Capítulo 05
CENA 1. COLÉGIO RIO BRANCO. SALA DE AULA. INTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO
ANTERIOR. GÉSSICA ENFRENTA JUSTEM SOB OS OLHARES DOS OUTROS ALUNOS.
GÉSSICA — (ENFRENTANDO) Então. Eu estou esperando. O
que você vai fazer agora Ângela?
JUSTEM — (COM RAIVA) Saia agora dessa sala!
GÉSSICA — (DECIDIDA) Não saio!
JUSTEM — (FIRME) Saia!
GÉSSICA — (ENFRENTA) Se quiser que eu saia, vai ter
que me tirar daqui à força.
JUSTEM FICA APREENSIVA, COLOCA A CADEIRA QUE
EMPURROU NO LUGAR QUE ESTAVA E SE SENTA.
JUSTEM — (NERVOSA) Abram o livro na página 97, façam
a atividade em casa e respondam de caneta.
ELA PEGA AS SUAS COISAS E SAI DA SALA AS PRESSAS. OS
ALUNOS FICAM SEM ENTENDER NADA E O BURBURINHO COMEÇA.
BEATRIZ — (SE APROXIMA DE GÉSSICA) Você ficou louca?
Como você enfrenta assim a professora?
GUILHERME — (TAMBÉM SE APROXIMA) Cara, você
arrebentou!
GÉSSICA — (SATISFEITA) Eu não aguentava mais as
aulas chatas dessa mulher louca. Alguém tinha que tomar uma iniciativa nessa
sala.
CORTE PARA MÁRCIO, ANDRESSA E PAULA.
PAULA — (PERPLEXA) Meu Deus, Géssica é louca! É
completamente louca meu Deus. Duas loucas brigando aqui na sala seria capaz de
dar merda com certeza!
MÁRCIO — (ANIMADO) Eu amei esse barraco!
ANDRESSA — (TAMBÉM SE ANIMA) E eu bi?! Já estava
pegando a pipoca pra poder assistir essa briga!
OS TRÊS CONTINUAM CONVERSANDO.
CENA 2.
COLÉGIO RIO BRANCO. CORREDOR. INTERIOR. DIA.
JUSTEM VAI ATÉ O BEBEDOURO, ARFANDO. ELA BEBE A ÁGUA AVIDAMENTE.
JUSTEM — (BEBENDO ÁGUA) Eles vão me pagar! Eles não
sabem com quem estão mexendo! Não sabem!
CLOSE NELA.
CENA 3.
BARRA. PLANOS GERAIS. EXTERIOR. DIA.
PLANOS GERAIS DO BAIRRO PELA MANHÃ.
CENA 4. AV.
CENTENÁRIO. EXTERIOR. DIA.
VITOR ESTACIONA SEU CARRO EM FRENTE AO SHOPPING
BARRA, DO OUTRO LADO DA RUA. ELE DESCE
DO CARRO E CAMINHA CARREGANDO SUA MALETA. CAM PEGA LORENA TAMBÉM CAMINHANDO
ALI PERTOE CARREGANDO VÁRIAS SACOLAS DE COMPRAS E SUA BOLSA. ELA VEM NA
MESMA DIREÇÃO QUE VITOR E ELES ACABAM SE ESBARRANDO UM NO OUTRO, DEIXANDO SUAS
COISAS CAIREM.
VITOR — (SE ABAIXA PRA PEGAR AS SACOLAS DE LORENA)
Mil perdões moça. Eu não tinha lhe visto.
LORENA — (TAMBÉM AJUDA A PEGAR SUAS COISAS) Eu é
quem lhe peço desculpas! Eu estava distraída!
LORENA TERMINA DE PEGAR SUAS COISAS COM A AJUDA DE
VITOR, ATÉ QUE ELES SE RECOMPÕEM, FINALMENTE SE OLHAM E SE RECONHECEM.
VITOR — (SURPRESO) Lorena?
LORENA — (SURPRESA) Vitor?!
VITOR — (PERPLEXO) É você mesmo?
LORENA — (SURPRESA) Eu não acredito que é você! Meu
Deus, quanto tempo!
VITOR — Pois é!
Você não mudou nada! Continua linda, igual a época em que nós/...
LORENA — (CORTA) Por favor, não continue! Não quero
mais lembrar dessa época!
VITOR — (SENTIDO) Por quê? Foi uma época tão linda!
LORENA — (CONFORMADA) Nos afastamos um do outro
Vitor! Eu deixei de te amar!
