Marlon
liga seu carro e sai em direção a sua casa. Durante todo o trajeto, ele se
depara com uma face da personalidade de todo ser humano. Aquela paisagem
noturna é como o interior de cada um de nós. Dentro de cada um, existe o dia e
a noite. Muitos preferem revelar o dia e outros a noite. Quem disse que a noite
remete ao crime, a tudo o que se diz errado? É com os erros que aprendemos. Se
você, caro leitor, nunca conheceu o erro, só pode sentir o acerto, tenho pena
de você. É com os erros que aprendemos. Parece até clichê, mais é verdade.
Marlon
desceu do carro e foi direto para a ducha. Depois de relaxar debaixo da
cachoeira, ele se esparramou na cama. Foi em vão. Não parava de pensar
em que nível estaria a briga de Solange e Júlio.
-
Acho que devo ligar para ela, para saber se está tudo bem... Não... talvez só
irá piorar.
E
nessa dúvida de ligar e não ligar, foi que ele percebeu a importância que
Solange representava para ele. Ele teve vários amores em sua vida, mas nenhuma
correspondia. Essa dor, ele já estava acostumado. Esse sentimento estava tão
confuso em seu peito. Mas no fundo ele sabia o que era, apenas tinha medo de
reconhecê-lo. Era um sentimento forte e verdadeiro.
Depois
de ter ido beber água, ir ao banheiro, sentar no sofá, assistir televisão,
ouvir música no seu MP4, ele conseguiu dormiu. Ele foi dormir às quatro e meia
da madrugada e acordou às seis horas. Nem tinha terminado de comer um mamão,
ele foi direto pro Jornal.
-
Bom dia Fabrício.
-
Bom dia senhor Marlon.
Entrando
na recepção, Marlon disse:
-
Bom dia Mônica.
-
Bom dia patrãzinho.
-
Você sabe me dizer se a senhorita Solange já chegou?
-
Até agora não.
-
Obrigado.
-
Por nada, patrãozinho.
Marlon
pegou o elevador e Fabrício foi ao encontro de Mônica.
-
Ela não chegou, mesmo?
-
Tu acha que eu sou mentirosa, Bigode?
-
Não, Mônica. Você poderia não ter visto ela entrar.
-
Assim você me ofende. Sei de tudo neste Jornal, quem entra e que sai.
-
Ô, Mônica.
-
Diz Bigode.
-
Queria te pedir um conselho.
-
Pode dizer. Sou uma ótima conselheira.
-
Queria saber como posso conquistar uma mulher.
Ao
ouvir as palavras de Fabrício, Mônica caiu na gargalhada.
-
Você está apaixonado? ... Esse Bigode me sai com cada uma...
-
Vai, me diz.
-
Primeiro você entrega um buquê de flores bem bonito, aqueles de novela. Depois
você dá um presentinho. A cartada final, é um encontro romântico a luz de
velas.
-
Uh! Obrigado Mônica.
-
Depois quero saber se deu certo essa conquista.
-
Você vai ser a primeira a saber.
-
Gosto assim, notícias em primeira mão.
Marlon
passou horas esperando Solange e nada. Depois que a sua preocupação atingiu o
ápice, ele decidiu ligar para Solange. Seu celular estava desligado. Ele queria
ir a casa dela, mas o trabalho não permitia. Gilda entrou várias vezes e
nessas, ele não prestava atenção em nada do que ela falava. Passou amanhã toda
pensando nela e nas possíveis conseqüências que aquela discussão poderia
trazer.
Na
hora do almoço, ele foi voando para a casa da repórter. Agora a paisagem era
outra. As ruas estavam lotadas. Várias pessoas andando, comprando, comendo e
passeando. A vida da cidade estava no dia e o seus defeitos estavam na noite,
assim podemos comparar a visão do ser humano.
Ele
pegou vários engarrafamento e isso aumentava mais seu nervosismo e sua
ansiedade. Depois de alguns minutos a mais do que o esperado, ele chega perto
da casa de Solange e vê um carro de polícia e um aglomerado de curiosos. Quando
viu esta cena, ele ficou mais nervoso ainda. Quase não estaciona o carro.
Desceu e ficou olhando por alguns segundos e pensando no que tinha acontecido
com ela. A primeira coisa que lhe passou em mente, foi a perda de mais um amor
em sua vida. Que destino cruel!
Ele
só via as pessoas cochichando uma pra outras. Depois de alguns segundo em
estado de choque, Marlon foi caminhando em direção da entrada da casa de
Solange. Ele viu uma senhora gorda conversando com outras mulheres e perguntou
o que tinha acontecido. Ela olhou para ele e reconheceu que era o mesmo que
tinha ido visitar Solange na noite passada. Então respondeu:
-
Ah! O senhor é o que veio VI-SI-TAR a Solange ontem. Olha pra dizer a verdade,
eu não sei. Ontem viu o Júlio chegando e começou a gritaria. Depois você saiu
de fininho. Bem cedinho um policial veio a casa dela e depois ela o acompanhou,
ela estava com uma cara toda acabada em lágrimas. Depois
os policiais vieram novamente. Tô doida pra saber o que aconteceu.
Depois
de alguns segundos, a velha perguntou para Marlon:
-
O que foi que aconteceu ontem?
-
Eles discutiram.
-
Isso eu sei. Dava para ouvir os berros daqui de casa.
-
É um assunto particular entre eles.
-
Mas você não facilita minha fofoca, né?
Marlon
balançou os ombros e a velha saiu falando sozinha:
-
Será que foi chifre?
Marlon
viu uns policiais saindo e decidiu entrar para ver o que tinha acontecido e
como ela estava.
-
O senhor vai entrar? – vendo que ele ia entrar, perguntou a velha.
-
Vou sim.
-
Pois quando o senhor sair, vá a minha casa pra gente tomar um cafezinho. Aí
você me conta tudo o que aconteceu. Pergunte tudo pra ela, que eu quero saber.
Marlon
saiu e fez de conta que não tinha ouvido nada da velha.
Parou
novamente em frente a porta. O coração disparou, as mãos começaram a suar. O
sentimento de amor verdadeiro, era o que movia suas pernas. Mas agora elas
estavam tremendo. O pensamento de que Solange poderia está morta, tinha
passado. Mas um questionamento não saia de sua cabeça.
-
O que será que aconteceu quando eu sai daqui ontem?
Nenhum comentário:
Postar um comentário