segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Capítulo 4: Dancin Days

CENA 01. APARTAMENTO DE ALBERICO. SUÍTE DE CARMINHA. INTERIOR. DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR.
CARMINHA EXULTA. JAMIL COM TOM SUAVE, TENTA CONVENCER.
JAMIL – Calma. Ela errou, mas pagou por isso. Eu preciso ajudar ela, meu amor. E vocês tão precisando de grana nessa casa. Não custa unir o útil ao necessário.
CARMINHA PENSA POR ALGUNS INSTANTES.
CARMINHA – Não sei se isso é uma boa idéia.
JAMIL – Por favor. Pelo menos dá um voto de confiança e conheça a Juliana. Depois de você conhecer ela, eu tenho certeza que essa sua resistência vai cair. Ela é um amor de pessoa.
CARMINHA PENSATIVA.
CARMINHA – Tudo bem. Pode marcar com a Juliana. Se você confia, eu posso tentar confiar também. Mas você vai ter que me explicar direitinho o que essa moça fez para ficar quinze anos trancafiada em uma cadeia.
JAMIL CONCORDA E COMEÇA A FALAR EM OFF. ELE CONTANDO E CARMINHA PRESTANDO ATENÇÃO. NELES.
CORTA PARA:

CENA 02. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
O RIO DE JANEIRO LUMINOSO EM ÂNGULO SUPERIOR. SONOPLASTIA:“FARRA, PINGA E FOGUETE” – BRUNO E BARRETTO. CORTES DAS PAISAGENS LITORÂNEAS DA CAPITAL, SOL SE PONDO NO HORIZONTE E LOGO SURGINDO A LUA CHEIA NO CÉU. TRÃNSITO CONGESTIONADO NAS AVENIDAS. ÚLTIMO TAKE NA MANSÃO DA FAMÍLIA LINHARES. SONOPLASTIA OFF.
CORTA PARA:

CENA 03. MANSÃO FAMÍLIA LINHARES. SALA DE JANTAR. INTERIOR. NOITE
MESA FARTA POSTA. À CABECEIRA ESTÁ FRANKLIN, AO LADO, CELINA, CADÚ E BRUNO. JANTAM. CONVERSA À MEIA.
CADÚ – Essa comida da Matilde continua uma delícia.
BRUNO – Cê tem que ver agora que ela implantou umas comidinhas de boteco.
CADÚ – Olha só! Revolução na alimentação dos Fraga Linhares. Porque antes, a mamãe não podia nem ouvir falar de comida de boteco que tinha alergia (Ri).
CELINA – Ainda estou em fase de adaptação. Não acho que comer aipim frito e bolinho de bacalhau no jantar, seja algo tão agradável assim. Prefiro minha vitela.
CELINA DÁ UMA GARFADA.
FRANKLIN – Sua mãe acha chique fazer jantar de gala todas as noites.
CADÚ – Ih, mãe. Esse tempo já foi.
CELINA – (Lamenta) Infelizmente. Como tudo o que é bom, nesse país, é boicotado!
CADÚ E BRUNO RIEM.
FRANKLIN – Mas então, Cadú. O que nós vamos fazer em relação ao seu futuro?
CADÚ – Como assim, pai?
BRUNO SE ENTREOLHA COM CELINA.
CELINA – O que o seu pai quer dizer é que você agora de volta ao Brasil, tem que dar seguimento à sua carreira.
ANTES QUE CADÚ FALE, FRANKLIN SE ADIANTA.
FRANKLIN – Mas é óbvio que você vai trabalhar comigo no escritório. Eu quero você ao meu lado, nas causas. Você é um excelente profissional, foi talhado para ser um vencedor.
BRUNO – (Debochado) Quanto otimismo! (Comemora) Uhul!
CADÚ – Pai, eu./
CELINA – Meu filho, eu sei que passou pela sua cabeça essa história absurda de largar o Direito e se dedicar à sabe-se lá o que, mas você não tem mais idade para essas bobagens. Você não é um adolescente tardio. Já foi essa fase, Cadú. Deixe as imbecilidades para o seu irmão.
BRUNO – Nossa. Como você acredita no meu potencial, mãe. Tô feliz, viu!
CELINA FAZ CARA FEIA PARA BRUNO. CADÚ SUSPIRA.
FRANKLIN – Nós vamos amanhã ao escritório e já te deixo à par de tudo. Deixo você escolher os processos.
CADÚ – Pai. Eu não sei.
FRANKLIN – Trabalha três dias por semana no escritório e o restante é livre para você fazer o que quiser, Cadú. Não estou privando os seus hobbies, mas matenha trabalho de homem! Não aceito não como resposta!
CADÚ VENCIDO, CONCORDA. CELINA E FRANKLIN SE ENTREOLHAM. ELA SORRI.
CELINA – Ah, meu filho. Até que você ter voltado não foi tão ruim assim. Aqui você vai ter o seu pai e a mim te auxiliando. Não vamos deixar você nunca fazer essas loucuras. Fica tranquilo, meu amor.
CELINA SORRIDENTE. BRUNO NEGA COM A CABEÇA EM UM RISO DEBOCHADO. CADÚ FRUSTRADO. NELE.
CORTA PARA:

