terça-feira, 29 de setembro de 2015

Capítulo 14: Escrúpulos



A notícia espalhou-se pela cidade. A morte do milionário caiu como uma bomba. No dia seguinte, saiu uma reportagem sobre o assunto. Todos ficaram sabendo do e-mail. Ele nascera como um ser humano e morrera com a fama de um inseto. A pobre velha não acreditava que tinha servido por tantos anos um bandido.
Como de costume, Marlon chegara pontualmente no Jornal.
- Bom dia, Fabrício.
- Bom dia, senhor.
Vendo que Marlon aproximava-se, Mônica desligou o telefone.
- Tenho que ir, o Chefinho vem entrando.
- Bom dia, Mônica.
- Bom dia, chefinho. Ainda bem que aquele salafrário morreu.
- Que Deus tenha pena da sua carcaça.
- Amém. – disse Mônica
Marlon foi a caminho da sala. Vendo o chefe subir as escadas, Mônica foi falar com Fabrício.
- Tu leu, Bigode?
- Li.
- Ele merecia era a morte mesmo. Quem mandou mexe com meu chefinho? A morte é pouco. Só tenho pena de uma pessoa.
- De quem, Mônica – perguntou curioso.
- Do Demônio. Com certeza ele perdeu o cargo, lá no inferno.
Fabrício soltou uma gargalhada.
Marlon não parava de pensar no acontecido. Ele sabia que aquilo, era uma prova do destino. Ele ficando ou fugindo, o futuro seria negro para ele.
Gilda entrou desesperada, dizendo:
- Telefone para o senhor.
- Quem é, Gilda?
- É de uma funerária, senhor.
- Obrigado.
Assim que Gilda saiu da sala, Marlon atendeu o telefone.
- Alô.
- Alô. Gostaria de falar com o senhor Marlon.
- É ele mesmo. Com quem eu falo?
- Que fala é o Rodolfo, da funerária Descanse em paz. Ligue para avisar que a sua tia Wanda, acaba de falecer.
- Quem é Wanda? Não conheço nenhuma Wanda. Adeus.
- Mas senhor, aqui diz que o senhor é parente da...
Marlon desligou o telefone e ficou pensando no mal que aquela mulher havia feito para ele.
- Ela nunca gostou de mim, sempre fez questão de dizer que eu era um fantasma entre ela. Agora, tia Wanda, você é um fantasma para mim. Assim como você fez no passado, não ti conheço e nunca lembrarei.
Assim que Marlon fechou a boca, Solange chegou.
- Oi paixão? Como você está?
- Oi amor, estou bem. Você não sabe o que me aconteceu dessa vez.
- O que foi?
- Minha tia Wanda, morreu.
- Meus pêsames, paixão.
- Tudo bem.
- Aonde será o enterro?
- Não sei.
- Eles não lhe falaram?
- Eu disse que não conhecia nenhuma Wanda e desliguei o telefone.
- Mas paixão...
- Ela me abandonou. Por anos ela não me procurou, só mandava dinheiro. Eu precisava mais de carinho do que de dinheiro. Agora descontei com a mesma moeda. Sabe qual é? O desprezo.
- Calma, paixão. Gilda! – disse ela as gritos.
- Pois não.
- Traga uma água.
- Agora mesmo.
Gilda trouxe e Marlon bebeu pensando no seu passado.
- Paixão, vi lhe mostrar a minha reportagem. Mas acho que esse não é o momento adequado...
- Quero ver sim.
Solange entregou o rascunho.
- É sobre um taxista que assalta as pessoas. Peguei relato de algumas vítimas.
- Parabéns, amor. Gostei muito. – disse beijando seu amada. – temos que ter cuidado com esse taxista. – falou dando gargalhada.
- Não brinca com isso, paixão. É sério.
- Tá certo.
Os dois ficam em silêncio por alguns minutos. Marlon curioso sobre as investigações, perguntou:
- Amor!
- Diga.
- Como anda as investigações sobre a morte de Júlio?
- De novo com esse assunto.
- Só quero saber com está a investigação. Por que te incomoda tanto?
- Por nada... e que... não gosto de lembrar do passado.
- Ah! Então é isso. Sente saudades?
- Claro que não. O que eu quis disser, e que não gosto de falar... dos mortos. E também eu mandei que as investigações fosse encerradas.
- Por que você fez isso?
- É claro que foi o suicídio. Ele não tinha nenhum inimigo, pelo menos que eu saiba. Então essa é a explicação mais lógica.
- Não sei, não. Essa história está esquisita.
- Esquisita? Tá pensando o que?
Marlon parou e pensou um instante.
- Em nada.
- Vamos parar com esse assunto. Tenho que ir para a redação.
Solange deu um beijo em Marlon e saiu.
- Essa história está estranha. Vou na delegacia.
Marlon sai correndo e foi novamente para a delegacia.
- Você por aqui! – disse o delegado.
- Pois é, delegado. A minha está tumultuada.
- Em que posso ajudar?
- Vim abri as investigações de Júlio Nogueira.
- Mas, a senhora Solange deu ordem para encerrar.
- Quero que abra novamente as investigações.
Nesse momento, Marlon jogou novamente um maço de dinheiro na mesa. Rapidamente, o delegado pego o dinheiro.
- As investigações irão ser abertas.
- Quero que isso aconteça hoje.
- Claro.
- Me diga uma coisa, delegado.
- Pode perguntar.
- Você acha que o Júlio cometeu suicídio ou não.
- Olha, senhor Marlon. Essa é uma pergunta que não quer calar. Ainda não temos nada em mão. Também, poucos dias depois do ocorrido, a senhorita Solange deu ordens para encerrar as investigações.
Aquelas palavras, aguçaram mais ainda as dúvidas dele. “O que será que houve?” , essa pergunta passeava em sua cabeça.
- Não se esqueça, hoje as investigações serão novamente abertas.
- Isso mesmo. Como sem falta.
- Obrigado, delegado.
- Por nada. Esse é o nosso trabalho. Venha mais vezes.


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