VITOR — (INCONFORMADO) Mas a culpa não foi sua! Você
sabe muito bem disso Lorena!
LORENA — Claro que eu sei! Mas não quero falar sobre
esse assunto que tá morto e enterrado! Eu preciso ir!
ELA VAI SAINDO, MAS VITOR SEGURA SEU BRAÇO.
VITOR — Eu quero lhe ver mais vezes Lorena!
LORENA — (VOLTA) Acho que não Vitor! Nossa história
ficou lá no passado! Não dá pra reacender o que já se apagou! Agora me deixe
ir!
VITOR — (IMPLORA) Por favor, me dê uma chance! Por
favor!
LORENA FICA PENSATIVA POR UM TEMPO, ATÉ QUE DECIDE
FALAR.
LORENA — Tá bom!
(PEGA UM BLOCO DE NOTAS EM SUA BOLSA E ANOTA SEU TELEFONE) Quando você
tiver uma hora livre é só me ligar e marcar um encontro comigo!
ELA ENTREGA O TELEFONE A ELE QUE PEGA E BEIJA.
LORENA — Agora eu preciso ir!
LORENA SE AFASTA, AVISTA UM TÁXI. COLOCA A MÃO,
FAZENDO-O PARAR. O TÁXI PARA E ELA ENTRA, SOB OS OLHARES DE VITOR QUE FICA ALI
PENSATIVO.
CENA 5.
PRAIA DA BARRA. PLANOS GERAIS. EXT. DIA.
PLANOS GERAIS DA PRAIA.
CENA 6.
PRÉDIO LORENA. EXTERIOR. DIA.
PLANO DE LOCALIZAÇÃO.
CENA 7. AP
LORENA. SALA. INT. DIA.
LORENA ESTÁ SENTADA NO SOFÁ, PENSATIVA E AFLITA. DE
REPENTE PAULA ENTRA.
PAULA — Cheguei!
PAULA PERCEBE QUE LORENA ESTÁ AFLITA.
PAULA — O que aconteceu mãe? Por que você tá com
essa cara de melão verde?
LORENA — (PENSATIVA) Não é nada minha filha! Eu
apenas estou pensando na vida! Como foi no colégio hoje? Você chegou cedo!
PAULA — Houve um problema no colégio hoje e a aula
terminou mais cedo. Eu aproveitei pra vir correndo pra casa e ir à praia. Tudo
bem?
LORENA — (SEM DAR MUITA ATENÇÃO) Tudo bem! Pode ir!
PAULA — Vou só trocar de roupa e ir!
PAULA VAI PRO QUARTO. LORENA CONTINUA PENSATIVA, LEMBRANDO-SE DO
SEU ENCONTRO COM VITOR.
CENA 8.
QUARTO PAULA. INTERIOR. DIA.
PAULA ADENTRA SEU QUARTO.
PAULA — (PARA SI) Eu hein! Ela tá muito estranha!
Nunca vi minha mãe assim! Tem caroço debaixo desse angu. Disso não tenho
dúvidas.
PAULA COMEÇA A TROCAR DE ROUPA. CORTA.
CENA 9.
PRÉDIO GILBERTO. FRENTE. EXTERIOR. DIA.
RAFAELA CHEGA ACOMPANHADA DE BRUNO. ELES PARAM EM
FRENTE AO PRÉDIO.
RAFAELA — (DOCE) Valeu por ter me acompanhado até
aqui Bruno!
BRUNO — (SORRI) Que nada! Foi um prazer!
RAFAELA — Você tem sido um amigo em tanto!
BRUNO — Eu fiquei preocupado com você! Não queria
deixar você vir sozinha pra casa com esse risco que você tá correndo de sofrer
alguma armação de Beatriz.
RAFAELA — Muito obrigada mesmo! Eu nem sei como
retribuir.
BRUNO — (DOCE) A única forma de você me retribuir é
sendo você mesma! (TOCA NO ROSTO DELA) Eu tenho um carinho enorme por você
Rafaela! Não quero que nada lhe aconteça.
ELES SE ENTREOLHAM PROFUNDAMENTE.
CORTA PRO OUTRO LADO DA RUA. GUILHERME E CAIO VEM
ANDANDO E VÊEM BRUNO E RAFAELA JUNTOS.
GUILHERME — Olha lá! Bruno com aquela feiosa!
CAIO — (PERPLEXO) Eles estão mesmo tendo um lance!
GUILHERME — (ABRINDO A MOCHILA) Eu preciso gravar
isso!
