CENA 01. APARTAMENTO DE
ALBERICO. SUÍTE DE CARMINHA. INTERIOR. DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR.
CARMINHA
EXULTA. JAMIL COM TOM SUAVE, TENTA CONVENCER.
JAMIL – Calma. Ela errou,
mas pagou por isso. Eu preciso ajudar ela, meu amor. E vocês tão precisando de
grana nessa casa. Não custa unir o útil ao necessário.
CARMINHA
PENSA POR ALGUNS INSTANTES.
CARMINHA –
Não sei se isso é uma boa idéia.
JAMIL – Por favor. Pelo
menos dá um voto de confiança e conheça a Juliana. Depois de você conhecer ela,
eu tenho certeza que essa sua resistência vai cair. Ela é um amor de pessoa.
CARMINHA
PENSATIVA.
CARMINHA –
Tudo bem. Pode marcar com a Juliana. Se você confia, eu posso tentar confiar
também. Mas você vai ter que me explicar direitinho o que essa moça fez para
ficar quinze anos trancafiada em uma cadeia.
JAMIL
CONCORDA E COMEÇA A FALAR EM OFF. ELE CONTANDO E CARMINHA PRESTANDO ATENÇÃO.
NELES.
CORTA PARA:
CENA 02. RIO DE JANEIRO.
EXTERIOR. NOITE
O
RIO DE JANEIRO LUMINOSO EM ÂNGULO SUPERIOR. SONOPLASTIA:“FARRA,
PINGA E FOGUETE” – BRUNO E BARRETTO. CORTES DAS PAISAGENS LITORÂNEAS DA CAPITAL, SOL
SE PONDO NO HORIZONTE E LOGO SURGINDO A LUA CHEIA NO CÉU. TRÃNSITO
CONGESTIONADO NAS AVENIDAS. ÚLTIMO TAKE NA MANSÃO DA FAMÍLIA LINHARES. SONOPLASTIA
OFF.
CORTA PARA:
CENA 03. MANSÃO FAMÍLIA LINHARES. SALA DE JANTAR.
INTERIOR. NOITE
MESA
FARTA POSTA. À CABECEIRA ESTÁ FRANKLIN, AO LADO, CELINA, CADÚ E BRUNO. JANTAM.
CONVERSA À MEIA.
CADÚ – Essa comida da Matilde continua uma delícia.
BRUNO – Cê tem que ver agora que ela implantou umas
comidinhas de boteco.
CADÚ – Olha só! Revolução na alimentação dos Fraga
Linhares. Porque antes, a mamãe não podia nem ouvir falar de comida de boteco que
tinha alergia (Ri).
CELINA – Ainda estou em fase de adaptação. Não acho que
comer aipim frito e bolinho de bacalhau no jantar, seja algo tão agradável
assim. Prefiro minha vitela.
CELINA DÁ
UMA GARFADA.
FRANKLIN – Sua mãe acha chique fazer jantar de gala todas
as noites.
CADÚ – Ih, mãe. Esse tempo já foi.
CELINA – (Lamenta) Infelizmente. Como tudo o que é bom,
nesse país, é boicotado!
CADÚ E
BRUNO RIEM.
FRANKLIN – Mas então, Cadú. O que nós vamos fazer em
relação ao seu futuro?
CADÚ – Como assim, pai?
BRUNO
SE ENTREOLHA COM CELINA.
CELINA – O que o seu pai
quer dizer é que você agora de volta ao Brasil, tem que dar seguimento à sua
carreira.
ANTES
QUE CADÚ FALE, FRANKLIN SE ADIANTA.
FRANKLIN – Mas é óbvio que você vai trabalhar comigo no
escritório. Eu quero você ao meu lado, nas causas. Você é um excelente
profissional, foi talhado para ser um vencedor.
BRUNO – (Debochado) Quanto otimismo! (Comemora) Uhul!
CADÚ – Pai, eu./
CELINA – Meu filho, eu sei que passou pela sua cabeça
essa história absurda de largar o Direito e se dedicar à sabe-se lá o que, mas
você não tem mais idade para essas bobagens. Você não é um adolescente tardio.
Já foi essa fase, Cadú. Deixe as imbecilidades para o seu irmão.
BRUNO – Nossa. Como você acredita no meu potencial, mãe.
Tô feliz, viu!
CELINA
FAZ CARA FEIA PARA BRUNO. CADÚ SUSPIRA.
FRANKLIN – Nós vamos amanhã ao escritório e já te deixo à
par de tudo. Deixo você escolher os processos.
CADÚ – Pai. Eu não sei.
FRANKLIN – Trabalha três dias por semana no escritório e o
restante é livre para você fazer o que quiser, Cadú. Não estou privando os seus
hobbies, mas matenha trabalho de homem! Não aceito não como resposta!
CADÚ
VENCIDO, CONCORDA. CELINA E FRANKLIN SE ENTREOLHAM. ELA SORRI.