CENA 04. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI. SALA DE JANTAR. INTERIOR. NOITE
DANTE E AMANDA JANTAM, EM SILÊNCIO. AMANDA NERVOSA, DISTANTE. DANTE PERCEBE.
DANTE – Amanda, o que tá acontecendo?
AMANDA – (Desperta) Acontecendo de que?
DANTE – Você vai me falar o que tá acontecendo ou não?!
AMANDA – (Nervosa) Ai, Dante, pelo amor de Deus! Papo chato á essa hora não! Me erra! Já tô com problemas demais!
AMANDA SE LEVANTA E SAI. DANTE PENSATIVO.
DANTE – Ela tá me escondendo alguma coisa!
NELE.
CORTA PARA:

CENA 05. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
AMANDA SAI DA PORTA PRINCIPAL DA MANSÃO. CLIMA DE TENSÃO. ELA ANDA POR ALI. O MOTORISTA FAZ SINAL PARA ELA, EM UM CANTO LATERAL. ELA OLHA PARA OS LADOS E VAI AO SEU ENCONTRO.
AMANDA – Então, Josué? Conseguiu o que eu pedi?!
JOSUÉ – Claro, dona Amanda. Tá aqui o que a senhora encomendou. Foi dificil, tive que conseguir na./
AMANDA – (Corta) Não me importa onde você conseguiu, não quero saber. Me entrega logo!
JOSUÉ ENTREGA O PACOTE PARA AMANDA, QUE ABRE. FREEZE NAS BOLSINHAS COM PÓ BRANCO. AMANDA SORRI.
AMANDA – Cocaína?
JOSUÉ – (Ri) Purinha! Me controlei pra não chapar dentro do carro.
JOSUÉ RI. AMANDA SEGUE A RISADA E OLHA PARA OS SAQUINHOS COM A DROGA.
AMANDA – (Pensa alto) Agora eu quero ver se você volta ou não volta de onde você veio, amore!
AMANDA ENCARA O MOTORISTA E FICA SÉRIA. JOSUÉ PARA DE RIR. EM AMANDA, VITORIOSA.
CORTA PARA:

CENA 06. RIO DE JANEIRO. RESTAURANTE. INTERIOR. NOITE
ABRE EM PLANO ABERTO DE UM RESTAURANTE FINO, REQUINTADO. MESAS DISPOSTAS EM UM AMBIENTE COM BAIXA ILUMINAÇÃO. EM UMA MESA, ESTÁ ALBERICO E UM HOMEM, GORDO, CALVO. CONVERSA JÁ INICIADA.
HOMEM – Alberico, eu não estou realmente interessado em nenhum projeto que você tenha a me propor.
ALBERICO – Pensa Goulart. Essa idéia do criatório de rãs é uma maravilha!
GOULART – Alberico, nós não estamos mais em 1978.
ALBERICO – Mas os gostos pelo exótico continuam em alta. Poderíamos criar rãs e distribuir a carne para os restaurantes especializados.
GOULART NEGA COM A CABEÇA.
GOULART – Não. De verdade, isso não me interessa nenhum pouco. Já tenho os meus empreendimentos. Não vou cair em nenhuma cilada disfarçada de negócios.
ALBERICO ENTRISTECIDO.
GOULART – Alberico, se você quiser, posso lhe emprestar um dinheiro. Valor baixo e cobro um jurinho. Mas é melhor do que nada.
ALBERICO SORRI AMARELO.
ALBERICO – Então você não desacredita completamente da minha idéia.
GOULART – Desacredito. Continuo não levando fé nesse seu projeto tão... Peculiar. Mas eu empresto esse dinheiro como forma de amizade. Somos conhecidos há anos e sei que seus empreendimentos sempre afundaram. Alberico você não tem tino para os negócios, homem!
ALBERICO CHATEADO CONCORDA.
ALBERICO – Concordo que dei azar na vida, mas eu tenho faro quando reconheço um bom projeto.
GOULART RI.
GOULART – Façamos assim, eu empresto o dinheiro e você me paga com um pequeno acréscimo daqui uns três meses. Tudo bem pra você?
ALBERICO MEIO À CONTRAGOSTO CONCORDA.
ALBERICO – Tudo bem, Goulart. Eu aceito. Melhor que nada, não é verdade?
GOULART ASSENTE QUE SIM. CONTINUA O JANTAR. ALBERICO SORRI AMARELO E VOLTA PARA O SEU PRATO.
CORTA PARA:

CENA 07. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
Continuação cena 05/ Cap. 04.
AMANDA E JOSUÉ NO JARDIM.
AMANDA – Ninguém pode saber que você me conseguiu essa droga, tá me entendendo?
JOSUÉ – Claro, dona Amanda. Nunca ninguém vai saber que a senhora me pediu isso.
AMANDA – Ótimo então. Vai, tá dispensado por hoje e tira o dia de folga amanhã. (Sorri) Sua recompensa!
JOSUÉ – (Sorri) Valeu, dona Amanda. Boa noite.
JOSUÉ SAI. AMANDA ESCONDE OS SAQUINHOS COM A COCAÍNA NO DECOTE E ENTRA NA MANSÃO.
CORTA PARA:

CENA 08. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI. SALA. INTERIOR. NOITE
AMANDA ENTRA NA SALA. DANTE ALI.
DANTE – Fazendo o que há essa hora na rua?
AMANDA – Nossa, tá chato hoje hein! Vai controlar até a hora que eu resolvo ir ao banheiro? Nunca foi de me controlar, porque isso agora? Vai dizer que se apaixonou por mim?!
DANTE DESCONFORTÁVEL. AMANDA SOBE AS ESCADAS.
AMANDA – Eu vou sair agora.
DANTE – Sair?
AMANDA ENCARA DANTE E CONTINUA SUBINDO AS ESCADAS. DANTE CADA VEZ MAIS DESCONFIADO.
DANTE – Isso tá ficando cada vez mais estranho!
NELE, PENSATIVO.
CORTA PARA:

CENA 09. MANSÃO FAMÍLIA LINHARES. SUÍTE DE CELINA. INTERIOR. NOITE
AMBIENTE AMPLO, MÓVEIS REQUINTADOS E TRADICIONAIS, TUDO EM MADEIRA, MUITO BONITO. ILUMINADO APENAS POR UM ABAJÚR. DO CLOSET, VEM UMA MULHER, ESTATURA BAIXA, CABELOS LISOS, PELO OMBRO. ELA COM UM VESTIDO VERDE, DE PEDRARIAS, À FRENTE DO CORPO. VAI ATÉ O GRANDE ESPELHO E COLOCA EM SUA FRENTE. SORRI, DESLUMBRANTE. A PORTA SE ABRE E CELINA ENTRA. AS DUAS SE ENCARAM.
CELINA – Natália?!
NATÁLIA OLHA PARA A PATROA, ABAIXANDO O VESTIDO.
NATÁLIA – Desculpa dona Celina. Eu vim aqui separar o seu vestido para a festa do Comendador e./
CELINA – Ok. Não precisa se explicar.
CELINA PEGA O VESTIDO DAS MÃOS DA EMPREGADA E SORRI.
CELINA – Ele é lindo, não é mesmo?
NATÁLIA – (Deslumbra) Muito. (Encara Celina) A senhora vai ficar deslumbrante nele, como sempre.
CELINA SORRI E ENCARA NATÁLIA.
CELINA – Você gostaria de ter um desses?
NATÁLIA – (Simples) Quê isso, dona Celina. Eu nunca iria conseguir comprar um desses tão chiques e tão caros, como a senhora tem.
CELINA – Não falo de comprar, sua lesada. Falo de ter. Gostaria?
NATÁLIA – Claro. Que mulher não gostaria?
CELINA A ENCARA, VAI ATÉ O CLOSET E LHE TRAZ OUTRO VESTIDO, PRETO, TAMBÉM COM PEDRARIAS. ENTREGA A EMPREGADA.
CELINA – Toma esse aqui. Experimenta e me diga se ficar bom. Acho que fazendo alguns ajustes, dá no seu corpo.
NATÁLIA – (Discorda) Não, dona Celina. Eu não posso aceitar, me desculpa, mas é demais pra mim!
CELINA – Eu não estou perguntando se você quer. Eu estou mandando que você pegue esse vestido.
NATÁLIA PEGA O VESTIDO, SEUS OLHOS BRILHAM. SORRI, EMOCIONADA.
NATÁLIA – Obrigada.
CELINA – Não me agradeça. É um favor que você me faz. Já tinha cansado de ver ele no meu closet. (Ri) De três coleções passadas.
CELINA RI, HUMILHANDO. NATÁLIA NEM LIGA E ABRAÇA-SE AO VESTIDO. CELINA ENCARA IRÔNICA.
CORTA PARA:

