CENA 01. BARONESA GLAM. INTERIOR.
DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO
ANTERIOR.
AMANDA ENFURECIDA. JULIANA SACODE A MÃO NO AR, RI.
AS PESSOAS EM VOLTA, CHOCADAS.
JULIANA – Nossa! (Ri) Foi bom!
AMANDA – (Enfurecida) Já acabou,
Jéssica?
JULIANA DEBOCHADA. AMANDA OLHA EM VOLTA.
AMANDA – (Tom) Essa mulher tá louca! Tá
drogada! Alguém chama a polícia pra levar essa maluca!
JULIANA – (Tom mais alto) Maluca eu
fiquei quando eu pensei que podia confiar numa vagabunda igual você. Mas pode
ter certeza que desse mal eu já to vacinada. (De dedo) E da próxima vez que
você ousar fazer mais alguma coisa contra mim, ou tocar essa sua mãozinha suja
na maçaneta da minha casa, você vai se arrepender do dia que você nasceu!
TODOS COCHICHAM. AMANDA COM ÓDIO, LÁGRIMAS NOS
OLHOS.
AMANDA – (Tom baixo) Desgraçada!
JULIANA VAI SAIR, MAS VOLTA.
JULIANA – Ah só mais uma coisa...
JULIANA SE APROXIMA E DÁ OUTRO TAPA EM AMANDA.
AMANDA DESEQUILIBRA E CAI NO CHÃO. AS PESSOAS COMENTAM MAIS.
AMANDA – (Grita) Sua desgraçada!
JULIANA SORRI DEBOCHADA E SAI DO AMBIENTE. TODOS
CHOCADOS. AMANDA COM ÓDIO, NO CHÃO, SENTADA.
AMANDA – Vagabunda! Piranha!
AMANDA OLHA EM VOLTA.
AMANDA – (Berra) Tão olhando o que?
Bando de idiotas!
AMANDA LEVANTA.
AMANDA – Ela vai se arrepender.
E AMANDA SAI DALI, SUBINDO AS ESCADAS PARA O
ESCRITÓRIO. TODOS COMENTANDO A CENA.
CORTA PARA:
CENA 02. BARONESA GLAM.
ESCRITÓRIO. INTERIOR. DIA
AMANDA ENTRA ENFURECIDA, BATE A PORTA. ELA VAI ATÉ
SUA MESA, BATE COM FORÇA. CHORA DE RAIVA.
AMANDA – Maldita! Desgraçada! Mas você
me paga! Vai me pagar caro, sua favelada!
AMANDA ARREMESA UM PORTA-RETRATOS NA PAREDE,
ESTILHAÇA. TROVÕES SÃO OUVIDOS NO CÉU. AMANDA COM ÓDIO. CLOSE EM SEU OLHAR.
CORTA PARA:
CENA 03. PRÉDIO DE ALBERICO.
FRENTE. EXTERIOR. DIA
UM CAMINHÃO DE MUDANÇAS ESTACIONADO EM FRENTE AO
PRÉDIO DE ALBERICO. DOIS ENTREGADORES VÃO DESCENDO ALGUNS MÓVEIS. ENTRE OS
DOIS, UM HOMEM, ALTO, BONITO, CABELOS PRETOS E CACHEADOS. ELE DESCE UM VIOLÃO.
ANIMADO. DO OUTRO LADO DA RUA, VEM SE APROXIMANDO, FÁTIMA E PAULINA, COM
SACOLAS DE MERCADO NAS MÃOS. ELAS OLHAM PARA A MOVIMENTAÇÃO, CURIOSAS.
PAULINA – Ó lá, dona Fátima. Chegou
gente nova na área.
FÁTIMA – É mesmo. Quem será?
PAULINA – Bora chegar junto e descobrir.
FÁTIMA – Que jeito, Paulina! Ir
bisbilhotar a vida dos outros é feio.
PAULINA – Feio é ser o último, a saber,
das novidades. (Puxa o braço) Vem.
PAULINA VEM PUXANDO FÁTIMA. O CARA DO VIOLÃO PERCEBE
AS DUAS.
PAULINA – Bom dia. Morador novo?
HOMEM – Sim. (Estende a mão) Conrado.
Me mudei pro 301.
FÁTIMA – Olha, que coincidência.
Moramos no 302. Vizinhos!
ELES SE CUMPRIMENTAM.
FÁTIMA – (Cumprimenta) Eu sou a Fátima,
e essa é Paulina.
CONRADO – Ótimo. Duas vizinhas
simpáticas. (Olha Fátima) E muito bonitas.
