CENA 1/ RESTAURANTE/
ESTACIONAMENTO/ EXT/ NOITE.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR.
LIDIANE SE APRESENTA PARA GILBERTO QUE FICA TOTALMENTE IMPACTADO AO VER A EX
MULHER NA SUA FRENTE.
GILBERTO — (PENSAMENTO) É
ela. É a minha Lidiane. Ela está viva.
LIDIANE CONTINUA COM A MÃO ESTENDIDA, ESPERANDO QUE GILBERTO A
CUMPRIMENTE, MAS ELE CONTINUA A OLHAR PRA ELA, PARALISADO.
RAFAELA — Não vai cumprimentar Lidiane painho?
GILBERTO —
(VOLTA A SI) Me desculpe! (CUMPRIMENTA LIDIANE) Muito prazer!
LIDIANE — O prazer é todo meu! Vocês estavam indo
jantar?
GILBERTO —
Sim sim. Rafaela adora esse restaurante.
LIDIANE — Que coincidência. Eu também adoro esse
restaurante. Na minha opinião é um dos melhores de Salvador.
RAFAELA —
Eu também acho o mesmo diretora.
LIA — Eu não queria interromper, mas não é melhor
conversarmos lá dentro?
LIDIANE — Oh sim. Claro! (PARA GILBERTO E RAFAELA)
Por que vocês não jantam com a gente?
RAFAELA — (ANIMADA) Claro! Vamos!
ELES ENTRAM TODOS JUNTOS NO RESTAURANTE.
CENA 2/ RESTAURANTE/
INTERIOR/ NOITE.
LIDIANE, LIA, RAFAELA E GILBERTO JANTAM. LIA NÃO PARA DE ENCARAR
GILBERTO, QUE PERCEBE E FICA SEM JEITO.
GILBERTO —Que lugar mais agradável não?
LIDIANE — Por isso que eu amo esse restaurante. A
música é boa, os pratos são maravilhosos, as companhias são agradáveis.
RAFAELA — Obrigada! Eu sigo a mesma opinião que
você. Tudo aqui é de muito bom gosto.
LIA CONTINUA A OLHAR PARA GILBERTO. LIDIANE PERCEBE.
LIDIANE — Lia, não vai comer?
LIA — Vou sim!
LIDIANE — Então por que estava olhando pro Gilberto
e não comendo?
LIA FICA SEM GRAÇA.
LIA — Ora, eu não estava olhando pra ele.
LIDIANE — Estava sim.
LIA — Tudo bem! Eu confesso que estava sim. (PARA GILBERTO) Mas
é por que eu já te vi em algum lugar Gilberto! Não sei de onde, mas eu juro que
eu te conheço de algum lugar.
GILBERTO COMEÇA A FICAR NERVOSO.
LIDIANE — Como assim você conhece ele mulher? Tá
maluca? Conhecemos ele hoje!
GILBERTO — (SEM JEITO) Você deve estar me confundindo
com outra pessoa. Com algum conhecido seu por exemplo.
LIA — Só pode ser mesmo.
GILBERTO — Bom, se me dão licença, eu vou no banheiro.
GILBERTO SE RETIRA E SAI EM DIREÇÃO AO BANHEIRO. RAFAELA,
LIDIANE E LIA SE ENTREOLHAM.
CENA 3/ RESTAURANTE/
BANHEIRO MASC./ INTERIOR/ NOITE.
O BANHEIRO MASCULINO SE ENCONTRA VAZIO. GILBERTO ADENTRA E SEGUE
ATÉ A PIA, AONDE MOLHA SEU ROSTO. ELE SE VOLTA AO ESPELHO E FICA SE OLHANDO,
PENSATIVO. ELE PEGA UNS PAPÉIS TOALHA E ENXUGA O ROSTO E AS MÃOS E SAI DO
BANHEIRO.
CENA 4/ RESTAURANTE/
INTERIOR/ NOITE.
GILBERTO VOLTA PRA MESA.
GILBERTO — Desculpem a minha saída tão de repente da
mesa. Eu tive um mal estar.
RAFAELA — Você tá se sentindo bem pai? Se não
estiver bem a gente pode voltar pra casa.
GILBERTO — Não precisa se preocupar minha filha, eu
tou bem!
LIDIANE — Nada disso. Se não está se sentindo bem é
melhor ir pra casa mesmo.
RAFAELA — Lidiane tem razão pai! É melhor a gente
ir! Vamos!
GILBERTO — Mas a gente
nem jantou direito.
RAFAELA — Sem
problemas pai! A gente janta em casa! Vamos!
