quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Capítulo 008 - PERIGOSA TENTAÇÃO



 Continuação imediata do capítulo anterior. Close no rosto enfurecido de Maya/
FONSECA – Maya, antes de qualquer coisa, eu gostaria de fazer uma definição de inferno com você... Se esse inferno que você fala é a cadeia, eu terei todo o prazer em te ajudar a colocar esses bandidos. Agora... Se com inferno você quer dizer outra coisa, você conta com o meu veto. Justiça com as próprias mãos não é a melhor coisa a se fazer, muito menos em casos como este/
MAYA – E o senhor acha que eu tenho sangue de barata, delegado? O senhor acha que eu vou ver a minha família a mercê de uma máfia e me calar?
 O delegado se levanta e segue até ela.
FONSECA – Evidente que não, Maya. Não é o que quero que você faça. Escute: Seu sangue não pode esfriar, mas a cabeça sim.
MAYA – Pois saiba que tendo ou não minha cabeça fria, eu vou me empenhar cada dia da minha vida em proteger a minha família. Nada, nem ninguém vai me impedir/
FONSECA – Eu não vou deixar. Faço questão de ajudar em tudo o que for preciso. Quero a solução imediata desses crimes todos.
MAYA – Pode deixar, Delegado, que eu não vou deixar isso impune. Agora, se me dá licença, eu tenho outros compromissos/
FONSECA – Antes eu preciso te dar um recado, Maya. Muito importante: A sua família está prestes a entrar em frangalhos, se já não podemos considerar que entrou. Seu pai faleceu e sua irmã está presa. Logo ela sai, mas mesmo assim a sua mãe está sozinha nessa... Ela precisa de você, Maya, a sua mãe precisa do seu apoio incondicional nesse momento.
MAYA – Eu vou cuidar dela. Pode ter certeza, delegado, que eu vou cuidar de tudo. Eu não vou descansar, eu não vou sossegar, enquanto os assassinos do meu pai e do Olavo estiverem por aí. Eles querem dar strike na família Pasteur, delegado, mas sou eu quem vai dar strike neles.
 Maya se despede do Delegado com um aperto de mão. Close na expressão preocupada dele.
CORTE DESCONTÍNUO em Maya saindo da delegacia.
 Corta para/

CENA 2/ PENITENCIÁRIA/ TARDE/ INT/ CELA DE CAROLINA.
 Uma cela pequena, muito mal organizada, Carolina deitada em um colchonete. Outra detenta com as mãos nas grades.
DETENTA – (À Carolina) Mas e aí, donzela... Como é que veio parar aqui, no xilindró?
CAROLINA – Foi uma armação. Um engano, eu não sei... Algo muito ruim, uma maldade imensa que fizeram comigo.
DETENTA – (Rindo) Essa é clássica, madame. Não podia pensar em algo mais original não?
CAROLINA – Se os outros criminosos usam isso como desculpa pra não serem punidos pelos seus crimes, eu sinto muito, mas o que eu estou falando é verdade... Mas até onde eu saiba você não é delegada e eu não lhe devo a menor satisfação.
DETENTA – Ih, branquinha, qual é? Decidiu engrossar? Cuidado, hein/
CAROLINA – Eu vou sair logo desse lugar. Independentemente de qualquer coisa, a justiça vai ser feita. Eu creio nisso/
 Aparece uma carcereira. Abre a cela.
CARCEREIRA – Carolina Pasteur, visita pra senhorita.
 Close na expressão pensativa de Carolina.
 Corta para/

CENA 3/ PENITENCIÁRIA/ TARDE/ INT/ SALA DE VISITAS
 Maya está sentada na cadeira da visita, séria e com olhar perdido. Dois policiais atrás dela. A carcereira traz Carolina.
CAROLINA – Maya, minha irmã! Que felicidade te ver aqui!
MAYA – Já eu não posso dizer o mesmo, infelizmente. Dói na minha alma te ver ai, com esse uniforme, essas algemas... Injustiçada.
CAROLINA – Eu tenho fé em Deus, Maya. Eu sei que você vai me tirar daqui.
MAYA – Pois então pode orar a noite toda como forma de agradecimento, isso se você chegar a dormir presa de novo. O Delegado Fonseca está correndo atrás da sua liberdade provisória. Carolina, você pode sair daqui a qualquer instante!
CAROLINA – Graças a Deus!
 As duas se encaram, emocionadas.
 Corta para/

