A notícia
espalhou-se pela cidade. A morte do milionário caiu como uma bomba. No dia
seguinte, saiu uma reportagem sobre o assunto. Todos ficaram sabendo do e-mail.
Ele nascera como um ser humano e morrera com a fama de um inseto. A pobre velha
não acreditava que tinha servido por tantos anos um bandido.
Como de
costume, Marlon chegara pontualmente no Jornal.
- Bom dia,
Fabrício.
- Bom dia,
senhor.
Vendo que
Marlon aproximava-se, Mônica desligou o telefone.
- Tenho que
ir, o Chefinho vem entrando.
- Bom dia,
Mônica.
- Bom dia,
chefinho. Ainda bem que aquele salafrário morreu.
- Que Deus
tenha pena da sua carcaça.
- Amém. – disse
Mônica
Marlon foi a
caminho da sala. Vendo o chefe subir as escadas, Mônica foi falar com Fabrício.
- Tu leu,
Bigode?
- Li.
- Ele merecia
era a morte mesmo. Quem mandou mexe com meu chefinho? A morte é pouco. Só tenho
pena de uma pessoa.
- De quem,
Mônica – perguntou curioso.
- Do Demônio.
Com certeza ele perdeu o cargo, lá no inferno.
Fabrício
soltou uma gargalhada.
Marlon não
parava de pensar no acontecido. Ele sabia que aquilo, era uma prova do destino.
Ele ficando ou fugindo, o futuro seria negro para ele.
Gilda entrou
desesperada, dizendo:
- Telefone
para o senhor.
- Quem é,
Gilda?
- É de uma
funerária, senhor.
- Obrigado.
Assim que
Gilda saiu da sala, Marlon atendeu o telefone.
- Alô.
- Alô.
Gostaria de falar com o senhor Marlon.
- É ele
mesmo. Com quem eu falo?
- Que fala é
o Rodolfo, da funerária Descanse em paz. Ligue para avisar que a sua tia Wanda,
acaba de falecer.
- Quem é
Wanda? Não conheço nenhuma Wanda. Adeus.
- Mas senhor,
aqui diz que o senhor é parente da...
Marlon
desligou o telefone e ficou pensando no mal que aquela mulher havia feito para
ele.
- Ela nunca
gostou de mim, sempre fez questão de dizer que eu era um fantasma entre ela.
Agora, tia Wanda, você é um fantasma para mim. Assim como você fez no passado,
não ti conheço e nunca lembrarei.
Assim que
Marlon fechou a boca, Solange chegou.
- Oi paixão?
Como você está?
- Oi amor,
estou bem. Você não sabe o que me aconteceu dessa vez.
- O que foi?
- Minha tia
Wanda, morreu.
- Meus
pêsames, paixão.
- Tudo bem.
- Aonde será
o enterro?
- Não sei.
- Eles não
lhe falaram?
- Eu disse
que não conhecia nenhuma Wanda e desliguei o telefone.
- Mas
paixão...
- Ela me
abandonou. Por anos ela não me procurou, só mandava dinheiro. Eu precisava mais
de carinho do que de dinheiro. Agora descontei com a mesma moeda. Sabe qual é?
O desprezo.
- Calma,
paixão. Gilda! – disse ela as gritos.
- Pois não.
- Traga uma
água.
- Agora
mesmo.
Gilda trouxe
e Marlon bebeu pensando no seu passado.
- Paixão, vi
lhe mostrar a minha reportagem. Mas acho que esse não é o momento adequado...
- Quero ver
sim.
Solange
entregou o rascunho.
- É sobre um
taxista que assalta as pessoas. Peguei relato de algumas vítimas.
- Parabéns,
amor. Gostei muito. – disse beijando seu amada. – temos que ter cuidado com
esse taxista. – falou dando gargalhada.
- Não brinca
com isso, paixão. É sério.
- Tá certo.
Os dois ficam
em silêncio por alguns minutos. Marlon curioso sobre as investigações,
perguntou:
- Amor!
- Diga.
- Como anda
as investigações sobre a morte de Júlio?
- De novo com
esse assunto.
- Só quero
saber com está a investigação. Por que te incomoda tanto?
- Por nada...
e que... não gosto de lembrar do passado.
- Ah! Então é
isso. Sente saudades?
- Claro que
não. O que eu quis disser, e que não gosto de falar... dos mortos. E também eu
mandei que as investigações fosse encerradas.
- Por que
você fez isso?
- É claro que
foi o suicídio. Ele não tinha nenhum inimigo, pelo menos que eu saiba. Então
essa é a explicação mais lógica.
- Não sei,
não. Essa história está esquisita.
- Esquisita?
Tá pensando o que?
Marlon parou
e pensou um instante.
- Em nada.
- Vamos parar
com esse assunto. Tenho que ir para a redação.
Solange deu
um beijo em Marlon e saiu.
- Essa
história está estranha. Vou na delegacia.
Marlon sai
correndo e foi novamente para a delegacia.
- Você por
aqui! – disse o delegado.
- Pois é,
delegado. A minha está tumultuada.
- Em que
posso ajudar?
- Vim abri as
investigações de Júlio Nogueira.
- Mas, a
senhora Solange deu ordem para encerrar.
- Quero que
abra novamente as investigações.
Nesse
momento, Marlon jogou novamente um maço de dinheiro na mesa. Rapidamente, o
delegado pego o dinheiro.
- As
investigações irão ser abertas.
- Quero que
isso aconteça hoje.
- Claro.
- Me diga uma
coisa, delegado.
- Pode
perguntar.
- Você acha
que o Júlio cometeu suicídio ou não.
- Olha,
senhor Marlon. Essa é uma pergunta que não quer calar. Ainda não temos nada em
mão. Também, poucos dias depois do ocorrido, a senhorita Solange deu ordens
para encerrar as investigações.
Aquelas
palavras, aguçaram mais ainda as dúvidas dele. “O que será que houve?” , essa
pergunta passeava em sua cabeça.
- Não se
esqueça, hoje as investigações serão novamente abertas.
- Isso mesmo.
Como sem falta.
- Obrigado,
delegado.
- Por nada.
Esse é o nosso trabalho. Venha mais vezes.
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