GILBERTO VAI SE LEVANTAR, MAS TEM UMA TONTURA E QUASE CAI, MAS É
AMAPARADO POR RAFAELA E LIDIANE QUE O AJUDAM. LIA CHAMA O GARÇOM E TRATA DE
FAZER O PAGAMENTO. O GARÇOM APARECE.
LIA — Por favor, aqui está o pagamento
dessa mesa e pode ficar com o troco. Obrigada!
ELA SAI DO RESTAURANTE.
CENA 5/ RESTAURANTE/ ESTACIONAMENTO/
EXT/ NOITE.
GILBERTO SAI, AMPARADO POR LIDIANE E RAFAELA. LIA SAI EM
SEGUIDA. ELES CAMINHAM ATÉ O ESTACIONAMENTO. GILBERTO VAI ABRIR A PORTA DO
CARRO.
GILBERTO — Deixa que eu dirijo!
LIDIANE — Nada disso! Você não está em condições de
dirigir.
RAFAELA — Lidiane tem razão pai!
LIDIANE — Deixa que eu dirijo pra você. Deixo vocês
dois em casa e depois eu pego um táxi. Lia vai levar meu carro pra minha casa e
tá tudo certo.
GILBERTO — Não precisa!
RAFAELA — Deixe de teimosia pai! Deixe Lidiane
ajudar a gente. Você não está com condições!
LIA — Ouve sua filha Gilberto!
GILBERTO — Tudo bem!
RAFAELA AJUDA GILBERTO. ELE ENTRA NO CARRO E SENTA NO BANCO DO
CARONA. RAFAELA ENTRA NO CARRO. LIDIANE FALA COM LIA.
LIDIANE — Leve o carro pra minha casa e me espere
lá.
LIA — Tudo bem!
LIDIANE ENTRA NO CARRO E PARTE. LIA FAZ O MESMO.
CENA 6/ PRÉDIO GILBERTO/
LOCALIZAÇÃO/ EXT/ NOITE.
PLANO DE LOCALIZAÇÃO.
CENA 7/ AP GILBERTO/ SALA/ INTERIOR/
NOITE.
RAFAELA AJUDA GILBERTO, LIDIANE ENTRA EM SEGUIDA. RAFAELA PÕE
GILBERTO NO SOFÁ.
LIDIANE — Você tá se sentindo melhor Gilberto?
GILBERTO — Eu estou sim! Muito obrigado Lidiane!
Desculpe se estraguei sua noite e da sua amiga.
LIDIANE — Ah, que nada! Não estragou coisa nenhuma!
O que importa é que agora você está bem! (T) Bom, eu já vou indo!
LIDIANE DÁ UM BEIJO NO ROSTO DE GILBERTO.
LIDIANE — Foi um prazer!
GILBERTO — O prazer foi
todo meu!
LIDIANE SE VOLTA PARA RAFAELA.
RAFAELA — Eu nem sei como te agradecer Lidiane!
Muito obrigada por tudo!
LIDIANE — Você pode me agradecer mandando notícias
do seu pai!
LIDIANE DÁ UM BEIJO NO ROSTO DELA E VAI EMBORA. RAFAELA SORRI.
CLOSE NELA.
CENA 8/ TÁXI/ INTERIOR/
NOITE.
LIDIANE OLHA PELA JANELA PENSATIVA.
LIDIANE — (OFF) Que homem!...
CENA 9/ MANSÃO LIDIANE/
QUARTO LIDIANE/ INTERIOR/ NOITE.
LIDIANE E LIA CONVERSAM.
LIDIANE — (CONT)...Educado, lindo, atencioso.
LIA — Gostou dele foi? Horas atrás tava dizendo
que não queria mais saber de homem.
LIDIANE — E quem disse pra você que eu tou gostando
dele criatura? Eu conheci o cara hoje!
LIA — Mas eu sei que ele mexeu com você. Amor a
primeira vista!
LIDIANE — Ah, pelo amor de Deus, Lia! Põe um pé na
realidade. Não existe essa história de amor a primeira vista. Amor não é algo
que a gente acha fácil assim, como uma escova de dente usada numa prateleira.
Amor a gente conquista.
LIA — Tá bom! Não tá mais aqui quem falou. (T) Mas uma coisa que
não consigo tirar da minha cabeça é que eu conheço esse Gilberto de algum
lugar. Ele me lembra alguém. Mas não sei quem.
LIDIANE — Desde quando tu conhece algum homem? É
encalhada por vida!
LIA — Já para né queridinha! Eu posso ser solteirona, mas
encalhada não! Deixe de esculhambação! Bom, eu já vou!