FÁTIMA SE CONSTRANGE. PAULINA FICA CHOCADA COM O
ATREVIMENTO, RI.
CONRADO – Espero que a nossa convivência
seja a melhor.
PAULINA – Ah, mas isso, com certeza.
FÁTIMA CUTUCA PAULINA QUE RI. CONRADO TAMBÉM.
CORTA PARA:
CENA 04. APARTAMENTO DE ALBERICO.
SALA. INTERIOR. DIA
PAULINA E FÁTIMA CHEGAM DA RUA. NINGUÉM NO
AMBIENTE.
FÁTIMA – Você ainda vai me matar de
vergonha, garota!
PAULINA – Mas a senhora não viu? Boy
magia! (Se abana) Meu Deus, manda água que aqui tá quente. Fervo!
PAULINA GARGALHA. FÁTIMA TAMBÉM RI. TROVÕES ECOAM
NO CÉU.
FÁTIMA – Ih, parece que São Pedro ouviu
suas preces.
ELA VAI ATÉ A JANELA E DO SEU PV: O CAMINHÃO
DE MUDANÇAS.
FÁTIMA – Coitado. Vai molhar as coisas
do Conrado.
PAULINA – Porque a senhora não desce e
dá uma mão? Parece que ele gostou muito da senhora.
FÁTIMA – (Constrangida) Me respeita,
sua assanhada. Eu sou casada, tenho respeito pelo Alberico.
PAULINA – Com um cara desses, a última
coisa que nós pensamos é o respeito.
FÁTIMA NEGA COM A CABEÇA, DIVERTIDA. PAULINA RI. EM
FÁTIMA.
CORTA PARA:
CENA 05. APOLLO SPORTING.
INTERIOR. DIA
MÚSICA ELETRÔNICA AMBIENTE. ACADEMIA CHEIA. PESSOAL
JOVEM NOS APARELHOS TREINANDO. ALGUNS CARAS DE VENDO NO ESPELHO. CÂM DETALHA OS
MÚSCULOS TORNEADOS. MULHERES SARADAS CORREM NAS ESTEIRAS OU FAZEM BIKE.
CÂM DESVIA PARA BRUNO LEVANTA UM PESO, ACIMA DO
PEITO. VITÓRIA SE APROXIMA DISCRETA. EM OUTRA PONTA, LEILA E MARIANA CORREM NA
ESTEIRA, A VISÃO DELAS DÁ PARA A ÁREA ONDE BRUNO ESTÁ TREINANDO. DO PV DE
MARIANA: VITÓRIA, PRÓXIMA DE BRUNO. CÂM RETORNA AOS DOIS.
VITÓRIA – Bruno?
BRUNO SE VIRA. BAIXA A BARRA DE FERRO. SORRI,
EDUCADO.
BRUNO – Vick! Oi.
VITÓRIA – Trouxe um isotônico pra você.
BRUNO – (Pega a bebida) Poxa, valeu.
BRUNO AGRADECE PISCANDO O OLHO. VITÓRIA SORRI.
FREEZE NA REAÇÃO DE MARIANA. ELA DESLIGA A ESTEIRA.
LEILA – Ih, qual foi, Mari? Não vai
fazer besteira. Já foi expulsa da academia naquele dia, com muito custo, o
Urbano te aceitou de novo. Agora não vai fazer a mesma coisa...
MARIANA – Relaxa queridinha. Sei muito
bem o que estou fazendo... Ou o que vou fazer.
LEILA – Ah, meu Deus!
E MARIANA SAI RUMO AO ENCONTRO DE BRUNO E VITÓRIA.
LEILA DESLIGA O APARELHO E VAI ATRÁS DA AMIGA.
MARIANA – (Se aproximando) Bruno.
BRUNO SE VIRA. SORRI AMARELO. VITÓRIA FAZ CARA DE
POUCOS AMIGOS.
MARIANA – Não sabia que agora você ficava
de papo durante o treino. Vai desconcentrar, hein!
VITÓRIA – Eu só vim trazer um isotônico,
já to de saída.
MARIANA – (Debocha) Como ela é boazinha!
BRUNO – Mari, não começa.
MARIANA – Não falei nada.
LEILA – Vem, amiga. Não vamos nos
desconcentrar do nosso treino também.
MARIANA – Primeiro uma coisinha.
Vitória, amor, ninguém te falou que essa pose de falsa sonsa não agrada mais?
Isso pode até colar em novela, mas na vida real, o ritmo toca um pouco
diferente.
VITÓRIA – Eu juro que não estou te
entendendo, Mariana. Só vim trazer uma bebida pro garoto, o que tem de mais
nisso?
BRUNO – Não tem nada demais mesmo.
