quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Capítulo 14: Terra Livre

CENA 1/ RUA/ DIA/ EXT.
Continuação Imediata do capítulo anterior;
Uma multidão se aproxima de Afonso, que está estirado no chão. Gabriel anda lentamente, vê a multidão, estranha e vai até lá. Ele se assusta com Afonso no chão, e logo se abaixa, em estado de choque. Um homem se aproxima e, sereno, coloca a mão no ombro de Gabriel.
HOMEM – O senhor é da família do Barão?!
Gabriel ergue a cabeça, encara o homem e depois olha a multidão parada, sem ajudar, voltando logo o olhar para o desconhecido.
GABRIEL – Não. Sou apenas vizinho dele! (grita) Ajudem! Ajudem!
Todos em silêncio, sem se mover. Alguns se retiram. Gabriel olhando a todos. CORTA PARA/

CENA 2/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Maria Tereza entra ofegante. Helena desce as escadas rapidamente e para na frente dela, que faz cara de “nojo”.
HELENA – Preciso falar com você!
M. TEREZA – Que pena. Eu não tenho nada pra falar com você!
HELENA – (segura no braço dela) É do seu interesse!
Maria Tereza olha para as mãos de Helena segurando seu braço, e logo se solta dela.
M. TEREZA – Então anda... Fala rápido, porque eu não tenho muito tempo!
HELENA – Eu não quero me casar com Afonso!
M. TEREZA – E o que eu tenho a ver com isso?
HELENA – Nós podemos ser boas aliadas... Pensa bem, Maria Tereza. Eu sei o quanto você é apaixonada pelo Afonso. Imagina... Vai poder ficar livre para se casar com ele, constituir uma família. Toda mulher quer isso, não é verdade?!
Maria Tereza fica pensativa, desviando o olhar de Helena.
M. TEREZA – Em certa parte você tem razão... Mas... Eu vou pensar. Se for verdade o que está dizendo eu ajudarei você a fugir das garras de Afonso!
HELENA – Agradecida!
As duas se encaram e se dão as mãos. CORTE IMEDIATO PARA/

CENA 3/ FAZENDA DE CRISTINA/ DIA/ EXT./ FACHADA.
Chiara com uma mala antiga nas mãos, observando o local.
CHIARA – (GRITA) DONA CRISTINA! DONA CRISTINA!
O segurança que está no portão, logo se aproxima dela, com semblante fechado.
SEGURANÇA – A senhora não pode ficar gritando assim na frente da casa de outras pessoas.
CHIARA – Perdoe-me.../
Cristina aparece, se aproxima dela, com um sorriso no rosto.
CRISTINA – (CORTA CHIARA/ ao segurança) Pode deixar... Ela é mãe de um grande amigo meu, então é amiga minha também!
CHIARA – (cumprimentando Cristina) Muito prazer... Sou Chiara, mãe de Vicente. A senhora é a dona Cristina?
CRISTINA – Dona não... Cristina sim! A senhora é sempre muito bem vinda. Entre... Vamos conversar!
As duas entram abraçadas. CORTE IMEDIATO/

CENA 4/ FAZENDA DE CRISTINA/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Chiara e Cristina sentadas no sofá, uma de frente para a outra, ambas com uma xícara de café nas mãos.
CRISTINA – Então, dona Chiara! O que a senhora precisa falar comigo?
CHIARA – Dona não, por favor. Assim me sinto uma velha!
As duas riem/
CHIARA – (cont.) Eu tive uma briga muito séria com o Barão. Conheço ele de muito tempo, minha filha. Desde que ele e toda a família Leroy moravam na Itália. Ele sempre foi um homem rude, rancoroso, e eu tenho medo do que ele possa fazer comigo depois de tudo isso. Eu queria saber se a senhora me aceitaria aqui em sua fazenda?! Sei fazer muitas coisas, apesar de minha idade já avançada!
CRISTINA – Gosto muito do seu filho, Chiara. É um rapaz educado e que sempre me ajuda no que pode, e é claro que eu aceito a senhora aqui. Uma voz experiente com a sua só nos faz crescer ainda mais, apesar dessa crise que nós estamos vivendo!
CHIARA – (feliz) Muito obrigada, Cristina. Prometo que não vou te decepcionar!
CRISTINA – Eu sei que não vai!
Vicente entra e fica surpreso ao ver Chiara. Ela se levanta e os dois se abraçam fortemente. Cristina à parte.
VICENTE – O que a senhora está fazendo aqui, minha mãe?
CHIARA – A sua patroa, meu filho. Ela permitiu que eu viesse morar aqui com você!
VICENTE – (alegre) Que notícia maravilhosa!
CRISTINA – Não querendo cortar o clima de vocês, mas queria falar algo comigo, Vicente?
VICENTE – Sim, Cristina. E uma notícia muito boa por sinal... Coloquei em prática o nosso projeto ambiental pra recuperar mais rapidamente a plantação, e na mosca... 50% da plantação já foi recuperada! Não vamos deixar de receber!
Cristina enche os olhos de lágrimas, ela se aproxima de Vicente e dá um abraço nele. As lágrimas escorrem de seus olhos. Logo depois ela se afasta e encara Vicente.
CRISTINA – Eu não sei como te agradecer, mas você me provou que é um homem de confiança, Vicente. Por isso quero que seja um dos gerentes dessa fazenda, assim como Gabriel é. Você tem competência e experiência pra isso! Aceita?!
VICENTE – (muito alegre) É claro que eu aceito! E com muito prazer!
Vicente e Cristina se abraçam. Chiara os abraça também. CORTA PARA/

