CAPÍTULO 011: PERIGOSA TENTAÇÃO

CENA 1/ CLÍNICA/ NOITE/ EXT./ PÁTIO.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior;

Geyse, dolorida e cansada, joga todo o seu corpo. Rebecca para de chicotea-la.

REBECCA  - Tirem essa vagabunda daqui... Já passou da hora dela apanhar!

GEYSE    - (com dificuldade na fala) Você é cruel... Não tem coração.

REBECCA  - Eu já tive, garota. Já tive coração, mas percebi que não valia a pena.

Um dos capangas de Rebecca tiram Geyse do tronco, que está toda marcada. Ela é carregada por ele. Rebecca fica sozinha no local. Tudo ESCURO. FOCA em seus olhos frios.

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CENA 2/ APTO. DE MAYA/ NOITE/ INT./ BANHEIRO.

Maya, já nua, coberta apenas por uma toalha, se olha no espelho, pega seu celular em cima da bancada, e liga para Carolina.

MAYA     - (tel.) Carolina?! Eu preciso muito falar com você. Temos algumas coisas pra resolver, e eu preciso te contar outras coisas também. Podemos nos encontrar daqui a pouco no restaurante Intensa Sintonia? Está bem... Eu te espero lá!

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CENA 3/ RESTAURANTE/ NOITE/ INT.

Carolina sentada em uma das mesas. Uma clássica música toca. Pessoas elegantes sentadas em volta das mesas. Maya entra, e vai em direção a Carolina.

CAROLINA - Demorou, hein?!

MAYA     - Me desculpe!

CAROLINA - Mas e aí?! O que tem de tão sério pra me contar?

Maya tira de sua bolsa um papel e entrega-o nas mãos de Carolina.

CAROLINA - (cont.) Tá, mas o que seria isso?

MAYA     - Eu imprimi algumas coisas sobre a investigação. Ela tá sendo uma coisa muito particular, sabe?! Eu preferi deixar outros delegados cuidando do assunto, só assim eu vou conseguir ter um olhar diferente e descobrir tudo.

CAROLINA - Ah sim!

Carolina olha para o papel. Maya continua pensativa.

CAROLINA - (cont.) É só isso mesmo, Maya? Não tem nada que você esteja me escondendo?

MAYA     - Eu cometi uma grande burrada, Carolina. A nossa mãe foi para Londres, e me disse que eu ficaria responsável pela empresa. No impulso eu aceitei, mas e agora? O que eu faço?

CAROLINA - Tem todo o meu apoio... Eu apoio totalmente, Maya. Você vai sim governar a empresa.

As duas sorriem/

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CENA 4/ STOCK-SHOTS/ NOITE.

Imagens do anoitecer na cidade do Rio de Janeiro/

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CENA 5/ HOSPITAL/ NOITE/ INT/ UTI.

Carolina entra no quarto, mas não vê Enrico. Uma enfermeira vai até ela.

CAROLINA - (sem entender) Onde está o paciente?

ENFERMEIRA – (alegre) Aconteceu um verdadeiro milagre, Dra. Carolina!

CAROLINA - O que aconteceu?

ENFERMEIRA    - O paciente já está muito melhor, não há nem a necessidade de deixá-lo aqui na UTI. Nós não sabemos como explicar, mas ele está totalmente revigorado, mesmo com as marcas pelo corpo.

Carolina fica feliz. A enfermeira espantada com a melhora do paciente.

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CENA 6/ HOSPITAL/ NOITE/ INT/ QUARTO.

Enrico, paralisado, olhando para a televisão. Carolina bate na porta, que está entreaberta.

CAROLINA - Posso entrar?!

Enrico olha para a porta, e balança a cabeça positivamente. Carolina entra e fica ao seu lado.

CAROLINA - Eu vim te ver!

ENRICO   - Me desculpa, mas quem é você?

CAROLINA - Eu sou a sua médica... Cuidei de você durante esse tempo em que você permaneceu em coma.

ENRICO   - Eu preferia ter morrido.../

CAROLINA - (CORTA) Ei, não fala assim... Deus te deu uma nova chance, Enrico.

