segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Capítulo 27: Escrúpulos (RETA FINAL)


Marlon olhou debaixo da cama. Recebeu um chute no rosto. Debaixo da cama, está um assaltante. Ele não escutou quando o carro chegou. Percebeu na hora que ela abriu a porta de entrada. Não teve como fugir. A única, e rápida, solução foi a cama.
Marlon caiu. O ladrão tentou fugir. Com sua barriga, a fuga foi lenta. Tentou sair pela porta, mas Marlon que rapidamente levantou-se e deu um soco nas costas do ladrão. Solange estava em estado de choque. O encapuzado caiu. Tentava a fuga arrastando-se. Marlon deu um chute nas costas. Ficou imóvel. Marlon tirou o capuz do bandido. Olhou fixamente, mas não reconheceu.
- O que você veio fazer aqui? – disse Marlon furioso.
O homem que estava no chão, arregalou os olhos, surpreso. Vendo que não conseguia falar, Marlon deu um tempo, para que ele conseguisse recuperar o fôlego. Vendo que já estava melhor, Marlon perguntou novamente:
- O que você veio fazer aqui? – aos gritos.
O homem não parava de olhar para Marlon. A surpresa não passava. Finalmente o homem conseguiu falar.
- Mar...lon?
- Você me conhece? – gritou.
O homem fez-se de desentendido.
- Não!
- Diga logo quem é você. – apertou o seu pé contra o rosto do homem.
- Tá bem. Eu sou o Mateus.
Marlon não acreditou. Como estava diferente. Agora ele tinha várias cicatrizes. Ganhou-as no mundo a fora.
- Vo...cê está muda...do.
- Você também. Está num estado de decadência.
- Eu sei. E o jeito que tenho pra sobreviver.
- É o que você merece!
Marlon socou várias vezes o rosto de Mateus.
- Cal..ma. – falava entre um soco e outro.
- Você é o desgraçado que me humilhou! – disse com ódio nas palavras.
Marlon arrastou-o para a sala. Solange não acreditava no que estava acontecendo. Estava horrorizada com as cenas. Depois da conversa, ele concluiu que aquele sujeito era o que agredira Marlon.
- O que você vai fazer com ele! – berrou.
Marlon parou e pensou.
- Eu vou... – socou novamente o homem. - ... para a delegacia.
- Eu vou também.
- Não! – berrou
- Por que não?
- Porque não quero levar você num lugar horrível como é a delegacia.
- Está bem. Mas volta logo.
- Está certo. Só vou dá um trato nele. Ele vai aprender. A polícia vai saber o que fazer com ele.
Marlon pegou Mateus e levou até o carro. Solange acompanhou-os .
- Solange, por favor pegue as chaves do carro esqueci.
Solange correu e foi pegar as chaves. Nesse meio tempo, Marlon deu um soco no estômago.
- Aqui está.
- Por favor, abra aí.
Solange abriu. Marlon colocou-o no banco e afivelou o cinto de segurança. Entrou no carro e saiu.
- Como pôde acontecer isso? Somos brinquedos do destino. Primeiro foi o taxista, agora é o ladrão. Não posso acreditar que isso está acontecendo. – Solange entrou em casa e fechou bem a porta.
Marlon seguiu o seu trajeto. No carro, o silêncio dominava. De repente, Mateus quebra-o.
- Por favor, não me leve pra delegacia. – disse quase chorando. – passo necessidades. Não é culpada minha. Eu trabalho pra uma pessoa. Se eu sair da gangue, ele me mata.
- Você e a gangue. Como tenho nojo desse nome. Você não tem noção o mal que me causou. Não foi você que apanhou e foi humilhado. – deu um soco no nariz. – Agora você vai vê o que é ser humilhado.
Marlon seguiu direto para o seu galpão.
- Aonde estamos? – perguntou Mateus quando chegaram.
- Eu atendi o seu pedido. Você não queria ir para a delegacia. Então trouxe até aqui.
Marlon bateu novamente. Quando o homem estava sem os sentidos, Marlon pegou uma corda que estava no porta-malas. Tirou o cinto de segurança do rapaz e amarrou-o com a corda. 
- Pra que você me trouxe até aqui? – perguntou quando conseguiu recuperar os sentidos.
- Vamos entrar. Depois eu digo.
Eles entraram. Marlon jogou-o no chão e disse:
- Aqui é meu tribunal de justiça. Você pagará por tudo o que me fez no passado.
- Calma aí, vamos conversar.
Marlon subiu no caixote e disse:
- Agora, vem aí o mágico Marlon e a cobaia será o verme do Mateus.
- Você é um doente.
Marlon pegou um lixeiro que estava guardado por muito tempo no galpão e jogou tudo na cabeça de Mateus. Ele estava no meio de carne apodrecida, ossos de peixe, resto de comida. Marlon esfregou tudo na cara do homem.  Como se não bastasse, Marlon pegou  uma sacola de papel higiênico usado que estava numa caixa de papelão e colocou um por um na boca do rapaz.
- Vou fazer esse papel higiênico desaparecer. – soltou uma gargalhada profunda.
Marlon colocou um por um. A luta foi intensa. Mesmo não conseguindo que ele engolisse, ele passou um por um na língua do homem.
Terminado, Marlon falou:
- As atrações acabaram pessoal...
- Sei perturbado.
Marlon chutou o queixo. Abaixou-se e falou:
- Pode ir embora. Se você for na delegacia ou tentar mandar homens me matar, você está perdendo seu tempo. Se algo acontecer comigo, você vai morrer. Quer morrer?
Ele balançou a cabeça negativamente.
- Então vá embora. Desapareça da minha frente.
Ele saiu disparado. Marlon sentou-se no chão e começou a chorar. Pensava em tudo que tinha feito.
- Acabou. Fiz tudo o que fizeram comigo. Não sei se estou feliz ou se estou triste. O que ocorreu comigo nunca apagara da memória. Mais o gosto da vingança amenizou a minha dor. Às vezes tenho nojo de mim. Tenho que aprender a gostar de mim. Tenho que ter orgulho de mim. Tudo o que passei não foi fácil. Enfrentei dificuldades movidas pelo gosto da vingança. Antes era um babaca. Hoje tenho uma linda mulher ao meu lado e dois amigos, coisa que nunca passou em minha mente em ter. Espero que você, destino, perdoe a fraqueza da minha alma. Sei que não fui capaz de suportar as provocações. Daqui pra frente quero ser uma pessoa melhor.
Marlon voltou a chorar.


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