Marlon saiu
pensativo da delegacia. Não entendia o motivo que Solange tinha para ter
ordenado que as investigações fossem encerradas. Foi com essa e outras, que ele
entrou no carro e foi em direção do Jornal.
No seu
passeio de carro, Marlon pensou na força que o dinheiro tinha na sociedade.
Todos eram capazes de fazer o impossível para ter o pedaço de papel valioso. Os
que dizem que não fazem, é porque nunca tiveram uma oportunidade de ter um
dinheiro livre, extra. Duvido se chegasse com uma maleta repleta de dinheiro e
oferecessem um preço, a pessoa esnobaria essa oportunidade. Os desonestos podem
ser desonestos por diversão e prazer, mas muitos também são por necessidades.
Marlon
estacionou o carro e entrou no Jornal. Ele apenas fez um movimento de
cumprimentos, com a cabeça para Fabrício e depois para Mônica. Vendo o rosto do
patrão, Fabrício foi em direção do balcão.
- O patrão
deve está com muitos problemas. – disse o porteiro.
- É mesmo,
viu Bigode! Ele sempre entra com essa cara de elefante. O que será em, Bigode?
- É o e-mail
e tantos outros problemas.
- Mas tu não
aprende mesmo, né Bigode? Nunca trás nenhuma novidade. Se não ti contasse o que
acontece nesse Jornal, você não saberia de nada. Acho que você nem sabe que o
presidente da república é o Lula.
- Depois fala
de mim, né Mônica. A presidente é a Dilma. Tu não votou, não?
- Claro que
votei. – disse Mônica pensativa. – Mas essas coisas de política eu não entendo
muito não, eu gosto é da fofoca da cidade. É bem mais importante.
- Eu tô
vendo. Mais tu não toma jeito mesmo, né Mônica.
- Vai pro teu
portão, vai Bigode. Você faz mais no sol, do que aqui falando besteiras.
Vendo a
secretária, Marlon perguntou:
- Gilda, você
sabe se Solange está aqui?
- Acho que
não, senhor.
- Obrigado.
Marlon foi
conferir na redação. Mas Solange não encontrava-se por lá. Então ele foi para
sua sala.
- Quando a
Solange chegar, Gilda, diga a ela que quero que venha até a minha sala.
Marlon entrou
e sentou-se na sua cadeira. Ficou girando, girando. Pensava em tudo que tinha
acontecido nos últimos dias. Mas como o trabalho não espera, ele tentou ficar
concentrado e foi para os papéis.
Por volta das
dez horas, Marlon recebeu uma ligação:
- Alô!
- Alô, aqui
que fala é o detetive Devis.
- Ah,
Detetive! Você tem alguma novidade?
- Tenho sim.
Liguei para saber se o senhor está muito ocupado.
- Nunca estou
ocupado para esse tipo de assunto.
- Então,
estou indo. Até breve!
- Até logo.
Assim que
Marlon desligou o telefonema, Solange entrou:
- Você queria
falar comigo, paixão?
- Queria sim.
Sente-se.
- Do que se
trata?
- Eu fui a
delegacia...
- Fazer o
que?
- Fui saber
se o delegado tinha encontrado alguma pista, sobre a morte de Júlio.
- O que ele
disse? – disse aflita.
- Que eles
têm muitas dúvidas.
Marlon parou
de falar e antes de recomeçar a dizer, ele pensou um pouco.
- Eu ordenei
que reabrissem as investigações.
- Mas eu dei
ordens para encerrá-la.
- Já sei. Mas
pensa, amor! Com a investigação, iremos saber que é o culpa pela morte dele.
Sei o que ele representou para você.
- Mas o assassino...
se é que ele foi assassinado, quando for solto, poderá tentar nos matar. Não!
Não quero saber que foi! – disse nervosa.
Abraçando,
Marlon falou:
- Eu estarei
aqui do seu lado para te proteger. O assassino tem que pagar pelo que fez.