CENA 5/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Gabriel entra nervoso no local. Maria Tereza se assusta.
M. TEREZA – Quem deu a você a permissão de entrar aqui?
GABRIEL – É coisa séria, Maria Tereza!
Helena desce correndo, assustada.
HELENA – (nervosa) É alguma coisa com o Vicente?
GABRIEL – Não!
M. TEREZA – Anda! Fala logo!
GABRIEL – Afonso... Ele sofreu um atentado e está no hospital!
Helena pega um casaco que está em cima do sofá e veste/
GABRIEL – (CONT./ hesita) Você?!
HELENA – Tenho princípios... Eu não vou deixa-lo sozinho... Por mais que ele merece ir direto para o inferno de uma vez... E então? Vamos?
GABRIEL – Sim!
Gabriel e Helena saem. Maria Tereza sem entender. CORTA PARA/

CENA 6/ FAZENDA DE CRISTINA/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Gabriel e Helena entram. Vicente e ela se encaram.
SONOPLASTIA: TODO AZUL DO MAR – FLÁVIO VENTURINI
Ele se abraçam emocionados. Lágrimas descem de seus olhos. Eles se beijam apaixonadamente. A música cessa.
CRISTINA – Como conseguiu trazer Helena até aqui, Gabriel?
HELENA – O Barão sofreu um atentado e nós não sabemos quem foi o culpado.
GABRIEL – Ela está no hospital, e a Helena se ofereceu para ir até ele!
CRISTINA – Bela atitude, Helena.
HELENA – Com isso eu vou tentar resolver isso tudo e sair das garras do Afonso!
CHIARA – Boa sorte, minha filha. Vá com Deus!
HELENA – Amém!
Closes alternados. CORTA PARA/

CENA 7/ MONTE PRAZER/ DIA/ INT./ SALÃO.
Raquel varrendo o chão e Luzia montando os adereços do local.
LUZIA – Essa festa hoje tem que ser um sucesso!
RAQUEL – E vai ser... Tenho fé nisso!
LUZIA – Quero que você vá mais cedo para casa hoje e que se arrume muito bem... Deixei um lindo vestido para você em cima da minha cama.
RAQUEL – Está bem.
Elas continuam arrumando. CORTA PARA/

CENA 8/ HOSPITAL/ DIA/ INT./ CONSULTÓRIO.
Helena sentada de frente ao médico. Gabriel ao lado dela.
MÉDICO – O caso dele não é grave... Ele só teve uma queda de pressão e isso originou o desmaio. A queda que ele teve influenciou também.
HELENA – E ele terá que ficar muito tempo aqui, doutor?
MÉDICA – 24 horas... Depois ele já estará liberado! Esperem aí que vou buscar os papéis dos custos.
HELENA – Está bem!
O médico sai. Helena com a cara fechada. Gabriel não entende.
GABRIEL – O que houve?
HELENA – Sei que é errado, mas eu cheguei a desejar encontrar ele morto!
FOCA em Helena preocupada. CORTA PARA/

CENA 9/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/ INT./ QUARTO DE HELENA.
Maria Tereza entra, olhando para todos os lados. Ela vai em direção ao guarda-roupa e começa a mexer, como se estivesse procurando algo.
M. TEREZA – Essa vagabunda deve ter algum segredo oculto.
Ela continua a procurar. Alguém bate na porta da sala com força, e ela se assusta, descendo em seguida. CORTA PARA/

CENA 10/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Maria Tereza abre a porta e se assusta ao ver Rubens e Dolores (a empregada).
M. TEREZA – Senhor Rubens e Dolores... Vocês por aqui?!
DOLORES – O seu Rubens queria muito voltar para cá, dona Maria Tereza. Mas como nós não conseguimos ainda vender a casa de Florianópolis, queria saber se nós podemos ficar aqui por hora?
M. TEREZA – Mas é claro... Deixa eu dar um abraço no seu Rubens!
Maria Tereza abraça Rubens, que sente sua negatividade.
DOLORES – O senhor Afonso não se encontra?
M. TEREZA – (forçando tristeza) Infelizmente a notícia não é nada boa...
RUBENS – Aconteceu alguma coisa com meu filho?
M. TEREZA – O seu filho sofreu um atentado, seu Rubens. Ele está internado. Eu estou muito preocupada, mas a noiva dele deve estar chegando para dar notícias!
RUBENS – Que Deus te proteja, meu filho!
Rubens se entristece. Closes alternados. CORTA PARA/

