GILBERTO — Lidiane continua linda sabia? Com o mesmo
jeitinho de antigamente! Não mudou nada! Aquele rostinho angelical, aquela voz,
aquele perfume... Tão linda como na época em que a gente namorava.
DE REPENTE RAFAELA APARECE.
RAFAELA — Bom dia!
GILBERTO — Bom dia filha!
RAFAELA — Arthur, você pode fazer um suco de laranja
pra mim, por favor?
ARTHUR — Claro!
RAFAELA — Valeu!
ARTHUR VAI PRA COZINHA.
RAFAELA — Eu não pude deixar de escutar a sua
conversa com Arthur, pai! Você disse que Lidiane continua linda, igual àantigamente,
que continua com o rosto angelical e sei lá o quê... Você já a conhecia antes?
GILBERTO FICA “BRANCO”. TENSÃO.
1º INTERVALO
COMERCIAL
CENA 9. AP
GILBERTO. SALA DE JANTAR. INTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. GILBERTO E RAFAELA.
RAFAELA — E então pai, você já conhecia Lidiane
antes?
GILBERTO — Claro que não filha! O que eu disse só
foi um modo de falar. Lidiane é apenas a mulher dos meus sonhos. Sempre sonhei
com ela. E a vontade de encontra-la era tão grande que quando isso aconteceu eu
tenho me sentido assim! Só isso!
RAFAELA — Tem certeza?
GILBERTO — Claro! Agora eu vou pro trabalho!
ELE SE LEVANTA DA MESA, DÁ UM BEIJO EM RAFAELA.
GILBERTO — Tchau!
E SAI.
RAFAELA — (MEIO DESCONFIADA) Tchau!
ARTHUR APARECE DE REPENTE COM UMA JARRA DE SUCO DE
LARANJA.
ARTHUR — Seu suco!
RAFAELA — Obrigada Arthur! (t) Arthur, você e painho
são grandes amigos né?
ARTHUR — Sim, nós somos!
RAFAELA — Então me diz uma coisa: Ele está escondendo
alguma coisa?
ARTHUR — Alguma coisa tipo o quê?
RAFAELA — Tipo, algum segredo!
ARTHUR — Não que eu saiba!
RAFAELA — Ah! Tudo bem! Só queria saber mesmo!
ARTHUR — Eu vou voltar pra cozinha! Se precisar de
alguma coisa é só chamar!
ARTHUR VOLTA PRA COZINHA, SEMPRE OLHANDO PRA
RAFAELA.
RAFAELA — (DESCONFIADA) Eles pensam que me enganam!
Painho está escondendo alguma coisa sim! Aquele diário que ele não deixa
ninguém tocar, aquelas identidades falsas e agora isso! Ele está escondendo
alguma coisa e eu vou descobrir o que é!
CLOSE NELA.
CENA 10.
CASA GÉSSICA. QUARTO GÉSSICA. INTERIOR. DIA.
GÉSSICA ANDA DE UM LADO PRO OUTRO EM SEU QUARTO.
GÉSSICA — Eu preciso pensar em alguma coisa pra me
vingar de Beatriz! Não posso deixar passar o sapeca iaiá que ela me deu! Eu
preciso pensar! (PARA SI) Pensa Géssica, pensa!
ELA SENTA NA CADEIRA DO COMPUTADOR E LIGA-O.
CENA 11. MANSÃO
LIDIANE. QUARTO BEATRIZ. INT. DIA.
BEATRIZ EM FRENTE AO SEU COMPUTADOR ENVIA OS
CONVITES DA SUA FESTA. PAULA E AMANDA OBSERVAM.
BEATRIZ — Pronto! Eu mandei convite da festa pra
todo mundo!
PAULA — Mandou pra todo mundo mesmo?
AMANDA — Até pra Bruno?
PAULA — E pra Rafaela também?