CELINA – Ah, meu filho. Até que você ter voltado não foi
tão ruim assim. Aqui você vai ter o seu pai e a mim te auxiliando. Não vamos
deixar você nunca fazer essas loucuras. Fica tranquilo, meu amor.
CELINA
SORRIDENTE. BRUNO NEGA COM A CABEÇA EM UM RISO DEBOCHADO. CADÚ FRUSTRADO. NELE.
CORTA PARA:
CENA 04. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI. SALA DE JANTAR.
INTERIOR. NOITE
DANTE E
AMANDA JANTAM, EM SILÊNCIO. AMANDA NERVOSA, DISTANTE. DANTE PERCEBE.
DANTE – Amanda, o que tá acontecendo?
AMANDA – (Desperta)
Acontecendo de que?
DANTE – Você vai me falar
o que tá acontecendo ou não?!
AMANDA – (Nervosa) Ai,
Dante, pelo amor de Deus! Papo chato á essa hora não! Me erra! Já tô com
problemas demais!
AMANDA
SE LEVANTA E SAI. DANTE PENSATIVO.
DANTE – Ela tá me
escondendo alguma coisa!
NELE.
CORTA PARA:
CENA 05. MANSÃO FAMÍLIA
PRATINI. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
AMANDA
SAI DA PORTA PRINCIPAL DA MANSÃO. CLIMA DE TENSÃO. ELA ANDA POR ALI. O
MOTORISTA FAZ SINAL PARA ELA, EM UM CANTO LATERAL. ELA OLHA PARA OS LADOS E VAI
AO SEU ENCONTRO.
AMANDA – Então, Josué?
Conseguiu o que eu pedi?!
JOSUÉ – Claro, dona
Amanda. Tá aqui o que a senhora encomendou. Foi dificil, tive que conseguir
na./
AMANDA – (Corta) Não me
importa onde você conseguiu, não quero saber. Me entrega logo!
JOSUÉ
ENTREGA O PACOTE PARA AMANDA, QUE ABRE. FREEZE NAS BOLSINHAS COM PÓ BRANCO.
AMANDA SORRI.
AMANDA – Cocaína?
JOSUÉ – (Ri) Purinha! Me
controlei pra não chapar dentro do carro.
JOSUÉ
RI. AMANDA SEGUE A RISADA E OLHA PARA OS SAQUINHOS COM A DROGA.
AMANDA – (Pensa alto) Agora
eu quero ver se você volta ou não volta de onde você veio, amore!
AMANDA
ENCARA O MOTORISTA E FICA SÉRIA. JOSUÉ PARA DE RIR. EM AMANDA, VITORIOSA.
CORTA PARA:
CENA 06.
RIO DE JANEIRO. RESTAURANTE. INTERIOR. NOITE
ABRE EM PLANO ABERTO DE UM RESTAURANTE FINO,
REQUINTADO. MESAS DISPOSTAS EM UM AMBIENTE COM BAIXA ILUMINAÇÃO. EM UMA MESA,
ESTÁ ALBERICO E UM HOMEM, GORDO, CALVO. CONVERSA JÁ INICIADA.
HOMEM – Alberico,
eu não estou realmente interessado em nenhum projeto que você tenha a me
propor.
ALBERICO – Pensa
Goulart. Essa idéia do criatório de rãs é uma maravilha!
GOULART –
Alberico, nós não estamos mais em 1978.
ALBERICO – Mas os
gostos pelo exótico continuam em alta. Poderíamos criar rãs e distribuir a
carne para os restaurantes especializados.
GOULART NEGA COM A CABEÇA.
GOULART – Não.
De verdade, isso não me interessa nenhum pouco. Já tenho os meus
empreendimentos. Não vou cair em nenhuma cilada disfarçada de negócios.
ALBERICO ENTRISTECIDO.
GOULART –
Alberico, se você quiser, posso lhe emprestar um dinheiro. Valor baixo e cobro
um jurinho. Mas é melhor do que nada.
ALBERICO SORRI AMARELO.
ALBERICO – Então
você não desacredita completamente da minha idéia.
GOULART –
Desacredito. Continuo não levando fé nesse seu projeto tão... Peculiar. Mas eu
empresto esse dinheiro como forma de amizade. Somos conhecidos há anos e sei
que seus empreendimentos sempre afundaram. Alberico você não tem tino para os
negócios, homem!
ALBERICO CHATEADO CONCORDA.
ALBERICO –
Concordo que dei azar na vida, mas eu tenho faro quando reconheço um bom
projeto.
GOULART RI.
GOULART –
Façamos assim, eu empresto o dinheiro e você me paga com um pequeno acréscimo
daqui uns três meses. Tudo bem pra você?
ALBERICO MEIO À CONTRAGOSTO CONCORDA.
ALBERICO – Tudo
bem, Goulart. Eu aceito. Melhor que nada, não é verdade?
GOULART ASSENTE QUE SIM. CONTINUA O JANTAR.
