quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Capítulo 6: Amores Desmedidos

Capítulo 6 –                  Amores Desmedidos
    CENA 01/MANSÃO DE MARCOS/SALA-INT/NOITE.
Continuaçao imediata da ultima cena do capítulo anterior. Marcos, sem reação, perante a revelação de Laila que ela é lésbica. Amália encarando, Cássia temida.
MARCOS – Repete que não ouvi direito, Laila.
LAILA – Voce ouviu sim pai, e ouviu muito bem. Eu sou lésbica e naturalmente tenho uma companheira.
(T) A fúria toma conta de Marcos. Ele se aproxima da filha, a fita por alguns instantes e mete uma bofetada em seu rosto. Cam detalha: a troca de olhares de fúria de Laila (agora caída ao chão) e Marcos a observá-la.
Está louco, fita um vaso e o quebra.
MARCOS – Durante todos esses anos eu sustentando tua vida Alemanha pra voce voltar me dizendo que é sapata?!/
AMÁLIA – (corta) Mais respeito, conosco! O senhor pode não gostar mas tem que respeitar.
MARCOS – (grita) Eu não tenho nada contra desde que a minha filha não seja uma.../
Laila, levanta rápido, e vai pra cima dele gritando:
LAILA – (grita/corta) Mas eu sou! Eu sou lésbica e voce não pode mudar isso.
MARCOS – (T) Ok, voce esta certa, eu não posso te mudar. (t) Mas eu posso mudar a minha ideologia quanto a voce Laila.
CÁSSIA – Do que voce ta falando Marcos?
MARCOS – (grita) Cala a boca, Cássia! (T) Até alguns instantes atrás voce era minha filha/
LAILA – (corta) Mas eu sou sua filha/
MARCOS – (corta) Não, não é. A partir de agora eu vou esquecer que eu tive uma filha, eu vou esquecer-me da tua existência, eu vou subir praquele quarto e vou rasgar todas as fotografias que voce estiver nas mesmas e principalmente: vou te deserdar.
CÁSSIA –  Marcos, pelo amor de Deus, que cabeça é essa? A Sociedade mudou. Meu bem, todos consideram normais a relação homo afetiva, já é legalizado a adoção de crianças por casais do mesmo sexo/
MARCOS – (corta) Primeiro: a sociedade só mudou porque ninguém tomou providencia, por que ninguém teve capacidade de destruir esse “câncer da sociedade”. Segundo: consideram normais até que não aconteça dentro da sua própria casa, com sua própria filha, (t) como já diz o ditado: “pimenta nos olhos dos outros é colírio”, falar em aceitar a tudo e todos é fácil quero ver enfrentar uma situação dessas dentro da sua própria casa.
Marcos sobe as escadas.
CÁSSIA – Gente, que cabeça é essa, que vergonha...
AMÁLIA – Eu já estou acostumada, Dona Cássia. Eu sou assumida já faz sete anos, até mesmo na Alemanha, um país que recuou da maneira mais fria possível na época de Hitler os homossexuais, ainda possui preconceito.
LAILA – E agora mãe? O que é que eu faço?

CENA 02/MANSÃO DE MARCOS/QUARTO LAILA-INT/NOITE.
Marcos entra no quarto e quebra tudo o que tem no mesmo.
CORTA PARA:

CENA 03/MANSÃO DE MARCOS/QUARTO CASAL-INT/NOITE.
Marcos vem do closet com um álbum em mãos. Ele se senta na cama e começa a procurar as fotos de Laila (quando bebe, jovem e atualmente). Corte de cena: Agora já com um chumaço de fotos, ele começa a rasgar uma por uma.

CENA 04/HOTEL DE COPACABANA/INTERIOR/NOITE.
Laila e Amália sentadas nas poltronas. Cássia termina de falar com o recepcionista. Ela então se aproxima da filha.
CÁSSIA – Pronto, já acertei uma hospedagem pra voces duas durante uma semana.
Laila e Amália levantam.
LAILA – E depois disso?
AMÁLIA – Nós não queremos ficar dando prejuízo, Dona Cássia. A senhora não sabe de algum lugar que esta precisando de gente pra trabalhar?
CÁSSIA – Gente, calma, não é prejuízo algum, até voces se acertarem aqui no Rio eu fico bancando esse hotel, sem problema nenhum.
LAILA – Obrigada, mãe...
Laila abraça Cássia.