BEATRIZ — Claro! Mesmo com tudo o que aconteceu eu
não deixaria de convidar eles dois! Seria muita falta de educação da minha
parte.
PAULA — E sua amiguinha Géssica? Convidou também?
BEATRIZ — (CORRIGE) Ex-amiga! Aliás, nem disso eu
posso chamar ela. Ela nunca foi uma amiga de verdade pra mim que dirás ex. E eu
não chamei ela! Só o irmão! Eu quero é que ela se dane!
CENA 12.
CASA GÉSSICA. QUARTO GÉSSICA. INTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO DA CENA 10. GÉSSICA AINDA DE FRENTE PARA
O COMPUTADOR.
GÉSSICA — Olha só, Beatriz vai dar uma festa na casa
dela! Postou até a lista de convidados! (T) Peraí, meu nome não tá aqui! (T) Que
cachorra! Cachorra vira lata, maldita! (T) Mas eu preciso ir nessa festa! Eu
preciso ir de qualquer jeito!
GÉSSICA VOLTA SUA CONCENTRAÇÃO PRO COMPUTADOR.
GÉSSICA — Ela convidou Bruno e a Maria Mijona
também! Agora sim eu não posso faltar mesmo nessa festa! Eu vou aproveitar pra
acabar de vez com essa criatura e me vingar de Beatriz de uma vez por todas!
(T) Eu vou pra essa festa, por bem ou por mal!
CLOSE NELA.
CENA 13.
CASA RENATA. SALA. INTERIOR. DIA.
RENATA ESTÁ ARRUMADA PRA SAIR. JULIANA ESTÁ
ASSISTINDO TV E NOTA A FILHA ARRUMADA.
JULIANA — Pra onde você vai assim toda arrumada
filha? Tá cheirosa!
RENATA — Vou almoçar na casa de uma amiga do colégio!
Aproveitar que hoje é domingo e amanhã o colégio vai enforcar o feriado de
terça! Vou aproveitar pra tirar uma
folga dos estudos!
JULIANA — Ótimo! Vai mesmo minha filha! Aproveita!
RENATA — (OLHA NO RELÓGIO) Xi, tô atrasada! Beijo
mãe!
RENATA DÁ UM BEIJO EM JULIANA, QUE RETRIBUI E SAI.
JULIANA CONTINUA ASSISTINDO TEVÊ.
CENA 14.
GRAÇA. EXTERIOR. DIA.
RENATA ESPERA POR ANDRÉ, QUE LOGO APARECE. ELE
ESTACIONA O CARRO PERTO DELA. RENATA ENTRA NO CARRO DELE.
CENA 15.
CARRO ANDRÉ. INTERIOR. DIA.
RENATA ENTRA E DÁ UM BEIJO EM ANDRÉ.
ANDRÉ — Demorei?
RENATA — Não!
ANDRÉ — Vamos, minha mãe tá esperando a gente!
ELE DÁ A PARTIDA E AMBOS VÃO EMBORA.
CENA 16.
CASA ANDRÉ. SALA. INTERIOR. DIA.
LOURDES E LEONTINA ESTÃO NA SALA CONVERSANDO. A
EMPREGADA SERVE UMA BEBIDA PRA LEONTINA QUE TOMA E SEMPRE PEDE MAIS.
LOURDES — Para de ficar bebendo mamãe! Quer ficar
sóbria quando a namorada do meu filho cruzar aquela porta?
LEONTINA — (BEBENDO) Minha querida, se ela for do
tipo de menina que não usa camisinha com meu neto, eu prefiro sofrer de coma
alcóolico! (PARA A EMPREGADA) Eu quero mais Clodivânia!
LOURDES — (EM CIMA) Não! Já chega de beber! (PARA A
EMPREGADA) Clodivânia, vá aprontar a mesa de jantar!
CLODIVÂNIA — Sim senhora! (T) A senhora deseja mais
alguma coisa dona Lourdes?
