Marlon olhou
debaixo da cama. Recebeu um chute no rosto. Debaixo da cama, está um
assaltante. Ele não escutou quando o carro chegou. Percebeu na hora que ela
abriu a porta de entrada. Não teve como fugir. A única, e rápida, solução foi a
cama.
Marlon caiu.
O ladrão tentou fugir. Com sua barriga, a fuga foi lenta. Tentou sair pela
porta, mas Marlon que rapidamente levantou-se e deu um soco nas costas do
ladrão. Solange estava em estado de choque. O encapuzado caiu. Tentava a fuga
arrastando-se. Marlon deu um chute nas costas. Ficou imóvel. Marlon tirou o capuz
do bandido. Olhou fixamente, mas não reconheceu.
- O que você
veio fazer aqui? – disse Marlon furioso.
O homem que
estava no chão, arregalou os olhos, surpreso. Vendo que não conseguia falar,
Marlon deu um tempo, para que ele conseguisse recuperar o fôlego. Vendo que já
estava melhor, Marlon perguntou novamente:
- O que você
veio fazer aqui? – aos gritos.
O homem não
parava de olhar para Marlon. A surpresa não passava. Finalmente o homem
conseguiu falar.
- Mar...lon?
- Você me
conhece? – gritou.
O homem
fez-se de desentendido.
- Não!
- Diga logo
quem é você. – apertou o seu pé contra o rosto do homem.
- Tá bem. Eu
sou o Mateus.
Marlon não
acreditou. Como estava diferente. Agora ele tinha várias cicatrizes. Ganhou-as
no mundo a fora.
- Vo...cê
está muda...do.
- Você
também. Está num estado de decadência.
- Eu sei. E o
jeito que tenho pra sobreviver.
- É o que
você merece!
Marlon socou
várias vezes o rosto de Mateus.
- Cal..ma. –
falava entre um soco e outro.
- Você é o
desgraçado que me humilhou! – disse com ódio nas palavras.
Marlon
arrastou-o para a sala. Solange não acreditava no que estava acontecendo.
Estava horrorizada com as cenas. Depois da conversa, ele concluiu que aquele
sujeito era o que agredira Marlon.
- O que você
vai fazer com ele! – berrou.
Marlon parou
e pensou.
- Eu vou... –
socou novamente o homem. - ... para a delegacia.
- Eu vou
também.
- Não! –
berrou
- Por que
não?
- Porque não
quero levar você num lugar horrível como é a delegacia.
- Está bem.
Mas volta logo.
- Está certo.
Só vou dá um trato nele. Ele vai aprender. A polícia vai saber o que fazer com
ele.
Marlon pegou
Mateus e levou até o carro. Solange acompanhou-os .
- Solange,
por favor pegue as chaves do carro esqueci.
Solange
correu e foi pegar as chaves. Nesse meio tempo, Marlon deu um soco no estômago.
- Aqui está.
- Por favor,
abra aí.
Solange
abriu. Marlon colocou-o no banco e afivelou o cinto de segurança. Entrou no
carro e saiu.
- Como pôde
acontecer isso? Somos brinquedos do destino. Primeiro foi o taxista, agora é o
ladrão. Não posso acreditar que isso está acontecendo. – Solange entrou em casa
e fechou bem a porta.
Marlon seguiu
o seu trajeto. No carro, o silêncio dominava. De repente, Mateus quebra-o.
- Por favor,
não me leve pra delegacia. – disse quase chorando. – passo necessidades. Não é
culpada minha. Eu trabalho pra uma pessoa. Se eu sair da gangue, ele me mata.
- Você e a
gangue. Como tenho nojo desse nome. Você não tem noção o mal que me causou. Não
foi você que apanhou e foi humilhado. – deu um soco no nariz. – Agora você vai
vê o que é ser humilhado.
Marlon seguiu
direto para o seu galpão.
- Aonde
estamos? – perguntou Mateus quando chegaram.
- Eu atendi o
seu pedido. Você não queria ir para a delegacia. Então trouxe até aqui.
Marlon bateu
novamente. Quando o homem estava sem os sentidos, Marlon pegou uma corda que
estava no porta-malas. Tirou o cinto de segurança do rapaz e amarrou-o com a
corda.
- Pra que
você me trouxe até aqui? – perguntou quando conseguiu recuperar os sentidos.
- Vamos
entrar. Depois eu digo.
Eles
entraram. Marlon jogou-o no chão e disse:
- Aqui é meu
tribunal de justiça. Você pagará por tudo o que me fez no passado.
- Calma aí,
vamos conversar.
Marlon subiu
no caixote e disse:
- Agora, vem
aí o mágico Marlon e a cobaia será o verme do Mateus.
- Você é um
doente.
Marlon pegou
um lixeiro que estava guardado por muito tempo no galpão e jogou tudo na cabeça
de Mateus. Ele estava no meio de carne apodrecida, ossos de peixe, resto de
comida. Marlon esfregou tudo na cara do homem.
Como se não bastasse, Marlon pegou uma sacola de papel higiênico usado que estava
numa caixa de papelão e colocou um por um na boca do rapaz.
- Vou fazer
esse papel higiênico desaparecer. – soltou uma gargalhada profunda.
Marlon colocou
um por um. A luta foi intensa. Mesmo não conseguindo que ele engolisse, ele
passou um por um na língua do homem.
Terminado,
Marlon falou:
- As atrações
acabaram pessoal...
- Sei
perturbado.
Marlon chutou
o queixo. Abaixou-se e falou:
- Pode ir
embora. Se você for na delegacia ou tentar mandar homens me matar, você está
perdendo seu tempo. Se algo acontecer comigo, você vai morrer. Quer morrer?
Ele balançou a
cabeça negativamente.
- Então vá
embora. Desapareça da minha frente.
Ele saiu
disparado. Marlon sentou-se no chão e começou a chorar. Pensava em tudo que
tinha feito.
- Acabou. Fiz
tudo o que fizeram comigo. Não sei se estou feliz ou se estou triste. O que
ocorreu comigo nunca apagara da memória. Mais o gosto da vingança amenizou a
minha dor. Às vezes tenho nojo de mim. Tenho que aprender a gostar de mim.
Tenho que ter orgulho de mim. Tudo o que passei não foi fácil. Enfrentei
dificuldades movidas pelo gosto da vingança. Antes era um babaca. Hoje tenho
uma linda mulher ao meu lado e dois amigos, coisa que nunca passou em minha
mente em ter. Espero que você, destino, perdoe a fraqueza da minha alma. Sei
que não fui capaz de suportar as provocações. Daqui pra frente quero ser uma
pessoa melhor.
Marlon voltou
a chorar.
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