Desde que
recebera o e-mail, Marlon estava nervoso. Assim que terminou de resolver uns
problemas em sua sala, Marlon chamou sua secretária.
- Pois não,
senhor.
- Gilda,
traga a minha mesa, o jornal de ontem.
- Agora
mesmo, senhor.
Em menos de
cinco minutos, Marlon descobriu qual tinha sido o repórter que escreveu a
notícia negra.
- Não
acredito. Solange!
Marlon saiu
apressadamente e foi até a recepção.
- Mônica,
Solange já chegou?
- Já sim,
chefinho. Deve está na sala de redação.
- Obrigado.
- Por nada.
Marlon foi
até a redação. Nervoso, abriu a porta. Vendo a feição do amado, Solange foi ao
seu encontro.
- O que foi
que houve?
- Temos que
conversar. Venha até minha sala.
- Espere um
instante. Estou terminando de escrever sobre um avião que caiu essa madrugada.
Marlon ficou
parado na porta, esperando Solange. Assim que ela acabou de escrever a notícia,
acompanhou-o até sua sala. Durante o percurso não houve nenhuma palavra.
Fechando a porta, Solange perguntou:
- O que é que
está acontecendo, Marlon? Você está nervoso.
- E não é
para menos. Eu recebi um e-mail do Cipriano.
- E do que se
trata? Deve ser muito sério, pra você está nesse estado.
- Ele estava
me ameaçando de morte.
- Mas...por
que?
- Por causa
da notícia que saiu ontem no jornal.
- Que
salafrário! É descoberto por suas sujeiras e ainda quer se passar por bonzinho?
Temos que fazer alguma coisa?
- Temos. A
morte não me assusta. O que assusta é esse tipo de animal. Esse é o trabalho do
nosso jornal. Temos que mostrar a verdade. Verdade, acima de tudo! Vou acabar
com esse patife. – disse Marlon nervoso, dando um soco na mesa.
- Calma,
Marlon! Não fique nervoso!
- Como não
posso ficar nervoso? Recebi uma ameaça de morte, porque meu jornal disse a
verdade... Desculpe-me amor. Mas não me conformo.
Os dois
ficaram andando de um lado para o outro. Minutos passaram-se e para Marlon já
passara uma eternidade. Queria logo uma solução e não encontrava. O nervosismo
não deixava que a polícia viesse a sua ideia. Mas depois lâmpada acendera-se para a repórter.
- Já sei! –
disse Solange erguendo-se da cadeira.
- Conta!
- Você vai a
polícia e conta o caso. Com certeza, eles já devem ter lido o jornal.
- Vou
correndo pra lá agora.
- Eu vou com
você.
- Não! Você
vai ficar aqui e escrever uma notícia falando do e-mail que recebi. – Marlon
apontou para o computador.- O e-mail está aberto.
- Está certo.
Marlon saiu
feito uma bala e foi em direção a delegacia. Entrando lá, ele foi falar
diretamente com o delegado. Ele contou tudo. Solange tinha razão, o delegado já
havia lido o jornal.
- O que
podemos fazer delegado? - disse Marlon.
- Como você
já prestou a queixa de crime de ameaça, iremos localizá-lo e prendê-lo.
- Quero ir
com vocês.
- Não pode.
Depois que
Marlon ouviu aquelas palavras, tirou um monte de dinheiro e jogou na mesa.
- Agora posso
ir?
- Você sabe
que suborno é crime?
- Sei sim.
- Você pode
ser preso.
- Posso ir preso
ou você aceitar esse quantia generosa. Sei que você é inteligente.
Depois de
instante, ambos saíram da sala e o delegado falou para os seus colegas:
- Vamos atrás
daquele desgraçado.
- Mas chefe,
ele não pode ir.
- Mas esse
caso é diferente.
Três carros
da polícia iam tocando suas sirenes pelas ruas. Com pouco mais de cento e
cinquenta quilômetros por hora, eles chegaram na casa de Cipriano.
Os policiais
arrombaram as portas. Revistaram toda a casa e só encontraram uma empregada
velha.
- Ai, minha
Nossa Senhora. – disse a velha com o coração na boca.
- Cadê o
Cipriano?
- Eu não sei.
- Diga logo
ou a senhora irá presa.
- Eu juro por
São Briguilino que não tenho nada a ver.
- Prendam
ela.
- Não! –
gritou a velha ao ser algemada.
O delegado
chegou bem perto da rosto dela e disse:
- Quer ir
presa?
- Não,
senhor. – disse com lágrimas escorrendo pela bochecha.
- Então ti
dou a última chance. Cadê o Cipriano?
A velha ficou
parado por um instante. Depois de alguns segundos, ela disse:
- Não para
onde ele foi. Mas não deve ser perto.
- Por que? –
disse o delegado.
- Porque ele
não foi de carro. Ele me mandou chamar um táxi.
O delegado
desconfiou logo do plano de Cipriano.
- A senhora
sabe se ele só possui um carro?
- Ele tem
carros, motos... ah! E também um avião.
- Faz tempo
que ele saiu?
- Faz. Foi
hoje de madrugada.
- Como ele
estava?
- Um pouco
nervoso.
- O que a
senhora estava fazendo acordada de madrugada?
- Estava
arrumando as roupas do meu patrão na mala.
- Solte ela.
– ordenou o delegado.
O policial soltou
rapidamente a velha e correu, juntamente com os outros, para o carro.
- Onde nós
vamos? – indagou Marlon curioso.
- Para a
delegacia. Irei avisar aos policiais das adjacências. Nós não podemos fazer
mais nada. Só temos que esperar.
- Como assim,
esperar? O cara me ameaçou. Vão esperar ele me matar?
- Calma,
senhor Marlon. Entenda.
Marlon voltou
para o Jornal, revoltado.
- Como foi
lá, paixão?
- Foi uma
droga. O animal fugiu.
- Ele é
esperto. Claro que imaginava que você iria denunciá-lo para a polícia e fugiu.
- Quero ir
para casa.
- Vamos. Você
tem que descansar.
Depois do
corrido dia, Marlon só queria tomar um banho gelado e assistir televisão, para
ver se consegue esquecer o ocorrido.
Marlon ligou
no canal que estava passando a notícia do acidente do avião.
- Escrevi
hoje sobre esse acidente. Horrível! Será que descobriram as vítimas?
- Vamos
escutar!
- Um avião
cai na madrugada desta quarta-feira, por volta das cinco horas da manhã. Não se
sabe qual o motivo. O que temos certeza, é que várias famílias perderam pessoas
queridas. O avião levava 518 passageiros para o outro lado do país. Até o
momento foram encontrados 207 corpos. Entre eles estava o milionário Cipriano
da Costa.
- Não
acredito? – disse Solange surpresa.
Marlon
desligou a televisão e disse:
- O destino
fez justiça. Ninguém consegue fugir do seu trajeto.
Depois de alguns minutos, o telefone tocou.
- Alô!
- Alô! Que
fala?
- Aqui é o
delegado. Liguei para falar...
- Que
Cipriano morreu no acidente de avião. Assisti a pouco tempo no jornal. Obrigado
pelo serviço, delegado.
- Por nada.
Qualquer coisa, venha na delegacia.
- Pode
deixar.
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