CENA 4/ MANSÃO DOS PASTEUR/ TARDE/ INT/ SALA DE ESTAR.
 Rebecca desce as escadas, feição animada, roupas brancas e leves. A empregada passando por ali, ela faz sinal.
REBECCA – Vem até aqui.
EMPREGADA – A senhora quer alguma coisa?
REBECCA – Não te chamei pra ver tua cara de paralelepípedo, não é mesmo? Anda logo, eu quero que você mande fazer um almoço de primeira. Decidi almoçar em casa, talvez até a Maya venha/
EMPREGADA – Mas e o doutor Orlando, dona Rebecca?
REBECCA – Até onde eu sei ainda não inventaram nenhuma técnica de ressureição nos dias de hoje... Se você inventou me diz que eu patenteio e fico ainda mais rica.
EMPREGADA – Mas a senhora não está de luto, dona Rebecca?
REBECCA – Isso não lhe diz respeito. Vai logo pra cozinha que é o teu lugar. Anda!
 A empregada sai, submissa. Rebecca senta-se no sofá, pega um jornal na mesinha de centro. Começa a folhear.
REBECCA – (Lendo/Off) Morte de empresário Orlando Pasteur gera investigação a possível máfia que trafica órgãos e sangue... Mas que porra é essa? (Grita) Que diabo tá acontecendo?
 Entra a empregada, esbaforida.
EMPREGADA – Dona Rebecca, o que/
 Rebecca pega alguns vasos de decoração e tenta acertar na empregada, assustada.
REBECCA – Sua maldita! Quem te chamou aqui? Passou a responder pelo nome do diabo? Vai embora!
 A empregada sai novamente, chorando.
REBECCA – Infeliz. Mas eu tenho que tomar uma providência em relação as investigações... Se descobrirem que eu matei o Orlando, eu tô ferrada.
 Rebecca pega o jornal em sua mão e vai até sua bolsa. Pega de lá um isqueiro e põe fogo. Close em seus olhos refletindo o fogo. Ela sobe as escadas, ÂNGULO ALTO de ela subindo as escadas, ela vai até o seu quarto, abre o armário e tira de lá a roupa que ela usava no dia em que matou Orlando, coloca em uma sacola. Close na expressão de dúvida em seu rosto.
 Fusão/

CENA 5/CARRO DE REBECCA/ TARDE/ INT.
 Rebecca dirigindo em alta velocidade. Em ÂNGULO ALTO vemos ela seguindo por uma estrada de terra, quase ninguém por perto, ela chega até a ponta de um barranco. Desce do carro, sacola da cena anterior em mãos, passa a observar o penhasco.
REBECCA – Que lugar bonito... Apoteótico. É aqui que eu quero morrer quando chegar a minha hora... (Ri) Mas antes dela chegar, muita cabeça ainda vai rolar.
 Ela vai até o carro e tira um vidro de álcool, molha toda a sacola, pega um fósforo e ateia fogo. Coloca um óculos de sol e volta ao carro, dá partida. A CAM. Foca na chama que ela deixou a beira do penhasco.
 Corta.

CENA 6/ STOCK-SHOTS/ NOITE-DIA.
 Imagens do nascer do Sol no Rio de Janeiro.

CENA 7/ PENITENCIÁRIA/ TARDE/ EXT.
 O carro de Maya estaciona no estacionamento da penitenciária. Maya sai de lá e entra no local.
Corta para:

CENA 8/ PENITENCIÁRIA/ TARDE/ INT/ CELA DE CAROLINA
 Em Carolina no banheiro da cela, escovando os dentes e lavando o rosto. Ela segue até a cama, a outra detenta está deitada observando o teto.
DETENTA – Dormiu bem, madame?
CAROLINA – Tô com dor nas costas. Falta de costume.
DETENTA – Pra tu ver, branquinha... A vida como ela é é dura. E tem gente que acha que nós vive na moleza, sendo sustentado pelos trabalhador.
CAROLINA – E não é assim?
DETENTA – O que a gente rala e sofre aqui dentro não é moleza, branquinha. Você apenas chegou/
 A carcereira abre a cela.
CARCEREIRA – Tão logo chegou, e já vai embora. Doutora Carolina Pasteur, a senhora está solta. Venha comigo.
 Carolina segue a penitenciária, que tranca a cela. TRANSIÇÃO para:

CENA 9/ PENITENCIÁRIA/ TARDE/ EXT.
 Em Carolina (Já com suas roupas) e Maya saindo da penitenciária, alegres.
CAROLINA – Maya, eu estou te devendo essa/
MAYA – Tá devendo nada, Carolina. A começar que foi o delegado Fonseca que te livrou dessa barra.
CAROLINA – Mesmo assim. Se não fosse a sua insistência, eu ia mofar nesse lugar. E o pior: Injustamente.
MAYA – As coisas vão voltar aos seus eixos, minha irmã. Se não perdermos nossa fé e nossa vontade de lutar, elas vão voltar.
CAROLINA – Eu tenho que... Te contar uma coisa.
MAYA – Sou toda ouvidos.
CAROLINA – Eu quase fraquejei quando soube da morte do nosso pai.
MAYA – Em qual sentido?
CAROLINA – Em todos, Maya, eu pensei em me matar, eu... Eu não quis mais essa luta pra mim. Foi difícil.
MAYA – Eu te entendo. Mas você não se matou, Carolina, e isso significa que você pensou em alguma coisa. Pode me dizer no que?
CAROLINA – Sem pestanejar? Em você. Sem ser pretensiosa, mas ia ser ruim pra você seguir sem mim. E vice-e-versa.
MAYA – Pretensão nenhuma. Apenas a verdade. Mas uma coisa me incomoda.
CAROLINA – Se for o meu bafo de onça, saiba que a culpa não é minha, você quem não trouxe escova de dente.
 As duas riem.
MAYA – Não, não é isso não... É que você nem ao menos fez menção na nossa mãe, você nem sequer incluiu ela na sua linha de pensamento ao não se matar.
CAROLINA – Ah. Isso.
MAYA – Carol, falando sério, eu estou preocupada com ela. Com a morte do papai/
CAROLINA – Pois você pode ter certeza que mamãe está melhor que nós duas juntas.
MAYA – Como assim?
CAROLINA – Aquilo lá é pura atuação... Eu boto as minhas mãos no fogo como garantia que ela não está sentindo a morte do papai.
MAYA – Essa é uma acusação muito grave/
CAROLINA – É uma certeza minha.
MAYA – É... Estranho, Carolina. Eu não sei o que dizer.
CAROLINA – O silêncio talvez seja a melhor resposta. E o bom é que ele traz reflexão. Vamos?
 As duas sorriem e entram no carro.
 Corta para/

CENA 10/ RESTAURANTE/ EXT./ DIA
 Em Rebecca adentro um restaurante super sofisticado e requintado. Uma orquestra reproduz ‘Lacriminosa’, de Mozart.
TRANSIÇÃO para/

CENA 11/ RESTAURANTE/ INT./ DIA/ MESA
 Herbert sentado à mesa, tomando vinho em uma taça. Rebecca chega e se acomoda junto a ele.
REBECCA – Me esperou muito?
HERBERT – De verdade? Não sei. A música aqui é de delirar, a gente perde a noção do tempo.
REBECCA – Mozart?
HERBERT – Se meus velhos ouvidos ainda estão sensatos, é sim. Lacriminosa.
REBECCA – Isso é uma indireta?
HERBERT – Como assim?
REBECCA – Lacriminosa, a criminosa... Sonoramente parecido.
HERBERT – Não, não. Eu não seria tão perspicaz, e, ademais, você não é uma criminosa, minha querida. É apenas uma boa jogadora, que sabe escolher as regras para o próprio jogo.
REBECCA – Está parecendo aquela novela nova, A Regra do Jogo. Pena que a Atena nunca vai chegar onde eu cheguei, não é mesmo?
HERBERT – Ninguém vai. Mas creio que você não me chamou aqui pra trocar confidências sobre novelas. Ou estou enganado?
REBECCA – Não, não está. O assunto que me traz aqui é sério. Posso tomar um vinho?
HERBERT – A vontade.
 Ela serve-se de vinho.
REBECCA – Eu li hoje no jornal/
HERBERT – Ler jornal não faz seu feitio.
REBECCA – Há muito sobre mim que você não sabe, mas permita que eu continue... Li hoje que a morte do quatro patas do meu marido gerou uma certa desconfiança na polícia.
HERBERT – Será que estão desconfiados de você?
REBECCA – Não. Mas com a linha de raciocínio deles, podem começar a desconfiar. Eles acham que existe uma rede de tráfico de órgãos que fez do Orlando mais uma vítima.
HERBERT – E acertaram na mosca.
REBECCA – Mas não devem acertar. Isso é perigoso.
HERBERT – Eu não acho. Sabe, Rebecca, acho difícil eles chegarem a você/
REBECCA – A polícia eu também acho, mas existe alguém que é capaz de me descobrir.
HERBERT – Posso saber quem?
REBECCA – A Maya. Se ela ficar encafifada com isso, ela parte para as investigações particulares, ela é danada, pode chegar até mim.
HERBERT – Seria caótico.
REBECCA – Perigoso pra segurança dela mesma... Você sabe que as decisões teriam de ser drásticas.
HERBERT – Nesse meio, minha querida, as decisões drásticas são as mais apropriadas.
REBECCA – Mas não contra a minha própria filha. Eu tenho que impedir que a mídia crie um alarde em cima disso e, principalmente, tenho que impedir que a Maya tente investigar alguma coisa.
 Os dois ficam se encarando, pensativos.
 Corta para/