LOURDES — Desejo sim Clodivânia! Eu desejo ter 20
anos de novo! Você consegue isso pra mim? Acredito que não! Então suma da minha
frente e vá fazer o que eu mandei!
CLODIVÂNIA — Sim senhora!
ELA VAI PRA COZINHA. DE REPENTE A CAMPAINHA TOCA.
LOURDES — (GRITA) Clodivânia!
CLODIVÂNIA — (VEM CORRENDO) Chamou senhora?
LOURDES — Não! Eu gosto de ficar gritando seu lindo
nome! O que você acha? Vá atender a porta!
CLODIVÂNIA — Mas a senhora não mandou arrumar a
mesa?
LOURDES — E você ainda não fez isso?
CLODIVÂNIA — Mas é que/
LOURDES — (CORTA) Mas nada! Vá atender a porta!
Depois faça o que mandei antes!
CLODIVÂNIA VAI ATENDER A PORTA. ANDRÉ E RENATA
ENTRAM.
LOURDES — (SE LEVANTA) Meus queridos! Que bom que
chegaram!
ANDRÉ — Essa aqui é Renata, mãe!
RENATA — Prazer dona Lourdes!
LOURDES — O prazer é todo meu querida, e para de me
chamar de dona que assim eu me sinto velha! Ainda não passei dos quarenta!
RENATA — Sério? Sabe que eu nem percebi?!
LOURDES SOLTA UM OLHAR PRA ELA.
RENATA — (SEM GRAÇA) Quero dizer... (ESTENDE A MÃO)
Meu nome é Renata, prazer!
LOURDES — (OLHA ELA DE CIMA À BAIXO) É eu já te
conheço de outros carnavais!
LOURDES DÁ AS COSTAS PRA RENATA, QUE FICA SEM GRAÇA.
ANDRÉ ACHA GRAÇA.
CENA 17.
CASA ANDRÉ. SALA DE JANTAR. INTERIOR. DIA.
OS MESMOS DA CENA ANTERIOR ESTÃO NA MESA ALMOÇANDO.
RENATA COME SEM ETIQUETA E LOURDES ESTRANHA.
LOURDES — (SUSSURRA PARA LEONTINA) Tem certeza de
que é rica essa criatura?
LEONTINA — (FALA NORMALMENTE) Seu filho disse que é!
LOURDES — Mamãe!
ANDRÉ — Eu disse o quê?
LOURDES — (DISFARÇA) Nada filho! (MUDA DE ASSUNTO)
Então quer dizer Renata, que seu avô tem muitas fazendas?
RENATA — Tem sim! Ele é muito rico sabe?
LOURDES — Não, não sei! Não o conheço!
RENATA FICA SEM GRAÇA. PRA DISFARÇAR, ELA PEGA O
COPO DE SUCO E BEBE. ANDRÉ PERCEBE.
ANDRÉ — Bem, a mãe de Renata gosta muito de telas,
pinturas, né amor?
RENATA — É sim! Minha mãe adora!
LOURDES — Ah é? Eu também adoro, sou apaixonada. E
qual é o artista preferido dela?
RENATA — Beethoven!
NESSE MOMENTO, LEONTINA QUE ESTAVA BEBENDO SUCO, SE
ENGASGA E COMEÇA A RIR ESCANDALOSAMENTE.
LEONTINA — (PARA RENATA) Eu adorei você menina! Você
é muito engraçada!
RENATA — Eu disse alguma coisa errada?
ANDRÉ — (SUSSURRA PRA ELA) É que Beethoven não é um
pintor!
RENATA — (SUSSURRA PRA ELE) Então ele é o quê?
ANDRÉ — (SUSSURRA) Um compositor, pianista!
RENATA — (FALA NORMAL) Eu me confundi me desculpem!
O artista predileto de minha mãe é Picasso! Eu disse Beethoven por que passei a
minha vida inteira escutando suas músicas. São maravilhosas!