ALBERICO SORRI AMARELO E VOLTA PARA O SEU PRATO.
CORTA
PARA:
CENA 07. MANSÃO FAMÍLIA
PRATINI. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
Continuação
cena 05/ Cap. 04.
AMANDA E JOSUÉ NO JARDIM.
AMANDA –
Ninguém pode saber que você me conseguiu essa droga, tá me entendendo?
JOSUÉ – Claro,
dona Amanda. Nunca ninguém vai saber que a senhora me pediu isso.
AMANDA – Ótimo
então. Vai, tá dispensado por hoje e tira o dia de folga amanhã. (Sorri) Sua
recompensa!
JOSUÉ –
(Sorri) Valeu, dona Amanda. Boa noite.
JOSUÉ SAI. AMANDA ESCONDE OS SAQUINHOS COM A
COCAÍNA NO DECOTE E ENTRA NA MANSÃO.
CORTA
PARA:
CENA 08.
MANSÃO FAMÍLIA PRATINI. SALA. INTERIOR. NOITE
AMANDA ENTRA NA SALA. DANTE ALI.
DANTE –
Fazendo o que há essa hora na rua?
AMANDA – Nossa,
tá chato hoje hein! Vai controlar até a hora que eu resolvo ir ao banheiro?
Nunca foi de me controlar, porque isso agora? Vai dizer que se apaixonou por
mim?!
DANTE DESCONFORTÁVEL. AMANDA SOBE AS ESCADAS.
AMANDA – Eu vou
sair agora.
DANTE – Sair?
AMANDA ENCARA DANTE E CONTINUA SUBINDO AS ESCADAS.
DANTE CADA VEZ MAIS DESCONFIADO.
DANTE – Isso
tá ficando cada vez mais estranho!
NELE, PENSATIVO.
CORTA
PARA:
CENA 09.
MANSÃO FAMÍLIA LINHARES. SUÍTE DE CELINA. INTERIOR. NOITE
AMBIENTE AMPLO, MÓVEIS REQUINTADOS E TRADICIONAIS,
TUDO EM MADEIRA, MUITO BONITO. ILUMINADO APENAS POR UM ABAJÚR. DO CLOSET, VEM
UMA MULHER, ESTATURA BAIXA, CABELOS LISOS, PELO OMBRO. ELA COM UM VESTIDO
VERDE, DE PEDRARIAS, À FRENTE DO CORPO. VAI ATÉ O GRANDE ESPELHO E COLOCA EM
SUA FRENTE. SORRI, DESLUMBRANTE. A PORTA SE ABRE E CELINA ENTRA. AS DUAS SE
ENCARAM.
CELINA –
Natália?!
NATÁLIA OLHA PARA A PATROA, ABAIXANDO O VESTIDO.
NATÁLIA –
Desculpa dona Celina. Eu vim aqui separar o seu vestido para a festa do
Comendador e./
CELINA – Ok.
Não precisa se explicar.
CELINA PEGA O VESTIDO DAS MÃOS DA EMPREGADA E
SORRI.
CELINA – Ele é
lindo, não é mesmo?
NATÁLIA –
(Deslumbra) Muito. (Encara Celina) A senhora vai ficar deslumbrante nele, como
sempre.
CELINA SORRI E ENCARA NATÁLIA.
CELINA – Você
gostaria de ter um desses?
NATÁLIA –
(Simples) Quê isso, dona Celina. Eu nunca iria conseguir comprar um desses tão
chiques e tão caros, como a senhora tem.
CELINA – Não
falo de comprar, sua lesada. Falo de ter. Gostaria?
NATÁLIA – Claro.
Que mulher não gostaria?
CELINA A ENCARA, VAI ATÉ O CLOSET E LHE TRAZ OUTRO
VESTIDO, PRETO, TAMBÉM COM PEDRARIAS. ENTREGA A EMPREGADA.
CELINA – Toma
esse aqui. Experimenta e me diga se ficar bom. Acho que fazendo alguns ajustes,
dá no seu corpo.
NATÁLIA –
(Discorda) Não, dona Celina. Eu não posso aceitar, me desculpa, mas é demais
pra mim!
CELINA – Eu não
estou perguntando se você quer. Eu estou mandando que você pegue esse vestido.
NATÁLIA PEGA O VESTIDO, SEUS OLHOS BRILHAM. SORRI,
EMOCIONADA.
NATÁLIA –
Obrigada.
CELINA – Não me
agradeça. É um favor que você me faz. Já tinha cansado de ver ele no meu
closet. (Ri) De três coleções passadas.
CELINA RI, HUMILHANDO. NATÁLIA NEM LIGA E ABRAÇA-SE
AO VESTIDO. CELINA ENCARA IRÔNICA.
CORTA
PARA:
CENA 10. MANSÃO
FAMÍLIA LINHARES. SALA. INTERIOR. NOITE
CELINA DESCENDO AS ESCADAS, COM O VESTIDO VERDE DA
CENA ANTERIOR. CABELOS EM UM COQUE. FRANKLIN, ESPERANDO AOS PÉS DA ESCADA, COM
SMOKING. ELE VISLUMBRA.