CENA 12/ HOSPITAL/ EXT./ DIA/ EXTACIONAMENTO.
 O carro de Maya chega, as duas descem.
CAROLINA – Eu pensei que a mamãe já tivesse se adiantado e pago as contas do hospital.
MAYA – Muita coisa pra pensar, ela nem deve ter lembrado.
CAROLINA – Você tem razão.
TRANSIÇÃO para/

CENA 13/ HOSPITAL/ INT./ DIA/ RECEPÇÃO.
 Maya assinando alguns papéis na recepção, Carolina ao lado. As duas se afastam em direção a saída, uma enfermeira passa por elas.
CAROLINA – Lívia!?
ENFERMEIRA – Carol! Quanto tempo.
CAROLINA – Nem tanto assim, mas eu senti sua falta... Trabalhando muito?
ENFERMEIRA – Até demais. Pensando em tirar umas férias, sei lá, viajar, relaxar.
MAYA – Quem pode, pode.
ENFERMEIRA – Então, vocês acreditam que no dia que... (Constrangida) Que a Carol foi levada pela polícia, naquela mesma hora, surgiu um paciente problemático aqui?
CAROLINA – Em que sentido você diz isso?
ENFERMEIRA – Em todos. Um pobre coitado.
CAROLINA – Espera, é um que chegou queimado, todo deformado?
ENFERMEIRA – Esse mesmo. Querem ver ele?
MAYA – Ah, gente, eu não tenho estomago/
CAROLINA – Eu quero. Preciso falar com o Doutor Afonso. Vamos Maya, é rápido.
CORTA PARA as três entrando em um quarto do hospital, não muito grande. Enrico deitado, inconsciente, respirando por aparelhos. Maya e Carolina penalizadas.
CAROLINA – Qual o quadro dele?
ENFERMEIRA – Vítima de um incêndio. O quadro é gravíssimo.
 Entra um médico.
MÉDICO – Isso mesmo, Carolina. E o pior de tudo é que ele não tem a menor condição de pagar o próprio tratamento.
MAYA – Sem teto?
MÉDICO – Podemos dizer que agora ele é. Perdeu a família toda num incêndio, é o único sobrevivente. E sem nada.
CAROLINA – Meu Deus, que horror... Quando a gente pensa que a nossa situação é grava, Deus trata de colocar casos mais tristes e nobres na nossa frente.
 Os quatro continuam a fitar Enrico, dormindo.
CAROLINA – Eu tomei uma decisão.
MAYA – Que decisão?
CAROLINA – Eu me responsabilizo pelo paciente, doutor. Agora eu estou de volta, mesmo, nada como uma boa ação pra agradecer a ajuda de Deus.
ENFERMEIRA – Certeza disso?
CAROLINA – Plena e absoluta.
MÉDICO – Bom, eu vou adorar ver você envolta com um novo paciente, mas isso requer uma conversa comigo... Sabemos bem em que circunstâncias a senhora esteve no hospital pela última vez.
MAYA – Hoje não, infelizmente, doutor. A Carolina acaba de sair de um lugar péssimo, ela precisa descansar. Enquanto isso outros médicos cuidam do paciente.
MÉDICO – Muito sensato.
MAYA – Até mais.
CAROLINA - Tchau.
 Maya e Carolina se despedem e saem.
 Corta para/