LOURDES — E você mora com sua mãe?
RENATA — Não! Minha mãe mora na Irlanda! Eu moro
sozinha num apartamento na Graça, por causa dos estudos, a senhora me entende.
ELES CONTINUAM CONVERSANDO EM OFF ENQUANTO ALMOÇAM.
RENATA SEMPRE TENSA.
CENA 18.
PRAIA DA BARRA. EXTERIOR. DIA.
MARCELO ENSINA PAULA A SURFAR. MOSTRAR VÁRIOS
TAKES DELA EM CIMA DA PRANCHA, TENTANDO SURFAR E SEMPRE CAINDO. A AULA
TERMINA. PAULA VEM DA ÁGUA COM MARCELO, CARREGANDO SUA PRANCHA DEBAIXO DO
BRAÇO. ELA CRAVA A PRANCHA NA AREIA E SENTA. MARCELO FAZ O MESMO.
PAULA — Eu detestei a aula!
MARCELO — Por quê?
PAULA — Você ainda pergunta? Eu nem consegui ficar
em cima da prancha!
MARCELO — Claro! Você ainda tá no começo! Com o
tempo você vai pegando a manha! Mas se for comparar com as outras aulas, nessa
você até deu uma melhorada!
PAULA — (SORRI) Dei é?
MARCELO — (SORRI DE VOLTA) Deu sim!
ELES SE BEIJAM.
PAULA — Então pra comemorar essa melhorada, que tal
a gente almoçar num desses botecos por aí?
MARCELO — Eu adoraria gata, mas não vou poder hoje!
PAULA — Não vai? Por quê?
MARCELO — Vou encontrar com meu irmão!
PAULA — Você tem irmão?
MARCELO — Tenho! (ELE RI) Olha, eu vou lá resolver o
que tiver pra resolver com ele e mais tarde eu te ligo pra gente se encontrar!
PAULA — Tudo bem!
MARCELO VAI SE LEVANTAR, MAS ANTES DÁ UM OUTRO BEIJO
EM PAULA E DEPOIS VAI EMBORA. ELA SORRI, OLHANDO ELE INDO EMBORA. CLOSE EM
PAULA QUE FICA A ADMIRAR O MAR.
CENA 19. AP
BRUNO. SALA. INTERIOR. DIA.
BRUNO ESTÁ DEITADO NO SOFÁ. DE REPENTE A CAMPAINHA
TOCA. ELE CORRE PRA PODER ATENDER. BRUNO ABRE A PORTA. É MARCELO.
BRUNO — (SURPRESO) Marcelo?
MARCELO — Quanto tempo Bruno!
CLOSE NELES.
2º INTERVALO
COMERCIAL
CENA 20. AP
BRUNO. SALA. INTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. BRUNO TIRA UMA NOTA DA
CARTEIRA E ENTREGA A MARCELO.
MARCELO — Valeu Bruno! Foi mal eu estar aqui te
pedindo dinheiro/
BRUNO — (CORTA) Para com isso Marcelo! Você é meu
irmão! É minha obrigação ajudar você! Aliás, você tá morando aonde?
MARCELO — Tô dividindo um apê com um amigo!
BRUNO — Eu só acho que você deveria voltar a morar aqui!
MARCELO — Não vou ficar debaixo do mesmo teto que
aquela mulher!
BRUNO — Marcelo, aquela mulher é nossa mãe!
MARCELO — Ela até pode ser a sua mãe, mas minha ela
nunca foi!
BRUNO — E painho? Você não pensou nem um pouco nele
quando resolveu sair daqui?
MARCELO — Claro que eu pensei! Mas é que não tava
dando mais pra ficar aqui! Não tava aguentando mais aquela mulher que você diz
ser minha mãe me maltratando, me tratando com indiferença!
DE REPENTE VITOR CHEGA EM CASA.