Agora vamos parar com isso? Tá ficando chato.
MARIANA E VITÓRIA SORRIEM FALSAMENTE UMA PARA A
OUTRA E CADA UMA SEGUE PARA UM LADO. LEILA FICA ALI COM BRUNO.
LEILA – (Ri debochada) Arrasando
corações, hein, Mr. Juan!
BRUNO – (Ri) Fazer o que né. Gato,
gostoso, rico e cheiroso até quando transpira...
LEILA – Menos, man! A Gabriela que se cuide lá na Europa. Daqui a pouco o chifre
atinge a Torre Eiffel.
BRUNO – O namoro com a Gabriela já
subiu no telhado. Tô livre, leve e solto!
LEILA – Ah, é?!
LEILA RI, IRÔNICA. SAI. BRUNO SORRI, CAFAJESTE.
CORTA PARA:
CENA 06. APARTAMENTO DE BIBI.
SALA. INTERIOR. DIA
PRIMEIRA VEZ QUE O AMBIENTE É MOSTRADO. SALA EM
CORES QUENTES NAS PAREDES. MÓVEIS LUXUOSOS, MAS COM TOQUE EXAGERADO. LUSTRE NO
MEIO DA SALA. BIBI, ANDA DE UM LADO AO OUTRO, COM O CELULAR EM MÃOS.
HENRIQUE – (OFF) Aqui é o Henrique. Não
posso te atender agora, mas deixe seu recado que eu retorno assim que puder...
Ou não.
BIBI DESLIGA, FRUSTRADA.
BIBI – Ele não me atende... Que saco!
NELA, ENTRISTECIDA.
CORTA PARA:
CENA 07. CLUBE DE TÊNIS.
INTERIOR. DIA
AMBIENTE ABERTO E COBERTO. DANTE E HENRIQUE JOGAM
UMA PARTIDA DE TÊNIS, COM ROUPAS AO ESTILO. CÂM EM FREEZE NO IPHONE DE
HENRIQUE, COM DEZENAS DE CHAMADAS DE BIBI REGISTRADAS. CÂM VOLTA AO JOGO,
HENRIQUE SACA E DANTE PERDE A JOGADA. HENRIQUE RI, ERGUE OS BRAÇOS.
HENRIQUE – (Tom alto) Deu! Chega!
DANTE – Ué, desistiu?
HENRIQUE – Cansei de ganhar de você. Tá
sem graça!
HENRIQUE RI DEBOCHADO. DANTE JOGA A RAQUETE POR
ALI. AMBOS VÃO TOMAR UMA ÁGUA. HENRIQUE PEGA O CELULAR, VÊ NA TELA AS CHAMADAS
E BUFA.
HENRIQUE – Que merda!
DANTE – (Percebe) Que foi?
HENRIQUE – Uma mulherzinha pegajosa aí.
Peguei e não larga mais. Um pé no saco!
DANTE – Ih, se ferrou! Quem é a vítima
do Opala Preto da vez? (Ri).
HENRIQUE – Você conhece, a Bibi.
DANTE COMEÇA A RIR MUITO. HENRIQUE TAMBÉM RI.
HENRIQUE – Pode parando! Eu já sabia que
a mulher era uma chave-de-cadeia, mas fazer o que?! A carne é fraca, pô!
DANTE – Arrumou encrenca pra no mínimo
até a próxima Copa do Mundo.
HENRIQUE – Sem essa! Vou fazer ela me
largar rapidinho!
DANTE – Posso saber como?
HENRIQUE – Rapaz, nem eu sei, mas vou
saber... Aguarde os próximos capítulos!
HENRIQUE SAFO, RI. DANTE DESACREDITADO.
CORTA PARA:
CENA 08. APARTAMENTO DE ÁUREA.
SALA. INTERIOR. DIA
ÁUREA SENTADA NO SOFÁ COM INÊS, BEM PRÓXIMA Á ELA.
RAULZINHO E EDGAR TAMBÉM ALI.
ÁUREA – Eu quero meus presentes lá de
Portugal, nem pensa que você vai escapar da tradição!
INÊS – Calma mãe. Nem abri as malas
ainda. Relaxa que eu trouxe bastante coisa pra você sim. (P/ Edgar) Pra você
também, papai!
EDGAR – Nem precisava se incomodar,
minha filha.
RAULZINHO – Trouxe um vinho do Porto,
magnífico sogrão!
EDGAR – Hum, fantástico!
RAULZINHO – Vou guardar pra uma ocasião
especial... Quem sabe essa ocasião não possa ser hoje?
ÁUREA – Hoje? Porque hoje?