LIDIANE E LIA SE CUMPRIMENTAM DANDO BEIJINHO NO ROSTO.
LIA — Até amanhã!
LIDIANE — Até!
LIA VAI EMBORA. LIDIANE FICA PENSATIVA.
CENA 10/ MANSÃO LIDIANE/
QUARTO BEATRIZ/ INTERIOR/ NOITE.
BEATRIZ ESTÁ DEITADA NA CAMA, EMBURRADA.
BEATRIZ —
Mas que droga! Minha mãe não tinha nada que tomar meu celular. E minha vida
social, como fica agora? (t) Tudo culpa da vaca da Rafaela. Mas ela me paga. Eu
vou me vingar dessa maria mijona custe o que custar.
CLOSE EM BEATRIZ, DECIDIDA.
1º INTERVALO COMERCIAL
CENA 11/ MANSÃO LIDIANE/
QUARTO BEATRIZ/ INT/ NOITE.
CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. BEATRIZ LEVANTA DA CAMA E COMEÇA A
VASCULHAR SUA MOCHILA ATÉ PEGAR UM CELULAR QUE FAZ APENAS LIGAÇÕES.
BEATRIZ — Dona Lidiane se acha muito esperta. Acha
que tomar o meu celular vai fazer dela uma mulher poderosa. Se enganou. Ela
deve ter esquecido que pra quem mora em Salvador tem que ter dois celulares, o seu
e o do ladrão. E já que ela tomou o meu, fiquei com o do ladrão.
ELA RI DEBOCHADA ENQUANTO DIGITA NO CELULAR. ELA LIGA PRA
ALGUÉM.
BEATRIZ — (CEL) Alô Gessica?! Eu preciso falar com
você sobre aquilo que tu me disse mais cedo, sobre se vingar da maria mijona.
Quero dizer que eu estou topando me vingar dela! Vou fazer ela pagar por tudo o
que eu tou passando. Ela vai me pagar!!!
CLOSE EM BEATRIZ.
CENA 12/ AP GILBERTO/ QUARTO
DELE/ INTERIOR/ NOITE.
GILBERTO ESTÁ SENTADO NA CAMA, CONVERSA COM ARTHUR.
GILBERTO — Eu não acredito que eu reencontrei a minha
Lidiane!
ARTHUR — Lidiane? Aquela mulher que morreu anos
atrás?
GILBERTO —Ela não morreu naquele parto coisa nenhuma!
Ela está viva! O destino fez com que ela voltasse pra mim! Eu preciso me
reaproximar dela! Eu preciso voltar a viver o amor que eu sentia por ela anos
atrás.
ARTHUR — Se eu fosse o senhor tomava cuidado viu!
GILBERTO — Cuidado? Cuidado com o quê? Do que você
está falando?
ARTHUR — Pensa comigo. O senhor pensou que a
Lidiane morreu naquele parto. Mas ela não morreu, está viva. O senhor ao pensar
que ela morreu, trouxe a Rafaela com você pra Salvador e a criou aqui. Mas e a
Lidiane depois que recobrou a consciência? O que deve ter pensado ao não
encontrar nem o senhor nem a filha dela?
GILBERTO — Você acha mesmo que...
ARTHUR — Acho! Acho sim que a Lidiane deve ter
pensado que você sequestrou a filha dela, que levou embora, sei lá. EU se fosse
o senhor tomava muito cuidado com isso. Por que Rafaela já está estudando no
colégio aonde essa mulher é a dona e a diretora e mais cedo ou mais tarde
Lidiane pode descobrir que Rafaela é a filhinha raptada dela.
GILBERTO — Raptada não! Eu não raptei ninguém! Eu
pensei que a Lidiane estava morta! Por isso trouxe minha filha comigo! Mas não
tem problema. Eu vou contar a Lidiane toda a verdade.
ARTHUR — Se você contar a verdade ela vai ficar
sabendo que você não tem culpa no sumiço da Rafaela. Mas vai saber que o senhor
era um golpista, estelionatário e vai te denunciar a polícia. Então todo
cuidado é pouco. Agora eu vou me deitar. Se precisar de algo é só me chamar.
Boa noite.
ARTHUR SAI DO QUARTO. GILBERTO FICA PENSATIVO.
CENA 13/ SALVADOR/ CAJAZEIRAS/
PLANOS GERAIS/ EXT/ NOITE.
PLANOS GERAIS DO BAIRRO DE CAJAZEIRAS.
CENA 14/ CASA GESSICA/
LOCALIZAÇÃO/ EXT/ NOITE.