CENA 14/ HOSPITAL/ INT./ DIA/ SALA DE ESPERA.
 Olga e Cecília sentadas na sala de espera.
CECÍLIA – Desnecessário me arrastar até aqui, mãe/
OLGA – Desnecessário? Como assim? É piada isso? Desnecessário porcaria nenhuma, Cecília. Nós temos que saber se você está mesmo esperando um filho. Filho esse, que aliás, não é brinquedo. Vai ter que ser muito bem planejado.
 O médico sai de sua sala.
MÉDICO – Dona Cecília?
 Ele volta para a sua sala, as duas se levantam e o seguem.
MÉDICO – Qual das duas é a senhora Cecília?
CECÍLIA – Senhorita. E sou eu mesma.
OLGA – Nós viemos pra ter confirmação de uma coisa, doutor Ernesto... Viemos ter certeza sobre o fato de minha filha estar ou não grávida.
 Eles se encaram por alguns momentos.
 Corta para/

CENA 15/ CASA DE GEYSE/ INT./ DIA/ QUARTO.
 Geyse arrumando algumas malas no quarto.
GEYSE – (A si mesma) Paris... Aí vou eu. Antes tarde do que nunca.
 Foque na expressão de ânimo em sua face.
 Corta para/

CENA 16/ HOSPITAL/ INT./ DIA/ SALA DE ESPERA
 Continuação da cena 14. Cecília deitada, Olga ao seu lado, o médico realizando uma ultrassonografia.
MÉDICA – Achei interessante o fato de vocês terem vindo realizar uma ultro ao invés de aguardar um teste de urina, ou até mesmo sanguíneo. Sinal que estão com pressa de saber o resultado.
OLGA – Muita pressa, doutor.
CECÍLIA – Adoraríamos que o senhor parasse com essa enrolação e dissesse logo: Eu tô ou não grávida?
MÉDICO – Sim, a senhora está. É perceptível na ultro, a senhora está esperando um filho sim. Meus parabéns.
 Close nas expressões de espanto de Cecília e de tristeza de Olga.
INTERCALA com/
 As duas saindo do consultório, semblantes abalados.
OLGA – É mesmo uma decepção.
CECÍLIA – Mas não é o fim do mundo.
OLGA – Pra mim é. Pra mim é sim o fim do mundo ter uma filha grávida na maior irresponsabilidade desse jeito. É o fim do mundo! Do mundo que eu criei pra você, minha filha.
CECÍLIA – Chega mãe. Quanto drama! A barriga é minha, o filho também.
OLGA – Mas você não fez com o dedo, ou eu tô errada? Quero saber uma coisa e você vai me responder: Quem é o pai dessa criança?
 As duas continuam se encarando, mas Cecília desvia o olhar.
 Corta para/

CENA 17/ STOCK-SHOTS/ DIA-NOITE.
 Anoitece no Rio de Janeiro. CAM conduzida até a fachada da Mansão Pasteur.
 Corta para/

CENA 18/ MANSÃO PASTEUR/ INT./ DIA/ SALA DE ESTAR.
 Maya e Carolina sentadas no sofá.
MAYA – Amei a sua decisão de vir até aqui... A mamãe vai ficar feliz em te ver/
CAROLINA – Quanto a isso não estou tão convicta. E a decisão foi sua, eu nem pude hesitar.
MAYA – Ainda bem. Prefiro você assim, boazinha.
CAROLINA – Boba.
 A campainha começa a tocar. Maya vai até a porta e abre, entra Valéria abruptamente.
MAYA – Perdeu a noção garota? Quem você pensa que é pra entrar desse jeito na minha casa?
VALÉRIA – Eu sou eu, euzinha e eu mesma. Isso basta.
 Valéria dá uma bofetada em Carolina, que cai no sofá, aturdida. Carolina revida.
CAROLINA – Desculpa, Maya, eu tinha que revidar/
MAYA – Tranquilo. Se alguém tem que ir preso aqui é ela, invasão a domicílio é crime.
VALÉRIA – Pois eu rapo o pé daqui muito antes da polícia chegar. Mas antes eu vou dizer o que essa vagabunda assassina tá precisando de ouvir, e ela vai ouvir é agora/
 Maya vai até Valéria e dá uma bofetada nela. Pega pelo braço, começa a arrastar até a porta.
MAYA – Eu cansei da sua petulância. Se tem algo a dizer, vá dizer na sarjeta. Dentro dessa casa você não fica!
 Maya joga Valéria pro lado de fora da Mansão. Valéria espumando de ódio, Carolina chorando do lado da irmã.
VALÉRIA – Vocês tão pensando que porque tem o rabo cheio de dinheiro vão sair ilesas? Eu tô dizendo, e não vou repetir: Tá só começando. Eu vou acabar contigo, Carolina Pasteur! Contigo e com essa tua irmã!
Todas se encaram.

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