RAULZINHO – Só depende da sua filha, dona
Áurea. Basta a Inês decidir finalmente a data do nosso casamento e parar de me
enrolar. Tá feio já!
INÊS IMPACIENTE REVIRA OS OLHOS.
INÊS – Mal chegamos ao Rio de Janeiro
e o Raul já quer ir pra catedral mais próxima falar com o padre sobre
casamento. (Tenta ser leve) Meu amor, casamento hoje em dia tá tão em declínio.
Parece índice de Governo, só cai nas pesquisas!
RAULZINHO – Mas pra mim não! Sou um homem
das cavernas! Eu quero um casamento tradicional, na igreja, com tudo o que tem
direito.
ÁUREA – Eu concordo! Minha filha, o
seu noivo tem razão. Já está mais que na hora desse casamento sair. Foram anos
de namoro, um tempo de noivado, viagem internacional pra ver como seria o
relacionamento de vocês./
INÊS – (Corta/ Por cima) E pelo
visto, se o casamento for igual à viagem, tirando os pontos turísticos, vai ser
quebra-pau todo dia!
RAULZINHO – (Repreende) Inês!
EDGAR SE LEVANTA.
EDGAR – Tô vendo que se for depender
da tal ocasião especial para abrir o legítimo vinho do Porto, ele vai virar
vinagre, Raul!
EDGAR SAI DO AMBIENTE. TODOS SE ENTREOLHAM.
RAULZINHO CONSTRANGIDO COM A SITUAÇÃO.
CORTA PARA:
CENA 09. RIO DE JANEIRO.
EXTERIOR. DIA
UMA CHUVA TORRENCIAL CAI NA CIDADE. SONOPLASTIA: “CASTLE IN THE SNOW” –
KADEBOSTANY. RAIOS CRUZAM O CÉU. AVENIDAS
PARADAS EM MEIO À UM TRÂNSITO MAIS LENTO. PRAIAS DESERTAS E O CALÇADÃO DE
COPACABANA QUASE VAZIO. PASSAGEM DE HORAS. ÚLTIMO TAKE NA FACHADA DO PRÉDIO DE
JULIANA. SONOPLASTIA OFF.
CORTA PARA:
CENA 10. APARTAMENTO DE JULIANA.
COZINHA. INTERIOR. DIA
JAMIL SENTADO À MESA. BOLO SOBRE A MESA. JAMIL
COME. JULIANA PASSANDO CAFÉ.
JAMIL – Nossa Jú. Tá delicioso isso
aqui. Fazia tempo que não comia esse seu famoso bolo de Fubá!
JULIANA – (Ri) Receita de família.
JAMIL – Conheço. Lembro do bolo da
dona Edite, e você herdou o mesmo talento da sua mãe. Tá ótimo esse bolo.
JULIANA SERVE O CAFÉ E ENTREGA PARA JAMIL.
SENTA-SE. AR TRISTE.
JAMIL – Tá bolada né?
JULIANA – Nem poderia ser diferente né,
meu amigo. Eu saio pelo prédio e as pessoas começam a me olhar de jeito
diferente, não consigo emprego... Pra variar, briguei com a Amanda hoje.
JAMIL – Você não deveria ter procurado
ela, Jú. Fez mal em ter batido nela.
JULIANA – É eu sei. Ela poderia até me
denunciar por isso. Como to na condicional, não devia ter facilitado. Pra quê
fui dar na cara dela?
INSTANTES. JULIANA COMEÇA A GARGALHAR. JAMIL RI
TAMBÉM.
JULIANA – Mas que foi bom, foi!
JAMIL – (Ri) Eu imagino. Queria ser
uma mosca pra ver a cena.
JULIANA – Mas ao mesmo tempo, foi
deprimente. Duas irmãs chegarem á esse ponto. Eu não queria, Jamil. Sério,
cara! Me controlei até quando eu pude, mas a Amanda tem o dom de me tirar do
eixo. Ela me tira completamente fora do meu astral e me traz pro nível dela.
JAMIL – Tenso. Mas daqui pra frente, o
que pretende fazer?
JULIANA – (Pensativa) Eu não sei... Acho
que o acordo com a Carminha acabou né? Depois de ontem, ela deve estar cheia de
interrogações na cabeça.
JAMIL – Calma. Eu vou falar com ela.
JULIANA – Não. Se isso for te complicar
com ela, não precisa. Tudo o que eu não preciso agora é servir de pivô pra
qualquer desgraça em relacionamento alheio.