GUILHERME PEGA SEU CELULAR DENTRO DA MOCHILA E
COMEÇA A GRAVAR. DO PONTO DE VISTA
DELES, RAFAELA E BRUNO SE BEIJAM.
CAIO — (SURPRESO) Meu Deus, ele beijou ela!
GUILHERME — (SUSSURRA) Cala essa boca sua anta! Sua
voz vai acabar saindo no vídeo!
CAIO — (SUSSURRA) Foi mal!
GUILHERME CONTINUA GRAVANDO. BRUNO E RAFAELA PARAM
DE SE BEIJAR. GUILHERME PARA DE GRAVAR E FICA OLHANDO O VÍDEO NO CELULAR, JUNTO
COM CAIO.
GUILHERME — Eu vou postar esse vídeo no grupo do
colégio. Vai ser a maior zuera do ano!
CAIO — Tá bem senhor zuera! Agora guarda esse
celular que estamos correndo risco de assalto aqui!
GUILHERME COLOCA O CELULAR DE VOLTA NA MOCHILA E VAI
EMBORA COM CAIO. CENA VOLTA PARA RAFAELA
E BRUNO.
RAFAELA — (SORRI) Agora preciso ir! Até amanhã!
ELA CAMINHA ATÉ O PORTÃO E ANTES DE ABRIR DÁ UMA
ÚLTIMA OLHADA PRA BRUNO QUE SOLTA UM BEIJO PRA ELA. RAFAELA SORRI E ENTRA NO
PRÉDIO. BRUNO VAI EMBORA.
CENA 10. AP
GILBERTO. SALA. INTERIOR. DIA.
ARTHUR ESTÁ PASSANDO ESPANADOR EM CIMA DOS VASOS QUE
ESTÃO SOBRE A BANCADA. RAFAELA ENTRA SORRIDENTE E ARTHUR PERCEBE.
ARTHUR — Posso saber o motivo desse sorriso Colgate?
RAFAELA — (NAS NUVENS) Nossa Arthur... Há tempos que
meus dias nunca foram tão maravilhosos no colégio.
ARTHUR — (SURPRESO) Seu dia na escola foi bom? Que
maravilha! O que teve de tão maravilhoso assim? Não vai me dizer que foi a
companhia daquele garoto que te deixou assim.
RAFAELA — Garoto?! Que garoto? Do que você está
falando?
ARTHUR — Ora, daquele menino que você tava
conversando lá em baixo.
RAFAELA — Você estava me espionando?
ARTHUR — Fui passar pano na janela e não pude deixar
de ver.
RAFAELA — Já que você falou, foi por causa dele sim!
Bruno é um cara maravilhoso! Além de lindo, gato, atencioso, não liga para
aparências. (NAS NUVENS) Se todos os garotos do mundo fossem assim...
ARTHUR — Tá apaixonada por ele é?
RAFAELA — Eu não sei... Acho que estou! Depois
daquele beijo não consigo mais tirar ele da minha cabeça!
ARTHUR SORRI. RAFAELA FICA NAS NUVENS, PENSANDO NO
BEIJO QUE BRUNO LHE DEU.
CENA 11. AP
BRUNO. SALA. INTERIOR. DIA.
BRUNO ENTRA EM CASA. VANESSA ESTÁ SENTADA, FOLHEANDO
UMA REVISTA.
VANESSA — Chegou cedo meu filho?!
BRUNO — A aula terminou mais cedo hoje! Eu tou com
uma fome!!
VANESSA — Eu já imaginava! Vou mandar Nilza lhe
preparar uma coisa pra comer!
BRUNO — Não precisa mãe! A coitada da mulher deve
estar cheia de coisa pra fazer. Não quero incomodá-la.
VANESSA — E desde quando patrão incomoda empregado?
Faço questão de eu mesmo mandar ela preparar um lanche pra você.
BRUNO — Já eu faço questão de eu mesmo preparar meu
lanche e deixar Nilza fazendo outras atividades domésticas.
BRUNO VAI EM DIREÇÃO A COZINHA.
VANESSA — Esse menino tá muito ousado! Muito ousado!
ELA FICA PENSATIVA.
CENA 12. AP
BRUNO. COZINHA. INTERIOR. DIA.
BRUNO PREPARANDO SEU SANDUICHE, SORRI. ESTÁ NAS
NUVENS, PENSANDO EM RAFAELA.
CENA 13.
PRAIA DA BARRA. EXTERIOR. DIA.