CENA 05/MANSÃO DE MARCOS/QUARTO CASAL-INT/NOITE.
Marcos vidrado a observar o jardim de sua janela. Ele toma um wisk. Cássia entra.
CÁSSIA – Que papelao, hein?
MARCOS – “Papelão”?! (grita) Voce sempre soube de tudo e nunca me disse nada!
CÁSSIA – Eu não falei, pois eu sabia exatamente como voce iria agir, sabia também que se contasse antes voce ia impedir da sua filha estudar na Alemanha.
MARCOS – Mas é lógico! Eu tava formando a minha filha pra ser uma grande mulher, uma mulher culta, viajada, experiente, para estar à altura de um sucessor de um império!
CÁSSIA – Então esta explicado... O grande problema na Laila ser lésbica é não namorar o Henri?
MARCOS – Mas é lógico, Cássia... Eu não to nem aí pra essa classe homossexual, lógico que eu sempre quis que a minha filha namorasse um homem/
CÁSSIA – (corta) Seja direto! Voce queria que ela namorasse o Henri.
MARCOS – Sim. Esse sempre foi o meu sonho, a minha cobiça, o meu objetivo de vida a partir do momento que descobri que o Antonio fosse deixar tudo pro Henri.
CÁSSIA – E se ele não deixar? E se ele tiver um surto e deixar tudo pra Tereza. (t) Voce vai querer que a Laila namore ela?
Cássia encara Marcos.

CENA 06/HOTEL/AP DE LAILA/QUARTO CASAL-INT/NOITE.
Laila e Amália deitadas à cama (obviamente ainda vestidas) olhando para o teto. A primeira faz carinho no cabelo da segunda.
LAILA – Eu sempre soube que meu pai era frio, calculista, mas não uma pessoa preconceituosa.
AMALIA – Como eu já te disse varias vezes o preconceito não me espanta mais, o que me espanta é ele ter se voltado contra a própria filha.
LAILA – Ter me renegado doeu tanto, Amália. (t) Por mais que a gente nunca tivesse sido tao próximo, afinal ele sempre pensava em trabalho-trabalho-trabalho, mas ele é meu pai, e agora descobrir que meu pai de certa forma me odeia me dói muito.
Amália acaricia o rosto de Laila.
AMÁLIA – Meu amor mantenha a calma e, principalmente, a fé. Tudo, mais cedo ou mais tarde, ira se resolver.
Amália da um selinho em Laila.

CENA 07/MANSÃO DE MARCOS/QUARTO CASAL-INT/NOITE.
Marcos a encarar Cássia após sua pergunta.
CÁSSIA – E então... Voce aceitaria a Laila caso a empresa tivesse sido deixada para a Tereza?
MARCOS – Aceitaria.
CÁSSIA – Então quer dizer que a sua cobiça é maior que seu amor a sua filha?
MARCOS – Não tem nada que eu ame mais nessa vida do que o trono do sucessor.

    CENA 08/RIO DE JANEIRO/GERAIS/INT/DIA.
Amanhece na Cidade Maravilhosa.

    CENA 09/MANSÃO DE NAVARRO/SALA-INT/DIA.
Toca a campainha. Beth abre a porta, é Tereza.
TEREZA – Oi tia, tudo bem?
BETH – Tudo... Uai menina, “caiu da cama”?
TEREZA – Pra voce ver, ando com insônia... (t) Será que eu posso falar com o Henri?
BETH – Ele ta dormindo/
TEREZA – (corta) Eu acordo.
BETH – Ok.
CORTA PARA:

 CENA 10/MANSÃO DE NAVARRO/QUARTO HENRI-INT/DIA.
Henri a dormir. As cortinas estao fechadas. Tereza entra vagamente, vai até as cortinas e as abre. Ele se mexe e acorda.
HENRI – (ainda meio sonolento) Só pode ser um sonho, e um sonho dos bons, voce me acordando em um domingo.
TEREZA – (sorri) Eu precisava muito falar com voce e não da mais pra atrasar essa conversa.

