domingo, 13 de setembro de 2015

Capítulo 07: Escrúpulos


Marlon liga seu carro e sai em direção a sua casa. Durante todo o trajeto, ele se depara com uma face da personalidade de todo ser humano. Aquela paisagem noturna é como o interior de cada um de nós. Dentro de cada um, existe o dia e a noite. Muitos preferem revelar o dia e outros a noite. Quem disse que a noite remete ao crime, a tudo o que se diz errado? É com os erros que aprendemos. Se você, caro leitor, nunca conheceu o erro, só pode sentir o acerto, tenho pena de você. É com os erros que aprendemos. Parece até clichê, mais é verdade.
Marlon desceu do carro e foi direto para a ducha. Depois de relaxar debaixo da cachoeira, ele se esparramou na cama. Foi em vão. Não parava de pensar em que nível estaria a briga de Solange e Júlio.
- Acho que devo ligar para ela, para saber se está tudo bem... Não... talvez só irá piorar.
E nessa dúvida de ligar e não ligar, foi que ele percebeu a importância que Solange representava para ele. Ele teve vários amores em sua vida, mas nenhuma correspondia. Essa dor, ele já estava acostumado. Esse sentimento estava tão confuso em seu peito. Mas no fundo ele sabia o que era, apenas tinha medo de reconhecê-lo. Era um sentimento forte e verdadeiro.
Depois de ter ido beber água, ir ao banheiro, sentar no sofá, assistir televisão, ouvir música no seu MP4, ele conseguiu dormiu. Ele foi dormir às quatro e meia da madrugada e acordou às seis horas. Nem tinha terminado de comer um mamão, ele foi direto pro Jornal.
- Bom dia Fabrício.
- Bom dia senhor Marlon.
Entrando na recepção, Marlon disse:
- Bom dia Mônica.
- Bom dia patrãzinho.
- Você sabe me dizer se a senhorita Solange já chegou?
- Até agora não.
- Obrigado.
- Por nada, patrãozinho.
Marlon pegou o elevador e Fabrício foi ao encontro de Mônica.
- Ela não chegou, mesmo?
- Tu acha que eu sou mentirosa, Bigode?
- Não, Mônica. Você poderia não ter visto ela entrar.
- Assim você me ofende. Sei de tudo neste Jornal, quem entra e que sai.
- Ô, Mônica.
- Diz Bigode.
- Queria te pedir um conselho.
- Pode dizer. Sou uma ótima conselheira.
- Queria saber como posso conquistar uma mulher.
Ao ouvir as palavras de Fabrício, Mônica caiu na gargalhada.
- Você está apaixonado? ... Esse Bigode me sai com cada uma...
- Vai, me diz.
- Primeiro você entrega um buquê de flores bem bonito, aqueles de novela. Depois você dá um presentinho. A cartada final, é um encontro romântico a luz de velas.
- Uh! Obrigado Mônica.
- Depois quero saber se deu certo essa conquista.
- Você vai ser a primeira a saber.
- Gosto assim, notícias em primeira mão.
Marlon passou horas esperando Solange e nada. Depois que a sua preocupação atingiu o ápice, ele decidiu ligar para Solange. Seu celular estava desligado. Ele queria ir a casa dela, mas o trabalho não permitia. Gilda entrou várias vezes e nessas, ele não prestava atenção em nada do que ela falava. Passou amanhã toda pensando nela e nas possíveis conseqüências que aquela discussão poderia trazer.
Na hora do almoço, ele foi voando para a casa da repórter. Agora a paisagem era outra. As ruas estavam lotadas. Várias pessoas andando, comprando, comendo e passeando. A vida da cidade estava no dia e o seus defeitos estavam na noite, assim podemos comparar a visão do ser humano.
Ele pegou vários engarrafamento e isso aumentava mais seu nervosismo e sua ansiedade. Depois de alguns minutos a mais do que o esperado, ele chega perto da casa de Solange e vê um carro de polícia e um aglomerado de curiosos. Quando viu esta cena, ele ficou mais nervoso ainda. Quase não estaciona o carro. Desceu e ficou olhando por alguns segundos e pensando no que tinha acontecido com ela. A primeira coisa que lhe passou em mente, foi a perda de mais um amor em sua vida. Que destino cruel!
Ele só via as pessoas cochichando uma pra outras. Depois de alguns segundo em estado de choque, Marlon foi caminhando em direção da entrada da casa de Solange. Ele viu uma senhora gorda conversando com outras mulheres e perguntou o que tinha acontecido. Ela olhou para ele e reconheceu que era o mesmo que tinha ido visitar Solange na noite passada. Então respondeu:
- Ah! O senhor é o que veio VI-SI-TAR a Solange ontem. Olha pra dizer a verdade, eu não sei. Ontem viu o Júlio chegando e começou a gritaria. Depois você saiu de fininho. Bem cedinho um policial veio a casa dela e depois ela o acompanhou, ela estava com uma cara toda acabada em lágrimas. Depois os policiais vieram novamente. Tô doida pra saber o que aconteceu.
Depois de alguns segundos, a velha perguntou para Marlon:
- O que foi que aconteceu ontem?
- Eles discutiram.
- Isso eu sei. Dava para ouvir os berros daqui de casa.
- É um assunto particular entre eles.
- Mas você não facilita minha fofoca, né?
Marlon balançou os ombros e a velha saiu falando sozinha:
- Será que foi chifre?
Marlon viu uns policiais saindo e decidiu entrar para ver o que tinha acontecido e como ela estava.
- O senhor vai entrar? – vendo que ele ia entrar, perguntou a velha.
- Vou sim.
- Pois quando o senhor sair, vá a minha casa pra gente tomar um cafezinho. Aí você me conta tudo o que aconteceu. Pergunte tudo pra ela, que eu quero saber.
Marlon saiu e fez de conta que não tinha ouvido nada da velha.
Parou novamente em frente a porta. O coração disparou, as mãos começaram a suar. O sentimento de amor verdadeiro, era o que movia suas pernas. Mas agora elas estavam tremendo. O pensamento de que Solange poderia está morta, tinha passado. Mas um questionamento não saia de sua cabeça.

- O que será que aconteceu quando eu sai daqui ontem?    

Nenhum comentário:

Postar um comentário