ENRICO   - Qual é o seu nome?

CAROLINA - Carolina!

ENRICO   - Lindo nome...

CAROLINA - Obrigada! Você vai ficar bem, tenho certeza disso.

Os dois se olham/

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CENA 7/ ESTACIONAMENTO/ NOITE/ EXT.

TUDO escuro. Ambiente sombrio. Vários carros estacionados. Maya chega ao local, e abre sua bolsa, tirando de lá a sua chave do carro. Ela olha para todos os lados. VULTOS começam a correr pelo local. Maya vai se AFASTANDO do carro. Assustada. Os VULTOS continuam. Maya OFEGANTE. Um tiro disparado. Maya ENGOLE seco. Um homem MASCARADO corre atrás de Maya, que também corre, fugindo do homem, mas ele a pega. Maya cai DESACORDADA.

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CENA 8/ HOTEL LONDRES/ NOITE/ INT/ QUARTO.

Rebecca dorme profundamente. Seu celular começa a TOCAR. Ela se levanta e atende-o/

REBECCA  - (T) Alô?! Quem está falando?

HOMEM    - (T/OFF) Sou eu, e você já sabe quem é. Peguei a sua filha, ela está comigo, como foi combinado!

REBECCA  - (T) Ótimo. Amanhã eu dou um jeito de mandar o Herbert até aí! Fique tranquilo! Tudo vai dar certo! Agora preciso dormir, tá?!

Rebecca desliga o telefone e volta a dormir.

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CENA 9/ MANSÃO DOS PASTEUR/ NOITE/ INT/ SALA DE ESTAR.

Carolina ENTRA na mansão. Tudo escuro. Ela liga as luzes, e vai caminhando. Carolina SOBE as escadas.

CORTE DESCONTÍNUO PARA A PRÓXIMA CENA/

CENA 10/ MANSÃO DOS PASTEUR/ NOITE/ INT/ QUARTO DE REBECCA.

Carolina ENTRA no quarto de Rebecca. Uma VENTANIA faz a cortina balançar. Ela observa todo o quarto.

CAROLINA - Como esse quarto pode ser tão sombrio!

Começa a CHOVER. Raios e trovões infestando o céu. Uma parede, a que fica com quadros de flores, começa a vazar. Carolina estranha.

CAROLINA - Vazamento? Muito estranho... O Antônio tá sempre verificando tudo.

Carolina se aproxima da parede, e ao empurrar entra em uma sala. A sala LOTADA de cadáveres pendurados com ganchos, como em AÇOUGUES. Carolina CHORA, fica assustada. Corpos PODRES.

CAROLINA - Meu Deus... Me ajuda! O que é isso?

Carolina segue. Uma PORTA de vidro mostra uma mulher (Stefanny), lotada de FORMOL. Na porta, escrito com batom: MEU HOMEM, NUNCA MAIS!. Carolina chora.

CAROLINA - A minha mãe... É um monstro!

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CENA 11/ MANSÃO DOS COSTA LIMA/ NOITE/ INT/ SALA DE ESTAR.

Olga olhando a tempestade pela janela. Laura sentada no sofá, tomando um chá. Gilca mexendo em seu notebook.

OLGA     - Eu já estou ficando preocupada... Essa tempestade está cada vez mais forte... Nada do papai chegar!

LAURA    - Seu pai está muito bem, Olga. Bem enquanto está vivo!

OLGA     - Que horror, Laurinha.

GILCA    - Infelizmente a Laurinha está certa, Olga. Meu irmão corre um grande risco de vida ao lado daquela mulher. Ela é perversa, má, e somente ela tem o poder de enlouquecer a cabeça do meu irmão!

Olga fecha a CORTINA, e se senta no sofá, ainda mais aflita.

LAURA    - Rebecca deve morrer. Só assim vamos conseguir paz na nossa família!

A imagem ALTERNANDO entra Laurinha, Gilca e Olga.

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CENA 12/ HOTEL/ NOITE/ INT/ QUARTO DE GEYSE.

