Cena 01 – Rodoviária de São Paulo/Dia
Continuação imediata do capítulo anterior...
O capítulo se inicia com Roberto e Lavínia de
mãos dadas, em cumprimento.
Lavínia – Espera
por alguém? Algum parente, ou amigo?
Roberto – Primo!
Lavínia – Ah,
claro!
Roberto – Mas
acho que ele ainda não chegou.
Lavínia – Então
eu lhe ofereço uma carona.
Roberto (desconfiado) – A senhora? E porque me ajudaria depois de tudo isso?
Lavínia – Primeiramente
nada de senhora, me faz parecer velha. (risos)
E na verdade eu estou querendo reparar o meu mau comportamento.
Roberto – Agradeço
sua gentileza, mas prefiro aguardar o meu primo aqui mesmo.
Lavínia – Ora,
vamos. Só estou tentando lhe ajudar. Além do mais já está quase na hora do
almoço e com certeza você ainda nem comeu nada. Eu prometo que não morderei.
Roberto fica pensativo, enquanto olha para os
lados como se tivesse esperança em ver Hugo.
Roberto – Tudo
bem.
Lavínia – Ótimo!
Vamos.
Corta
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Cena 02 – Frente ao Prédio de Hugo/Dia
Vemos em imagem aberta o carro de Lavínia
parando em frente ao prédio. Corte de cena... Agora o foco é nos dois, dentro
do carro.
Lavínia – Pelo
endereço que me passou, é aqui.
Roberto – Muito
obrigado, dona. Jamais esquecerei sua ajuda.
Lavínia – Não
precisa me agradecer. Já disse que queria apenas reparar meu mau comportamento.
Além disso, (mexe na bolsa) vou lhe
dar meu cartão. Tem meu número. Qualquer coisa que precisar é só me ligar.
Algum trabalho ou até mesmo para conversar. (Pausa/Estende o cartão) Gostei de você.
Roberto (pega o cartão) – Obrigado!
Roberto sai do carro e caminha até o portão.
Lavínia observa enquanto ele entra. Ela abre um sorriso e arranca com o carro.
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Cena 03 – Apartamento de Hugo/Sala/Dia
Hugo abre a porta do apartamento e fica feliz
ao ver Roberto.
Hugo – Primo! (abraço) Que bom que você veio.
Roberto – E
porque não foi me pegar na rodoviária como combinado?
Hugo – Me
desculpa. Perdi a noção do tempo. Como chegou até aqui? Veio de táxi?
Roberto – Que
táxi que nada. Ganhei carona de uma senhora muito gentil.
Hugo – Sei.
Aposto que teve que pagar de algum jeito. Foram para algum motel? Ou foi no
carro mesmo?
Hugo ria de suas palavras.
Roberto (sério) – Nada disso. Existem pessoas boas, sem segundas intenções.
Hugo – Claro que
existe. Mas tudo bem.
Hugo coloca a mão no ombro esquerdo de Roberto.
Hugo – Fico
feliz que esteja aqui. De verdade.
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Cena 04 – Externa/São Paulo/Dia
Música: Calvin
Harris ft. HAIM - Pray to God
Imagens da cidade... Parque do Ibirapuera... Um
rasante pela Avenida Paulista e em seguida sobre o alto da cidade. Fecha a cena
na fachada do Colégio Charles Darwin.
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Cena 05 – Colégio Charles Darwin/Interior/Dia
Música diminui o som e cessa.
Vemos Paula (filha de Lavínia) conversando com
sua amiga, e colega de colégio, Bruna. As duas estão sentadas no degrau de uma
escada. Conversa já em andamento.
Bruna – Nossa, eu
te confesso que eu jurava que você e o Diego iam acabar se casando. Vocês eram
tão grudados.
Paula – Impressão
sua. Diego e eu temos visões bem diferentes. Pra ser bem sincera eu nem sei ao
certo como começamos a namorar.
Bruna – Bom, vai
ver o Diego tenha alguma qualidade que você goste. Agora me diz uma coisa: você
ainda sente alguma coisa por ele?
Paula – A única
coisa que sinto por ele é pena. Conseguiu jogar nosso relacionamento no lixo
por uma qualquer. Eu não perdoou traição. Jamais.
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Cena 06 – Externa/Santos/SP/Dia
Música: Mag - Garoto de Programa
Apresentando a cidade... Imagens diversas do
alto revelando as casas e alguns prédios... Vemos algumas imagens do porto e
das praias... Finaliza a cena apresentando a marina.
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Cena 07 – Santos/SP/Marina/Dia
Em meio aos “montes” de iates atracados na
marina, vemos Kelly andando sobre o píer. Olha deslumbrada para os lados até
ver um rapaz em pé observando ela. Ela o reconhece de imediato: era seu
cliente, Lucas... Música diminui.
