sábado, 17 de outubro de 2015

Capítulo 22: Escrúpulos

Depois que Mônica despediu-se de dona Josefa, caiu no choro.
- Calma, Mônica.
- Eu gosto tanto da dona Josefa. – disse enxugando as lágrimas. – e também, não gosto de despedidas. – pensou em dona Josefa e voltou a chorar. – sabe o que é mais triste, Bigode?
- Que você sentirá falta dela, mas estarei aqui. Pode contar comigo. – disse abraçando-a.
- Obrigada. – disse enxugando novamente a face. – mas agora quem contara as fofocas daqui? – abriu um berreiro.
- Você e as fofocas!
- Eu não sou fofoqueira... apenas gosto de está bem informada. – tirou as mãos de Fabrício de sua cintura e foi em direção ao balcão.
Em cima, na sala de Marlon, a entrevista da moça apenas começara.
- Então, como é seu nome?
- Me chamo Madalena.
Pronto, mais uma estava em suas mãos. Logo que ela entrou, reconheceu-a .
- Está desempregada?
- Estou, senhor.
Na recepção, o carteiro aparecera e trouxera uma correspondência para Mônica. Era uma certa, que não possuía o nome do remetente.
- Não tem nome. Dever ser do meu admirador. – abriu a carta. Estava trêmula. Retirou o papel e leu. Quando terminou de ler, estava muito emocionada. Vendo todo o entusiasmo da colega de trabalho, Fabrício dirigiu-se até o balcão.
- O que foi, Mônica.
- Recebi essa carta.
- E o que está escrito?
Mônica pegou o papel e leu em voz alta:
- “ Não sei como explicar o que sinto dentro desse meu coração. Todas as noites, sonho com o seu belo sorriso e com o seu jeito extrovertido de ser. Não consigo mais viver longe de ti. Quero ter você ao meu lado. Quero que eu seja o seu cobertor nas noites frias e o seu acompanhante na banheira nos dias quentes. Tenho medo que você não corresponda a esse belo sentimento, que é o amor. Por meio dessa carta, que lhe fazer um convite. Hoje a noite te espero no restaurante La plaza, às 20:30hs. Espero que pense no meu convite com carinho e pense na pergunta que irei fazer: “ Quer namorar comigo?”. Quero que você traga essa resposta hoje a noite. Um grande beijo nessa sua boca macia. Assinado: o apaixonado pela mulher mais linda do mundo.” Não é linda a carta.
- É sim. E você vai a esse encontro?
- Lógico. Quero conhecer o meu príncipe encantado. Agora tenho que ligar pra Marlete pra contar tudo.
A entrevista continuava:
- Por que você quer esse emprego?
- Porque eu estou passando fome. Não tenho como pagar o aluguel. Faz três meses que não trabalho. Peço o que comer nas minha vizinhas. A dona da casa não aguenta mais. Disse que se eu não conseguisse arranjar um emprego, me colocava pra fora.
- Entendi. O emprego é seu.
- Obrigada, senhor...
- Senhor Marlon. – disse enfatizando o seu nome.
- Quando começo a trabalhar?
- Agora mesmo. Pode se retirar.
Ela saiu e Marlon sorria feliz da vida. Saiu e depois de alguns minutos regressou:
- Eita, como o patrãozinho tá apressado. O que será que tinha naquela caixa? – disse com o cotovelo no balcão.
Com o rosto desforrado, disse:
- Gilda, diga a Madalena que quando terminar o expediente, venha até minha sala.
- Sim, senhor.
Marlon colocou a caixa no chão. Sentou-se em sua cadeira e espero que a moça chegasse.
Depois de instantes a porta abriu-se.
- Já estou indo embora, senhor.
- Pode ir, Gilda. Até amanhã.
- Até amanhã, senhor.
Todos os empregados estavam indo embora. E depois de instantes, novamente a porta abriu-se. Agora era ela.
- O senhor me chamou ?
- Sim. Todos já saíram?
-  Acho que sim, senhor.
- Traga-me um café.
- Está certo. – saiu contrariada e caminhou resmungando. – Não sou paga pra servir a ele e sim pra varrer.
Aquele dia estava perfeito. Todos os empregados já tinham saído, de acordo com Madalena. Solange fora pra casa mais cedo. Está tudo em ordem.
 Madalena entrou com o café na mão. Entregou-o ao patrão. Ele colocou-o na mesa e foi em direção a porta. Trancou-a. Pegou a xícara e despejou o líquido no chão.
- O que o senhor está fazendo?
- Você logo verá. Me diga uma coisa, Madalena. Você não me reconhece?
Ela olhou bem para a face. Pensara uns minutos e logo recordara.
- Ah. É você, Marlon. Como não percebi logo. Se soubesse quem você era, nunca tinha vindo aqui.
- Que bom que me reconheceu.
Ela correu para a porta. Marlon conseguiu alcança-la antes que fugisse.
- Venha aqui! – tinha ódio em suas palavras.
Com uma das mãos, ele segurou-a. Com a outra, abriu a caixa. Retirou umas flores.
- Está vendo essas flores?
- Claro, não sou cega. – disse tentando escapar.
- Olhe como fala.
Ele jogou as flores em cima do café derramado e disse:
- Que pena que não guardei aquelas flores que ti dei e você me fez engolir.
- Você tá louco.
- Claro que não. Apenas quero vingança.
Marlon pisoteou as flores e pegou-as. Colocou as flores na boca de Madalena. Estava difícil de entrar. Ele pisou no pé da moça, que quando gritou de dor abriu a boca. Ele enfiou várias. E fechou a boca, forçando.
- Que pena que não encontrei lama. Olha como sou bom com você.
Ela estava chorando.
- Não chore. Elas estão gostosas? Devem estar com gosto de café. – soltou uma gargalhada.
Jogou-a no chão.
- Como fui idiota ao me apaixonar por você. Hoje e te agradeço por não me querer. Olha que lixo você se tornou.
Ela não parava de chorar. Marlon foi em sua gaveta. Pegou um envelope e jogou na cara da pobre mulher.
- Aqui está o seu pagamento. Não quero que volte aqui. Não pense em me denunciar para a polícia, porque eu tenho dinheiro para pagar a fiança e quando eu sair, acabo com você. Se contar para alguém, se considere morta.
Aproximou-se de sua face e disse:
- Você vai contar para alguém o que ocorreu nessa sala?
Com os olhos cabisbaixo respondeu as pratos:
- Não.
Ela saiu correndo e ele foi atrás. Ela correu os degraus rapidamente. Ele também. Quando faltava trinta e cinco degraus, ele gritou:
- Não volte mais aqui!
Quando faltavam dez degraus, viu que Madalena estava parada. Infelizmente ela estava enganada. Todos funcionários não tinham saído, só alguns. Na porta do Jornal, estavam Mônica, Fabrício, Solange que tinha acabado de chegar, Gilda que estava conversando com Solange e Douglas, o revisor do jornal.












Nenhum comentário:

Postar um comentário