PAULA CHEGA À PRAIA. ELA SE SENTA NA AREIA. DO NADA
MARCELO QUE ESTÁ COM O BRAÇO NA TIPÓIA APARECE E SE SENTA JUNTO A ELA.
MARCELO — E aí?!
PAULA — (SURPRESA) Você! (TENTA SE LEMBRAR) Esqueci
seu nome!
MARCELO — Marcelo! Do seu nome eu me lembro muito
bem! Paula não é?
PAULA — Isso mesmo! E você, como tá? Não tive
notícias suas desde aquele dia.
MARCELO — Eu estou bem, fisicamente! Mas
psicologicamente estou me sentindo péssimo! Com o braço nessa tipóia vou ficar
sem surfar por um tempo. (PENSATIVO) Eu tenho uma paixão inexplicável por surf.
PAULA — Sabe que eu também? Mas eu não sei surfar
bem!
MARCELO — Se você quiser podemos marcar uma aula! Eu
te ensino tudo o que eu sei! Mas quando eu melhorar, claro!
PAULA — Eu aceito!
ELES SORRIEM UM PRO OUTRO.
CENA 14. AP
OTÁVIO. SALA. INTERIOR. DIA.
GUILHERME E CAIO ENTRAM. OTÁVIO VEM DA COZINHA.
GUILHERME — E aí Pai!
CAIO — Tudo bem tio?
OTÁVIO — Tudo ótimo! (OLHA NO RELÓGIO) Mas vocês já
chegaram?
GUILHERME — Sim! Tem o quê pra comer?
OTÁVIO — Estava preparando o almoço. Se quiser posso
preparar um lanche pra vocês.
GUILHERME — Pode ser pai! Valeu!
CAIO — Valeu tio!
GUILHERME — Nós estaremos no quarto estudando!
OTÁVIO — (PARA GUILHERME) E seus irmãos? Não vieram
com vocês?
GUILHERME — A bi/... Digo, Márcio tá vindo aí e
Raíssa foi ao shopping.
OTÁVIO — Tá bem!
OTÁVIO VOLTA PRA COZINHA. GUILHERME E CAIO VÃO PRO
QUARTO.
CENA 15.
QUARTO GUILHERME. INTERIOR. DIA.
GUILHERME E CAIO ENTRAM. CAIO JOGA SUA MOCHILA NA
CAMA. GUILHERME FAZ O MESMO E SE SENTA EM FRENTE AO COMPUTADOR. CAIO DEITA NA
CAMA.
GUILHERME — (ENTRANDO NA REDE SOCIAL) Não vejo a
hora de postar esse vídeo no grupo da escola!
CAIO — Eu continuo achando que essa história ainda
vai dar merda! Se eu fosse você pensava duas vezes antes de fazer isso!
GUILHERME — Eu já pensei uma, duas, três vezes.
CAIO — Você não acha muita sacanagem fazer isso não?
Logo com Bruno que é nosso amigo?
GUILHERME — Isso é só uma brincadeira leve sua anta!
Nada demais!
CAIO — Fique brincando! Quando você receber sua
galinha pulando não reclame!
GUILHERME — Eu não tou nem aí! Até por que estou
tomando todas as medidas de segurança possíveis!
CAIO — Como assim?
GUILHERME — Estou criando um perfil fake! Como o
grupo do colégio é público vai ser fácil pra eu entrar. Pronto, o fake foi
criado. Agora só preciso ir até o grupo e postar o vídeo.
GUILHERME PEGA SUA MOCHILA, RETIRA SEU CELULAR DE
DENTRO DELA. ELE PEGA UM CABO USB E CONECTA AO COMPUTADOR. MUITO RITMO!!!
GUILHERME — (MEXENDO NO COMPUTADOR) Agora é só
esperar o vídeo carregar e... Vídeo
carregado! Vou postar!
CAIO — Não faz isso cara!
GUILHERME CLICA O BOTÃO ENTER DO TECLADO.
GUILHERME — Agora é tarde demais!
CAIO JOGA UMA ALMOFADA CONTRA O PRÓPRIO ROSTO. CLOSE EM GUILHERME.
1º INTERVALO
COMERCIAL
CENA 16. MANSÃO
LIDIANE. EXTERIOR. DIA.
PLANO DE LOCALIZAÇÃO.
CENA 17.
MANSÃO LIDIANE. QUARTO BEATRIZ. INT. DIA.
BEATRIZ ENTRA NO QUARTO. DE REPENTE SEU CELULAR PRA
EMERGÊNCIA TOCA. ELA ATENDE.
BEATRIZ — (CEL) Alô?! Géssica?
