sábado, 26 de setembro de 2015

Capítulo 12: Escrúpulos

- Claro que você não vai me denunciar. – disse Marlon com tom de voz tranqüilo.
- DUVIDA? – disse o enfermo, tentando gritar. – assim que eu... sair... daqui... vou na delegacia...
- Quem ti disse que você vai sair daqui?
- Vai me matar? Então mate... VE-NHA!
Marlon foi caminhando em direção do verme que estava jogado no chão.
- Não vou ti matar, pode ficar tranqüilo. – disse Marlon, perto do ouvido de Rogério     - Mais se você contar o que ouve aqui, pra alguém. Escute bem. Pra al-guém, eu mando matar a sua esposa e seus filhos. Você não quer que eles morram, não né?
- Não faça isso. Eu imploro. Eles são as únicas coisas que tenho na vida.
- Isso depende de você. Pense bem. Você vai contar para alguém?
Rogério demorou para responder. Marlon irritado com a demora, puxou o cabelo de Rogério e levantou o rosto, para que ele posse olhar em seus olhos.
- Vai ficar de bico fechado ou vai querer ir ao velório da sua família? Olhe que a despesa vai ser grande.
Pensando no que aconteceria, caso ele falasse, seus olhos derramar lágrimas. E respondeu:
- Não vou contar nada.
- Guarde bem esse nosso segredo. Se você contar para a polícia, minha namorada pode pegar o meu dinheiro e pagar a fiança. Já a sua família, vai estar sete palmos em baixo da terra e não tenha nada que possa fazer, para eles viverem novamente.
- Dou a minha palavra.
- Está certo.
Marlon foi abrir a porta e voltou para desamarrar-lo.
- Qualquer dia apareço novamente no supermercado.
 Rogério tentou sair correndo, mais depois das tacadas, ficou difícil. Marlon saiu do galpão e ficou observando-o. Depois que Rogério dobrou a rua, Marlon entrou no carro e foi direto para a casa do enfermo.
Chegando lá, Marlon foi bem recepcionado pela família de Rogério.
- O Rogério está em casa.
- Não. Mas já deve está chegando. – respondeu a esposa. – vamos entrando.
Ele entrou. A casa era pequena. As crianças estavam mal vestidas, com o cabelo assanhado e com uma cara de fome. Assim que ele olhou para eles, ele pensou na grande riqueza que Rogério possuía. Eles passavam fome, tinham trapos para vestir, mas possuía o maior tesouro que alguém pode ter, o amor incondicional. No fundo, ele estava sentindo inveja. Sim, inveja. Mas uma inveja boa. Queria construir uma família, ter filhos. Apesar da pobreza, Rogério tinha um grande motivo para ter força para lutar na vida.
Depois de alguns minutos, Rogério chegou. Ele ficou paralisado em ver o seu agressor na sua casa. E a sua esposa e seus filhos ficaram preocupados no estado em que ele tinha chegado em casa.
- O que aconteceu, Rogério. – disse sua esposa, preocupada.
- Fui assaltado.
- Tudo bem papai. – disseram as crianças.
- Tudo bem, meus filhos. Logo, logo, papai vai ficar bom.
Rogério encarou Marlon e disse:
- O que você faz aqui?
- Calma, amigo. Vim só lhe fazer uma visita. Saber como você está.
- Já me viu, então vá embora.
- Como é que você trata o seu amigo assim? Aliás, não sabia que você era amigo do dono do Jornal.
- Somos amigos desde o tempo de escola. Não vim antes porque não tive tempo. – explicou Marlon.
Rogério ficou cabisbaixo e disse:
- Tem razão. Me desculpe Marlon. Estou nervoso pelo acontecido.
- Não tem nada o que desculpar.
- Se senti aqui amor. – disse a esposa.
Rogério sentou-se e uma das crianças disse:
- Papai, estou com fome.
- Eu sei, meu amor. Papai ainda não recebeu o salário. Vou receber semana que vem.
Nesse momento, Marlon foi até o carro e levou as compras para dentro da casa.
- Eu trouxe um presente para vocês.
As crianças ficaram muito animadas.
- Aqui tem bolacha, iogurte, bolo, e muito mais. – disse Marlon.
Depois que as crianças tiraram tudo das sacolas, elas foram abraçar Marlon.
- Obrigado.
Ele não conteve as lágrimas.
- Bom. Agora tenho que ir. – disse enxugando as lágrimas.
- Eu ti acompanho até o carro. – disse Rogério.
Eles foram andando e ao aproximarem do carro, Marlon falou:
- Não quis te fazer mal. Mas me compreenda. O que vocês fizeram comigo, não se faz. Como já ti disse, queria que vocês sentisse o que eu senti. Me entenda.
Mas ia saindo.
- Ah! Cuide muito bem da sua família. Não tem dinheiro que compre o amor que vocês sentem.
Marlon entrou no carro e saiu. Depois de ter pegado novamente um trânsito caótico, ele chegou em casa.
- Quase você não chega. – disse Solange irritada.
- Eu fui ajudar uma família.
- Que gesto mais lindo, paixão.
Marlon pensou naquela casa, naquela família. As cenas não saiam da sua mente.
- Vou tomar um banho e depois vou deitar, estou muito casado.
- Eu também.
Depois que o dia chegou, Marlon foi para o Jornal.
- Bom dia, Fabrício.
- Bom dia, senhor.
- Bom dia, Mônica.
- Bom dia, Chefinho. – disse suspirando.
Marlon subiu para sua sala e foi logo conferir o ser e-mail. Ele foi abrindo. O último era de Cipriano. O e-mail não tinha assunto.
- Do que será que se trata esse e-mail?
Marlon abriu. O e-mail dizia:

Não gostei da notícia que saiu no seu Jornal. Eu fui apontado como envolvido no crime do roubo da concessionária.. Não sei qual é sua intenção em me derrubar. Mas se eu for preso, você pode se considerar um homem morto. Espero que desminta o ocorrido e demita a repórter. Você não vai me intimidar.

Marlon ficou surpreso quando terminou de ler o e-mail.
- De que reportagem ele está falando? Tenho que lê-la.
Cipriano era um homem milionário. Ele adquiriu a fortuna roubando, vende drogas entre outras coisas. Não era de brincadeira. Era um dos homens mais perigosos da região.
Na portaria, o carteira veio deixar mais uma correspondência para Mônica.
- Não acredito que ganhei um presente. – disse entusiasmada.
- Mais um. – disse Fabrício.
Mônica abriu.
- Não acredito!
- O que foi Mônica?
- Ganhei um anel. Olha que lindo. A Marlete vai morrer de inveja quando souber.
- Só você mesmo Mônica.
- Gostou do anel, Bigode?
- É bonito.

- Com licença, que agora vou ligar pra Marlete.

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