GESSICA ESTÁ TECLANDO NO CELULAR. A TEVÊ ESTÁ LIGADA. DE REPENTE
UMA MULHER APARECE NA SALA. É HELENA, MÃE DE GÉSSICA.
HELENA — Filha, ou você assiste a tevê ou fica no
celular.
GÉSSICA — Me deixa mãe!
HELENA — Você viu seu pai ai?
GÉSSICA — Aquele bêbado tresloucado deve tar no bar
enchendo a cara.
HELENA — Isso é jeito de falar do seu pai?
GÉSSICA — E a senhora hein? Vai continuar defendendo
esse homem com quem se casou?
HELENA — Esse homem que eu me casei é o seu pai!
Ele é autoridade nessa casa e você tem que respeitar ele.
GÉSSICA — (RI DEBOCHADA) Autoridade?Esse homem não
passa de um pobre diabo, se destruindo no álcool. E eu vou respeitar ele? Ele
não respeita a si próprio e eu vou respeitar? Ah, socorro né? A minha paciência
tem limites.
DE REPENTE ERIBERTO ENTRA EM CASA, CAINDO DE BÊBADO. GESSICA
COMEÇA A DEBOCHAR DELE.
GÉSSICA — Chegou o velho acabado! Sabia que a gente
estava falando de você agora?
ERIBERTO — (FALHANDO) O quê... tavam falando de
mim... mas que privilégio... (CAI PRO LADO)... eu não sabia que vocês gostavam
tanto de mim assim.
GÉSSICA — Eu não gosto de você! Seu bêbado
miserável!
HELENA — (GRITA) Para de falar assim com seu pai!
ERIBERTO — (SE APROXIMA DE GÉSSICA) O que é isso
filha? Vai falar assim com seu pai?
GÉSSICA — (GRITA) Sai daqui! Não chega perto de mim
seu cachaceiro!
ERIBERTO RI, ATÉ QUE SE DESEQUILIBRA E DESMAIA
NO SOFÁ. HELENA CHORA.
GÉSSICA — Velho acabado! Eu ainda vou enriquecer! E
quando isso acontecer a primeira coisa que eu vou fazer vai ser te internar.
(PARA HELENA) E você para de chorar! Foi você quem escolheu essa vida quando se
casou com esse homem! Eu vou pro meu quarto!
GESSICA SOBE PRO SEU QUARTO. HELENA CONTINUA
A CHORAR. ERIBERTO FICA JOGADO NO SOFÁ. DE REPENTE VAGNER ENTRA EM CASA.
VAGNER — Mas o que é isso? O que tá acontecendo
aqui nessa casa?
HELENA — (CHORANDO) Seu pai. Ele bebeu de novo.
VAGNER ABRAÇA HELENA.
HELENA — (CHORANDO) Eu não aguento mais essa vida
meu filho! Eu não aguento mais!
VAGNER CONFORTA A MÃE. CLOSE NELES.
CENA 15/
QUARTO GÉSSICA/ INTERIOR/ NOITE.
GÉSSICA ENTRA NO SEU QUARTO FURIOSA. ELA SE
JOGA NA CAMA.
GÉSSICA — Eu não aguento mais essa vidinha
miserável. Eu preciso me casar com um homem rico logo. Eu preciso sair dessa
vida, desse fim de mundo. Eu preciso sair daqui o mais depressa possível.
ELA FICA PENSATIVA.
CENA 16/
SALVADOR/ PLANOS GERAIS/ EXTERIOR/ DIA.
PLANOS GERAIS DA CIDADE AO AMANHECER.
CENA 17/ COLÉGIO
RIO BRANCO/ EXT/ DIA.
PLANO DE LOCALIZAÇÃO.
CENA 18/
COLÉGIO RIO BRANCO/ CORREDORES/ INT/ DIA.
BEATRIZ, GÉSSICA E PAULA CONVERSAM.
PAULA — E aí, sua mãe já
devolveu seu celular?
BEATRIZ —
Ainda não. Mas como eu sou mais esperta que ela, fiz o plano B. Eu agora estou
usando o celular do ladrão. Podem me chamar no whatsapp, é aquele outro número
que eu tenho.
GÉSSICA — E
você Paula... Foi na tal agência de modelos com sua mãe?
PAULA — Claro que não! A
última coisa que eu quero ser é modelo. Ser modelo é um saco. Não pode comer
isso, não pode comer aquilo. É uma tortura. Eu gosto de comer muito brigadeiro
e o que eu quero ser mesmo é surfista. Aliás ontem eu conheci um surfista gato!
BEATRIZ —
Sério? Já me conta!