FRANKLIN –
(Aplaude) Impressionante!
CELINA –
(Sorri) Vou encarar como um elogio!
FRANKLIN SORRI, A PEGA NA MÃO E DÁ UM BEIJO. CELINA
GOSTA. DA ESCADA, DESCE CADÚ, TAMBÉM DE SMOKING.
CADÚ – Não
vejo vantagem em ir a uma festa no mesmo dia que chego ao Brasil.
CELINA – Não é
questão de ver vantagens, Cadú. Aproveite a noite. Deixa de ser tão ranzinza.
CADÚ – Só não
estou em clima de festa.
FRANKLIN – Lá vai
ter várias motivações para você entrar no clima.
CELINA – Eu
mesmo tenho umas mulheres bem impressionantes para te apresentar.
CADÚ – Mãe,
não vai me constranger na frente de ninguém. Já sou bem grandinho para passar
vergonha com isso.
CELINA RI E BATE NO OMBRO DO FILHO.
CELINA – Vai.
Desmancha esse bode e vamos aproveitar a festa do Comendador.
CADÚ – (Bufa)
Fazer o que...
CADÚ CONCORDA E SAEM. NATÁLIA DESCE AS ESCADAS,
MISTERIOSA, OLHA PARA A DIREÇÃO QUE ELES SAÍRAM, MISTERIOSA. FECHA NELA.
FADE-OUT.
CORTA
PARA:
CENA 11.
RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
RÁPIDOS TAKES DA CIDADE. SONOPLASTIA: “GRILOS” – MARINA MACHADO E SAMUEL ROSA. TAKES
DA PRAIA DE COPACABANA.
CORTA
PARA:
CENA 12.
COPACABANA. QUIOSQUE. EXTERIOR. NOITE
CALÇADÃO MOVIMENTADO À NOITE. JAMIL CHEGA COM
CARMINHA. JULIANA ESPERANDO, LEVANTA-SE AO VER O AMIGO. JULIANA SORRI. SONOPLASTIA
OFF.
JAMIL – Boa
noite, Jú!
JULIANA – Boa
noite. Pensei quem nem vinham mais. (Cumprimenta Carminha) Você então é a
famosa Carminha, o bendito fruto.
CARMINHA – (Ri)
Bendito fruto? Que história é essa?
JULIANA – Ah, se
você soubesse o quanto esse homem fala de você!
JAMIL – Menos,
Jú! Não exagera.
JULIANA – Qual é
Jamil! Tá de quatro pela Carminha. Nunca te vi assim por mulher nenhuma.
Parabéns, você é mais bonita do que ele contou. Boa escolha, irmão!
OS DOIS RIEM. CARMINHA SORRI.
CARMINHA –
Obrigada, Juliana.
JULIANA – Vamos
sentar?
ELES ASSENTEM E SENTAM-SE. CONVERSA INICIA EM OFF.
JAMIL FAZ GESTO PARA O GARÇOM. FAZEM O PEDIDO.
CORTA
PARA:
CENA 13.
APARTAMENTO DE ALBERICO. SALA. INTERIOR. NOITE
EDGAR E ÁUREA VEM DA DIREÇÃO DA SALA DE JANTAR.
PAULINA SENTADA NO SOFÁ, TROCANDO O CANAL.
ÁUREA –
(Escárnio) A empregada aboletada no sofá vendo televisão, enquanto a dona da
casa tira a mesa, mas esse mundo tá de pernas pro ar mesmo.
PAULINA – A
senhora tá falando comigo?
ÁUREA – Existe
outra desavisada nessa sala a não ser você?
PAULINA – Existe
a senhora só.
ÁUREA IRRITADA, BUFA. EDGAR RI.
EDGAR – Viu.
Até ela sabe que você é uma desocupada, Áurea!
ÁUREA – Como é
que é, Edgar? Você tá me chamando de desocupada? Eu sou casada com você!
EDGAR – E daí?
Só por isso, agora vou esconder que você é uma dondoca fútil que não faz nada o
dia inteiro?
ÁUREA EXTREMAMENTE CHOCADA. EDGAR SENTA-SE AO LADO
DE PAULINA, QUE OLHA PENALIZADA PARA ÁUREA, QUE ESTÁ COM LÁGRIMAS NOS OLHOS.
PAULINA –
(Levanta) Com licença.
PAULINA SAI DA SALA. ÁUREA FICA ENCARANDO EDGAR,
COM LÁGRIMAS NOS OLHOS.
ÁUREA – Você
não me dá valor, Edgar. Você só me humilha! Até diante de uma empregadinha!
EDGAR – Pois
saiba que até a Paulina tem mais serventia que você.
ÁUREA MAIS CHOCADA AINDA. EDGAR BUFA E COMEÇA A
TROCAR O CANAL NA TV. EM ÁUREA.
