Ajoelhado e chorando, Ricardo agora observava as imagens ali
daquela igreja. A pintura no teto que era representado por um lindo céu azul
com anjos.
- Anjos... – Pensou Ricardo.
As imagens perfeitas com detalhes de ouro deixavam a igreja iluminada e
diferente naquele momento.
- Meu Deus, me perdoe. – iniciava seu discurso por piedade. – O
sexo me venceu. Eu sou humano, Senhor. A vida nos prega peças, e peço que olhe
sempre por mim.
Ponte dos Ferreiros...
A polícia já havia cercado o local, os bombeiros da Marinha já
se circulavam pela área em busca do carro de Mateus. Havia muitas pedras e
baronesas em volta do rio, e ao que tudo indica ali haveria vida. [Pera, para
tudo! Vamos raciocinar.]
De volta a Igreja...
Era visível toda angustia do padre, os policiais entraram na
igreja para informar que o tempo já havia-se esgotado. Mas algo diferente
acontecia ali. Em pé, o Padre Ricardo subiu os degraus do altar e dirigiu-se a
um dos arcanjos em forma de estatuas. Dois lindos arcanjos cada um com sua lança em mãos.
- Vamos, já está na hora. – Dizia um dos policiais.
- Só preciso de mais dois minutos. – Informou o padre. – Por
favor, apenas isso. Os policiais
permaneceram em silêncio, pareciam aceitar o pedido, saindo novamente da
igreja.
Padre Ricardo analisava aquelas imagens, as quais os seus
olhares eram de dor e medo.
- Eu vivi para Igreja e morrerei para ela. – O padre
aproximou-se de um daquelas estatuas e pegou a lança.
Ponte dos Ferreiros...
- Cof, cof, - Barulho de uma pessoa tossindo. Parecia
inacreditável, muita esperteza ou muito filme ação! Sim, Mateus ali estava
caído, molhado e dentro de um “jardim” de baronesas. [Puta que pariu! Esse carinha
é filhote do Lúcifer mesmo!] Mateus levantou apenas a cabeça, e observou toda
aquela movimentação. E esperou um pouco mais até ter certeza que era o momento
certo de sair. Mateus estava livre
novamente. Tudo parecia estar em segurança, mesmo com todos os movimentos de
policiais sobre a ponte. Ele saiu daquele “jardim” e conseguiu atravessar por
baixo da ponte, sem ser percebido. Ele subiu novamente até a avenida principal.
- Acho que é a hora de eu ser alguém novamente. –Mateus olhava ao longe toda a movimentação.
– Eu estou morto... Tenho que ter um novo nome, e uma nova vida.
A caminhada era longa,
mas ali perto, apenas três quadras de distancia, havia outra movimentação...
Não era dessa vez por ele, mas na Igreja de Santa Maria. Mais policiais e mais
ambulâncias.
- O que está havendo ali? – Perguntou Mateus, entrando numa loja
de acessórios.
- Alguém morreu dentro da igreja... – Dizia uma das atendentes.
– Acho que era o Padre responsável.
A vendedora iniciou o seu trabalho, e ofereceu a Mateus alguns
acessórios, como pulseiras, bonés e óculos escuros... Mas para Mateus, apenas o
óculos era suficiente.
Igreja...
Os fotógrafos e curiosos tentavam se aproximar ao máximo daquele
corpo. O sangue escorria pelos degraus do altar.
- Delegado, o padre se matou – Informava os policiais à
delegacia. – Não sabemos o que houve, apenas ele mesmo cravou a lança em seu
próprio coração.
Mateus agora entrara na igreja, com óculos escuros, não era tão
notado por conta da correria naquele local. Ele aproximou-se do corpo por
alguns segundos.
- Prazer, Amém. – Mateus dirigiu-se as bancas do lado esquerdo.
Sentou-se e a todo momento manteve-se
com o olhar fixo no altar, observando a imagem de Cristo crucificado. Ele
baixou um pouco os óculos, e voltou a olhar aquela movimentação em torno do
corpo de Ricardo. Com um ar de riso, disse as ultimas palavras.
- Boa viagem ao inferno, Santo Padre, que o demônio lhe cubra de
sexo! – Ele sorriu, sorria muito, como se estivesse vencido a maior batalha de
todos os tempos. Subiu os óculos para o lugar certo e bem devagar saiu
caminhando pela igreja. [Imaginemos a
imagem de um rapaz caminhando e apenas é possível vê-lo de costas e sua
sombra.]
Às vezes, o amor de um sacerdócio não é suficiente para seguir e
amar os verdadeiros mandamentos de Jesus
Cristo. Mandamentos estes que são simples e a qual toda humanidade deveria
executá-los. O verdadeiro amor nunca será aquele que acontece nos filmes de
romance... Nem muito menos aqueles de filme de super-herói. O verdadeiro amor estar
no lugar onde poucas vezes nos encontramos. Em nossos próprios corações, nos
respeitando e nos autovalorizando. E padre Ricardo não teve seu amor nem
respeito próprio... Este fim é apenas mais um de muitos casos que acontecem em
todo o mundo. Existem muitos Ricardos, Anas e Mateus que deixam de existir
diariamente pela falta de amor.
E para que isso não aconteça com você, antes de
tudo respeite-se, para que o seu
“prazer” não seja seu último “amém”.
FIM
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