VITOR — (SURPRESO) Marcelo?!
MARCELO — Pai!
VITOR — (SE APROXIMA) Meu filho!
ELES SE ABRAÇAM.
VITOR — (EMOCIONADO) Meu filho! Você voltou pra
ficar?
MARCELO — Não! Eu só vim pedir uma ajuda! Tô
passando um perrengue lá no apê! Eu fui demitido do lugar aonde eu tava
trabalhando! Aliás, a maioria dos meus colegas também foram demitidos. A
empresa estava em crise, na falência.
VITOR — Então volta a morar com a gente filho!
BRUNO — Não adianta! Eu já falei pra ele!
VITOR — Eu falo pra sua mãe parar de implicar com
você!
MARCELO — Não! Não dá mesmo pra voltar! Se fosse por
vocês eu até que voltava, mas não dá! Foi mal! Agora eu tenho que ir! (PARA
BRUNO) Valeu pela ajuda!
MARCELO VAI SAINDO.
BRUNO — Marcelo!
MARCELO PARA E SE VIRA. BRUNO VAI ATÉ ELE E LHE DÁ
UM ABRAÇO. MARCELO CHORA EMOCIONADO.
BRUNO — Se você estiver precisando de alguma coisa,
é só ligar pra mim!
MARCELO — (SENTIDO) Obrigado!
ELE VAI EMBORA. BRUNO FICA ALI, CABISBAIXO, ASSIM
COMO VITOR.
CENA 21. AP
LORENA. SALA. INTERIOR. DIA.
LORENA ALI SOZINHA, PENSATIVA. ELA APANHA UM RETRATO
DE PAULA QUE ESTÁ EM CIMA DE UMA BANCADA E FICA OBSERVANDO. CLOSE NA FOTO DE
PAULA.
CENA 22. AP
OTÁVIO. SALA. INTERIOR. DIA.
OTÁVIO, MÁRCIO, ANDRESSA, RAÍSSA, GUILHERME E CAIO
ALMOÇAM.
OTÁVIO — Hoje é um dia muito feliz pra mim! Meu
filho, aqui com a namorada dele, minha filha que recebeu alta hoje.
GUILHERME — E eu, não conto?
OTÁVIO — Claro que conta meu filho!
CAIO OLHA PRA ANDRESSA. CORTE RÁPIDO PRA EMBAIXO DA
MESA, CAIO PASSA O PÉ NA PERNA DE ANDRESSA. CORTA DE VOLTA PRA ELES QUE
SORRIEM UM PRO OUTRO. GUILHERME PERCEBE.
GUILHERME — (PARA MÁRCIO) Então quer dizer que você
e Andressa estão namorando?
MÁRCIO — (FALA COMO HOMEM) Sim, é claro!
GUILHERME — (IRÔNICO) Que bom! Fico feliz por você
meu irmãozinho!
GUILHERME FUZILA MÁRCIO COM OS OLHOS. MÁRCIO FICA
TENSO E TOMA UM GOLE DO SUCO PRA DISFARÇAR A TENSÃO.
MÁRCIO — (SE LEVANTA) Eu preciso ir ao banheiro!
MÁRCIO SE DIRIGE ATÉ O CORREDOR.
GUILHERME — (SE LEVANTA) Eu também preciso ir ao
banheiro! Não no mesmo banheiro que ele obviamente!
ELE SE LEVANTA E SE DIRIGE AO CORREDOR. CAIO
CONTINUA A OLHAR PRA ANDRESSA, QUE RETRIBUI.
CORTA PARA O CORREDOR. GUILHERME VEM ATRÁS DE
MÁRCIO E PUXA SEU BRAÇO.
GUILHERME — (BAIXO) Que história é essa agora?
MÁRCIO — (BAIXO) Do que você tá falando?
GUILHERME — (BAIXO) Não se faça de idiota! Eu sei
que esse namoro comaperiguete da Andressaé uma grande mentira!