GÉSSICA —
(CORTA) Depois ela conta. Agora precisamos resolver algo importante, não é
Beatriz?
GÉSSICA FAZ UM SINAL DISCRETO PRA BEATRIZ.
BEATRIZ — É sim! Precisamos resolver algo muito
importante.
PAULA — Ah então é assim? Vai me deixar de fora
disso?
GÉSSICA — É assim, sim! As coisas são assim!
BEATRIZ — (PARA PAULA) Desculpa amiga! Depois eu
falo com você! Me encontra naquele mesmo local de sempre!
PAULA — (ENCARA GÉSSICA) Tudo bem!
PAULA VAI EMBORA.
BEATRIZ — Também não precisava ter falado daquele
jeito com ela né?!
GÉSSICA — A Paula é uma mosca morta!
BEATRIZ — A Paula é minha amiga de infância. Você
nunca mais fala assim dela tá me ouvindo? Nunca mais!
GÉSSICA — Tá bom! Vamos ao que interessa. Você vai
fingir ser amiga da Rafaela. Vai convidar ela pra um passeio no clube e depois
jogar ela na piscina. Daí você entra e afoga ela!
BEATRIZ — Não! Ficou maluca? Eu não vou afogar a
Rafaela na piscina do clube!
GÉSSICA — Você quer se vingar dela ou não?
BEATRIZ — Eu quero me vingar. Mas não matar a
garota!
GÉSSICA — Pois aprende uma coisa comigo: Vingança é
um prato que se come frio. Ou dá ou desce.
BEATRIZ — Tudo bem! Mas eu não vou matar a Rafaela
não! Por que eu posso ser vingativa, mas não sou assassina!
BEATRIZ SAI DEIXANDO GÉSSICA ALI PLANTADA E
FURIOSA.
CENA 19/
COLÉGIO RIO BRANCO/ PÁTIO/ INTERIOR/ DIA.
RAÍSSA E RAFAELA CAMINHAM PELO PÁTIO ATÉ
CHEGAREM NUM BANCO DE CIMENTO, AONDE SENTAM.
RAÍSSA — E então amiga. Tá gostando do colégio?
RAFAELA — Agora eu tou né. Ninguém mais veio me
perturbar.
BRUNO JOGA BOLA NA QUADRA. RAÍSSA VÊ ELE.
RAÍSSA — Olha lá. O gato de ontem que veio falar
com a gente.
RAFAELA — (VÊ BRUNO) Bruno?
RAÍSSA — Sim.
ELAS CONTINUAM A OLHAR PRA ELE. DE REPENTE
BRUNO PARA DE JOGAR VAI SE SENTAR NO BANCO DE CIMENTO.
RAÍSSA — Olha, ele vem vindo pra cá. (CHAMA) Bruno!
BRUNO VÊ AS DUAS E CAMINHAM EM DIREÇÃO A
ELAS.
BRUNO —
E aí meninas!
ELE CUMPRIMENTA RAÍSSA DANDO UM BEIJO NO
ROSTO DELA. LOGO DEPOIS ELE CUMPRIMENTA RAFAELA FAZENDO O MESMO.
BRUNO — E aí? Tão fazendo o quê?
RAÍSSA — Nada demais! Bom, eu vou beber água. (PARA
RAFAELA) Você me espera aqui.
RAÍSSA SAI. RAFAELA QUEBRA A TIMIDEZ E INICIA
UMA CONVERSA COM BRUNO.
RAFAELA — Você gosta muito de jogar bola né?
BRUNO — É o que mais gosto de fazer quando não tou
estudando. E você?
RAFAELA — Eu o quê?
BRUNO — O que você gosta de fazer?
RAFAELA — Eu? Eu não faço nada! Eu fico em casa o
dia todo.
BRUNO — Sério? Nossa!
RAFAELA — Posso fazer uma pergunta?
BRUNO — Claro!
RAFAELA — Por que você tá conversando comigo?
BRUNO — Por que eu quero! Não posso?
RAFAELA — Não é isso! É que você tem amizade com
tanta gente aqui. É popular. Não tem medo das pessoas falarem mal de você ou te
zoarem por estar conversando comigo?
BRUNO — Claro que não! Eu não ligo pro que as
pessoas falam ou deixam de falar! E se eu quiser ser seu amigo, qual o
problema?
RAFAELA — Amigo?
BRUNO — É! Amigo!
RAFAELA — Nossa... mas você é um garoto tão bonito,
não acha feio ter amizade com uma menina como eu que nem sabe se vestir
direito?