CORTA
PARA:
CENA 14.
APARTAMENTO DE ALBERICO. COZINHA. INTERIOR. NOITE
FÁTIMA TIRANDO A LOUÇA DA MESA. PAULINA ENTRA NO
LOCAL.
PAULINA – Vim
ajudar a senhora com a louça.
FÁTIMA – Que
milagre é esse, Paulina?
PAULINA – Até
nem queria né, não fazia muita questão, mas com o climão que tá lá na sala
entre a dona Áurea e o seu Edgar, prefiro encarar uma pia cheia de louça suja.
FÁTIMA FICA PENSATIVA.
FÁTIMA – A
minha filha não merece esse homem. A Áurea tem os seus defeitos e tudo mais,
nós sabemos como ela é. Mas ela ainda não merecia ficar com o Edgar. Ele
humilha a coitada, faz de gato e sapato e se bobear até trai a minha filha.
Coitada!
PAULINA – E a
senhora já falou isso pra ela?
FÁTIMA – Não.
Mas você acha que ela não percebe? A Áurea é daquelas mulheres que não
desmancham o casamento por causa do que os outros vão pensar, vão falar. Nem
parece a minha filha.
PAULINA ENCARA FÁTIMA, PENALIZADA.
CORTA
PARA:
CENA 15.
PRÉDIO DE JULIANA. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
UM TÁXI ESTACIONA ALI. DE DENTRO, SALTA AMANDA, COM
UMA PERUCA CHANNEL. ELA SE APROXIMA DA PORTARIA COM SUA BOLSA Á TIRACOLO.
AMANDA – (Ao
porteiro/ Força sotaque mineiro) Boa noite.
PORTEIRO –
(Desconfiado) Boa noite.
AMANDA – É aqui
que mora a Juliana da Silva, né? Eu sou amiga dela. Vim fazer uma visita.
PORTEIRO – Dona
Juliana saiu. Não tá em casa não.
AMANDA – Poxa,
que pena. Eu vim de Minas agorinha, tinha um presente pra ela. Pra entregar.
Vim de longe demais da conta.
PORTEIRO – É,
infelizmente ela não está. Deixa comigo, eu entrego.
AMANDA – Ai
moço. Não posso não. Não que eu não confie e o senhor me parece muito honesto,
mas é que é de importância pessoal, não posso deixar nas mãos de qualquer
pessoa, né mesmo?
PORTEIRO –
(Pensativo) Poxa, eu gostaria de ajudar a senhora.
AMANDA – (Faz
charme) Senhorita, moço. Ainda sou nova pra me amarrar... E principalmente
porque ainda não encontrei um moço assim tão bonito como você.
O PORTEIRO RI, FICA SEM GRAÇA. AMANDA SORRI, DÁ UMA
PISCADINHA.
PORTEIRO – Olha,
eu posso ver uma chave reserva pra senhora. Mas é coisa rápida, não pode
demorar. Você entra, deixa o que tem que deixar e daí vai embora. Eu nem
poderia fazer isso, mas a senhora (corrige), a senhorita, me parece uma pessoa
tão honesta.
AMANDA – E sou!
Honestíssima! Juliana é minha amiga de infância. Conheço de uma vida inteira.
O PORTEIRO ASSENTE. AMANDA SORRI, FALSA.
CORTA
PARA:
CENA 16.
APARTAMENTO DE JULIANA. SALA. INTERIOR. NOITE
BARULHO DE CHAVES ABRINDO A PORTA. AMBIENTE ESCURO.
A PORTA ABRE E A LUZ ACENDE.
PORTEIRO –
(Segura a porta) Pode entrar, é aqui.
AMANDA ENTRA E OLHA EM VOLTA.
AMANDA – Ai uma
graça esse apartamentinho da Jú. Coisa fofa mesmo. Posso deixar meu presente
pra ela lá no quarto? É porque é surpresa, sabe?
PORTEIRO – Claro.
Mas não demore. Fico aqui esperando você.
AMANDA –
Gradicida.
AMANDA ENTRA PELO APARTAMENTO.
CORTA
PARA:
CENA 17.
APARTAMENTO DE JULIANA. QUARTO. INTERIOR. NOITE
CÔMODO SIMPLES, CAMA DE CASAL, ROUPEIRO, TUDO BEM
LIMPINHO. AMANDA ENTRA. OLHA EM VOLTA.
AMANDA – Que
coisa mais cafona. Bem a cara da songa-monga.
AMANDA VAI ATÉ O ROUPEIRO. ABRE AS PORTAS, POUCAS
ROUPAS. ELA ANALISA.
AMANDA – Só
trapo. Credo.
AMANDA ABRE UMA DAS GAVETAS, DE CALCINHA. ABRE A
BOLSA E TIRA AS TROUXINHAS DE PÓ. COLOCA ENTRE AS ROUPAS ÍNTIMAS DE JULIANA.