JAMIL – Você não é nenhuma desgraça,
Jú. Vai ser bom ter você no apartamento do seu Alberico e vai ser bom pra ela
te conhecer melhor. Conhecer tanto quanto eu sei desse seu coração de ouro. Eu
sei que você não tem culpa pelo que vem acontecendo. É uma série de desastres.
Mas calma, tudo vai se arrumar. Confia!
JULIANA SORRI. PEGA NA MÃO DE JAMIL.
JULIANA – Obrigada por tudo, meu amigo.
Meu irmão!
JAMIL – Eu vou estar sempre aqui,
mana. Pro que precisar. Você sabe disso!
JULIANA SE APROXIMA E ABRAÇA JAMIL. OS DOIS SE
OLHAM CÚMPLICES.
JULIANA – (Emocionada) Não saberia como
seria sem o seu apoio.
JAMIL – Agora vamos parar porque se
não o café vai ficar amargo com o tanto de lágrima que tá brotando nesses
olhos.
OS DOIS RIEM. JULIANA ENXUGA AS LÁGRIMAS. SORRI.
NELA.
CORTA PARA:
CENA 11. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI.
FRENTE. EXTERIOR. DIA
A CHUVA CAI EM MENOR INTENSIDADE. CLOSE NA FRENTE
DA MANSÃO PRATINI.
AMANDA – (OFF/ Grita) Vaca!
DANTE – (OFF/ Tom) Para com isso,
Amanda!
UM ESTILHAÇO É OUVIDO. TROVÕES NO CÉU.
CORTA PARA:
CENA 12. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI.
SUÍTE DE AMANDA. INTERIOR. DIA
LIGAR NO ÁUDIO. AMANDA, TENSA, ACABA DE QUEBRAR O ESPELHO DO
QUARTO. DANTE EM SEGUNDO PLANO ASSISTE PERPLEXO.
AMANDA – (Anda de um lado ao outro) Mas
se ela acha que ela vai conseguir me desestabilizar, ela tá muito enganada! Ela
não vai me enlouquecer! (Ri sozinha) Ah não, ela não vai!
DANTE – Do que você tá falando
criatura? Ela quem?
AMANDA ENCARA DANTE. MUITO NERVOSA.
DANTE – De quem você tá sentindo tanto
ódio assim?
AMANDA – Da pessoa que mais consegue me
irritar nessa vida. Do carma que eu vou ter que carregar pendurado nas minhas
costas pela eternidade.
DANTE CONTINUA SEM ENTENDER. AMANDA IMPACIENTE.
AMANDA – Juliana!
DANTE – Juliana? (Pensa, instantes)
Juliana...
AMANDA – (Grita) A minha irmã, cacete!
DANTE PERPLEXO CAI SENTADO NA CAMA.
DANTE – Ela voltou?!
AMANDA – (Nervosa/ Quase em surto)
Voltou! Aquela maldita cadela favelada voltou do Inferno pra me atormentar. Ela
voltou para me desafiar, mas se ela pensa que vai conseguir, eu acabo com ela
primeiro. Vamos ver quem tem mais poder de fogo.
AMANDA ANDA PELO QUARTO. DANTE AINDA CHOCADO.
CORTA PARA:
CENA 13. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI.
CORREDOR. INTERIOR. DIA
MARIANA VEM VINDO POR ALI QUANDO ESCUTA A DISCUSSÃO
VINDA DA SUÍTE DE AMANDA. APROXIMA-SE PÉ ANTE PÉ, ATÉ PARAR ATRÁS DA PORTA,
ATENTA.
DANTE – (OFF) Mais alguém sabe disso?
Alguém que tenha contato com a sua irmã?
AMANDA – (OFF) Não. Não sei, Dante!
Como vou saber das amizades delinqüentes da Juliana? Eu não sei! Ela me
procurou e queria saber da Mariana. Eu não posso deixar que as duas se
encontrem. Minha vida vai virar um Inferno!
MARIANA CHOCADA PÕE A MÃO NA BOCA.
CORTA PARA:
CENA 14. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI.
SUÍTE DE AMANDA. INTERIOR. DIA
DANTE LEVANTA-SE E SE APROXIMA DE AMANDA, TOCANDO
EM SEU OMBRO.
DANTE – Calma. Ela não vai fazer uma
coisa dessas na condição que ela tá agora. Deve estar destruída emocionalmente
depois de todos esses anos.
AMANDA – Ah, meu querido, se ela tá
destruída emocionalmente, eu vou destruir ela fisicamente. Ela pensa que é quem
pra voltar depois de quinze anos reivindicando alguma coisa? Ela que se
prepare, porque ela acha que eu vou permitir um absurdo desses, ela tá
enganada.
DANTE – E pensa em fazer o que a
respeito?