BRUNO — Não acho feio. Por que pra mim o que vale
é o caráter das pessoas e não a aparência. Você é uma menina meiga, legal,
inteligente. E além de tudo: Tem caráter. E é isso que importa pra mim.
O SINAL COMEÇA A TOCAR.
BRUNO — (BRINCA) A hora do lanchinho acabou! Vamos
pra sala?
RAFAELA — Vamos!
ELES SEGUEM JUNTOS PRA SALA. CAM VAI PEGAR
BEATRIZ QUE DE LONGE VÊ TUDO, COM RAIVA.
CENA 20/
SALVADOR/ PLANOS GERAIS/ EXT/ DIA.
PLANOS GERAIS DA CIDADE.
CENA 21/
COLÉGIO RIO BRANCO/ FRENTE/ EXT/ DIA.
OS ALUNOS VÃO SAINDO DO COLÉGIO. UNS SEGUEM O
CAMINHO PRA CASA, OUTROS AINDA FICAM REUNIDOS, CONVERSANDO... UMA ALUNA VAI
SAINDO JUNTO COM PAULA E BEATRIZ, CONVERSANDO. É RENATA.
BEATRIZ — Vai ser muito massa!
PAULA — Pois é... A galera vai tar toda lá.
BEATRIZ — Você poderia chamar aquele surfista que
você conheceu.
PAULA — Não né! Tá louca? Nem conheço ele direito!
BEATRIZ — Você vai Renata?
RENATA — Acho que não gente!
PAULA — Por quê?
RENATA — Por que eu vou viajar no sábado. Não vai
dar pra eu ir.
BEATRIZ — Tudo bem. A gente marca outro dia então.
RENATA — Agora eu tenho que ir. Tchau gente!
BEATRIZ — Tchau!
PAULA — Tchau!
RENATA VAI EMBORA.
PAULA — Bem fechada ela né?
BEATRIZ — Ela é uma das meninas mais ricas do
colégio. Deve ter uma vida social bem intensa. Deve ser por isso que ela vai
viajar no sábado.
ELAS SEGUEM CONVERSANDO.
CENA 22/
ÔNIBUS/ INTERIOR/ DIA.
RENATA ENTRA NO ÔNIBUS, PAGA SUA PASSAGEM E
SE SENTA NUM DOS BANCOS. ELA FICA PENSATIVA.
CENA 23/
CASA RENATA/ INTERIOR/ DIA.
É UMA CASA SIMPLES. RENATA ENTRA.
RENATA — Mãe! Cheguei!
UMA MULHER CADEIRANTE ADENTRA A SALA. É
JULIANA.
JULIANA — E ai minha filha. Como foi na escola?
RENATA — Foi bem mãe! E a senhora? Ficou bem
sozinha aqui a manhã toda?
JULIANA — Estou bem meu amor!
RENATA — Eu vou esquentar a comida.
RENATA VAI A COZINHA E ESQUENTA A COMIDA NUM
FOGÃO VELHO. CORTA PARA ELA E JULIANA QUE ACABAM DE ALMOÇAR.RENATA PEGA
SEU PRATO E DA SUA MÃE E COLOCA NA PIA. ELA PEGA SUA BOLSA E SE PREPARA PRA
SAIR.
RENATA — Agora eu vou pro trabalho. Não quer que eu
peça pra vizinha ficar com a senhora?
JULIANA — Não precisa meu amor. Eu fico bem sozinha.
Se seu pai estivesse aqui iria se orgulhar de ver você assim. Uma menina
batalhadora, que trabalha, estuda. Agora pode ir meu bem.
RENATA DÁ UM BEIJO NO ROSTO DA MÃE E SAI.
JULIANA FICA PENSATIVA.
CENA 24/
SALÃO DE BELEZA/ EXTERIOR/ DIA.
RENATA ATRAVESSA A RUA E CAMINHA ATÉ UM SALÃO
DE BELEZA AONDE ENTRA. OUVE-SE O ÁUDIO DA CENA SEGUINTE.
PAULA —
(OFF) Eu acho essa garota muito estranha.
CENA 25/
MANSÃO LIDIANE/ QUARTO BEATRIZ/ INT/ DIA.
PAULA E BEATRIZ CONVERSAM.
BEATRIZ — Estranha como?
PAULA — Ela é fechada, na dela. Diz que é rica,
mas nunca fez questão de convidar a gente pra ir na casa dela.
BEATRIZ — É muito estranho mesmo. Mas se ela estiver
escondendo alguma coisa, mais cedo ou mais tarde a gente acaba descobrindo.
PAULA — Pois é... Mas vem cá. O que você e a Géssica
estavam conversando?