    PRIMEIRO INTERVALO COMERCIAL
CORTA PARA:

CENA 11/MANSÃO DE NAVARRO/QUARTO HENRI-INT/DIA.
Tereza sentada à cama a esperar. Henri entra vindo do banheiro (agora com o rosto limpo) Ele se senta em sua cadeira encara a prima.
HENRI – Pode falar...
TEREZA – É sobre nós, quer dizer, se um dia existiu o “nós”, né.
HENRI – Existiu, existe pra falar a verdade, e isso começou há muito tempo, com troca de olhares, preocupações extremas e que resultou em um beijo como explosão de sentimentos.
TEREZA – Mas não podemos esquecer que acima de tudo somos primos de primeiro grau.
HENRI – Não quero ser grosso Tereza, mas voce veio até aqui pra falar tudo o que eu já sei e descordo? Pois voce sabe que pra mim o fato de sermos primos não é um obstáculo.
TEREZA – Ok, eu vou direto ao assunto: Eu não vou negar, realmente eu to gostando muito de voce, mas eu não posso me deixar dominar por essa paixão e.../
HENRI – (corta) E?/
TEREZA – (corta) Eu vou viajar.
HENRI – Viajar? Viajar pra onde? Por quanto tempo?
TEREZA – Eu não vou dizer pra onde e o tempo eu só não digo, pois nem eu mesma sei.
HENRI – Voce acha que fugir dos problemas é a melhor solução, Tereza?
TEREZA – Pode não ser a melhor solução mas é a única que eu tenho.
Ela sai.

    CENA 12/MANSÃO VIDAL/ESCRITÓRIO-INT/DIA.
Beatriz a teclar em seu notbook. Ela se espanta.
BEATRIZ – A minha mãe gastou todo o limite do cartão!
BEATRIZ – (off) E agora? Como é que eu vou fazer?
CORTA RÁPIDO:

 CENA 13/MANSÃO VIDAL/QUARTO VALKIRIA-INT/DIA.
Beatriz a encarar Valkiria. Conversa já iniciada.
BEATRIZ – Voce acabou com o limite do meu cartão de credito comprando toda aquela porcariada!
VALKIRIA – Porcariada não senhora, coisas de grife, caríssimas, e comprei pensando em todo mundo.
BEATRIZ – Comprou loucamente pois sabia que quem iria pagar sou eu/
VALKIRIA – (corta) Na verdade o Antonio né.
BEATRIZ – E agora como é que eu faço? Eu tenho meus luxos também, só que voce torrou todo meu dinheiro.
VALKIRIA – Peça pro Antonio...
BEATRIZ – E eu explico como a sumida da minha grana do meu cartão? Se eu falar que foi voce ele vai perguntar o motivo de voce não ter gastado o próprio dinheiro.
VALKIRIA – Simples: não gaste.
BEATRIZ – Mais simples ainda: voce vai vender o carro que comprou, vai devolver tudo no shopping e depois me pagar.
VALKIRIA – Só no seu sonho de Bela Adormecida.
Valkiria sai.

    CENA 14/LIVRARIA/INTERIOR/DIA.
Navarro a folhear um livro. Érica o observa de longe.
ÉRICA – (a si) Aquele é o Navarro advogado da Vidal! Além de rico é gato pra caramba. (abre decote)
Ela se aproxima do mesmo.
ÉRICA – (sensual) Ta precisando de algum titulo? Eu tenho ótimos a oferecer.
NAVARRO – (percebe a cantada) Muito obrigado pela atenção.
ÉRICA – Tem certeza que não precisa de nada? (abre o decote) Nem de uma secretaria prestativa?
NAVARRO – Primeiramente: eu já tenho uma secretaria, o nome dela é Tabata, se formou em uma universidade excepcional e principalmente não utilizou de, digamos, dotes vulgares pra conseguir o cargo que tem e sim de sua capacidade. (t) Ó, vou te dar um conselho, não seja vulgar, é feio...
Ele vai pagar o livro no caixa.
ÉRICA – Diabos! Agora mais do que nunca eu quero ser secretaria desse cara só pra mostrar que eu sou muito mais eu.
CORTA RÁPIDO:   

    CENA 15/CARRO DE VINICIUS/INT/DIA.
Vinicius e Érica dentro do carro, o mesmo estacionado.
VINICIUS – Como é que é Érica? Voce quer que eu descubra quem é Tabata?
ÉRICA – Sim, ela trabalha lá na Vidal, empresa da família do seu amigo Henri.
VINICIUS – Ta, mas... O que voce quer com essa Tabata?
ÉRICA – (mente) Dizem que ela já trabalhou em um escritório de consultoria e eu queria ver se ela pode me indicar.
VINICIUS – Mas sem te conhecer?
ÉRICA – Não custa tentar né...
Vinicius ainda intrigado acaba aceitando a desculpa de Érica.