Kelly – Lucas?
Lucas – Em carne
e osso, princesa. Suba a bordo.
Kelly abre um sorriso e ajeita o cabelo atrás
da orelha. Ela sobe no iate... Música
aumenta.
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Cena 08 – Alto Mar/Iate/Dia
Vemos o iate cortando as águas do mar em alta
velocidade. Na frente, vemos Kelly de braços abertos ao vento, de biquíni.
Lucas guia o iate.
Rápido corte de cena... Agora vemos Lucas
deitado sobre a cama, enquanto Kelly, em pé, de costas para ele vai retirando o
sutiã e revelando seus seios.
Lucas olha para ela, que agora está de frente.
Ele se joga sobre ela, arremessando-a sobre a cama.
Lucas beija todo o corpo de Kelly, enquanto
suas mãos passeiam sobre ele. Os dois se beijam...
Corte de cena... Lucas está deitado, enquanto
Kelly está por cima dele. Em imagem panorâmica vemos ela subir e descer, com as
mãos apoiada sobre o peito de Lucas. Ele agarra ela colocando uma das mãos
atrás da nuca e a outra deslizando em seus seios. Ele a beija e mordisca os
lábios dela.
Novo corte de cena... Vemos Kelly deitada na
cama e Lucas sobre ela. Seu bumbum à mostra. Ele desliza seu corpo, indo e
vindo sobre ela, que agarra firme nos lençóis da cama... Foco no rosto de Kelly
que morde os lábios. Close final nos dois se beijando.
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Cena 09 – Apartamento de Lenara/Sala/Dia
Inicia a cena com uma externa da fachada do
prédio...
Música cessa aqui.
Corte de cena... Vemos Lenara e Viviane
sentadas no sofá. Conversa em andamento.
Viviane – Já
tem alguns dias que tenho notado você um pouco estranha. Está acontecendo
alguma coisa?
Lenara – Não
é nada com que se deva preocupar. É coisa minha. Bobagem.
Viviane – Eu
te conheço muito bem, Lenara. Somos amigas de muitos anos. Você nunca conseguiu
me enganar. Me conta o que está acontecendo.
Nesse momento Lenara baixa a cabeça. Vemos uma
expressão de preocupação em seu semblante.
Lenara – Tudo
bem. Eu vou te contar o que está acontecendo comigo.
Um pequeno suspense se faz presente na cena,
até Lenara disparar.
Lenara – Eu
estou grávida, Vivi.
Viviane – Grávida?
Você está grávida? Meu Deus, Lenara... Mas como?
Viviane fica em desespero. Caminha pela sala.
Viviane – Como
isso foi acontecer?
Lenara – Eu
não sei. Simplesmente aconteceu. Eu não queria isso.
Viviane – E
agora? O que você pretende fazer?
Lenara – Ainda
estou pensando a respeito. Mas temo que minha solução não seja de muitas
opções.
Viviane senta ao lado de Lenara novamente e
segura suas mãos.
Viviane – Sabe
que pode contar comigo para o que você precisar.
Lenara (emocionada) – Obrigada!
As duas se abraçam.
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Cena 10 – Restaurante Qualquer/Int./Dia
Música ambiente. Algumas mesas ocupadas por
figurantes. Pessoas bem vestidas. Garçons andando pelo local. A CAM se aproxima
lentamente da mesa em que se encontram Lavínia e Anselmo. Diálogo já em
andamento.
Anselmo – Confesso
que fiquei surpreso com o seu convite para este almoço. Ainda me lembro suas
últimas palavras de que ficar perto de mim era indigesto.
Lavínia – E
desde quando você guarda mágoas, meu querido. As coisas mudam o tempo todo.
Você é político! Deveria saber disso.
Anselmo (rindo) – Claro! Eu conheço bem a mulher com quem me casei. Agora me diga
o motivo desse encontro.
Lavínia – Em
primeiro lugar vamos deixar bem claro que não se trata de um encontro. É apenas
um almoço de negócios.
Anselmo – Negócios?
E posso saber que tipo de negócios nós temos para tratar?
Lavínia – O
aumento da minha pensão!
Anselmo (após uma risada) – Você só pode estar brincando comigo. Aumento de pensão? Já lhe
dou uma pensão de 15 mil por mês. Eu ainda não fui convocado para o planalto.
Lavínia – Anselmo,
meu querido, eu sei muito bem de seus negócios extra, além da política de
fachada que você exerce. Aumentar minha pensão não te deixará menos pobre. Sabe
que os gatos aumentaram com essa crise toda. Eu não posso deixar de bancar meus
gastos. São necessários.
