terça-feira, 29 de setembro de 2015

Capítulo 13: Escrúpulos



Desde que recebera o e-mail, Marlon estava nervoso. Assim que terminou de resolver uns problemas em sua sala, Marlon chamou sua secretária.
- Pois não, senhor.
- Gilda, traga a minha mesa, o jornal de ontem.
- Agora mesmo, senhor.
Em menos de cinco minutos, Marlon descobriu qual tinha sido o repórter que escreveu a notícia negra.
- Não acredito. Solange!
Marlon saiu apressadamente e foi até a recepção.
- Mônica, Solange já chegou?
- Já sim, chefinho. Deve está na sala de redação.
- Obrigado.
- Por nada.
Marlon foi até a redação. Nervoso, abriu a porta. Vendo a feição do amado, Solange foi ao seu encontro.
- O que foi que houve?
- Temos que conversar. Venha até minha sala.
- Espere um instante. Estou terminando de escrever sobre um avião que caiu essa madrugada.
Marlon ficou parado na porta, esperando Solange. Assim que ela acabou de escrever a notícia, acompanhou-o até sua sala. Durante o percurso não houve nenhuma palavra. Fechando a porta, Solange perguntou:
- O que é que está acontecendo, Marlon? Você está nervoso.
- E não é para menos. Eu recebi um e-mail do Cipriano.
- E do que se trata? Deve ser muito sério, pra você está nesse estado.
- Ele estava me ameaçando de morte.
- Mas...por que?
- Por causa da notícia que saiu ontem no jornal.
- Que salafrário! É descoberto por suas sujeiras e ainda quer se passar por bonzinho? Temos que fazer alguma coisa?
- Temos. A morte não me assusta. O que assusta é esse tipo de animal. Esse é o trabalho do nosso jornal. Temos que mostrar a verdade. Verdade, acima de tudo! Vou acabar com esse patife. – disse Marlon nervoso, dando um soco na mesa.
- Calma, Marlon! Não fique nervoso!
- Como não posso ficar nervoso? Recebi uma ameaça de morte, porque meu jornal disse a verdade... Desculpe-me amor. Mas não me conformo.
Os dois ficaram andando de um lado para o outro. Minutos passaram-se e para Marlon já passara uma eternidade. Queria logo uma solução e não encontrava. O nervosismo não deixava que a polícia viesse a sua ideia. Mas depois  lâmpada acendera-se para a repórter.
- Já sei! – disse Solange erguendo-se da cadeira.
- Conta!
- Você vai a polícia e conta o caso. Com certeza, eles já devem ter lido o jornal.
- Vou correndo pra lá agora.
- Eu vou com você.
- Não! Você vai ficar aqui e escrever uma notícia falando do e-mail que recebi. – Marlon apontou para o computador.- O e-mail está aberto.
- Está certo.
Marlon saiu feito uma bala e foi em direção a delegacia. Entrando lá, ele foi falar diretamente com o delegado. Ele contou tudo. Solange tinha razão, o delegado já havia lido o jornal.
- O que podemos fazer delegado?  -  disse Marlon.
- Como você já prestou a queixa de crime de ameaça, iremos localizá-lo e prendê-lo.
- Quero ir com vocês.
- Não pode.
Depois que Marlon ouviu aquelas palavras, tirou um monte de dinheiro e jogou na mesa.
- Agora posso ir?
- Você sabe que suborno é crime?
- Sei sim.
- Você pode ser preso.
- Posso ir preso ou você aceitar esse quantia generosa. Sei que você é inteligente.
Depois de instante, ambos saíram da sala e o delegado falou para os seus colegas:
- Vamos atrás daquele desgraçado.
- Mas chefe, ele não pode ir.
- Mas esse caso é diferente.
Três carros da polícia iam tocando suas sirenes pelas ruas. Com pouco mais de cento e cinquenta quilômetros por hora, eles chegaram na casa de Cipriano.
Os policiais arrombaram as portas. Revistaram toda a casa e só encontraram uma empregada velha.
- Ai, minha Nossa Senhora. – disse a velha com o coração na boca.
- Cadê o Cipriano?
- Eu não sei.
- Diga logo ou a senhora irá presa.
- Eu juro por São Briguilino que não tenho nada a ver.
- Prendam ela.
- Não! – gritou a velha ao ser algemada.
O delegado chegou bem perto da rosto dela e disse:
- Quer ir presa?
- Não, senhor. – disse com lágrimas escorrendo pela bochecha.
- Então ti dou a última chance. Cadê o Cipriano?
A velha ficou parado por um instante. Depois de alguns segundos, ela disse:
- Não para onde ele foi. Mas não deve ser perto.
- Por que? – disse o delegado.
- Porque ele não foi de carro. Ele me mandou chamar um táxi.
O delegado desconfiou logo do plano de Cipriano.
- A senhora sabe se ele só possui um carro?
- Ele tem carros, motos... ah! E também um avião.
- Faz tempo que ele  saiu?
- Faz. Foi hoje de madrugada.
- Como ele estava?
- Um pouco nervoso.
- O que a senhora estava fazendo acordada de madrugada?
- Estava arrumando as roupas do meu patrão na mala.
- Solte ela. – ordenou o delegado.
O policial soltou rapidamente a velha e correu, juntamente com os outros, para o carro.
- Onde nós vamos? – indagou Marlon curioso.
- Para a delegacia. Irei avisar aos policiais das adjacências. Nós não podemos fazer mais nada. Só temos que esperar.
- Como assim, esperar? O cara me ameaçou. Vão esperar ele me matar?
- Calma, senhor Marlon. Entenda.
Marlon voltou para o Jornal, revoltado.
- Como foi lá, paixão?
- Foi uma droga. O animal fugiu.
- Ele é esperto. Claro que imaginava que você iria denunciá-lo para a polícia e fugiu.
- Quero ir para casa.
- Vamos. Você tem que descansar.
Depois do corrido dia, Marlon só queria tomar um banho gelado e assistir televisão, para ver se consegue esquecer o ocorrido.
Marlon ligou no canal que estava passando a notícia do acidente do avião.
- Escrevi hoje sobre esse acidente. Horrível! Será que descobriram as vítimas?
- Vamos escutar!
- Um avião cai na madrugada desta quarta-feira, por volta das cinco horas da manhã. Não se sabe qual o motivo. O que temos certeza, é que várias famílias perderam pessoas queridas. O avião levava 518 passageiros para o outro lado do país. Até o momento foram encontrados 207 corpos. Entre eles estava o milionário Cipriano da Costa.
- Não acredito? – disse Solange surpresa.
Marlon desligou a televisão e disse:
- O destino fez justiça. Ninguém consegue fugir do seu trajeto.
 Depois de alguns minutos, o telefone tocou.
- Alô!
- Alô! Que fala?
- Aqui é o delegado. Liguei para falar...
- Que Cipriano morreu no acidente de avião. Assisti a pouco tempo no jornal. Obrigado pelo serviço, delegado.
- Por nada. Qualquer coisa, venha na delegacia.

- Pode deixar. 

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