EDIÇÃO: ALTERNAR CENA ENTRE AS DUAS.
GÉSSICA — (CEL) Você nem vai acreditar!
BEATRIZ — (CEL) O que foi que houve dessa vez?
GÉSSICA — (CEL) Olha o grupo do colégio!
BEATRIZ — (CEL) Peraí.
BEATRIZ SENTA NA CAMA E ABRE SEU NOTEBOOK. ELA
COMEÇA A MEXER NELE. CAM DETALHA O VÍDEO DE BRUNO E RAFAELA SE BEIJANDO SENDO
EXECUTADO NO NOTEBOOK.
BEATRIZ — (CEL/REVOLTADA) eu não acredito no que estou
vendo! Bruno e aquela ridícula se beijando!
GÉSSICA — (CEL) Pois é. Temos que tomar medidas
drásticas em relação a isso e com urgência!
BEATRIZ — (CEL/DECIDIDA) Eu não vou deixar ela tomar
meu boy de mim! Não vou mesmo!
CLOSE NELA REVOLTADA.
CENA 18. AP
OTÁVIO. SALA. INTERIOR. DIA.
MÁRCIO ENTRA EM CASA SEGUIDO DE ANDRESSA.
MÁRCIO — Eu só vou pegar deixar minha mochila aqui e
já volto.
ANDRESSA — Olha bixa, você não vai demorar não
hein?!
MÁRCIO — Claro que não vaca! Já disse que só vou
deixar minha mochila e que eu volto. Espera ai.
MÁRCIO VAI PRO QUARTO, QUANDO OTÁVIO APARECE FAZENDO
ELE VOLTAR.
OTÁVIO — Chegou filho?
MÁRCIO — (MUDA A VOZ) Claro painho.
ANDRESSA FICA BOQUIABERTA COM A MUDANÇA DE VOZ DE
MÁRCIO.
OTÁVIO — (FALANDO DE ANDRESSA) Quem é essa?
MÁRCIO — Ela é Andressa, minha... Namorada!
OTÁVIO — Namorada? Mas você não me contou que estava
namorando!
MÁRCIO — Estou falando agora!
OTÁVIO — (ALEGRE) Mas que coisa boa! (CUMPRIMENTA
ANDRESSA) Prazer menina!
ANDRESSA — (MEIO SEM ENTENDER) Prazer!...
OTÁVIO — (PARA MÁRCIO) Que coisa boa meu filho! Você
trouxe ela pra almoçar com a gente?
MÁRCIO — Não, não! Eu só vim deixar minhas coisas e
vamos direto pra casa dela! Marcamos de estudar lá!
ANDRESSA — (SEM JEITO) É... marcamos de estudar lá
em casa.
MÁRCIO — Agora deixe eu colocar minha mochila no
quarto!
MÁRCIO VAI PRO QUARTO. OTÁVIO OLHA ALEGREMENTE PARA
ANDRESSA QUE FICA SEM JEITO.
ENTRA AQUI O DIÁLOGO DA CENA SEGUINTE.
ANDRESSA — (OFF) Você ficou louco?
CENA 19. AP
ANDRESSA. SALA. INTERIOR. DIA.
DIÁLOGO ENTRE MÁRCIO E ANDRESSA. MUITO RITMO!!!
MÁRCIO — (CONT.) Eu não tive outro jeito criatura!
Tive que dizer a painho que você era minha namorada!
ANDRESSA — Mas por que você tinha que dizer isso?
MÁRCIO — Sei lá... Eu tive medo!
ANDRESSA — Medo de quê?
MÁRCIO — Meu pai nunca aprovou minhas amizades com
meninas. (T) Trauma de infância!
ANDRESSA — E você tinha que me envolver logo
nisso?... Perai... Não vai me dizer que...
MÁRCIO — Meu
pai não sabe que sou gay!
ANDRESSA FICA SURPRESA.
MÁRCIO — (AFLITO) E eu preciso da sua ajuda amiga!
Eu preciso que você finja ser minha namorada quando estivermos com ele.
ANDRESSA — (REAGE) Mas eu não posso fazer isso de
jeito nenhum! Vai burlar todos os meus esquemas!
MÁRCIO — Por favor! É só isso que eu te peço!
ANDRESSA — Mas isso é um absurdo bi!!! (T) Ele é seu
pai! Vai amar você do jeito que você é!
MÁRCIO — Você não tá entendendo! Se ele descobre que
eu sou gay ele me mata!
ANDRESSA — Tudo bem! Eu finjo ser sua namorada!