Anselmo – Supérfluos,
você quer dizer... Mas tudo bem. Eu não vou me furtar a negar seu pedido. Mas
sabe que essa generosidade tem um preço.
Lavínia – Claro!
Eu sei muito bem como funciona os negócios com políticos. (erguendo a taça) Tin, tin?
Anselmo sorri e brinda.
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Cena 11 – Externa/Bauru/Dia
Música: 3LAU feat. Bright Lights - How You Love Me
Imagem completa da cidade... Em seguida vemos o
Parque Vitória Régia e, Logo após, o Teatro Municipal, seguido do Aeroclube e
do Museu Ferroviário Regional da cidade.
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Cena 12 – Bauru/Lavanderia/Dia
Música cessa aqui.
Vemos Gisele (namorada de Roberto) atendendo um
cliente no balcão. Guilherme (amigo de Roberto) se aproxima e aguarda ela
concluir o atendimento. Em seguida fica frente a frente com Gisele.
Guilherme – Bom
dia, moça bonita!
Gisele – Bom
dia, Guilherme!
Guilherme – Vim
te convidar para tomar um sorvete mais tarde. Está afim?
Gisele (sem dar atenção a ele) – Não! Tenho muito trabalho aqui. Depois tenho coisas para fazer
em casa também.
Guilherme a observa por alguns segundos.
Guilherme – Porque
tenho a sensação de que você me evita?
Gisele (é visível sua impaciência) – Porque talvez seja verdade. Guilherme não é de hoje que venho
percebendo suas investidas em mim, mas eu sou namorada do Roberto. Seu amigo.
Pelo menos eu acho que é. No mínimo você deveria respeitá-lo. Agora se me der
licença eu tenho muito trabalho.
Gisele se retira para dentro de uma salinha.
Guilherme fica pensativo.
Guilherme (para si mesmo) – Você ainda vai ver que eu sou bem melhor que o Roberto.
Guilherme sai.
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Cena 13 – Apartamento de Hugo/Sala/Dia
Abre a cena na fachada do prédio... Rápido
corte de cena... Vemos Hugo sentado ao lado de Roberto. Começam a dialogar.
Roberto – Tudo
o que eu preciso agora é conseguir um trabalho e logo.
Hugo – E vai.
Aqui em São Paulo o que não falta são oportunidades. (sério) Agora tem uma coisa que eu preciso te contar.
Roberto – E
pela sua cara não é nada bom.
Hugo – Ai vai
depender da sua cabeça.
Roberto – Como
assim? O que está acontecendo?
Hugo – Roberto,
eu não tenho o trabalho que minha família acha que eu tenho aqui em São Paulo.
Meu negócio é outra coisa.
Roberto – Tudo
bem. Mas o que isso tem demais?
Hugo – Muito. Eu
trabalho na noite. E às vezes durante o dia também... Eu sou Acompanhante de
Luxo.
Roberto – Acompanhante
de luxo? O que é exatamente isso?
Hugo – Em outras
palavras eu sou um Garoto de Programa. Meu trabalho e dar prazer e o meu
negócio é o sexo.
Roberto – Você
é um prostituto? Você vende o seu corpo? Mas por quê? Se sua família descobre,
eles te matam. Como você tem coragem de fazer isso.
Hugo – É um
mundo onde o dinheiro entra fácil. Faço muito dinheiro na noite. Você não faz
idéia de quanto eu ganho com um cliente por noite.
Roberto – Cliente...
Mulheres?
Hugo – Mulheres,
homens e até casais. Essa profissão não tem classificação. Somos como cameleões.
Devemos nos adaptar a todo tipo de cliente.
Roberto – Então
você transa com homens por dinheiro? E com consegue isso? Ou vai me dizer
que...
Hugo – Que eu
sou gay? Não... Eu vendo o meu corpo e o cliente que paga tem o direito de ter
o que comprou. Na cama eu sou apenas um pedaço de carne. Não existe sentimento
ali. O engraçado é que eu nem mesmo sei o que é ter um sentimento verdadeiro na
cama.
Roberto – Sinceramente
eu estou surpreso com tudo isso. Eu jamais poderia imaginar isso de você. Mas
tudo bem. Não vai ser eu que vou te julgar. Cada um sabe o que faz de sua vida.
Hugo – Era
exatamente isso que esperava de você. Obrigado pela compreensão. Agora se
arruma que hoje eu vou te mostrar a noite paulistana.
Close no rosto de Hugo, sorrindo.
Música: Dragonette - Let The Night Fall
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Cena 14 – Externa/São Paulo/Noite
Uma deslumbrante visão da cidade, completamente
iluminada. Um passeio pela Avenida Paulista, fechando na frente de uma boate,
qualquer, da cidade. Uma grande concentração na frente.