AMANDA – Por enquanto nada. Vou jogar
xadrez com ela e esperar o próximo passo da vagabunda. Quero saber direitinho
com quem eu to lidando depois de todos esses anos.
DANTE CONCORDA. AMANDA BUFA, FURIOSA.
CORTA PARA:
CENA 15. MANSÃO FAMÍLIA PRATINI.
SUÍTE DE MARIANA. INTERIOR. DIA
MARIANA ENTRA ALI, BATENDO A PORTA. AINDA CHOCADA
COM TUDO O QUE OUVIU. ELA SENTA-SE NA CAMA. MISTO DE EMOÇÕES.
MARIANA – Eu não acredito... A minha
mãe. Ela voltou! (Sorri) A minha mãe voltou!
EM MARIANA. FADE-OUT.
CORTA PARA:
CENA 16. RIO DE JANEIRO.
EXTERIOR. NOITE
FADE-IN. CHUVA JÁ CESSADA NA CAPITAL. TAKES BONITOS DA
NOITE CARIOCA.
SONOPLASTIA: “PRIMA
DONNA” – CHRISTINA AGUILERA.
TAKES DO BAIRRO DE COPACABANA. POR FIM, NA FACHADA
DO PRÉDIO DE ALBERICO. SONOPLASTIA OFF.
CORTA PARA:
CENA 17. APARTAMENTO DE ALBERICO.
SALA DE JANTAR. INTERIOR. NOITE
TODOS JANTAM. MESA POSTA.
CARMINHA – Papai, o senhor ainda não
disse onde arrumou esse dinheiro!
ALBERICO – Um velho amigo me emprestou,
Carminha. Já disse isso.
FÁTIMA – Que amigo Alberico? Não foi
nenhum agiota né? Se nos encrencarmos com agiota, eu juro que saio dessa casa e
você não me vê mais!
ALBERICO – Parem com isso, por favor. Até
parece que sou uma criança, a quem vocês precisam ficar regulando todo o tempo
para não aprontar.
JAMIL – Quase isso, seu Alberico (Ri).
ALBERICO – Pois saibam vocês que esse
amigo que emprestou um dinheiro, me disse que era pra eu investir no meu sonho.
Se o meu projeto é audacioso, é brilhante e até mesmo inovador, foi graças ao
meu talento e meu faro (levanta o nariz) meu faro certo para os negócios.
ÁUREA – Por favor, papai. Não seja
ridículo. Quem tem faro é cachorro e o Rodrigo.
ALBERICO – Não entendi.
EDGAR – O que a Áurea quis dizer, meu sogro,
é que o senhor é um fracasso em tudo o que o senhor coloca a mão. Efeito Rei
Midas só que ao contrário, entendeu?
ALBERICO CHATEADO ENCARA A FAMÍLIA E LEVANTA-SE,
JOGANDO O GUARDANAPO NA MESA.
ALBERICO – Vocês ainda vão se surpreender
com o meu sucesso. E quando eu estiver lá no topo da cadeia alimentar, não
venham me bajular e querer um pouco da fatia do meu sucesso. (Sentido) Vocês
não sabem me valorizar!
TODOS SE ENTREOLHAM. ALBERICO SAI, FAZENDO DRAMA.
CARMINHA – (Vai levantar) Papai, volta
aqui.
PAULINA – Deixa dona Carminha. É tipo do
seu Alberico! Não conhece? Logo reconhece que o tal projeto inovador é um
fracasso e vai ficar aqui pedindo penico pra gente, relaxa a marimba aí,
monamú!
FÁTIMA – Ás vezes eu não entendo o que
essa garota fala.
VITÓRIA – Efeitos dos virais da
Internet, tia. Deixa pra lá.
FÁTIMA – Enfim... Eu tenho dó do seu
pai, Carminha. Alberico nunca foi um homem prático e a coisa só piora com o
tempo.
JAMIL – Até porque é com o tempo que
chegam as contas de energia, de gás, de água e a coisa nesse país só piora.
CARMINHA – O papai precisa levar um
choque de realidade para acordar, mas como?
ÁUREA – O que ele precisa é ficar sem
dinheiro. Mas sempre tem um idiota para colocar grana na mão do papai.
EDGAR – Perda de tempo e dinheiro mal
empregado. Ah eu com esse dinheiro...
PAULINA – (Provoca) Ia fazer o que, seu
Edgar? Fechar uma zona na Lapa e mandar descer as preparadas?
PAULINA RI. VITÓRIA RI, MAS DISFARÇA. ÁUREA COM
CARA FECHADA.