(SORRI) Já somos mesmo que nem um casal!
MÁRCIO FICA FELIZ E ABRAÇA ANDRESSA.
MÁRCIO — (FELIZ) Eu te amo!
ANDRESSA — (ABRAÇANDO ELE) Eu te amo também minha bi!
CLOSE NELES.
CENA 20.
SALVADOR. PLANOS GERAIS. EXTERIOR. DIA.
PLANOS GERAIS DA CIDADE.
CENA 21.
SHOPPING. INTERIOR. DIA.
RAÍSSA CAMINHA PELO SHOPPING, OBSERVANDO AS
VITRINES.
RAÍSSA — (OLHA NO RELÓGIO) Xi! Já vai dar onze
horas! Preciso ligar pra casa. Painho deve tar preocupado comigo!
ELA PEGA O CELULAR DENTRO DA BOLSA.
RAÍSSA — (OLHA O CELULAR/ FALA PARA SI) Meu Deus,
uma notificação. Parece que alguém postou um vídeo no grupo do colégio!
CAM DETALHA O VÍDEO DE RAFAELA E BRUNO SE BEIJANDO
SENDO EXECUTADO NO CELULAR. RAÍSSA FICA BOQUIABERTA.
RAÍSSA — (PLERPEXA/ PARA SI) Meu Deus. É a minha
amiga aqui nesse vídeo? Mas quem será que fez isso? Preciso avisar Rafaela
urgente!
CENA 22. AP
GILBERTO. QUARTO RAFAELA. INT. DIA.
RAFAELA JÁ FALANDO COM RAÍSSA NO CELULAR.
RAFAELA — (CEL) Vídeo meu no grupo do colégio? Que
história é essa Raíssa? (T) Sim. Já vou ver! (T) Obrigada por avisar! Beijo!
ELA DESLIGA E PRONTAMENTE VAI ATÉ O COMPUTADOR E
LIGA-O. RAFAELA MEXE NO COMPUTADOR ATÉ QUE VÊ ELE SENDO EXECUTADO NA REDE
SOCIAL.
RAFAELA — (SENTIDA) Não pode ser! Isso foi armação
de alguém! Tenho certeza disso! (T) Será que Bruno já sabe disso?
CENA 23. AP
BRUNO. QUARTO DELE. INTERIOR. DIA.
BRUNO NO CELULAR JÁ FALANDO COM RAFAELA, DE FRENTE
PRO COMPUTADOR. ELE VÊ O VÍDEO NO COMPUTADOR.
BRUNO — (CEL) Sim, eu já estou vendo o vídeo aqui!
(T) Não precisa se preocupar ou se sentir mal com as ofensas que fizeram a você
na descrição do vídeo! (T) Não se preocupa meu bem! Eu vou descobrir quem fez
isso! E quando eu descobrir, a pessoa vai se ver comigo!
CLOSE NELE, FIRME.
2º INTERVALO
COMERCIAL
CENA 24. AP
BRUNO. QUARTO DELE. INTERIOR. DIA.
BRUNO ESTÁ NO CELULAR, DESSA VEZ FALANDO COM OUTRA
PESSOA.
BRUNO — (CEL) Eu te liguei por que tou com um
problemão daqueles! (T) Isso! (T) Você também viu? (T) Horrível mesmo! Olha, eu
te liguei por que você entende mais de tecnologia que eu e eu queria saber como
faço pra sair áudio no vídeo. (T) É que o vídeo está sem áudio e eu queria
saber se tem alguma voz, ou algum som que eu possa identificar quem gravou...
(T) Ah, tem um aplicativo? E qual que é o nome? (ANOTANDO) Sei... Já vou
baixar! Valeu!
ELE DESLIGA. CORTA PRA BRUNO JÁ TERMINANDO O
PROCESSO NO APLICATIVO. ELE FINALMENTE CONSEGUE PÔR O AUDIO NO VÍDEO.
BRUNO — Pronto! Agora eu posso ver o vídeo e
descobrir quem gravou.
ELE COLOCA OS FONES DE OUVIDO NO CELULAR E COMEÇA A
VER O VÍDEO. BRUNO FICA BOQUIABERTO QUANDO OUVE AS VOZES DE GUILHERME E CAIO.
BRUNO — (SURPRESO) Então foi Guilherme que gravou
esse vídeo?!
CLOSE NELE SURPRESO.
CENA 25.
SALVADOR. PLANOS GERAIS. EXTERIOR. NOITE.