MÁRCIO — (BAIXO) Pelo amor de Deus, não vai contar
pra isso painho! Ele não pode nem imaginar/
GUILHERME — (CORTA/BAIXO) Eu não vou contar! (IMITA
UM GAY) Pode ficar tranquila que minha boca é um túmulo!
GUILHERME COMEÇA A RIR DA CARA DE MÁRCIO E VOLTA PRA
SALA. MÁRCIO FICA TENSO. CORTA DE VOLTA PRA MESA. MÁRCIO SE SENTA À
MESA.
ANDRESSA — E a festa de Beatriz? Vocês foram
convidados?
RAÍSSA — Festa? Que festa?
CAIO — Beatriz vai dar uma festa na casa dela!
Chamou todo mundo! Seu nome tá na lista! Até o nome de tio Otávio tá na lista!
OTÁVIO — Lidiane já havia me comunicado dessa festa.
Eu vou só por causa dela!
TODO MUNDO COMEÇA A GRITAR DE ZOAÇÃO COM OTÁVIO QUE
FICA SEM JEITO E RI. ELES CONTINUAM FALANDO EM OFF.
CENA 23.
RUA. EXTERIOR. DIA.
VAGNER VEM ANDANDO COM NATÁLIA PELA RUA E ENCONTRA
ERIBERTO CAÍDO NO CHÃO, DESACORDADO.
VAGNER — (SURPRESO) Pai?!
CLOSE NELES.
CENA 24.
CASA GÉSSICA. SALA. INTERIOR. DIA.
VAGNER ENTRA COM ERIBERTO COM A AJUDA DE NATÁLIA.
ELES CARREGAM ERIBERTO PELO BRAÇO.
NATÁLIA — Aonde a gente coloca seu pai, Vagner? Ele
é muito pesado!
VAGNER — Vamos tentar colocar ele lá em cima!
ELES SOBEM AS ESCADAS COM DIFICULDADE.
CENA 25.
CASA GÉSSICA. QUARTO CASAL. INTERIOR. DIA.
VAGNER ABRE A PORTA E VEM CARREGANDO ERIBERTO JUNTO
COM NATÁLIA. ELES CAMINHAM ATÉ O BANHEIRO.
CORTA PRO BANHEIRO: VAGNER PÕE ERIBERTO DEBAIXO
DO CHUVEIRO E LIGA-O. ERIBERTO DESPERTA.
ERIBERTO — (ZONZO) Aonde eu tô?
VAGNER — Tá em casa! Graças a Deus não aconteceu
nada de pior! Que vergonha pai! Um homem como o senhor caído de bêbado no meio
da rua!
ERIBERTO — Que bêbado menino? Eu tô bem, tô ótimo/
VAGNER — (CORTA/TOM) Não tá não!
ERIBERTO — (FALA ALTO) Eu tô sim!
VAGNER — (GRITA) Não tá! Não tá bem coisíssima
nenhuma! Agora vai ficar aí embaixo do chuveiro, tomando essa ducha fria pra
aprender!
ERIBERTO TENTA SAIR, MAS VAGNER IMPEDE.
VAGNER — Fica aí! (PARA NATÁLIA) Pega uma toalha pra
mim!
NATÁLIA SAI DO BANHEIRO E VOLTA COM A TOALHA.
CORTA NOVAMENTE PARA O QUARTO. VAGNER VEM TRAZENDO O PAI E O
COLOCA NA CAMA. NATÁLIA CHEGA COM UMA XÍCARA GRANDE DE CAFÉ PRETO. ELA ENTREGA
PRA VAGNER.
VAGNER — Aqui, toma esse café!
ERIBERTO — (SÓBRIO) Eu não quero café! Café faz mal!
Nunca falaram pra você que café faz mal?
VAGNER — Bebe!
ERIBERTO — Eu não quero!
VAGNER — Pai bebe!