ÁUREA – Meu Deus, quem resolveu dar
voz para essa criatura?! Ô queridinha, aqui não é novela do Manoel Carlos onde
empregada tem história própria.
PAULINA – Aqui não é nem novela, acorda,
filhota.
CARMINHA – Hei! Vão começar as duas?
Chega, gente. Não vamos conseguir fazer uma refeição em paz nessa casa?
FÁTIMA PENSATIVA, PREOCUPADA. CLOSES ALTERNADOS.
CARMINHA SUSPIRA TAMBÉM PREOCUPADA.
CORTA PARA:
CENA 18. MANSÃO FAMÍLIA LINHARES.
SALA DE JANTAR. INTERIOR. NOITE
À CABECEIRA, FRANKLIN. ALI, CELINA, CADÚ E BRUNO.
CELINA – E como foi o dia hoje no
escritório, Cadú?
CADÚ – (Desinteressado)
Estimulante...
BRUNO – Mais divertido que o Tomara
que Caia. Depois dessa demonstração de empolgação, quero fazer tour todo dia no
escritório.
BRUNO RI. CELINA NÃO ACHA GRAÇA.
FRANKLIN – O Cadú foi apenas conhecer
como funciona as coisas e ver a nova sala dele. Foi conhecer o terreno.
CELINA – Que bom. Fico feliz que o Cadú
vai ter uma sala só dele.
FRANKLIN – É claro que teria uma sala só
dele. Eu sou o dono do escritório, não iria colocar o Carlos Eduardo pra
dividir sala com estagiário.
CADÚ ENFADADO COM O ASSUNTO, APENAS COME EM
SILÊNCIO.
CELINA – Ah, mas eu tenho certeza que o
Cadú naquele escritório vai ser um arraso Vai pegar as causas mais importantes,
não é filho?
CADÚ – (Concorda) Claro.
CELINA – Cadú, fala alguma coisa, meu amor. Tá
quietinho. A comida não tá boa? Eu sabia que aquela comida de boteco da./
CADÚ LEVANTA-SE, EXPLODE.
CADÚ – (Explode/ Tom agressivo) Para,
pelo amor de Deus! Eu não agüento mais ouvir vocês reclamando da comida!
FRANKLIN – Cadú, isso não são modos./
CADÚ – (Por cima) Ah, é? E que modos
que eu tenho que seguir então? Os seus? Da mamãe enchendo o saco de todo mundo
nessa casa, manipulando como ela quer como se nós fossemos os fantoches do teatrinho
da família Dó-Ré-Mi? Ou o seu papai, que finge que é feliz naquele escritório
medíocre? Vocês são ridículos! Essa família, essa casa, essa mentira que vocês
vivem. Isso tudo é uma farsa!
CELINA – (Tom) Carlos Eduardo, cala a
boca!
CADÚ – Não, mamãe. Chega! Deu dessa
historinha pra mim. Eu não vou ficar aqui compactuando e balançando a cabeça
igual figurante de novela. Acabou brincar de ir ao escritório, me afundar em
problemas que não me interessam! Que não são meus! Eu já tenho problemas
suficientes dentro dessa casa com vocês dois!
BRUNO – Eita, Giovana!
CADÚ – O Bruno é que tá certo.
FRANKLIN – (Tom alto) O seu irmão é um
vagabundo!
BRUNO – Já acabou, Jéssica?!
CADÚ – Ele pelo menos não fica
fingindo uma coisa que ele não é! O Bruno sabe viver e vive muito bem. Sendo
rotulado de vagabundo ou não, ele pelo menos deixa claro o que é e não fica se
escondendo atrás dessas mascaras perfeitas só pra mostrar pra sociedade que é
um Fraga Linhares. Vocês não percebem o quanto isso é ridículo?
CELINA – Ridículo são esses seus ideais
comunistas. Seu subversivo!
CADÚ COMEÇA A RIR. PASSA A MÃO PELO ROSTO.
CADÚ – Eu não vou ficar aqui
discutindo essa idiotice com você. Não com você, Celina!
CELINA – (Chocada) Celina?!
CADÚ VAI SAINDO. CELINA E FRANKLIN SE LEVANTAM.
FRANKLIN – (Grita) Volta aqui, moleque!
CELINA – Meu Deus! Onde o Cadú aprendeu
essas coisas? Alguém virou a cabeça desse garoto no exterior. Foi isso!
BRUNO – No exterior da sua barriga.
Mãe, acorda, o Cadú já nasceu e não vive mais dentro de você. Para de querer
manipular a vida dele.
FRANKLIN – O que é isso você também?
Virou motim isso aqui?
CELINA – Os meus filhos se voltando
contra mim!