PLANOS GERAIS DA CIDADE AO ANOITECER.
CENA 26.
CAJAZEIRAS. RUAS. EXTERIOR. NOITE.
VAGNER CAMINHA PELA RUA E VÊ UMA MULHER
(APROXIMADAMENTE 18, 19 ANOS, NEGRA, DE ESTATURA MÉDIA.) SOFRENDO TENTATIVA DE
ASSALTO. O LADRÃO A FAZ DE REFÉM COM UMA FACA.
MULHER — (PRO LADRÃO) Me solte! Eu não tenho nada!
LADRÃO — (COM RAIVA) passa tudo o que você tem aí
sua ordinária. Eu sei que você tem alguma coisa ai!
MULHER — (AMEDRONTADA) Eu já disse que não tenho nada!
Me deixe em paz!
VAGNER TOMA CORAGEM E SE APROXIMA DOS DOIS.
VAGNER — Deixa ela em paz cara!
LADRÃO — (APONTA A FACA PRA VAGNER) Sai daqui!
A MULHER APROVEITA A DISTRAÇÃO DO LADRÃO, LHE DÁ UMA
COTOVELADA NA BARRIGA E SAI CORRENDO.
ELA FICA ATRÁS DE VAGNER. O LADRÃO APONTA FACA PRA ELE, MAS OUVE O
BARULHO DAS SIRENES DE POLÍCIA E SAI CORRENDO.
VAGNER — (PARA A MULHER) Você tá bem?
MULHER — (ALIVIADA) Estou sim!
CENA 27.
BAR. INTERIOR. NOITE.
VAGNER E A MULHER SENTADOS NUMA MESA DO BAR. LOGO O
GARÇOM CHEGA E SERVE UM COPO COM ÁGUA PARA A MULHER.
MULHER — (TOMANDO ÁGUA) Obrigada por ter me
defendido!
VAGNER — Não foi nada! Eu não podia ficar parado sem
fazer nada! Aliás, nessa confusão nem tivemos tempo de nos apresentar... Eu me
chamo Vagner!
MULHER — Prazer! Meu nome é Natália!
NATÁLIA ESTENDE A MÃO PARA CUMPRIMENTAR VAGNER, MAS
AO INVÉS DISSO ELE BEIJA A MÃO DELA. ELA SORRI ENVERGONHADA. ELES SE OLHAM.
CENA 28. AP
LORENA. SALA. INTERIOR. NOITE.
LORENA CONVERSA COM SUA AMIGA MARGOT.
LORENA — Você nem vai acreditar quem eu encontrei
hoje na rua.
MARGOT — Quem?
LORENA — Vitor!
MARGOT — O quê? Como assim você encontrou Vitor? Ele
não tinha ido embora da cidade?
LORENA — Eu também não entendi nada quando vi ele.
Pensei que ele tinha me abandonado pra sempre desde aquela época. (T) Que ódio!
Tá tudo dando errado na minha vida! Minha filha não me respeita mais e agora
esse passado voltando pra me assombrar.
MARGOT — E você contou pra Paula isso?
LORENA — Claro que não! Eu posso ser maluca, mas não
sou burra.
MARGOT — É, mas abre teu olho minha querida, por que
mais cedo ou mais tarde ela pode ficar sabendo dessa história toda.
LORENA — Mas ela não vai ficar sabendo é nunca! Ela
nunca vai saber que Vitor é o pai dela! Nunca!
CLOSE NELA.
CENA 29. AP
BRUNO. QUARTO CASAL. INTERIOR. NOITE.
VITOR ESTÁ SE APRONTANDO PARA DORMIR. ELE SENTA NA
CAMA PRONTO PARA DEITAR QUANDO VÊ UM BOMBOM DENTRO DE UM POTE DE VIDRO EM CIMA
DO CRIADO MUDO. ELE FICA PENSATIVO POR UM TEMPO, OLHANDO PRO BOMBOM. OLHA PRA
PORTA PRA VER SE ALGUÉM ESTÁ VENDO E APANHA O BOMBOM.
VITOR — (PARA SI) Eu não sou obrigado a nada!
ELE COME O BOMBOM E VAI DORMIR. CAM VAI PEGAR
VANESSA QUE ESTAVA ESCONDIDA OBSERVANDO TUDO. ELA SORRI MALEFICAMENTE.
CENA 30. AP
BRUNO. SALA. INTERIOR. NOITE.
VANESSA DÁ DINHEIRO PRA NILZA.