SORRI.
CORTA
PARA:
CENA 18.
PRÉDIO DE JULIANA. PORTARIA. INTERIOR. NOITE
AMANDA VEM SEGUINDO COM O PORTEIRO.
AMANDA – Ai,
obrigada, viu. Agradecida demais mesmo. Você salvou uma vida essa noite. Se
considere um herói.
PORTEIRO – Quê
isso, dona. Só fiz o meu trabalho. E pra moças bonitas, isso é um prazer.
AMANDA OLHA PARA ELE E LHE DÁ UM BEIJO NO ROSTO.
ELE FICA EMBASBACADO. ELA DÁ UMA PISCADINHA PRA ELE E SAI, REBOLATIVA. ELE FICA
TODO BOBO.
CORTA
PARA:
CENA 19.
TÁXI. INTERIOR. NOITE
AMANDA AO CELULAR, JÁ SEM A PERUCA CHANNEL.
AMANDA – (Tel.)
Oi, é da polícia? Gostaria de fazer uma denúncia.
FECHA NELA. SORRI.
CORTA PARA:
CENA 20.
PRAIA. QUIOSQUE. INTERIOR. NOITE
JAMIL, JULIANA E CARMINHA BEBEM UMA CERVEJA. UMA
CESTA DE BATATA FRITA SOBRE A MESA. CONVERSA ANIMADA.
JULIANA – Mas o
Jamil não tinha me contado que você era personal de famoso.
CARMINHA – Famoso
não, né. Eles freqüentam a academia e eu auxilio alguns deles a malhar. Já
atendi muita gente da TV sim.
JULIANA –
(Animada) Ai, quem, por exemplo?
CARMINHA – Hum,
ah, eu atendi uma bem famosa esses dias, Camila Pitanga, conhece?
JULIANA –
(Pensativa) Eu não assisto TV faz um bom tempo. É atriz né?
CARMINHA – É sim.
Ótima ela. Um amor!
JAMIL – Mas o
que a Carminha gosta mesmo é de fazer escalada. Já escalou a pedra da Gávea e o
Cristo, acredita?
JULIANA – Nossa,
e não dá medo daquela altura toda? Eu preferia morrer.
CARMINHA RI, DIVERTIDA.
CARMINHA – Gostei
de você, Juliana. Nossa, eu fazia outra idéia antes de te conhecer, mas mudei
minha opinião completamente. (À Jamil) Se você queria me convencer sobre
aquilo, parabéns, você conseguiu.
JULIANA –
Convenceu? Convenceu de que, gente?
JAMIL SE ENTREOLHA COM CARMINHA.
JAMIL – Jú, a
Carminha e eu temos uma proposta para fazer pra você.
CARMINHA – E
espero que você aceite. Pra mim, seria ótimo ter uma companhia.
JULIANA – Eu não
estou entendendo, gente.
JAMIL – Nós
sabemos como é difícil se restabelecer aqui fora, depois de anos trancafiada
dentro de uma cadeia. É difícil conseguir um emprego decente, com carteira
assinada, tudo direitinho e também a moradia. Fora o preconceito das pessoas
que te olham torto.
JULIANA – Sei.
Já senti isso na pele.
CARMINHA – Então.
Eu gostaria muito de te ajudar e gostaria de fazer isso da forma mais básica.
Queria te chamar pra morar lá em casa. Alugar um quarto lá no apartamento da
minha família. É coisa simples, mas vai estar rodeada de amigos e de gente que
está disposta a te ajudar.
JULIANA FICA EMOCIONADA, ENCARA CARMINHA.
JULIANA – Poxa,
sério isso?
CARMINHA – Claro.
Aceita, Juliana?
JULIANA ABRE UM SORRISO. AS DUAS SE ABRAÇAM.
JULIANA –
Agradeço do fundo do meu coração.
CARMINHA – Eu que
te agradeço. Você é uma lição de vida, garota!
AS DUAS SE OLHAM, SORRIEM. JAMIL FELIZ COM A CENA.
JULIANA PEGA NA MÃO DE JAMIL AGRADECE. NA FELICIDADE DELA.
CORTA
PARA:
CENA 21. HÍPICA.
SALÃO. INTERIOR. NOITE
NO SALÃO DE FESTAS DA HÍPICA ROLA UMA FESTA. MÚSICA
CLÁSSICA ROLANDO AO FUNDO. AMBIENTE REFINADO, GARÇONS CIRCULANDO COM BANDEJAS
CHEIAS DE CANAPÉS E TAÇAS DE CHAMPANHE. CONVIDADOS DE BLACK-TIE E MULHERES DE
VESTIDO LONGO. TODOS MUITO FINOS, CONVERSAM ANIMADOS.
CÂM BUSCA CADÚ E CELINA. ANDAM PELO LOCAL.
CELINA –
(Aponta, discreta) Aquela ali é outra amiga, Marilu de Almeida Nóbrega.