Geyse CHORA em sua cama. Batem na porta.

GEYSE    - Quem quer que seja... Saia daqui!

HOMEM    - (OFF) Sou filha... O seu pai!

Geyse se ALEGRA, e corre para atender a porta. Seu pai entra no quarto na cadeira de rodas.

GEYSE    - (ABRAÇANDO-O) Oh, meu pai! Quanta saudade eu estava sentindo de você!

HOMEM    - Eu não posso ficar aqui por muito tempo... Eu preciso ir, mas, por favor, fique tranquila. Eu trouxe uma coisa pra você!

O pai de Geyse tira do bolso um REVÓLVER, e entrega nas mãos de Geyse.

HOMEM    - Tome... Não tenha medo! Mate-a... Mate-a assim que tiver a oportunidade. Antes ela do que nós!

Geyse ENCARA o pai/

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CENA 13/ STOCK-SHOTS/ NOITE-DIA.

Imagens do amanhecer no Rio de Janeiro.

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CENA 14/ BARRACO/ DIA/ INT.

Maya acorda com um SACO na cabeça. O homem também, tendo sua voz abafada por ele.

HOMEM    - Está chegando a sua hora, garotinha. Dessa vez não há escapatória!

MAYA     - Quem é você? Eu tenho dinheiro, eu posso te dar todo o dinheiro possível! Por favor, me deixe ir embora.

HOMEM    - (nervoso) CALA A BOCA! Cala essa sua boca, ou você quer morrer antes do tempo?!

Maya fica DESESPERADA.

CENA 15/ MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT/ COZINHA.

Carolina SENTADA na mesa, tomando seu café. Valentina, a empregada, entrega um JORNAL nas mãos dela. A imagem de Maya estampada na capa escrita: EMPRESÁRIA É SEQUESTRADA NA ÚLTIMA NOITE. Carolina se ASSUSTA.

CAROLINA - Peraí... Essa é a foto da minha irmã! (ASSUSTADA) Sequestraram a minha irmã, Valentina!

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CENA 16/ HOTEL/ DIA/ INT/ COZINHA.

Rebecca desce e arruma sua comida. Um jornal JOGADO em cima de uma mesa noticia o sequestro de Maya. Rebecca fica NERVOSA e se assusta.

REBECCA  - Droga... O idiota pegou a Maya... INFERNO!

Rebecca se ENFURECE, e larga tudo.

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CENA 17/ HOTEL/ DIA/ INT/ QUARTO DE REBECCA.

Rebecca LIGA para seu cúmplice, NERVOSA.

REBECCA  - (T) Seu idiota... Você pegou a filha errada. É a Carolina, e não a Maya!

HOMEM    - (T) E agora?! O que eu faço?

REBECCA  - (T) Diga que só soltará Maya se Carolina for buscá-la.

Rebecca desliga o telefone na cara do homem.

REBECCA  - Dessa vez você vai pagar, Carolina!

Rebecca começa a LEMBRAR/

FLASHBACK 1/ HOSPITAL/ DIA/ INT/ SALA DE PARTO.

Rebecca e Stefanny de mãos dadas, as duas deitadas em macas gritando para o parto. Vários enfermeiros, devidamente vestidos, realizam o parto duplo. Orlando, do lado de fora, olhando pela janela, observa toda movimentação. Nascem duas crianças, seguradas respectivamente por duas enfermeiras.

ENFERMEIRA 1 – (a Stefanny) É uma menina!

ENFERMEIRA 2 – (a Rebecca) Também é uma menina!

Stefanny vai definhando, ficando pálida, e morre. Todos ficam desesperados, tentando reanimá-la. Rebecca, assustada, encara os enfermeiros.

REBECCA    - What's going on? What happened? (O que está acontecendo? O que foi que aconteceu?)

ENFERMEIRO - Unfortunately it was too late! The patient is dead! (Infelizmente foi tarde demais! A paciente está morta!)

TENSÃO!!!