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Cena 15 – Boate/Int./Noite
Música em alto som. Pessoas bem vestidas e
dançando. Luzes de neon, bebidas e DJs. Logo encontramos Roberto e Hugo
entrando na festa. Roberto com um olhar deslumbrado.
Hugo (alto) – Bem vindo à capital das baladas.
Vemos mulheres dançando em coreografias
sensuais e ousadas.
Roberto (alto) – Isso aqui é muito bom. Sente só essa música.
Hugo (alto) – Então aproveita meu amigo... Vamos dançar que a noite é nossa.
Os dois partem para o meio da pista de dança.
Logo já os vemos dançando com algumas garotas. Em seguida vemos Roberto bebendo
e logo depois beijando uma garota. Hugo coloca algo em sua boca. É uma droga
alucinógena. Depois o vemos de olhos fechados sentindo a vibração da música.
Corta
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Cenas de Passagem de tempo...
Vemos pessoas caminhando. Por do sol e nascer
do sol. Trânsito de veículos. Imagens do alto de São Paulo. Parque Ibirapuera e
depois Avenida Paulista.
Lê: Dias depois...
Música cessa aqui
Corta para:
Cena 16 – Apartamento de Hugo/Sala/Dia
Hugo está deitado no sofá. Roberto entra no
apartamento. Percebe-se a empolgação em seu semblante.
Roberto – Eu
consegui! A vaga de emprego é minha.
Hugo – Ai
garoto. Meus parabéns! Eu te disse que aqui você teria sucesso.
Roberto – Sinto
que minha vida só vai fluir de agora em diante. Nada poderá me impedir. Nada.
Hugo – Que os
anjos digam amém!
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Cena 17 – Bauru/Rua/Dia
Abre a cena com uma imagem aérea da cidade...
Corte de cena... Ponto de ônibus. Vemos algumas pessoas esperando o ônibus,
incluindo Geraldo (pai de Roberto). O ônibus chega e os passageiros embarcam. A
CAM acompanha Geraldo dentro do ônibus. Vemos ele pagando a passagem e em
seguida sentando em um banco próximo ao cobrador.
Há um corte de cena... Logo vemos um homem de
boné se levantando do fundo do ônibus e sacando um revólver em direção ao
cobrador.
Homem – Passa
tudo o que tem aí. (aos passageiros) E
vocês também. Eu quero dinheiro, celulares e jóias. Colaborem ou eu atiro em
todo mundo.
Percebemos o pânico dentro do ônibus. A CAM
foca em Geraldo, que fica sério.
O homem fica de frente ao cobrador, que recolhe
o dinheiro da gavetinha.
Geraldo se levanta e agarra o homem. Ambos se
jogam no corredor do ônibus. Geraldo acaba levando um soco no nariz e larga o
assaltante, que se levanta e mira em Geraldo.
Homem – Filho da
mãe!
Em uma imagem de fora do ônibus, vemos através
da janela o homem disparar três vezes contra Geraldo.
Cena muda a partir de agora. Jogo de imagens em
sequência, em que vemos o rosto do Assaltante. Em seguida vemos o corpo de
Geraldo com três furos: dois no peito esquerdo, outro na barriga. Sangue
espalhando pelo corredor. O rosto das pessoas chocadas com a cena.
Corta
para:
Cena 18 – Apartamento de Hugo/Sala/Dia
Início de cena na fachada do prédio... Dá para
ouvir o som do telefone tocando... Corte de cena... Roberto está sentado no
sofá lendo um livro. Telefone continua a tocar. Ao fundo, vemos Hugo atendendo.
A Imagem fica neste mesmo ângulo. Roberto sentado no sofá e Hugo ao fundo.
Hugo – Alô! Quem
fala?
Depois de alguns segundos. Vemos Hugo vindo em
direção à Roberto com o telefone em mãos.
Hugo (sério) – É para você!
Roberto – Para
mim? Quem é?
Hugo – É melhor
atender.
Roberto pega o telefone. Ele pressente que há
algo de errado. Fica tenso.
Roberto – Alô!
Telefone (só ouvimos a voz) – Roberto? Sou eu, Gisele. Sua mãe pediu para te comunicar. Ela
está muito arrasada e precisando de você.
Roberto – O
que aconteceu Gisele?
Telefone (só a voz) – É o seu
pai. Ele reagiu a um assalto e foi baleado. Ele está morto.
Vemos a expressão mudar no rosto de Roberto,
que lentamente vai tirando o telefone do ouvido e mirando o nada.
A imagem
fica em preto em branco e termina o capítulo.
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