ERIBERTO — (DÁ UM TAPA NA XÍCARA, FAZENDO-A CAIR NO
CHÃO) Eu já disse que não quero essa porcaria! Sai daqui! Me deixa! Eu tô bem,
tô ótimo, não tá vendo? Agora sai!
VAGNER — Não! Eu não vou sair!
ERIBERTO — (GRITA) Sai!
VAGNER — (GRITA) Eu já disse que não vou sair! O senhor
não tá tão bêbado assim pra não ouvir o que eu vou dizer! (T) Você precisa
parar com esse vício! Tá querendo morrer? Tá querendo se matar? Tá querendo
deixar minha mãe sofrendo mais do que já sofre com você agindo como um
infantil? Um homem de meia idade, caído, jogado no chão, no meio da rua, num
estado deplorável! Eu tive paciência com o senhor esses anos todos, mas pra mim
chega! Chega de ser bonzinho o tempo todo! (TOM) Se o senhor não parar de beber
eu vou te internar numa clínica de reabilitação!
VAGNER SAI DO QUARTO COM NATÁLIA. CLOSE EM ERIBERTO,
CHOCADO COM O QUE ACABOU DE OUVIR.
CENA 26.
CASA GÉSSICA. SALA. INTERIOR. DIA.
VAGNER CHORA, É CONFORTADO POR NATÁLIA.
NATÁLIA — Calma meu amor!
VAGNER — (CHORANDO) Eu não aguento mais esse inferno!
Eu não aguento mais!
NATÁLIA — Olha só: Você é forte! Seu pai vai
conseguir sair dessa! Você só precisa ter um pouco mais de paciência!
VAGNER — Eu tive paciência esses anos todos! Já
chega! Meu estoque de paciência acabou! Se eu encontrar mais uma gota, um
cheiro de álcool nessa casa, eu ponho ele numa clínica e ele só sai de lá
quando não souber mais o que é cachaça!
CLOSE NELE.
CENA 27.
PRAIA DA BARRA. EXTERIOR. DIA.
LIA FAZ UMA CORRIDA NA CALÇADA DA BARRA. ELA FICA
CANSADA E PARA DE CORRER. ELA PÁRA EM FRENTE UM QUIOSQUE. LIA PERCEBE QUE O
CADAÇO DO SEU TÊNIS ESTÁ DESAMARRADO E SE ABAIXA PRA AMARRAR. NESSE MOMENTO,
DOIS HOMENS APARECEM DE BICICLETA. UM PASSA PELA PISTA DE CICLISMO, O OUTRO
PERDE O CONTROLE E SOBE NUM PASSEIO. LIA TERMINA DE AMARRAR O CADAÇO E SE
LEVANTA. O HOMEM PERDE O CONTROLE E A ATROPELA. LIA CAI NO CHÃO, RALANDO O
JOELHO.
LIA — (SENTINDO DOR) Aí meu joelho!
UMAS PESSOAS CHEGAM PERTO E TENTA LEVANTÁ-LA.
LIA — (SENTINDO DOR) Aí!
O HOMEM ENCOSTA A BICICLETA NUM MURO E CORRE PRA
PERTO DELA.
HOMEM — Desculpa moça!
LIA OLHA PRA ELE, NOTANDO SEU CORPO MUSCULOSO, ELA
SORRI, ESQUECENDO-SE DA DOR.
CORTA PARA: LIA QUE ESTÁ SENTADA NUMA CADEIRA DO QUIOSQUE. O
HOMEM QUE A ATROPELOU AJUDA A LIMPAR SEU FERIMENTO NO JOELHO.
LIA — (GEME DE DOR) Aí.
HOMEM — Calma! Você só ralou o joelho! Graças a Deus
não aconteceu algo de mais grave.
LIA — Mas tá doendo muito!
HOMEM — É assim mesmo!
LIA — Você é médico?
