Depois
da conversa que teve com o detetive, Marlon não parava de pensar na sua doce
vingança. Rodava o escritório, bebia dezenas de garrafas de café, perguntava a
secretária se Devis não ligara pra ele. Nenhuma novidade, nada.
Quinze
dias se passaram e Marlon não aguentando mais de ansiedade, ligou para o
detetive:
-
Alô, detetive Devis?
-
Ele mesmo quem fala.
-
Aqui é o Sr. Marlon, dono do Jornal Matinal.
-
Ah, Sr. Marlon.
-
Você tem alguma novidade? Desculpe-me mais estava tão ansioso que não pude me
controlar.
-
Entendo, mas... não tenho nenhuma notícia de seus amigos. O senhor sabe como a
cidade é grande. É como encontrar seis agulhas num palheiro.
-
Compreendo. Então qualquer notícias, a qualquer hora, entre em contato comigo.
-
Pode deixar senhor Marlon.
-
Obrigado.
-Por
nada. Qualquer coisa entro em
contato. Tenha um bom dia.
-
Obrigado.
Marlon
estava muito nervoso. Não bastava a busca dos seus agressores e agora tinha que
contratar uma repórter, pois a Dona Conceição abandonara o cargo. A notícia da
vaga estava no seu jornal. Muitas foram as candidatas.
Gilda
entrou e anunciou a última candidata:
-
Pode entrar senhorita Solange.
Assim
que Marlon viu a candidata com seus cabelos castanhos longos, seus olhos verdes
escondidos por um óculos, seus saia que batia nas suas coxas torneadas e a sua
blusa que tinha um decote generoso, ele ficou muito interessado na candidata.
Ela era do tipo secretária-amante que um chefe poderia querer.
-
Temos aqui a última candidata. – disse ele ao ver a relação. – Você é a
Solange, não é isso?
-
Isso mesmo senhor Marlon, estou a sua inteira disposição. – disse a futura
secretária.
-
Você tem muitas experiências como repórter?
-
Já tive alguns empregos. – disse a linda moça entregando o seu currículo.
Depois
de mais de meia hora conversando, Solange saiu muito contente, com o emprego
garantido e um encontro marcado para a noite.
Ao
escurecer, Solange já estava se produzindo. Às nove horas, Marlon já estava
esperando a sua futura repórter. O encontro estava marcado às oito e vinte e
ela só chegou às nove e dez. Ela chegou se desculpando:
-
Desculpe-me senhor Marlon, mais é que...
-
Não me trate como senhor, me chame de você.
-
Está bem. E que fui resolver alguns problemas com meu namorado e perdi a hora.
-
Você tem namorado?
-
Tenho sim. Namoro com ele a oito anos. E o se... digo, você tem namorada?
-
Não. Nunca encontrei uma mulher tão adorável como você na minha vida.
Solange
ficou envergonhada com o comentário.
-
Desculpe-me se ti deixei tímida.
-
Não foi nada.
Entre
vinhos e macarronada, a conversa entre os dois foi longa. Falaram sobre
trabalho, vida e relacionamento. Não pense que Marlon era um aproveitador. Não!
Ele apenas gostava de conhecer seus, ou melhor, suas funcionárias.
Marlon
não conseguiu dormiu. Rolou e revirou a cama. Pensava na sua nova repórter. Ele
havia se apaixonado sinceramente. Dentre várias que cruzaram o seu caminho, ela
era diferente.
O
dia amanheceu e Mônica já sabia do encontro entre eles:
-
Bigode, tu não sabe da novidade.
-
Diz Mônica.
-
O patrãozinho saiu com a repórter. Ontem ela foi aceita no trabalho e já saiu
com ela. É muito descaramento. Queria tanto ser ela. - falou Mônica toda sonhadora.
-
Só você mesmo.
-
O que tem eu , Bigode?
-
Nada...tudo...ah num sei não Mônica.
Marlon
chegou todo apaixonado. Foi logo para sala. Gilda chegou logo em seguida e
perguntou para Fabrício se havia chegado alguma correspondência para o patrão.
-
Chegou uma senhorita.
Fabrício
entregou a carta.
-
Obrigada.
-
Por nada.
Gilda
foi direto entregar a carta para o patrão. Ele recebeu, viu que não tinha
remetente e abriu. Na carta estava escrito:
“ Querido Marlon,
Desculpe por não ter
cuidado de você como merecia. Me arrependo amargamente pelo meu comportamento.
Hoje vivo na miséria. Você deve está até rindo por receber uma carta, hoje em dia. Não sei mexer e nem
tenho um computador. Estou muito doente. Meu marido morreu à anos e nunca tive
nenhum filho. Queria te pedir um dinheirinho emprestado. Preciso de uns remédio, são muito caros. Quero
que venha pessoalmente. Hoje moro numa
choupana, aqui está o endereço. Rua: Fernão Dias, nº 435. Se preferir mandar o dinheiro numa
carta, você já sabe o CEP.
Preciso te pedir
perdão. Espero que me compreenda. Ah! Fiquei sabendo que você é dono de um
jornal daí. Parabéns. Você merece.
Ass.: Wanda, a tia que
ti amou de um jeito diferente, mais amou e continua ti amando. Beijos.”
Marlon
rasgou a carta. Pegou o isqueiro e queimou. Depois que leu, chorou muito.
-
Depois que deixou largado o seu único sobrinho é que vem pedir desculpas? Sei
do seu arrependimento, ele se chama interesse. Só porque agora tenho esse
Jornal, agora sou o amor da sua vida? Espero que morra. Não sabe o que passei,
não sabe o que senti, não sabe o quanto lutei para estar aqui. Agora sou eu que
não quero saber de você.
Ele
pegou um papel e escreveu a carta, dizendo em voz alta:
-
Não quero mais saber de você. Pra mim não passa de uma desconhecida. Aqui está
a esmola que dou. Assinado Marlon, o menino que não teve e nunca terá uma tia.
Até nunca mais.
Depois
que terminou, colocou dentro de um envelope e chamou Gilda.
-
Coloque isso no correio.
-
Sim senhor. Ah! Ia me esquecendo. O detetive Devis está na linha e quer falar
com o senhor.
-
Obrigado. Pode se retirar.
Quando
a secretária saiu da sala, Marlon atendeu o telefone:
-
Senhor Marlon, quem fala é o detetive Devis.
-
Olá Devis. Você tem alguma novidade?
-
Tenho.
-
Me diga. Não agüento mais.
-
Não posso dá a informação pelo telefone. Tenho quer ir aí.
-
Pode vir agora?
-
Não. Pode ser amanhã cedo?
-
Pode.
-
Então ta combinado.
-
Combinado.
-
Até amanhã senhor Marlon.
-
Até amanhã.
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