REBECCA    - (nervosa/ fraca) Please give me this child ... I will pay a lot for it! Tell that woman is my sister, and who were born twins of my uterus, but do not say anything for this child is the daughter of this woman! (Por favor, me deem essa criança... Eu pagarei muito bem por isso! Digam que essa mulher é minha irmã, e que nasceram gêmeos do meu útero, mas não digam por nada que essa criança é filha dessa mulher!)

Os enfermeiros se assustam, e se encaram.

CORTA PARA/

FLASHBACK 2/ HOSPITAL/ DIA/ INT/ QUARTO.

Um médico brasileiro, vestido de branco, vai com Orlando até o quarto de Rebecca. Eles entram no quarto, e ela força choro.

Orlando beija sua testa/

REBECCA    - Creio que já deve ter ficado sabendo da morte da Stefanny, não é mesmo?!

ORLANDO    - Uma perda lastimável! O doutor acaba de me falar!

DOUTOR     - Bom, eu vou deixar vocês conversarem em paz e vou passar em outros quartos... Até já!

O médico se retira. Orlando, sem entender, encara Rebecca, que limpa as falsas lágrimas.

ORLANDO    - Que história é essa de ser irmã da tal Stefanny?!

REBECCA    - (falando baixo) Se liga, Orlando! Se eu declarar que sou parente da garota, o que será fácil, pois fiz um acordo com os enfermeiros, o corpo será nosso, e mais lucro e dinheiro pra gente, e o melhor, não precisamos mexer um dedo para que isso aconteça!

Orlando abaixa a cabeça. Rebecca olha para ele, assustada e confusa.

REBECCA    - (falando baixo) Ou eu estou errada?!

ORLANDO    - (falando baixo) Tá bem, tá bem! Eu coloquei veneno no soro que levaram para fazer o parto... Por sorte a criança nasceu bem!

REBECCA    - (espantada) Eu não acredito! Você foi inteligente pelo menos uma vez na vida... Mas, enfim, quanto à criança eu criarei ela como irmã da nossa filha verdadeira... Eu posso ser o que for, mas eu não vou fazer mal a uma criança!

VOLTA PARA A CENA/

REBECCA    - A morte de sua mãe não será em vão!

FOCA na cara de ódio de Rebecca/

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CENA 18/ MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT/ SALA DE ESTAR.

Carolina ANDANDO, NERVOSA, de um lado para o outro na sala. Valentina tentando acalmar.

VALENTINA  - Calma, Dra. Carolina.

CAROLINA   - Eu não posso ficar calma... Preciso dar um jeito, Valentina... Ninguém liga/

TOCA o telefone. Carolina ATENDE.

CAROLINA   - (T) Alô?!

HOMEM      - (T/OFF) Só vamos soltar sua irmã se você vir até aqui buscá-la!

CAROLINA   - (T) Me passe o endereço... Hoje estarei aí!

Valentina olha preocupada para Carolina.

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CENA 19/ STOCK-SHOTS/ DIA/ DIA-NOITE.

Imagens do anoitecer no Rio de Janeiro.

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CENA 20/ BARRACO/ NOITE/ EXT.

Um BARRACO no meio do nada. Carolina CHEGA com seu carro.

Corta para:

CENA 21/ BARRACO/ NOITE/ INT.

Um dos capangas olhando na janela, depois fecha a cortina, e fica olhando para Maya. Carolina bate na porta. O capanga abre. Maya se desespera.

MAYA       - Por favor, não façam nada com a minha irmã!

CAROLINA   - Cumpri a minha promessa... Agora soltem a minha irmã!

Um dos capangas pega Maya pelo braço e saem com ela, ainda encapuzada. Maya grita pelo nome de Carolina. Maya sai do local. TUDO em silêncio. OUTRO homem encapuzado sai de uma porta, e prende Carolina a uma BARRA de ferro. Ela o ENCARA. O homem lentamente vai tirando seu capuz. Carolina se assusta.

CAROLINA   - (grita) Pai?!

ORLANDO    - Eis que me tens de regresso, filhinha!

Os dois se encaram. Carolina assustada.

Fade out.