Marlon fechou a porta. Ficou a refletir na escuridão.
Mais um caiu na sua armadilha. Mais um que pagara o que o destino estava
cobrando. Lágrimas caíram em sua face. Talvez de alegria, talvez de remorso.
Aquelas lágrimas eram transparente, mas sua alma expelia lama, um lama de
raiva, ódio, tristeza e infelicidade nos anos passados.
Ficou minutos com a cabeça encostada nos joelhos
dobrados. Saiu. Ligou o carro e foi em direção da sua casa.
- Finalmente você chegou! – disse Solange com um largo
sorriso.
- O que aconteceu?
- Fiz uma macarronada deliciosa. Vamos comer.
- Não.
- Por que não?
- Porque nós iremos ao restaurante.
Solange ficou arrepiada.
- Só de lembrar de meses atrás, fico arrepiada.
- Nada de mal vai acontecer, amor. Estarei aqui para
te proteger.
Solange deu um longo beijo em Marlon.
- Vamos?
- Vamos! – disse animada.
Eles foram tomar banho e vestir-se . Às 20:30hs eles
trancaram a porta.
- Entre minha dama. – disse ao abrir a porta do carro.
- Obrigada, meu cavalheiro.
Marlon entrou e saíram. Depois de instantes, eles
chegaram. O restaurante estava lotado. Mulheres lindíssimas e idosos
milionários encontravam-se nas mesas. Os garçons equilibravam as bandejas com
aperitivos. As rechonchudas comiam ferozmente. O lugar era agradável. As
paredes eram pintadas de verde com enfeites brancos. Várias tulipas espalhadas
em vasos grandes encarnados.
Os dois acomodaram-se. O garçom aproximando-se disse:
- Boa noite. Aqui está o cardápio. – disse
entregando-o.
Depois que eles analisaram, o garçom perguntou:
- O que vocês desejam?
- Queremos de entrada ameixas frívolas. – O garçom
anotou o pedido. – para o prato principal, magret de pato ao perfume de mel e
especiarias e de sobremesa, crêpe Suzette. – novamente ele recorreu ao bloco.
- E o que desejam para beber?
- Queremos um vinho Montrachet Domaine de la Romanée
Conti 1978.
O garçom foi registrar os pedidos na cozinha.
- Eu estou tão feliz, amor! – disse com tom suave.
- Por que, paixão?
- Porque tenho você ao meu lado. Nunca pensei que
alguém gostaria de está ao meu lado. Não porque sou chato, mas pelo meu jeito
de ser. Sou tímido. Isso é uma barreira enorme pra qualquer pessoa. Talvez uma
virtude, talvez um defeito. Nunca quero sair do seu lado. Olhe ao nosso redor.
Mulheres jovens estão com velhos milionários por interesse e não por amor. –
Solange tossiu. – O mais importante, meu amor, e você sentir satisfeito por
dentro, a felicidade interna. Se você está feliz consigo, você está feliz com
as outras pessoas, com o mundo.
- Isso é uma grande verdade.
Marlon pegou uma caixinha do bolso. Abriu e disse para
Solange:
- Quer casar comigo?
Os olhos brilharam, e o anel de brilhantes também.
Lágrimas rolaram e juto delas, a resposta.
- Claro que quero.
Deram um longo beijo.
- Não estou me aguentando de alegria, paixão.
- Também não, amor.
Novamente as bocas e as línguas encontraram-se. O
garçom atrapalhou o momento romântico. Veio com a comida. Comeram calmamente.
Entre as garfadas, eles conversavam sobre os preparativos do casamento e sobre
o Jornal. Logo que terminaram, o garçom trouxe as sobremesas. Quando acabaram,
Marlon pagou a conta e eles foram para casa.
Tudo era felicidades. Parecia infinita. Uma semana se
passou e eles continuaram vivendo naquele conto de fadas. Numa quarta-feira,
eles iam saindo do jornal. Tinha-se ido mais um dia de trabalho.
- Faltam infinitos vinte e quatro dias para o nosso
casamento, paixão. Estou tão ansiosa. Não vejo a hora de chegar o grande dia.
- Também, amor.
- Vamos pra casa, porque estou muito cansada. Hoje o
dia foi longo. Quero tomar um banho bem relaxante.
Marlon abriu a porta do carro para Solange. Fechou-a e
abriu a sua. Mais um dia percorrendo aquelas ruas. Nos bares, restaurantes,
farmácias e em outros estabelecimentos, o dinheiro é o chefe do atendimento.
Marlon parou no semáforo e observou uma cena muito comum nos dias de hoje. Um
pobre entrara numa lanchonete e pediu um salgado. Logo em seguida, um
milionário entrou e pediu o mesmo que o pobre homem. Depois de segundos, o
garçom trouxe a refeição do rico, que tinha chegado depois do pobre. O dono do
estabelecimento veio falar com o rico.
- Tudo bom, meu patrão?
- Tudo certo.
O dono saiu da mesa. Passou pelo do pobre e fez de
conta que viu um cachorro. A vida é assim. O dinheiro é o que manda.
O semáforo abriu e ele continuou o trajeto.
Finalmente, chegaram em casa. Solange desceu e foi abrir a garagem. Marlon
guardou o carro e foi em direção de Solange, que estava na porta de entrada.
- Em fim, estamos em casa.
- Não via a hora de chegar.
- Quero tomar um banho e deitar.
- Não vai me dá nenhum beijinho, amor? – disse com
cara de carente.
- Mais é claro que vou dar muito beijos. – disse
agarrando-o no pescoço e dando beijos.
Eles entraram, Marlon foi para cozinha. Solange foi
para o quarto e depois o banheiro.
- Quer que eu prepare alguma coisa pra você, amor?
- Quero sim, paixão.
- O que?
- Um sanduíche de peito de peru.
- Ele já está saindo no capricho.
Marlon começou a preparar os sanduíches. Solange
começou a tirar a roupa. Debaixo da roupa, estava uma pele reluzente e macia.
Pegou uma toalha e entrou no banheiro.
- Ah! Esqueci os meus chinelos
Eles estavam debaixo da cama. Solange foi até lá e
abaixou.
- Socorro! – disse assustada.
Marlon que estava na cozinha, correu para o quarto.
- O que foi?
Solange estava muito nervosa. Suas pernas estavam
trêmulas. Com os olhos esbugalhados, ela apontou para debaixo da cama. Marlon
abaixou-se.
Nenhum comentário:
Postar um comentário