CENA 11/ HOSPITAL/ DIA/ INT./ QUARTO.
Murilo entra no quarto. Afonso deitado em silencio.
MURILO – Está melhor?
AFONSO – Sim... A pessoa que fez isso queria tirar a minha vida... Queria me tirar de circulação, mas não conseguiu. Barão Afonso nunca morrerá!
MURILO – E você já imagina quem seja?
AFONSO – Tenho quase certeza que foi a desgraçada da Maria Tereza! Mas o fato não é esse... O fato é que eu preciso marcar urgentemente a data do meu casamento com Helena.
MURILO – Você tem é que tomar muito cuidado... A pessoa que fez isso vai tentar outras vezes.
AFONSO – Eu estou ciente disso. Eu vou contar toda a verdade para Helena, Murilo.
MURILO – Você acha que chegou a hora?
AFONSO – Eu acho que já passou da hora... Vou usar a minha carta na manga e Helena será minha! Só minha!
Helena entra. Afonso e Murilo desviam a conversa.
AFONSO – (CONT.) Ainda bem que veio meu amor. Pensei que não viria!
HELENA – Não pense que vim por consideração... Vim assim como viria com qualquer outra pessoa.
AFONSO – Nós precisamos ter uma conversa séria.../
HELENA – Eu não quero ter conversa nenhuma com você!
AFONSO – É de seu interesse!
Helena e Afonso se encaram. CORTA PARA/

CENA 12/ CASA DAS IRMÃS/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Saulo sentado a frente de Filomena, com a cara fechada.
FILOMENA – O que foi? Aconteceu alguma coisa? Está com a cara fechada desde a hora que chegou.
SAULO – Preciso te dizer algo e espero que me entenda.
FILOMENA – Pois então me diga!
SAULO – Terei que fazer uma viagem a negócios para os Estados Unidos. E não vou poder te levar. A empresa só deu uma passagem. Vou ter que ficar longe de você!
FILOMENA – E que problema há nisso? Saulo... Você é um homem livre, e é uma viagem a trabalho. Eu não vou ficar chateada. Siga sua viagem!
SAULO – (alegre) Eu te amo... Eu te amo!
Ele a beija apaixonadamente. CORTA PARA/

CENA 13/ HOSPITAL/ DIA/ INT./ QUARTO.
Afonso já acordado e Maria Tereza entra no local. Ele fecha o rosto.
M. TEREZA – Pensou que eu não viria?
AFONSO – Antes você não tivesse vindo... Sua assassina!
M. TEREZA – Eu? Assassina? Além de velho você está biruta agora?!
AFONSO – (grita) E ainda me ofende! Você diz que eu sou o homem da sua vida, mas na primeira oportunidade pega um revólver e tenta me matar!
M. TEREZA – Eu não atirei em você! Inclusive eu estava em casa... Me acertando com a sua noivinha!
AFONSO – Quando eu sair daqui você vai ir pro olho da rua!
M. TEREZA – Me coloque no olho da rua e eu conto todos os seus segredos. Transformo sua vida em um verdadeiro inferno.
Afonso fica preocupado, e silencia. CORTA PARA/

CENA 14/ FAZENDA DE CRISTINA/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Vicente, preocupado, anda de um lado para o outro. Chiara e Cristina sentadas no sofá.
VICENTE – Eu já não agüento mais esperar! Não agüento mais.
CRISTINA – Quanto mais você se desesperar, mais vai demorar pra chegar a notícia. Fica calmo!
CHIARA – Escuta o que a Cristina está te falando, filho. Espera!
VICENTE – Vou tentar, mãe. Vou tentar!
FOCA em Vicente nervoso. CORTA PARA/

CENA 15/ MATO/ DIA/ EXT.
Música ambiente. CAM anda correndo pelo local, girando em círculo, até que foca em um homem. Roupa toda rasgada. Ao aproximar, vê-se Domingos chupando uma manga.
FLASHS de Afonso caindo do cavalo. A CAM pega o pé de uma pessoa e vai subindo, ao chegar na parte de cima, se vê que é Domingos com um revólver nas mãos.
O flash acaba. Domingos centrado olhando para o nada.
DOMINGOS – O inferno da sua vida começou, Afonso de Leroy!
EFEITO FINAL: DOMINGOS COM OLHAR SOMBRIO





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