CENA 10. MANSÃO FAMÍLIA LINHARES. SALA. INTERIOR. NOITE
CELINA DESCENDO AS ESCADAS, COM O VESTIDO VERDE DA CENA ANTERIOR. CABELOS EM UM COQUE. FRANKLIN, ESPERANDO AOS PÉS DA ESCADA, COM SMOKING. ELE VISLUMBRA.
FRANKLIN – (Aplaude) Impressionante!
CELINA – (Sorri) Vou encarar como um elogio!
FRANKLIN SORRI, A PEGA NA MÃO E DÁ UM BEIJO. CELINA GOSTA. DA ESCADA, DESCE CADÚ, TAMBÉM DE SMOKING.
CADÚ – Não vejo vantagem em ir a uma festa no mesmo dia que chego ao Brasil.
CELINA – Não é questão de ver vantagens, Cadú. Aproveite a noite. Deixa de ser tão ranzinza.
CADÚ – Só não estou em clima de festa.
FRANKLIN – Lá vai ter várias motivações para você entrar no clima.
CELINA – Eu mesmo tenho umas mulheres bem impressionantes para te apresentar.
CADÚ – Mãe, não vai me constranger na frente de ninguém. Já sou bem grandinho para passar vergonha com isso.
CELINA RI E BATE NO OMBRO DO FILHO.
CELINA – Vai. Desmancha esse bode e vamos aproveitar a festa do Comendador.
CADÚ – (Bufa) Fazer o que...
CADÚ CONCORDA E SAEM. NATÁLIA DESCE AS ESCADAS, MISTERIOSA, OLHA PARA A DIREÇÃO QUE ELES SAÍRAM, MISTERIOSA. FECHA NELA. FADE-OUT.
CORTA PARA:

CENA 11. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
RÁPIDOS TAKES DA CIDADE. SONOPLASTIA: “GRILOS” – MARINA MACHADO E SAMUEL ROSA. TAKES DA PRAIA DE COPACABANA.
CORTA PARA:

CENA 12. COPACABANA. QUIOSQUE. EXTERIOR. NOITE
CALÇADÃO MOVIMENTADO À NOITE. JAMIL CHEGA COM CARMINHA. JULIANA ESPERANDO, LEVANTA-SE AO VER O AMIGO. JULIANA SORRI. SONOPLASTIA OFF.
JAMIL – Boa noite, Jú!
JULIANA – Boa noite. Pensei quem nem vinham mais. (Cumprimenta Carminha) Você então é a famosa Carminha, o bendito fruto.
CARMINHA – (Ri) Bendito fruto? Que história é essa?
JULIANA – Ah, se você soubesse o quanto esse homem fala de você!
JAMIL – Menos, Jú! Não exagera.
JULIANA – Qual é Jamil! Tá de quatro pela Carminha. Nunca te vi assim por mulher nenhuma. Parabéns, você é mais bonita do que ele contou. Boa escolha, irmão!
OS DOIS RIEM. CARMINHA SORRI.
CARMINHA – Obrigada, Juliana.
JULIANA – Vamos sentar?
ELES ASSENTEM E SENTAM-SE. CONVERSA INICIA EM OFF. JAMIL FAZ GESTO PARA O GARÇOM. FAZEM O PEDIDO.
CORTA PARA:

CENA 13. APARTAMENTO DE ALBERICO. SALA. INTERIOR. NOITE
EDGAR E ÁUREA VEM DA DIREÇÃO DA SALA DE JANTAR. PAULINA SENTADA NO SOFÁ, TROCANDO O CANAL.
ÁUREA – (Escárnio) A empregada aboletada no sofá vendo televisão, enquanto a dona da casa tira a mesa, mas esse mundo tá de pernas pro ar mesmo.
PAULINA – A senhora tá falando comigo?
ÁUREA – Existe outra desavisada nessa sala a não ser você?
PAULINA – Existe a senhora só.
ÁUREA IRRITADA, BUFA. EDGAR RI.
EDGAR – Viu. Até ela sabe que você é uma desocupada, Áurea!
ÁUREA – Como é que é, Edgar? Você tá me chamando de desocupada? Eu sou casada com você!
EDGAR – E daí? Só por isso, agora vou esconder que você é uma dondoca fútil que não faz nada o dia inteiro?
ÁUREA EXTREMAMENTE CHOCADA. EDGAR SENTA-SE AO LADO DE PAULINA, QUE OLHA PENALIZADA PARA ÁUREA, QUE ESTÁ COM LÁGRIMAS NOS OLHOS.
PAULINA – (Levanta) Com licença.
PAULINA SAI DA SALA. ÁUREA FICA ENCARANDO EDGAR, COM LÁGRIMAS NOS OLHOS.
ÁUREA – Você não me dá valor, Edgar. Você só me humilha! Até diante de uma empregadinha!
EDGAR – Pois saiba que até a Paulina tem mais serventia que você.
ÁUREA MAIS CHOCADA AINDA. EDGAR BUFA E COMEÇA A TROCAR O CANAL NA TV. EM ÁUREA.
CORTA PARA:

CENA 14. APARTAMENTO DE ALBERICO. COZINHA. INTERIOR. NOITE
FÁTIMA TIRANDO A LOUÇA DA MESA. PAULINA ENTRA NO LOCAL.
PAULINA – Vim ajudar a senhora com a louça.
FÁTIMA – Que milagre é esse, Paulina?
PAULINA – Até nem queria né, não fazia muita questão, mas com o climão que tá lá na sala entre a dona Áurea e o seu Edgar, prefiro encarar uma pia cheia de louça suja.
FÁTIMA FICA PENSATIVA.
FÁTIMA – A minha filha não merece esse homem. A Áurea tem os seus defeitos e tudo mais, nós sabemos como ela é. Mas ela ainda não merecia ficar com o Edgar. Ele humilha a coitada, faz de gato e sapato e se bobear até trai a minha filha. Coitada!
PAULINA – E a senhora já falou isso pra ela?
FÁTIMA – Não. Mas você acha que ela não percebe? A Áurea é daquelas mulheres que não desmancham o casamento por causa do que os outros vão pensar, vão falar. Nem parece a minha filha.
PAULINA ENCARA FÁTIMA, PENALIZADA.
CORTA PARA:

CENA 15. PRÉDIO DE JULIANA. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
UM TÁXI ESTACIONA ALI. DE DENTRO, SALTA AMANDA, COM UMA PERUCA CHANNEL. ELA SE APROXIMA DA PORTARIA COM SUA BOLSA Á TIRACOLO.
AMANDA – (Ao porteiro/ Força sotaque mineiro) Boa noite.
PORTEIRO – (Desconfiado) Boa noite.
AMANDA – É aqui que mora a Juliana da Silva, né? Eu sou amiga dela. Vim fazer uma visita.
PORTEIRO – Dona Juliana saiu. Não tá em casa não.
AMANDA – Poxa, que pena. Eu vim de Minas agorinha, tinha um presente pra ela. Pra entregar. Vim de longe demais da conta.
PORTEIRO – É, infelizmente ela não está. Deixa comigo, eu entrego.
AMANDA – Ai moço. Não posso não. Não que eu não confie e o senhor me parece muito honesto, mas é que é de importância pessoal, não posso deixar nas mãos de qualquer pessoa, né mesmo?
PORTEIRO – (Pensativo) Poxa, eu gostaria de ajudar a senhora.
AMANDA – (Faz charme) Senhorita, moço. Ainda sou nova pra me amarrar... E principalmente porque ainda não encontrei um moço assim tão bonito como você.
O PORTEIRO RI, FICA SEM GRAÇA. AMANDA SORRI, DÁ UMA PISCADINHA.
PORTEIRO – Olha, eu posso ver uma chave reserva pra senhora. Mas é coisa rápida, não pode demorar. Você entra, deixa o que tem que deixar e daí vai embora. Eu nem poderia fazer isso, mas a senhora (corrige), a senhorita, me parece uma pessoa tão honesta.
AMANDA – E sou! Honestíssima! Juliana é minha amiga de infância. Conheço de uma vida inteira.
O PORTEIRO ASSENTE. AMANDA SORRI, FALSA.
CORTA PARA:

CENA 16. APARTAMENTO DE JULIANA. SALA. INTERIOR. NOITE
BARULHO DE CHAVES ABRINDO A PORTA. AMBIENTE ESCURO. A PORTA ABRE E A LUZ ACENDE.
PORTEIRO – (Segura a porta) Pode entrar, é aqui.
AMANDA ENTRA E OLHA EM VOLTA.
AMANDA – Ai uma graça esse apartamentinho da Jú. Coisa fofa mesmo. Posso deixar meu presente pra ela lá no quarto? É porque é surpresa, sabe?
PORTEIRO – Claro. Mas não demore. Fico aqui esperando você.
AMANDA – Gradicida.
AMANDA ENTRA PELO APARTAMENTO.
CORTA PARA:

CENA 17. APARTAMENTO DE JULIANA. QUARTO. INTERIOR. NOITE
CÔMODO SIMPLES, CAMA DE CASAL, ROUPEIRO, TUDO BEM LIMPINHO. AMANDA ENTRA. OLHA EM VOLTA.
AMANDA – Que coisa mais cafona. Bem a cara da songa-monga.
AMANDA VAI ATÉ O ROUPEIRO. ABRE AS PORTAS, POUCAS ROUPAS. ELA ANALISA.
AMANDA – Só trapo. Credo.
AMANDA ABRE UMA DAS GAVETAS, DE CALCINHA. ABRE A BOLSA E TIRA AS TROUXINHAS DE PÓ. COLOCA ENTRE AS ROUPAS ÍNTIMAS DE JULIANA. SORRI.
CORTA PARA:

CENA 18. PRÉDIO DE JULIANA. PORTARIA. INTERIOR. NOITE
AMANDA VEM SEGUINDO COM O PORTEIRO.
AMANDA – Ai, obrigada, viu. Agradecida demais mesmo. Você salvou uma vida essa noite. Se considere um herói.
PORTEIRO – Quê isso, dona. Só fiz o meu trabalho. E pra moças bonitas, isso é um prazer.
AMANDA OLHA PARA ELE E LHE DÁ UM BEIJO NO ROSTO. ELE FICA EMBASBACADO. ELA DÁ UMA PISCADINHA PRA ELE E SAI, REBOLATIVA. ELE FICA TODO BOBO.
CORTA PARA:

CENA 19. TÁXI. INTERIOR. NOITE
AMANDA AO CELULAR, JÁ SEM A PERUCA CHANNEL.
AMANDA – (Tel.) Oi, é da polícia? Gostaria de fazer uma denúncia.
FECHA NELA. SORRI.
CORTA PARA:

CENA 20. PRAIA. QUIOSQUE. INTERIOR. NOITE
JAMIL, JULIANA E CARMINHA BEBEM UMA CERVEJA. UMA CESTA DE BATATA FRITA SOBRE A MESA. CONVERSA ANIMADA.
JULIANA – Mas o Jamil não tinha me contado que você era personal de famoso.
CARMINHA – Famoso não, né. Eles freqüentam a academia e eu auxilio alguns deles a malhar. Já atendi muita gente da TV sim.
JULIANA – (Animada) Ai, quem, por exemplo?
CARMINHA – Hum, ah, eu atendi uma bem famosa esses dias, Camila Pitanga, conhece?
JULIANA – (Pensativa) Eu não assisto TV faz um bom tempo. É atriz né?
CARMINHA – É sim. Ótima ela. Um amor!
JAMIL – Mas o que a Carminha gosta mesmo é de fazer escalada. Já escalou a pedra da Gávea e o Cristo, acredita?
JULIANA – Nossa, e não dá medo daquela altura toda? Eu preferia morrer.
CARMINHA RI, DIVERTIDA.
CARMINHA – Gostei de você, Juliana. Nossa, eu fazia outra idéia antes de te conhecer, mas mudei minha opinião completamente. (À Jamil) Se você queria me convencer sobre aquilo, parabéns, você conseguiu.
JULIANA – Convenceu? Convenceu de que, gente?
JAMIL SE ENTREOLHA COM CARMINHA.
JAMIL – Jú, a Carminha e eu temos uma proposta para fazer pra você.
CARMINHA – E espero que você aceite. Pra mim, seria ótimo ter uma companhia.
JULIANA – Eu não estou entendendo, gente.
JAMIL – Nós sabemos como é difícil se restabelecer aqui fora, depois de anos trancafiada dentro de uma cadeia. É difícil conseguir um emprego decente, com carteira assinada, tudo direitinho e também a moradia. Fora o preconceito das pessoas que te olham torto.
JULIANA – Sei. Já senti isso na pele.
CARMINHA – Então. Eu gostaria muito de te ajudar e gostaria de fazer isso da forma mais básica. Queria te chamar pra morar lá em casa. Alugar um quarto lá no apartamento da minha família. É coisa simples, mas vai estar rodeada de amigos e de gente que está disposta a te ajudar.
JULIANA FICA EMOCIONADA, ENCARA CARMINHA.
JULIANA – Poxa, sério isso?
CARMINHA – Claro. Aceita, Juliana?
JULIANA ABRE UM SORRISO. AS DUAS SE ABRAÇAM.
JULIANA – Agradeço do fundo do meu coração.
CARMINHA – Eu que te agradeço. Você é uma lição de vida, garota!
AS DUAS SE OLHAM, SORRIEM. JAMIL FELIZ COM A CENA. JULIANA PEGA NA MÃO DE JAMIL AGRADECE. NA FELICIDADE DELA.
CORTA PARA:

CENA 21. HÍPICA. SALÃO. INTERIOR. NOITE
NO SALÃO DE FESTAS DA HÍPICA ROLA UMA FESTA. MÚSICA CLÁSSICA ROLANDO AO FUNDO. AMBIENTE REFINADO, GARÇONS CIRCULANDO COM BANDEJAS CHEIAS DE CANAPÉS E TAÇAS DE CHAMPANHE. CONVIDADOS DE BLACK-TIE E MULHERES DE VESTIDO LONGO. TODOS MUITO FINOS, CONVERSAM ANIMADOS.
CÂM BUSCA CADÚ E CELINA. ANDAM PELO LOCAL.
CELINA – (Aponta, discreta) Aquela ali é outra amiga, Marilu de Almeida Nóbrega. Finíssima. Casada com um dos industriais mais tradicionais de São Paulo.
CADÚ ENFADADO, PROCURA ALGUÉM.
CELINA – Procurando o seu pai? Perda de tempo! Deve estar fazendo negócios nas altas rodas com os empresários ou jogando pôquer com os amigos.
CELINA VÊ POR ALI UMA MULHER ALTA, NÃO MUITO BONITA, CABELOS AMARRADOS EM UMA TRANÇA EXTENSA. ELA APONTA, DISCRETA.
CELINA – Cadú, ali a mulher que eu gostaria que você conhecesse.
CADÚ – Ah, mãe. Por favor, não começa.
CELINA – Mais educação, Carlos Eduardo! Vem!
CADÚ – Não, mãe. Por favor.
CELINA – Vem logo. Dois minutos não vão matar ninguém e vai te deixar mais educado.
CELINA ARRASTA CADÚ EM DIREÇÃO Á MOÇA DESCRITA.
CELINA – Maria Lúcia?
MARIA LÚCIA SE VIRA. ENCARA CELINA, CUMPRIMENTA.
MARIA LÚCIA – Celina Fraga, quanto tempo, querida.
CELINA – Nunca mais nos vimos.
MARIA LÚCIA – Estive uma temporada em Munique. Fui à casa dos meus pais. Sabia que eles abriram uma extensão da holding de hotéis internacionais?
CADÚ FAZ CARA DE DESDÉM. MARIA LÚCIA O PERCEBE.
MARIA LÚCIA – E esse garoto tão bonito. Cresceu tanto.
CADÚ – (Ri) Os anos passam e isso nem sempre é bom.
MARIA LÚCIA – Pra você é como se fosse vinho, ficou melhor à medida do tempo.
MARIA LÚCIA E CELINA RIEM. MARIA LÚCIA NÃO TIRA OS OLHOS DE CADÚ.
CELINA – Cadú, seja educado.
CADÚ BEIJA A MÃO DE MARIA LÚCIA. ELA FASCINADA. ELE SORRI AMARELO.
CORTA PARA:

CENA 22. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
EXTERNAS DO RIO À NOITE. SONOPLASTIA: “OF THE NIGHT” – BASTILLE. BARZINHOS Á BEIRA DA PRAIA LOTADOS DE GENTE JOVEM, BEBENDO E SE DIVERTINDO. TAKES RÁPIDOS DAS ZONAS BOÊMIAS DA CIDADE. TAKES DA LAPA, EM SUA VIDA NOTURNA.
CORTA PARA:

CENA 23. RIO DE JANEIRO. LAPA. RUAS. EXTERIOR. NOITE
CÂM PEGA UMA EXTENSÃO DE UMA DAS PRINCIPAIS RUAS DA LAPA, REDUTO DA MÚSICA. VÁRIOS BARES ABERTOS EM FILEIRAS. NA RUA, ENTRE A MULTIDÃO DE JOVENS E DE TODAS AS TRIBOS, LEILA E MARIANA VEM CAMINHANDO, BEBEM ALGO. CONVERSAM ANIMADAS. LEILA FAZ SINAL PARA ALGUÉM EM FRENTE. DO PV DE MARIANA: BRUNO, COM ALGUNS AMIGOS, VEM SE APROXIMANDO.
BRUNO – Boa noite.
LEILA – Bruneco!
BRUNO SEM JEITO, CUMPRIMENTA LEILA E DÁ UM BEIJO NO ROSTO DE MARIANA. ELA SORRI.
LEILA – Não disse que vinha para a Lapa. Poderíamos ter marcado de sair juntos!
BRUNO – Nem nos falamos mais.
LEILA – Culpa da Mari. Não nos largamos mais!
MARIANA – (Ri) Você que não vive sem mim.
BRUNO – Hum, bom saber disso. (Olha Mariana) Deve ter algo especial em você, porque a Leila não se apega em qualquer um.
MARIANA FICA SEM GRAÇA. BRUNO FAZ CHARME.
LEILA – Então, você está com seus amigos aí? Chama eles pra curtir junto. Vamos agora ali numa casa de salsa.
BRUNO – Salsa?
MARIANA – Digamos que é pra deixar a noite mais... Caliente.
BRUNO – Gostei do caliente.
BRUNO RI PARA MARIANA, ELA RETRIBUI. NO CLIMA.
CORTA PARA:

CENA 24. LAPA. CASA DE SALSA. PISTA. INTERIOR. NOITE
PISTA LOTADA, CASA CHEIA. MUITOS CASAIS DANÇAM SALSA. CORTES DESCONTÍNUOS DA TURMA DE AMIGOS POR ALI, ZUANDO, BEBENDO. LEILA FAZ CHARME, DANÇA PELO SALÃO COM UM DOS AMIGOS DE BRUNO. BRUNO E MARIANA JÁ FAZEM UM PAR E VÃO DANÇAR TAMBÉM. CORTES DA DANÇA DOS DOIS PELO SALÃO, EM RITMO ACELERADO. SORRIEM MUITO. ELA DESEQUILIBRA. SONOPLASTIA: “COOL FOR THE SUMMER” – DEMI LOVATO. SLOW-MOTION: MARIANA VAI CAIR, MAS BRUNO A SEGURA E A PUXA PARA SI. OS DOIS FICAM BEM PRÓXIMOS. CLOSES EM SUAS BOCAS E OLHOS. CÂM VOLTA AO RITMO NORMAL.
MARIANA – Me desculpa. Me desequilibrei.
BRUNO – Desse jeito eu desequilibro também.
MARIANA RI. BRUNO TAMBÉM. ELE A PUXA PARA SI. OS DOIS SE BEIJAM ARDENTEMENTE. LEILA ALI POR PERTO, AO VER O BEIJO, BRINCA, APLAUDE. MARIANA E BRUNO SAEM DO BEIJO. TURMA DOS AMIGOS EM VOLTA, ZUANDO. MARIANA E BRUNO RIEM E TROCAM MAIS UM SELINHO. MARIANA OLHA BRUNO, FASCINADA. NOS OLHARES DOS DOIS. SONOPLASTIA OFF.
CORTA PARA:

CENA 25. PRÉDIO DE JULIANA. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
O PRÉDIO DE JULIANA ESTÁ COM UMA VIATURA EM FRENTE, SIRENES LIGADAS E DOIS POLICIAS NA PORTARIA, CONVERSANDO COM O PORTEIRO DA CENA 14. O CARRO POPULAR DE CARMINHA PARA EM FRENTE AO PRÉDIO. DESCEM JULIANA, JAMIL E CARMINHA.
JAMIL – Ué, é a polícia. O que será que aconteceu aqui?
ELES VÃO SE APROXIMANDO. O PORTEIRO APONTA NA DIREÇÃO DELES. OS DOIS POLICIAIS SE VOLTAM PARA O TRIO.
JULIANA – O que tá acontecendo aqui?
POLICIAL 01 – Juliana da Silva Matos, é você?
JULIANA – (Temerosa) Eu mesmo. Mas o que querem comigo?
POLICIAL 02 – Houve uma denúncia anônima de tráfico de drogas, apontando a senhora como traficante.
JULIANA EXULTA. CARMINHA CHOCADA.
POLICIAL 01 – Nós gostaríamos de dar uma checada no seu apartamento. Podemos?
CARMINHA – Meu amigo, não entendo muito de leis, mas acho que vocês não podem revistar a casa de ninguém sem um mandado judicial, ainda mais à essa hora da noite.
POLICIAL 02 – Isso é apenas rotina e averiguação de denúncia, senhora.
JAMIL – Isso é um absurdo!
JULIANA – Deixa, gente. Quem não deve, não teme. Podem entrar e ver que essa denúncia é uma mentira!
OS POLICIAIS ASSENTEM. JULIANA PASSA NA FRENTE, ESCOLTANDO OS DEMAIS.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:

CENA 26. APARTAMENTO DE JULIANA. SALA. INTERIOR. NOITE
TODOS DA CENA ANTERIOR ENTRAM NO APARTAMENTO. OS POLICIAIS COMEÇAM A REVISTAR A CASA. CORTES DESCONTÍNUOS. CARMINHA, JAMIL E JULIANA NO CENTRO DA SALA.
JAMIL – É um absurdo isso, Juliana.
JULIANA – Eu não sei quem pode ter feito uma coisas dessas, Jamil.
CARMINHA – Você não deveria ter os deixado entrarem, Juliana.
UM POLICIAL FAZ SINAL PARA O OUTRO E VAI EM DIREÇÃO AO QUARTO. TEMPO E ELE VOLTA TRAZENDO AS BOLSINHAS DE PÓ BRANCO, DEIXADOS POR AMANDA. TENSÃO.
POLICIAL 02 – Cabo Nelson, olha o que eu encontrei em uma das gavetas da acusada.
ELE MOSTRA AS TROUXINHAS DE COCAÍNA EM MÃOS. CARMINHA E JAMIL SE ENTREOLHAM. JULIANA COMPLETAMENTE SEM AÇÃO.
JULIANA – (Desesperada) Eu não sei de quem é isso! Meu Deus, eu não sei!
POLICIAL 01 – Vai continuar negando que a senhora não é traficante de drogas, dona Juliana?
CLOSES ALTERNADOS DOS PRESENTES. JULIANA DESESPERADA PASSA A MÃO NO ROSTO. CLOSE FINAL NELA.
CORTA PARA:

FIM DO CAPÍTULO 04.

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