BEATRIZ — Sobre o clube no sábado.
PAULA — Então por quê ela mandou eu me afastar?
BEATRIZ — Não sabe como é Géssica amiga?! É cheia de
segredos! Ela contou um segredo pra mim e não quis que você soubesse.
PAULA — É só isso mesmo né?
BEATRIZ — É Paula! É só isso! Mais alguma pergunta?
PAULA — Não!
BEATRIZ — Então chega dessa conversa fiada e vamos
fazer brigadeiro que eu tou morrendo de vontade de comer desde a terceira aula!
PAULA — Adoro! Vamos!
ELAS SAEM DO QUARTO.
2º INTERVALO COMERCIAL
CENA 26/
MANSÃO LIDIANE/ COZINHA/ INTERIOR/ DIA.
BEATRIZ E PAULA ADENTRAM A COZINHA. AMANDA
ENCONTRA-SE CONVERSANDO COM JUCILENE.
BEATRIZ — Jucilene, você pode fazer
brigadeiro pra gente?
JUCILENE — Claro patroinha. Vou fazer daquele
jeito que tu tanto gosta!
BEATRIZ — Ótimo.
BEATRIZ VAI FALAR COM AMANDA.
BEATRIZ — (BAIXO) E aí, conseguiu dobrar
ela?
AMANDA — Ainda não. Eu já estou horas
conversando com ela e nada. Ela sempre está desconfiada de mim.
BEATRIZ — Deixa que eu quebro esse galho pra
você! (SE VOLTA PARA JUCILENE) Ô Jucilene.
JUCILENE — (FAZENDO BRIGADEIRO) Fala!
BEATRIZ — A minha mãe pediu pra eu te
lembrar de tirar o pó do quarto dela e organizar uns papéis que estão por lá.
Acho que você deve saber quais são.
JUCILENE — Ah sim! Eu sei quais são. Depois
dou uma passadinha lá.
BEATRIZ SORRI DISCRETAMENTE PARA AMANDA QUE
RETRIBUI.
CENA 27/
MANSÃO LIDIANE/ SALA/ INTERIOR/ DIA.
BEATRIZ, PAULA, AMANDA E JUCILENE VEM DA
COZINHA. BEATRIZ SE ENCONTRA COM UMA PANELA DE BRIGADEIROS NA MÃO. JUCILENE
TRATA DE SUBIR AS ESCADAS.
JUCILENE — Agora eu vou lá em cima fazer o que sua
mãe pediu, antes que ela chegue aqui nos berros. Os meus tímpanos não aguentam.
JUCILENE SOBE.
AMANDA — Nossa Beatriz, eu nem sei como te agradecer.
BEATRIZ — Não precisa agradecer não meu bem! Eu amo
fazer bondade para com os necessitados. Jucilene vai ficar o resto da tarde
arrumando esses papéis. Ela nem vai perceber que você saiu.
PAULA — Agora vá lá, ponha a cara no sol e vai se
encontrar com seu boy magia.
AMANDA — (ABRAÇA ELA) Nossa muito obrigado. Tchau!
PAULA — Tchau!
BEATRIZ — Tchau!
AMANDA SAI.
CENA 28/
FAROL DA BARRA/ FRENTE/ EXTERIOR/ DIA.
GUILHERME ESTÁ A ESPERA DE AMANDA. ELA
APARECE PONDO AS MÃOS EM SEUS OLHOS, TAPANDO SUA VISTA. ELE SORRI E TIRA AS
MÃOS DELA DOS SEUS OLHOS, ABRAÇANDO-A E EM SEGUIDA DANDO-LHE UM BEIJO.
GUILHERME —
Eu pensei que você não ia aparecer nunca.
AMANDA — Eu tive que ficar um tempão tentando
enrolar minha mãe.
GUILHERME —
Falando nisso eu queria te falar algo muito importante.
AMANDA — E o que é?
GUILHERME —
Eu queria oficializar nosso romance. Eu queria parar com essa coisa de ficar
escondendo de todo mundo que estamos namorando.
AMANDA — Não podemos fazer isso!
GUILHERME —
E por quê não? Por que seus pais proíbem o nosso romance? Por que somos de
classes sociais diferentes?
AMANDA — É por isso sim. Meus pais são pessoas
muito orgulhosas. Eles não aceitam de jeito nenhum, que eu namore com um garoto
rico como você. Eles acham que eu só estou namorando com você por causa do seu
dinheiro.
GUILHERME —
Mas podemos passar por cima de tudo isso! Nós somos capazes de vencer todas
essas barreiras que impedem a gente de viver o nosso amor.