Finíssima. Casada com um dos industriais mais tradicionais de São Paulo.
CADÚ ENFADADO, PROCURA ALGUÉM.
CELINA –
Procurando o seu pai? Perda de tempo! Deve estar fazendo negócios nas altas
rodas com os empresários ou jogando pôquer com os amigos.
CELINA VÊ POR ALI UMA MULHER ALTA, NÃO MUITO
BONITA, CABELOS AMARRADOS EM UMA TRANÇA EXTENSA. ELA APONTA, DISCRETA.
CELINA – Cadú,
ali a mulher que eu gostaria que você conhecesse.
CADÚ – Ah,
mãe. Por favor, não começa.
CELINA – Mais
educação, Carlos Eduardo! Vem!
CADÚ – Não,
mãe. Por favor.
CELINA – Vem
logo. Dois minutos não vão matar ninguém e vai te deixar mais educado.
CELINA ARRASTA CADÚ EM DIREÇÃO Á MOÇA DESCRITA.
CELINA – Maria
Lúcia?
MARIA LÚCIA SE VIRA. ENCARA CELINA, CUMPRIMENTA.
MARIA
LÚCIA – Celina Fraga, quanto tempo, querida.
CELINA – Nunca
mais nos vimos.
MARIA
LÚCIA – Estive uma temporada em Munique. Fui à casa dos meus pais. Sabia que
eles abriram uma extensão da holding de hotéis internacionais?
CADÚ FAZ CARA DE DESDÉM. MARIA LÚCIA O PERCEBE.
MARIA
LÚCIA – E esse garoto tão bonito. Cresceu tanto.
CADÚ – (Ri)
Os anos passam e isso nem sempre é bom.
MARIA LÚCIA – Pra
você é como se fosse vinho, ficou melhor à medida do tempo.
MARIA LÚCIA E CELINA RIEM. MARIA LÚCIA NÃO TIRA OS
OLHOS DE CADÚ.
CELINA – Cadú,
seja educado.
CADÚ BEIJA A MÃO DE MARIA LÚCIA. ELA FASCINADA. ELE
SORRI AMARELO.
CORTA
PARA:
CENA 22. RIO
DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
EXTERNAS DO RIO À NOITE. SONOPLASTIA: “OF THE NIGHT” – BASTILLE. BARZINHOS Á BEIRA DA PRAIA LOTADOS DE GENTE JOVEM, BEBENDO E SE
DIVERTINDO. TAKES RÁPIDOS DAS ZONAS BOÊMIAS DA CIDADE. TAKES DA LAPA, EM SUA
VIDA NOTURNA.
CORTA
PARA:
CENA 23.
RIO DE JANEIRO. LAPA. RUAS. EXTERIOR. NOITE
CÂM PEGA UMA EXTENSÃO DE UMA DAS PRINCIPAIS RUAS DA
LAPA, REDUTO DA MÚSICA. VÁRIOS BARES ABERTOS EM FILEIRAS. NA RUA, ENTRE A
MULTIDÃO DE JOVENS E DE TODAS AS TRIBOS, LEILA E MARIANA VEM CAMINHANDO, BEBEM
ALGO. CONVERSAM ANIMADAS. LEILA FAZ SINAL PARA ALGUÉM EM FRENTE. DO PV DE
MARIANA: BRUNO, COM ALGUNS AMIGOS, VEM SE APROXIMANDO.
BRUNO – Boa
noite.
LEILA –
Bruneco!
BRUNO SEM JEITO, CUMPRIMENTA LEILA E DÁ UM BEIJO NO
ROSTO DE MARIANA. ELA SORRI.
LEILA – Não
disse que vinha para a Lapa. Poderíamos ter marcado de sair juntos!
BRUNO – Nem
nos falamos mais.
LEILA – Culpa
da Mari. Não nos largamos mais!
MARIANA – (Ri)
Você que não vive sem mim.
BRUNO – Hum,
bom saber disso. (Olha Mariana) Deve ter algo especial em você, porque a Leila
não se apega em qualquer um.
MARIANA FICA SEM GRAÇA. BRUNO FAZ CHARME.
LEILA – Então,
você está com seus amigos aí? Chama eles pra curtir junto. Vamos agora ali numa
casa de salsa.
BRUNO – Salsa?
MARIANA –
Digamos que é pra deixar a noite mais... Caliente.
BRUNO – Gostei
do caliente.
BRUNO RI PARA MARIANA, ELA RETRIBUI. NO CLIMA.
CORTA
PARA:
CENA 24.