- Você acha que
ele foi assassinado. Tira isso da sua cabeça.
- Então para
tirar a dúvida, vamos deixar que os policiais investiguem.
- Está certo.
- Vá beber
uma água, você está muito nervosa.
- Está bem.
Poucos
minutos se passaram e o detetive chegou.
- Que bom que
você chegou. Sente-se.
Ele
acomodou-se numa cadeira de couro marrom.
- Então,
quais as novidades?
- Encontrei
mais um de seus amigos.
Os olhos de
Marlon brilharam. Por dentro, a alma da vingança estava vibrando.
- Olhe essas
fotos que tirei.
Marlon pegou ferozmente
as fotos. Aquele rosto envelhecerá, mas tinha exatamente a mesma feição de anos
atrás. Não tinha como negar.
- Esse é o
Fabrício. Reconhece?
- Claro. É o
Maurício. É Ele mesmo. Apenas com rugas e acabado, mas a feição é a mesma.
- Aqui está o
endereço. – disse escrevendo no papel.
- Muito
obrigado.
Puxou a
gaveta e deu um envelope para o detetive.
- Aqui está a
outra parte do pagamento.
- Obrigado.
- Eu te
acompanho até a saída. Quero reencontrar o meu A-MI-GO.
Eles saíram.
Vendo os dois juntos, Mônica falou:
- O que será
que esse homem faz tanto aqui no Jornal, hein Bigode?
- Deixa de
ser exagerada. Ele veio aqui só umas três vezes.
- Ah! Tanto
faz. O que interessa é o assunto.
- Deixa de
ser curiosa.
- Vá para o
seu portão. – disse com voz autoritária.
Marlon
dirigia cegamente. Aquele endereço ele sabia aonde era. Mas o trânsito não
deixava que ele chegasse rapidamente. Era semáforos fechados, buzinas, idosas
atravessando a faixa de pedestre, motos querendo passar em passagens que nem um
mosquito conseguiria, enormes filas de carros. Mas conseguiu estacionar próximo
da casa e esperou o cidadão sair. Ele ficou impaciente. Seu desejo era sair do
carro e abrir a porta daquele casebre. Fechou os olhos e imaginou a cena de
anos atrás. Ficara com mais ódio. A vontade de vingança aumentara.
Depois de
horas esperando, finalmente Maurício saiu. Vendo ele fechando a porta, Marlon
não perdeu tempo e foi atrás dele. Ele pegou no ombro de Maurício. Ele olhou
para trás e viu Marlon, mas não reconheceu
- Conheço
você ?
- Claro.
- Não me
lembro.
- Sou o dono
do Jornal Matinal.
- Ah.
- Olhe bem
para mim.
Maurício
olhou. Sabia que o dono do Jornal, mas não ligara ele com o pobre e cheio de
escrúpulos de anos atrás.
- Sou Marlon.
Aquele que serviu de brinquedo para você e seus amigos.
Maurício
pensou e depois de segundos lembrou.
- Ah! – disse
surpreso. – Como você mudou. Quem diria que alcançaria esse degrau.- disse
sorrindo.
- Pois é.
- Foi bom
falar com você.
Marlon pegou
no braço do rapaz e disse:
- Não fuja.
- O que você.
– disse ele soltando-se.
- Quero
acertar as contas.
- Que conta?
Você ficou doido?
- Não, estou
muito consciente.
Maurício
lembrou-se do momento de divertimento de anos atrás, no qual ele e seus amigos
usaram Marlon como seu fantoche. Fazia-se de mau entendido, no fundo ele sabia
de que conta ele estava falando. O que causara espanto, era na mudança do dono
do Jornal. Ele não possuía mais a feição de assustado de tempos atrás. Agora
ele tinha o rosto de uma pessoa bem decidida, vencedora e não tinha medo de
nada.
Antes que
Marlon tivesse qualquer ação, Maurício correu.
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