AMANDA — Chega! Eu não quero mais falar sobre isso.
Pra mim está bom assim. Eu quero continuar vivendo dessa forma.
GUILHERME —
Que forma? Agindo por debaixo dos panos? Pois saiba que se você quiser viver um
relacionamento dessa forma com alguém, que não seja comigo.
AMANDA — O que você quer dizer com isso? Tá
terminando comigo? É isso?
GUILHERME —
Eu só não quero viver mais com você mentindo pros seus pais toda vez que vem se
encontrar comigo!
AMANDA — Por favor, não termina comigo! A gente dá
um jeito! A gente foge/
GUILHERME —
(CORTA) Desculpa Amanda, mas se for pra viver dessa forma, assim, desse jeito,
eu não quero!
GUILHERME VAI EMBORA. AMANDA FICA ARRASADA.
CENA 29/
SALVADOR/ PLANOS GERAIS/ EXT/ NOITE.
PLANOS GERAIS DA CIDADE DURANTE A NOITE.
CENA 30/
MANSÃO LIDIANE/ QUARTO BEATRIZ/ INT/ NOITE.
BEATRIZ FALA AO CELULAR COM GÉSSICA. ALTERNAR CENAS ENTRE ELAS.
GÉSSICA — (CEL) E então, tudo certo pra hoje à
noite?
BEATRIZ — (CEL) Tudo conforme o planejado.
GÉSSICA — (CEL) Ótimo! Quando você chegar em casa me
avise!
BEATRIZ — (CEL) Pode deixar!
BEATRIZ DESLIGA E SAI DO QUARTO.
CENA 31/
MANSÃO LIDIANE/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.
LIDIANE ESTÁ SENTADA NO SOFÁ OLHANDO UNS
PAPÉIS. JUCILENE VEM DA COZINHA.
JUCILENE — Eu terminei de arrumar seus papéis lá no
seu quarto. Agora vou servir o jantar patroinha.
LIDIANE — Agora não Jucilene. Tá na hora da novela!
JUCILENE — Depois da novela então?!
LIDIANE — Mas é claro né criatura! Eu tô falando
japonês por acaso?
JUCILENE — Magina.
BEATRIZ DESCE AS ESCADAS E SEGUE PRA PORTA
SEM FALAR COM LIDIANE E COM JUCILENE.
LIDIANE — (PARA BEATRIZ) Ei mocinha! Aonde você
pensa que vai?
BEATRIZ — (BAIXO) Ai que saco! (NORMAL) Vou alí mãe!
LIDIANE — Alí aonde?
BEATRIZ — Jantar na casa da mãe Jaciara.
LIDIANE — Como é que é?
BEATRIZ — Nada não! (T) Eu vou na casa de Paula.
Pode não?
LIDIANE — Claro que pode!
BEATRIZ VAI SAINDO, MAS LIDIANE A CHAMA
NOVAMENTE.
LIDIANE — Espere!
BEATRIZ — (SEM PACIÊNCIA) O que foi agora mãe?
LIDIANE — Não vai dar um beijo na mamãe?
BEATRIZ VOLTA E DÁ UM BEIJO EM LIDIANE QUE
RETRIBUI.
BEATRIZ —
Agora tchau!
BEATRIZ SAI. LIDIANE FICA A OLHAR PRA PORTA
SORRINDO.
CENA 32/
PRÉDIO GILBERTO/ LOCALIZAÇÃO/ EXT/ NOITE.
PLANO DE LOCALIZAÇÃO.
CENA 33/ AP
GILBERTO/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.
RAFAELA ASSISTE A TEVÊ. A CAMPAINHA TOCA.
RAFAELA — (CHAMA) Arthur!
A CAMPAINHA CONTINUA A TOCAR E ARTHUR NÃO
APARECE.
RAFAELA — (CHAMA) Arthur, a campainha tá tocando!
RAFAELA VÊ QUE ARTHUR NÃO VAI APARECER E
SEGUE PARA A PORTA, EMBURRADA. ELA ABRE. É BEATRIZ.
RAFAELA —
(SURPRESA) Beatriz?!
BEATRIZ —
Eu posso entrar?
BEATRIZ ENTRA. RAFAELA FECHA A PORTA.
RAFAELA — O que você quer aqui?
BEATRIZ — Eu vim te pedir perdão por tudo que eu te
fiz. Vim dizer que eu quero ser sua amiga! Então, você me perdoa?
BEATRIZ ESPERA UMA RESPOSTA DE RAFAELA QUE
FICA SEM REAÇÃO COM A ATITUDE DELA. CAM DÁ UM CLOSE.
FIM
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