VANESSA — Você fez um excelente trabalho. Eu quero
que você coloque esses bombons todos os dias no criado mudo. Se Vitor passar a
comer esses bombons frequentemente eu aumento o seu salário!
NILZA — Pode deixar patroinha!
VANESSA — Agora vá pra cozinha!
NILZA VAI PRA COZINHA NA MESMA HORA QUE BRUNO DESCE.
VANESSA — Aonde você vai tão apressado?
BRUNO — Vou no apartamento aqui em cima resolver
umas coisas.
VANESSA — No apartamento de Otávio? Vai resolver o
quê lá?
BRUNO — Nada mãe! Coisa minha! Tchau!
BRUNO SAI.
VANESSA — Eu hein!
ELA SENTA NO SOFÁ E LIGA A TV.
CENA 31.
CASA GÉSSICA. FRENTE. EXTERIOR. NOITE.
VAGNER PARA NA FRENTE DE CASA, CONVERSANDO COM
NATÁLIA.
VAGNER — Eu morria e não sabia que nós éramos
vizinhos!
NATÁLIA — É muita coincidência não?
VAGNER — É sim! E aí? Quando a gente pode se ver de
novo?
NATÁLIA — Não sei. É só a gente marcar. Eu já te dei
meu número. Quando quiser é só falar comigo! Agora eu tenho que ir!
ELES SE CUMPRIMENTAM DANDO BEIJOS NA BOCHECHA.
NATÁLIA ATRAVESSA A RUA E ENTRA EM CASA. VAGNER FAZ O MESMO.
CENA 32.
CASA GÉSSICA. SALA. INTERIOR. NOITE.
VAGNER ENTRA EM CASA. GÉSSICA APARECE.
GÉSSICA — Chegou bonitão?
VAGNER — Painho e mainha, onde estão?
GÉSSICA —Já foram dormir. O velho estava naqueles
dias! E mamãe chorando feito uma boboca como sempre! Nada muda nessa casa! Por
isso não vejo a hora de me picar daqui!
VAGNER — Você não vê a hora de ir embora daqui por
que não passa de uma ingrata!
GÉSSICA — (IRÔNICA) Claro! Qualquer um se sentiria eternamente
grata por ter sido criado por pais desmiolados.
VAGNER — Chega! Não vou ficar aqui discutindo com
você!
VAGNER VAI SUBINDO.
GÉSSICA — Peraí!
VAGNER — (VOLTA) O que é?
GÉSSICA — Eu posso saber quem era aquela negrinha
com quem você conversava?
CLOSES ALTERNADOS ENTRE ELES.
CENA 33. AP
OTÁVIO. SALA. INTERIOR. NOITE.
A CAMPAINHA TOCA. GUILHERME VAI ATENDER. É BRUNO.
GUILHERME — Bruno?
BRUNO ENTRA.
GUILHERME — A que honra eu devo a sua visita?
Aconteceu alguma coisa?
BRUNO — Por que você gravou aquele vídeo desmoralizando
a mim e Rafaela?
CLOSES ALTERNADOS ENTRE ELES.
CENA 34.
MANSÃO LIDIANE. QUARTO LIDIANE. INTERIOR. NOITE.
LIDIANE ESTÁ DEITADA NA CAMA ENQUANTO CONVERSA COM
JUCILENE QUE ARRUMA O CLOSET.
LIDIANE — Sabe do que eu tava me lembrando hoje
Jucilene?
JUCILENE — De quê?
LIDIANE — Do dia que Beatriz chegou aqui em casa.
Era tão pequena, tão frágil.
JUCILENE — Eu me lembro como se fosse ontem!
LIDIANE — De pensar que alguém abandonou um ser tão
inocente daquela forma tão cruel.
JUCILENE — Esquece isso dona Lidiane! O importante é
que Beatriz foi muito bem cuidada, muito bem criada! E com uma mãezona dessa
também né...
LIDIANE — Às vezes eu tenho medo Jucilene. Medo de
que o passado volte à tona. Eu tenho medo de que Beatriz descubra que não é
minha filha de sangue! (T) Aliás, ela não pode saber disso de jeito nenhum! Em
hipóteses alguma Beatriz pode descobrir que é adotada!
DE REPENTE BEATRIZ ENTRA NO QUARTO SURPREENDENDO
LIDIANE E JUCILENE.
BEATRIZ — Do que eu não posso saber? (T) O que a
senhora está escondendo de mim minha mãe? Do que vocês duas estavam
conversando?
CLOSE EM LIDIANE QUE É SURPREENDIDA PELA FILHA.
FIM
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