Madalena ficou
apavorada. Saiu correndo. Todos viraram, vendo a moça partir. Depois que não
avistara mais, todos olharam para Marlon. Finalmente, Marlon conseguiu falar
algo:
- Vamos para
casa, Solange.
- Primeiro
você vai me explicar o que aconteceu entre você e ela! – disse com raiva,
batendo o pé no chão.
- Depois eu te
explico. – arrastou-a pela braço e pegou um táxi.
Durante todo o
trajeto, o silêncio habitara o carro.
Os
funcionários que ainda estavam presentes no Jornal, cogitaram o que poderia ter
acontecido.
- Vocês viram?
– disse Mônica, toda excitada.
- Vimos. O
negócio deve ter sido sério. – comentou Douglas.
- Estranho. –
opinou Gilda.
- Agora vamos
para nossas casas, que tenho que fechar as portas. – ordenou Fabrício.
Todos saíram e
Mônica não parava de cochichar.
O táxi
estacionou. E os dois desceram. Marlon abriu a porta e Solange foi logo
perguntando:
- Me diga o
que foi que aconteceu?
- Agora não.
Não enche o meu saco, agora.
- Estou
cansada! – berrou. – tudo é no seu tempo.
Marlon
sentou-se no sofá. Colocou os cotovelos nas coxas e as mãos contra a face.
Solange veio e sentou-se ao seu lado.
- Me conta.
Marlon!
Marlon ficou
imóvel. Pensava no que ia ter que dizer. Não poderia dizer a verdade. Aquele
assunto era pessoal demais para compartilhar. Ninguém entenderia. Ninguém sabe
o que passa-se num coração, numa alma ferida, humilhada. Só quem passa por
determinada situação e que compreende. Não sabia o que iria inventar.
- Vamos,
Marlon. Fale!
- Está bem.
Vou te contar tudo o que ocorreu na minha sala.
Marlon
levantou-se e ficou a pensar, andando em toda a sala.
- Fala!
- Bom. Eu pedi
para que a Gilda dissesse para a Madalena, que no fim do expediente, me
procurasse...
- Pra que?
- Na
entrevista ela disse que estava passando por necessidades. Então ia adiantar o
salário. – Marlon fez uma pausa.
- Continue.
- Quando foi
no final do expediente, ela veio até a minha sala. Pedi que ela esperasse,
porque eu iria pegar um café pra mim. Quando eu voltei, ela estava mexendo na
minha gaveta, atrás de dinheiro.
- E lá tinha?
- Tinha. Então
eu a expulsei, mas como estava passando por necessidades, deixei que levasse o
dinheiro. Afinal, o pouco que ela pegou, não iria fazer falta.
- Não acredito
que você a deixou ficar com o dinheiro. Se fosse eu, levaria ela para a
delegacia.
- Não, não
quero envolver num escândalo.
A noite caíra.
Mônica já estava arrumando-se para o encontro. Passou perfume e batom. Pegou a
sua bolsa e saiu. Na calçada, esperou um táxi. Chegou no restaurante. Entrou.
Olhou para todas as mesas. Todas estavam sendo ocupadas por casais. Sentou-se
em uma vazia. De repente, alguém colocou as mãos em seus olhos:
- Que bom que
você veio.- encostou o nariz perto do pescoço. - Como você está cheirosa.
Mônica colocou
as mãos no rosto do homem e disse:
- Não acredito
que é você. – reconheceu a voz. – Bigode?
Fabrício tirou
as mãos da face da moça e sentou-se.
- Sou eu
mesmo.
- Que
brincadeira de mal é essa?
- Não é
brincadeira eu estou...
- Como que não
é. Eu li a carta pra você e veio até aqui pra estragar o meu encontro com meu
príncipe. Agora sai daqui. Se ele me vê com você, vai acabar o que nem começou.
- Deixa eu
falar, Mônica.
Mônica
levantou-se e puxou o braço dele.
- Sai, Bigode.
E como um
raio, aquela frase foi proferida:
- Eu sou o seu
admirador secreto.
Mônica caiu na
cadeira vaga, admirada.
- Então você é
meu admirador. Disse toda tristonha.
- Sou eu sim,
Mônica. Faz tempo que eu sinto esse amor inexplicável por você. Todas as noites
sonho com você. Não consigo viver sem ti. Cada vez que saio do trabalho e não
tenho você o meu alcance, meu dia se entristece . Quero que você seja minha
namorada. Aceita?
Diante
daquelas palavras, estava surpresa. Não sabia o que dizer. Depois de duas
lágrimas limparem seu rosto, ela falou:
- Nunca contei
isso pra ninguém. Também gosto de você. No começo achei que era uma amizade,
mas depois foi crescendo. Não tive coragem de falar o que eu sento por você.
Inventei uma paixão louca, por chefinho, para vê se você sentiria ciúmes de
mim. Mas você nunca demostrou...
- Cada vez que
você fala o nome dele com carinho ou acompanhava-o com seu olhar, meu coração
apertava, e a raiva invadia minha cabeça. Depois tive a ideia de pedir conselho
pra você. E deu certo. – Marlon pegou as mãos de Solange. – Você quer namorar
comigo?
- Quero. –
depois de um longo beijo e que a emoção amenizou, Mônica falou. – até que fim
que você chegou em mim, né meu Bigodinho?
Deram um outro
beijo romântico.
No dia
seguinte, a cidade toda já sabia do ocorrido. A repercussão foi enorme. Todos
comentavam. Nos quatro cantos da cidade, a dúvida era: “ O que tinha ocorrido
de fato?”. Várias hipóteses foram sendo levantadas. Boatos foram especulados.
No jornal Correspondências, a notícia
foi publicada.
“ Hoje, houve um episódio lamentável aqui em
nossa cidade. Marlon, o dono do Jornal Matinal, agrediu uma funcionária.
Madalena. Pouco se sabe o que tenha acontecido em sua sala, mas testemunhas
viram a senhora Madalena sai correndo do local. Isso é inadmissível. Não há
argumentos que justifiquem essa atitude...”
Assim que
Marlon chegou no Jornal, Mônica entregou o jornal da oposição e contou o que
estava acontecendo. Marlon ficou indignado com o que acabara de ler. Pegou um
táxi e foi para a rádio Top Music, esclarecer
esse assunto. O taxi parou e antes de entrar na rádio, murmurou:
- Não vou deixar
que esse cretino, seja lá quem for, estragar tudo o que conquistei até
hoje.
Fonte pequena demais, não consigo ler nem um frase direito.
ResponderExcluir