-
Claro que você não vai me denunciar. – disse Marlon com tom de voz tranqüilo.
-
DUVIDA? – disse o enfermo, tentando gritar. – assim que eu... sair... daqui...
vou na delegacia...
-
Quem ti disse que você vai sair daqui?
-
Vai me matar? Então mate... VE-NHA!
Marlon
foi caminhando em direção do verme que estava jogado no chão.
-
Não vou ti matar, pode ficar tranqüilo. – disse Marlon, perto do ouvido de
Rogério - Mais se você contar o que ouve
aqui, pra alguém. Escute bem. Pra al-guém, eu mando matar a sua esposa e seus
filhos. Você não quer que eles morram, não né?
-
Não faça isso. Eu imploro. Eles são as únicas coisas que tenho na vida.
-
Isso depende de você. Pense bem. Você vai contar para alguém?
Rogério
demorou para responder. Marlon irritado com a demora, puxou o cabelo de Rogério
e levantou o rosto, para que ele posse olhar em seus olhos.
-
Vai ficar de bico fechado ou vai querer ir ao velório da sua família? Olhe que
a despesa vai ser grande.
Pensando
no que aconteceria, caso ele falasse, seus olhos derramar lágrimas. E
respondeu:
-
Não vou contar nada.
-
Guarde bem esse nosso segredo. Se você contar para a polícia, minha namorada
pode pegar o meu dinheiro e pagar a fiança. Já a sua família, vai estar sete
palmos em baixo da terra e não tenha nada que possa fazer, para eles viverem
novamente.
-
Dou a minha palavra.
-
Está certo.
Marlon
foi abrir a porta e voltou para desamarrar-lo.
-
Qualquer dia apareço novamente no supermercado.
Rogério tentou sair correndo, mais depois das
tacadas, ficou difícil. Marlon saiu do galpão e ficou observando-o. Depois que
Rogério dobrou a rua, Marlon entrou no carro e foi direto para a casa do
enfermo.
Chegando
lá, Marlon foi bem recepcionado pela família de Rogério.
-
O Rogério está em casa.
-
Não. Mas já deve está chegando. – respondeu a esposa. – vamos entrando.
Ele
entrou. A casa era pequena. As crianças estavam mal vestidas, com o cabelo
assanhado e com uma cara de fome. Assim que ele olhou para eles, ele pensou na
grande riqueza que Rogério possuía. Eles passavam fome, tinham trapos para
vestir, mas possuía o maior tesouro que alguém pode ter, o amor incondicional.
No fundo, ele estava sentindo inveja. Sim, inveja. Mas uma inveja boa. Queria
construir uma família, ter filhos. Apesar da pobreza, Rogério tinha um grande
motivo para ter força para lutar na vida.
Depois
de alguns minutos, Rogério chegou. Ele ficou paralisado em ver o seu agressor
na sua casa. E a sua esposa e seus filhos ficaram preocupados no estado em que
ele tinha chegado em casa.
-
O que aconteceu, Rogério. – disse sua esposa, preocupada.
-
Fui assaltado.
-
Tudo bem papai. – disseram as crianças.
-
Tudo bem, meus filhos. Logo, logo, papai vai ficar bom.
Rogério
encarou Marlon e disse:
-
O que você faz aqui?
-
Calma, amigo. Vim só lhe fazer uma visita. Saber como você está.
-
Já me viu, então vá embora.
-
Como é que você trata o seu amigo assim? Aliás, não sabia que você era amigo do
dono do Jornal.
-
Somos amigos desde o tempo de escola. Não vim antes porque não tive tempo. –
explicou Marlon.
Rogério
ficou cabisbaixo e disse:
-
Tem razão. Me desculpe Marlon. Estou nervoso pelo acontecido.
-
Não tem nada o que desculpar.
-
Se senti aqui amor. – disse a esposa.
Rogério
sentou-se e uma das crianças disse:
-
Papai, estou com fome.
-
Eu sei, meu amor. Papai ainda não recebeu o salário. Vou receber semana que
vem.
Nesse
momento, Marlon foi até o carro e levou as compras para dentro da casa.
-
Eu trouxe um presente para vocês.
As
crianças ficaram muito animadas.
-
Aqui tem bolacha, iogurte, bolo, e muito mais. – disse Marlon.
Depois
que as crianças tiraram tudo das sacolas, elas foram abraçar Marlon.
-
Obrigado.
Ele
não conteve as lágrimas.
-
Bom. Agora tenho que ir. – disse enxugando as lágrimas.
-
Eu ti acompanho até o carro. – disse Rogério.
Eles
foram andando e ao aproximarem do carro, Marlon falou:
-
Não quis te fazer mal. Mas me compreenda. O que vocês fizeram comigo, não se
faz. Como já ti disse, queria que vocês sentisse o que eu senti. Me entenda.
Mas
ia saindo.
-
Ah! Cuide muito bem da sua família. Não tem dinheiro que compre o amor que
vocês sentem.
Marlon
entrou no carro e saiu. Depois de ter pegado novamente um trânsito caótico, ele
chegou em casa.
-
Quase você não chega. – disse Solange irritada.
-
Eu fui ajudar uma família.
-
Que gesto mais lindo, paixão.
Marlon
pensou naquela casa, naquela família. As cenas não saiam da sua mente.
-
Vou tomar um banho e depois vou deitar, estou muito casado.
-
Eu também.
Depois
que o dia chegou, Marlon foi para o Jornal.
-
Bom dia, Fabrício.
-
Bom dia, senhor.
-
Bom dia, Mônica.
-
Bom dia, Chefinho. – disse suspirando.
Marlon
subiu para sua sala e foi logo conferir o ser e-mail. Ele foi abrindo. O último
era de Cipriano. O e-mail não tinha assunto.
-
Do que será que se trata esse e-mail?
Marlon
abriu. O e-mail dizia:
Não gostei da notícia
que saiu no seu Jornal. Eu fui apontado como envolvido no crime do roubo da
concessionária.. Não sei qual é sua intenção em me derrubar. Mas se eu for preso,
você pode se considerar um homem morto. Espero que desminta o ocorrido e demita
a repórter. Você não vai me intimidar.
Marlon
ficou surpreso quando terminou de ler o e-mail.
-
De que reportagem ele está falando? Tenho que lê-la.
Cipriano
era um homem milionário. Ele adquiriu a fortuna roubando, vende drogas entre
outras coisas. Não era de brincadeira. Era um dos homens mais perigosos da
região.
Na
portaria, o carteira veio deixar mais uma correspondência para Mônica.
-
Não acredito que ganhei um presente. – disse entusiasmada.
-
Mais um. – disse Fabrício.
Mônica
abriu.
-
Não acredito!
-
O que foi Mônica?
-
Ganhei um anel. Olha que lindo. A Marlete vai morrer de inveja quando souber.
-
Só você mesmo Mônica.
-
Gostou do anel, Bigode?
-
É bonito.
- Com licença, que agora vou ligar pra Marlete.
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