LAPA. CASA DE SALSA. PISTA. INTERIOR. NOITE
PISTA LOTADA, CASA CHEIA. MUITOS CASAIS DANÇAM
SALSA. CORTES DESCONTÍNUOS DA TURMA DE AMIGOS POR ALI, ZUANDO, BEBENDO. LEILA
FAZ CHARME, DANÇA PELO SALÃO COM UM DOS AMIGOS DE BRUNO. BRUNO E MARIANA JÁ
FAZEM UM PAR E VÃO DANÇAR TAMBÉM. CORTES DA DANÇA DOS DOIS PELO SALÃO, EM RITMO
ACELERADO. SORRIEM MUITO. ELA DESEQUILIBRA. SONOPLASTIA:
“COOL FOR THE SUMMER” – DEMI LOVATO. SLOW-MOTION:
MARIANA VAI CAIR, MAS BRUNO A SEGURA E A PUXA PARA SI. OS DOIS FICAM BEM
PRÓXIMOS. CLOSES EM SUAS BOCAS E OLHOS. CÂM VOLTA AO RITMO NORMAL.
MARIANA – Me
desculpa. Me desequilibrei.
BRUNO – Desse
jeito eu desequilibro também.
MARIANA RI. BRUNO TAMBÉM. ELE A PUXA PARA SI. OS
DOIS SE BEIJAM ARDENTEMENTE. LEILA ALI POR PERTO, AO VER O BEIJO, BRINCA,
APLAUDE. MARIANA E BRUNO SAEM DO BEIJO. TURMA DOS AMIGOS EM VOLTA, ZUANDO.
MARIANA E BRUNO RIEM E TROCAM MAIS UM SELINHO. MARIANA OLHA BRUNO, FASCINADA.
NOS OLHARES DOS DOIS. SONOPLASTIA OFF.
CORTA
PARA:
CENA 25.
PRÉDIO DE JULIANA. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
O PRÉDIO DE JULIANA ESTÁ COM UMA VIATURA EM FRENTE,
SIRENES LIGADAS E DOIS POLICIAS NA PORTARIA, CONVERSANDO COM O PORTEIRO DA CENA
14. O CARRO POPULAR DE CARMINHA PARA EM FRENTE AO PRÉDIO. DESCEM JULIANA, JAMIL
E CARMINHA.
JAMIL – Ué, é
a polícia. O que será que aconteceu aqui?
ELES VÃO SE APROXIMANDO. O PORTEIRO APONTA NA
DIREÇÃO DELES. OS DOIS POLICIAIS SE VOLTAM PARA O TRIO.
JULIANA – O que
tá acontecendo aqui?
POLICIAL
01 –
Juliana da Silva Matos, é você?
JULIANA –
(Temerosa) Eu mesmo. Mas o que querem comigo?
POLICIAL
02 – Houve uma
denúncia anônima de tráfico de drogas, apontando a senhora como traficante.
JULIANA EXULTA. CARMINHA CHOCADA.
POLICIAL
01 – Nós
gostaríamos de dar uma checada no seu apartamento. Podemos?
CARMINHA – Meu
amigo, não entendo muito de leis, mas acho que vocês não podem revistar a casa
de ninguém sem um mandado judicial, ainda mais à essa hora da noite.
POLICIAL
02 – Isso é
apenas rotina e averiguação de denúncia, senhora.
JAMIL – Isso é
um absurdo!
JULIANA – Deixa,
gente. Quem não deve, não teme. Podem entrar e ver que essa denúncia é uma
mentira!
OS POLICIAIS ASSENTEM. JULIANA PASSA NA FRENTE,
ESCOLTANDO OS DEMAIS.
CORTA
RAPIDAMENTE PARA:
CENA 26.
APARTAMENTO DE JULIANA. SALA. INTERIOR. NOITE
TODOS DA CENA ANTERIOR ENTRAM NO APARTAMENTO. OS
POLICIAIS COMEÇAM A REVISTAR A CASA. CORTES DESCONTÍNUOS. CARMINHA, JAMIL E
JULIANA NO CENTRO DA SALA.
JAMIL – É um
absurdo isso, Juliana.
JULIANA – Eu não
sei quem pode ter feito uma coisas dessas, Jamil.
CARMINHA – Você
não deveria ter os deixado entrarem, Juliana.
UM POLICIAL FAZ SINAL PARA O OUTRO E VAI EM DIREÇÃO
AO QUARTO. TEMPO E ELE VOLTA TRAZENDO AS BOLSINHAS DE PÓ BRANCO, DEIXADOS POR
AMANDA. TENSÃO.
POLICIAL
02 – Cabo
Nelson, olha o que eu encontrei em uma das gavetas da acusada.
ELE MOSTRA AS TROUXINHAS DE COCAÍNA EM MÃOS.
CARMINHA E JAMIL SE ENTREOLHAM. JULIANA COMPLETAMENTE SEM AÇÃO.
JULIANA –
(Desesperada) Eu não sei de quem é isso! Meu Deus, eu não sei!
POLICIAL
01 – Vai
continuar negando que a senhora não é traficante de drogas, dona Juliana?
CLOSES ALTERNADOS DOS PRESENTES. JULIANA
DESESPERADA PASSA A MÃO NO ROSTO. CLOSE FINAL NELA.
CORTA
PARA:
FIM DO
CAPÍTULO 04.
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