HOMEM — Eu sou sim!
ELE FAZ UM CURATIVO NO JOELHO DELA.
HOMEM — Eu sempre trago o meu quite de emergência
comigo!
ELE TERMINA DE FAZER O CURATIVO.
HOMEM — Desculpa pelo o atropelamento.
LIA — (ENCANTADA) Que nada! Eu só tenho a agradecer!
HOMEM — (SEM ENTENDER) Como é que é?
LIA — (SEM JEITO) Quero dizer, eu... Quero dizer...
HOMEM — Não precisa se explicar! Eu me chamo
Ricardo!
LIA — Prazer Ricardo! Eu me chamo Lia!
ELES SE ENTREOLHAM. SORRIEM UM PRO OUTRO.
CENA 28. AP
LORENA. SALA. INTERIOR. DIA.
A CAMPAINHA TOCA. PAULA APARECE E VAI ATENDER. ELA
ABRE. RICARDO ENTRA COM LIA EM SEU COLO.
PAULA — Tia, o que aconteceu? Você tá bem?
LIA — Tou sim minha sobrinha! Quer dizer, agora eu
estou né? Graças a ele!
PAULA — (PARA RICARDO) Quem é você?
RICARDO — (ESTENDE A MÃO) Doutor Ricardo, a seu
dispor!
PAULA — (APERTA A MÃO DELE) Você é namorado da minha
tia?
LIA — (SEM JEITO) Não, imagine só!
RICARDO — (SEM JEITO) Quê isso!
LIA — A gente se conheceu hoje! (PARA RICARDO, DOCE)
Aliás, obrigado por ter me trazido até aqui, ter cuidado de mim! Valeu mesmo!
RICARDO — Quê isso! Não precisa agradecer! Eu é que
tenho que pedir desculpas! Ah! (PEGA UM CARTÃO DO BOLSO E ENTREGA A LIA) Toma!
Meu cartão! Se precisar de mim é só ligar!
ELE PISCA PRA ELA E SAI.
PAULA — Ui uiui! Minha titia arrasando corações!
LIA — Quê isso menina! Que nada, o homem me conheceu
hoje!
PAULA — Sei... Vai me dizer que não ficou afim do
doutor bonitão?!
LIA — É... Eu acho que... Acho que... Deixa quieto!
PAULA — Tá afim dele sim! E ele também tá afim de
você!
LIA — De mim? Imagine só!
PAULA — Claro que tá! Ele deixou o cartão dele pra
você! Se ele não tivesse afim de você nem teria te trazido até aqui! Muito
menos dado àquela piscada antes de sair! (T) Tá com sorte hein?!
LIA — (OLHA O CARTÃO) Parece que sim!
ELAS RIEM.
CENA 29. AP
GILBERTO. SALA. INTERIOR. DIA.
A CAMPAINHA TOCA. GILBERTO APARECE E VAI ATENDER. É
BRUNO.
BRUNO — Oi, você é o pai de Rafaela né?
GILBERTO — Eu sou sim! E você quem é?
BRUNO — (ESTENDE A MÃO) Eu sou Bruno, amigo dela! Ou
mais que isso!
GILBERTO — (CUMPRIMENTA)Prazer Bruno, meu nome é
Gilberto! Entra!
BRUNO ENTRA. RAFAELA LOGO APARECE.
RAFAELA — Bruno!
ELES SE ABRAÇAM.
BRUNO — Rafa eu vim aqui por que eu preciso te fazer
um pedido!
RAFAELA — E o que é?
BRUNO OLHA PRA GILBERTO.
BRUNO — Seu Gilberto, eu queria pedir permissão pro
senhor deixar Rafaela namorar comigo! E então? O senhor deixa?
BRUNO E RAFAELA ESPERAM UMA RESPOSTA DE GILBERTO QUE
FICA SURPRESO COM A PERGUNTA. CLOSE NELES.
FIM
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