    CENA 16/MANSÃO DE NAVARRO/SALA-INT/DIA.
Toca a campainha. Cássia abre a porta, é Beatriz.
CÁSSIA – Beatriz?!
BEATRIZ – Será que a gente poderia conversar um instante?
    SEGUNDO INTERVALO COMERCIAL

CONTINUAÇAO IMEDIATA.
CÁSSIA – Claro... Entra.
Beatriz entra, Cássia fecha a porta. Ambas sentam-se.
BEATRIZ – Bom obviamente voce já esta sabendo da confusão que teve entre o Antonio e o Marcos na Vidal.
CÁSSIA – Sim! O Marcos me contou tudo, disse que o Antonio tava bêbado, ele nem quis fazer BO.
BEATRIZ – (percebe a mentira) Ah sim, o Antonio estava bêbado... (t) Mas enfim, águas passadas não movem moinhos, não é isso que diz  o ditado? Vamos esquecer o que passou, afinal o conflito foi entre nossos maridos e não entre nossas famílias.
CÁSSIA – Claro...
BEATRIZ – Assim sendo, eu me vi obrigada a voltar aqui e refazer o convite para que voces jantem em minha casa para o aguardo da tão esperada revelação do Antonio.
CÁSSIA – Por mim tudo bem, agora eu não sei o Marcos.
BEATRIZ – Com certeza ele vai entender e aceitar. (T) Ah, fiquei sabendo que a Laila já esta devolta ao Brasil. Por favor, estenda o convite a ela.
CÁSSIA – Ok, mas ela teria que levar uma acompanhante, algum problema?
BEATRIZ – Uma acompanhante?
CÁSSIA – Sim...
BEATRIZ – Claro, sem problemas, nossa família e totalmente aberta a diferentes tipos de amores (risos) Afinal, todo amor é desmedido.

    CENA 17/COPACABANA/INTERIOR/DIA.
O carro de Antonio para no semáforo. Ele no banco de trás observando a rua ve, de repente, Gonzalez saindo de um bar. Amarildo, o motorista, a seu posto.
ANTONIO – (a sir) Meu Deus! É o Gonzalez! Esse miserável não viajou porra nenhuma.
AMARILDO – Disse algo, Doutor?
ANTONIO – Eu vou ficar aqui, depois eu tomo um taxi e vou pra casa.
AMARILDO – Ok.
ANTONIO – Cadê o teu revolver?
AMARILDO – Ta aqui.
ANTONIO – Me passa ele.

         CENA 18/COPACABANA/RUA/INT/DIA.
Gonzalez, bem a frente, se mistura a multidão de pessoas. Antonio a lhe seguir sem perder o rumo, ele ajeita o revolver dentro da blusa.
CORTA PARA:

         CENA 19/COPACABANA/RUA/BECO/INT/DIA.
Não há ninguém na rua. É um lugar sujo, cheio de lixo, algumas poças d’ água espalhadas e varias construções não terminadas por ali.
Gonzalez, distraidamente e de costas, passa por ali. Antonio aparece ao fundo e lhe grita.
ANTONIO – (grita) Pare agora!
Gonzalez tenso. Ele se vira vagamente e encara Antonio.
ANTONIO – Que parte que voce não entendeu que era pra ter viajado?!
GONZALEZ – A parte que eu não acato as tuas ordens!
Antonio aponta o revolver a Gonzalez.
ANTONIO – Tem certeza disto?
Antonio destrava o revolver, cam busca: o dedo se aproximando do gatilho e a expressão tensa de Gonzalez.
CORTA PARA:

         FIM DO CAPÍTULO 

Nenhum comentário:

Postar um comentário