CELINA DRAMÁTICA SAI DALI. FRANKLIN SENTA EM SEU
LUGAR. PENSATIVO. BRUNO TAMBÉM LEVANTA.
BRUNO – Bom, vou vazar também.
FRANKLIN – Vai pra onde? Ainda não
terminou o jantar.
BRUNO – Ah, vai ter Vale a Pena ver de
Novo? Pensei que ia ser exibição única do espetáculo. (Ri) Fui!
E BRUNO SAI. FRANKLIN BUFA.
CORTA PARA:
CENA 19. MANSÃO FRAGA LINHARES.
SUÍTE DE CADÚ. INTERIOR. NOITE
AMBIENTE MASCULINO. PAPEL DE PAREDE EM TONS AZUIS.
CAMA KING, CLOSET, GRANDE ESPELHO. PRATELEIRAS COM LIVROS, E ALGUNS ELEMENTOS
DA INFÂNCIA DE CADÚ, COMO CARRINHOS E UMA BOLA DE FUTEBOL ANTIGA. RETRATOS ALI.
CADÚ VEM DO CLOSET, TROCANDO A CAMISA. CELINA ENTRA NO QUARTO, INTEMPESTIVA.
CADÚ – Agora não bate mais na porta
também?
CELINA – Bater na porta da minha casa?
Acho que não!
CADÚ – Vai jogar na cara agora que
essa casa é sua? Posso sair se você quiser.
CELINA – Quem tá te influenciando,
Carlos Eduardo?
CADÚ – A vida, dona Celina. A vida tá
me influenciando a não engolir mais certas coisas.
CELINA – Você não vai largar a sua
carreira. O seu futuro!
CADÚ – (Ri) E quem vai me impedir de
fazer isso? Você? Posso saber como?
CELINA – Não me testa Cadú!
CADÚ – Quer me ameaçar? Ameaça em
off, porque eu já fui!
CELINA – Você não vai sair!
CADÚ – Só se você me amarrar! Acho
que não. Espera o remake dessa cena, vai que tem final alternativo!
CADÚ EMPURRA A MÃE E SAI. CELINA SENTA-SE NA CAMA
DE CADÚ, COM RAIVA, ESMURRA O COLCHÃO.
CORTA PARA:
CENA 20. COPACABANA. PRAIA.
EXTERIOR. NOITE
PLANO GERAL DO CALÇADÃO.
SONOPLASTIA: “POWERFUL” – MAJOR LAZER
FT. ELLIE GOULDING & TARRUS RILEY.
JULIANA CAMINHA POR ALI, TOMANDO UMA ÁGUA DE COCO.
CORTA PARA A AVENIDA ATLÂNTICA. CADÚ ANDA EM ALTA VELOCIDADE. FLASHES DE SUA
DISCUSSÃO COM CELINA. O RAPAZ BEM ESTRESSADO DIRIGE. CORTES DESCONTÍNUOS DE
JULIANA VIRADA DE COSTAS PARA O MAR E DE FRENTE PARA A AVENIDA.
UM CACHORRO CRUZA A ESTRADA E CADÚ FAZ UM
CRUZAMENTO A TODA, INDO PARA CIMA DO ANIMAL. JULIANA ASSISTE A CENA E TENTA
CORRER PARA SALVAR O CACHORRO. MAS É TARDE. CADÚ ATROPELA O ANIMAL. FREIA
BRUSCAMENTE. JULIANA JOGA A ÁGUA DE COCO NA RUA E CORRE ATÉ ELE.
JULIANA – (Grita) Seu imbecil! Você atropelou
ele!
CADÚ DESCE DO CARRO, COM A MÃO NA CABEÇA, MUITO
PREOCUPADO. JULIANA TENTA ACUDIR O CACHORRO, COM A RESPIRAÇÃO FRACA, FERIDO.
CADÚ – Desculpa, eu... Nossa!
JULIANA LEVANTA-SE E ENCARA CADÚ. ESMURRA CONTRA O
SEU PEITO.
JULIANA – Seu desgraçado!
JULIANA COMEÇA A CHORAR, ESMURRANDO CADÚ, QUE
SEGURA OS SEUS PULSOS. OS DOIS SE OLHAM COM INTENSIDADE. MÚSICA EXPLODINDO NA
TELA. SLOW-MOTION, OS DOIS SE ENCARANDO. CLOSES ALTERNADOS. ÂNGULO
LATERAL MOSTRA O PRIMEIRO ENCONTRO DE CADÚ E JULIANA.
CORTA PARA:
EFEITO FINAL: A TELA CONGELA EM EFEITO VITRAL.
FIM DO CAPÍTULO 06
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