sábado, 5 de setembro de 2015

Prazer, Amém: Episódio 10 (ÚLTIMO EPISÓDIO)


Ajoelhado e chorando, Ricardo agora observava as imagens ali daquela igreja. A pintura no teto que era representado por um lindo céu azul com anjos.
- Anjos... – Pensou Ricardo.  As imagens perfeitas com detalhes de ouro deixavam a igreja iluminada e diferente naquele momento.
- Meu Deus, me perdoe. – iniciava seu discurso por piedade. – O sexo me venceu. Eu sou humano, Senhor. A vida nos prega peças, e peço que olhe sempre por mim.



Ponte dos Ferreiros...
A polícia já havia cercado o local, os bombeiros da Marinha já se circulavam pela área em busca do carro de Mateus. Havia muitas pedras e baronesas em volta do rio, e ao que tudo indica ali haveria vida. [Pera, para tudo! Vamos raciocinar.]
De volta a Igreja...
Era visível toda angustia do padre, os policiais entraram na igreja para informar que o tempo já havia-se esgotado. Mas algo diferente acontecia ali. Em pé, o Padre Ricardo subiu os degraus do altar e dirigiu-se a um dos arcanjos em forma de estatuas. Dois lindos arcanjos cada um com  sua lança em mãos. 
- Vamos, já está na hora. – Dizia um dos policiais.
- Só preciso de mais dois minutos. – Informou o padre. – Por favor, apenas isso.  Os policiais permaneceram em silêncio, pareciam aceitar o pedido, saindo novamente da igreja.
Padre Ricardo analisava aquelas imagens, as quais os seus olhares eram de dor e medo.
- Eu vivi para Igreja e morrerei para ela. – O padre aproximou-se de um daquelas estatuas e pegou a lança.
Ponte dos Ferreiros...
- Cof, cof, - Barulho de uma pessoa tossindo. Parecia inacreditável, muita esperteza ou muito filme ação! Sim, Mateus ali estava caído, molhado e dentro de um “jardim” de baronesas. [Puta que pariu! Esse carinha é filhote do Lúcifer mesmo!] Mateus levantou apenas a cabeça, e observou toda aquela movimentação. E esperou um pouco mais até ter certeza que era o momento certo de sair.  Mateus estava livre novamente. Tudo parecia estar em segurança, mesmo com todos os movimentos de policiais sobre a ponte. Ele saiu daquele “jardim” e conseguiu atravessar por baixo da ponte, sem ser percebido. Ele subiu novamente até a avenida principal.
- Acho que é a hora de eu ser alguém novamente.  –Mateus olhava ao longe toda a movimentação. – Eu estou morto... Tenho que ter um novo nome, e uma nova vida.
 A caminhada era longa, mas ali perto, apenas três quadras de distancia, havia outra movimentação... Não era dessa vez por ele, mas na Igreja de Santa Maria. Mais policiais e mais ambulâncias.
- O que está havendo ali? – Perguntou Mateus, entrando numa loja de acessórios.
- Alguém morreu dentro da igreja... – Dizia uma das atendentes. – Acho que era o Padre responsável.
A vendedora iniciou o seu trabalho, e ofereceu a Mateus alguns acessórios, como pulseiras, bonés e óculos escuros... Mas para Mateus, apenas o óculos era suficiente.
Igreja...
Os fotógrafos e curiosos tentavam se aproximar ao máximo daquele corpo. O sangue escorria pelos degraus do altar.
- Delegado, o padre se matou – Informava os policiais à delegacia. – Não sabemos o que houve, apenas ele mesmo cravou a lança em seu próprio coração.
Mateus agora entrara na igreja, com óculos escuros, não era tão notado por conta da correria naquele local. Ele aproximou-se do corpo por alguns segundos.
- Prazer, Amém. – Mateus dirigiu-se as bancas do lado esquerdo. Sentou-se  e a todo momento manteve-se com o olhar fixo no altar, observando a imagem de Cristo crucificado. Ele baixou um pouco os óculos, e voltou a olhar aquela movimentação em torno do corpo de Ricardo. Com um ar de riso, disse as ultimas palavras.
- Boa viagem ao inferno, Santo Padre, que o demônio lhe cubra de sexo! – Ele sorriu, sorria muito, como se estivesse vencido a maior batalha de todos os tempos. Subiu  os óculos  para o lugar certo e bem devagar saiu caminhando pela igreja.  [Imaginemos a imagem de um rapaz caminhando e apenas é possível vê-lo de costas e sua sombra.]

Às vezes, o amor de um sacerdócio não é suficiente para seguir e amar os  verdadeiros mandamentos de Jesus Cristo. Mandamentos estes que são simples e a qual toda humanidade deveria executá-los. O verdadeiro amor nunca será aquele que acontece nos filmes de romance... Nem muito menos aqueles de filme de super-herói. O verdadeiro amor estar no lugar onde poucas vezes nos encontramos. Em nossos próprios corações, nos respeitando e nos autovalorizando. E padre Ricardo não teve seu amor nem respeito próprio... Este fim é apenas mais um de muitos casos que acontecem em todo o mundo. Existem muitos Ricardos, Anas e Mateus que deixam de existir diariamente pela falta de amor.

E para que isso não aconteça com você, antes de tudo respeite-se, para que o seu  “prazer” não seja seu último “amém”.


 FIM


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