segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Jogo de Sedução: Capítulo 01


Primeiro Capítulo – Estréia

“Uma novela de EDI SANTOS”



A capital paulista é o lugar em que tudo pode acontecer. Famosa por suas baladas e por ser o coração financeiro do país, São Paulo é uma das capitais mais conhecidas do mundo.
É também nessa cidade o cenário escolhido para contar a vocês uma história em que o poder supera e corrompe a tudo. Os mais fortes manipulando os mais fracos. A luxúria, o dinheiro, o prazer e a ambição. Caminhos escolhidos que podem selar o destino de cada um.
Mas essa história começa muito longe de tudo isso. Ela começa no interior do estado, em uma cidade chamada Bauru...

Música: Amy Winehouse - Back To Black
Cena 01 – Cidade: Bauru
Dia de sol. Temos uma visão panorâmica da cidade. Vemos o Parque Vitória Régia, com uma pequena concentração de pessoas. Logo após vemos o Teatro Municipal, seguido do Aeroclube e do Museu Ferroviário Regional da cidade.
Cena 02 – Obra Qualquer
Alguns homens aparecem trabalhando em uma construção. Brancos, negros, mulatos. Corpos sarados e suados. Percebemos na face de alguns o quanto é puxado o serviço.
O foco ocorre em um deles, Roberto, vinte e cinco anos de idade, branco, um físico invejável e com rosto de modelo. A expressão que vemos em seu rosto é de desconforto. Ele não parece gostar do que faz.
Após a sequência de cenas acima, vemos um homem ao seu lado, lhe dando um pouco de água. Era Geraldo, pai de Roberto. Um homem de uns quarenta e cinco anos de idade. Seu semblante era de um homem mais velho, desgastado pelo tempo e pelo serviço pesado.

Cena 03 – Externa – Bauru
Com uma vista magnífica do alto, vemos o entardecer na cidade, enquanto a música vai diminuindo aos poucos.
Música cessa aqui
Cena 04 – Casa de Gracinha/Cozinha
Vemos Maria da Graça, conhecida apenas como Gracinha, mãe de Roberto. Uma mulher de quarenta anos dedicada ao lar e à família. Gracinha estava terminando de arrumar a mesa para o jantar que se seguiria logo mais.
Geraldo e Roberto entram na cena. Cansados e suados do trabalho maçante.
Gracinha – Meus amores chegaram! Se apressem, vão tomar banho que eu já estou terminando de aprontar a janta.
Roberto (beija o rosto de Gracinha) – O que tem de bom hoje, dona Gracinha?
Gracinha – Comida. (dá um tapinha nas costa de Roberto) Agora vai tomar um banho que você está precisando.
Roberto – Eu já estou indo.
Roberto se retira, enquanto Geraldo bebe um copo de água.
Gracinha – Você também.
Geraldo – Já estou indo.
Coloca o copo sobre a pia e sai. Gracinha balança a cabeça negativamente, com um sorriso contente nos lábios.

Cena 05 – Casa de Gracinha/Cozinha
Jantar. Estavam sentado à mesa Geraldo, na ponta, Gracinha, a sua esquerda, e Roberto à direita. Nada de conversa no início.
Gracinha – Quando terminarem esse trabalho o que farão?
Geraldo – Por enquanto nada. Esse é o único que apareceu no momento.
Gracinha – Essa crise está de mais. Ainda dizem que tudo vai ficar bem. O engraçado é que o povo acredita.
Tudo fica em silêncio novamente. Ouve-se apenas o barulho dos talhares no fundo do prato.
Roberto (largando os talheres sobre a mesa) - Eu tenho que contar uma coisa para vocês.
Gracinha e Geraldo se olham. Em seguida fixam o olhar em Roberto.
Geraldo – Pois diga.
Roberto – É que... (temeroso) Bom... Eu não sei bem como dizer isso...
Gracinha – Pare de enrolar e diga de uma vez. Está me deixando preocupada.
Geraldo – Fale logo Roberto.
Roberto – Eu vou embora para São Paulo!
Gracinha fica impactada ao ouvir. Geraldo bate com os punhos fechados sobre a mesa. Geraldo era só fúria.
Geraldo – E vai viver de que lá? Me diz. Acha que é fácil? Acha que está fácil assim?
Roberto – Eu vou trabalhar. Viver como todo mundo. Eu tenho um sonho e vou em busca dele.
Gracinha – Mas em São Paulo meu filho? Vai abandonar sua casa, sua família, tudo por causa de um sonho?
Roberto – Aqui em Bauru eu não tenho muita chance...
Geraldo – Eu sou contra. Não apoio esse tipo de loucura.
Roberto – Eu já sabia disso. Quero deixar bem claro aqui que não estou pedindo permissão. Eu estou comunicando minha decisão.
Geraldo – Então é assim? Cresceu, não precisa mais dos seus pais e simplesmente vai seguir a vida como se não precisássemos de você?
Roberto – Eu sinto muito pai, mas não é justo você me colocar nessa posição. Eu já tomei minha decisão. Me desculpem. Com licença.
Roberto se levanta e sai. Geraldo fica pensativo. Gracinha coloca sua mão sobre a mão de Geraldo.

Cena 06 – Quarto de Roberto/Noite
Roberto estava arrumando as roupas em uma mala. Ouve-se uma batida na porta.
Roberto – Entra.
Gracinha entra no quarto e encosta a porta.
Roberto – Mãe, se você veio me julgar perdeu a viagem.
Gracinha – Essa não é a minha intenção. Sabe que sempre apoio suas decisões. Mas você deve entender que seu pai e eu só estamos preocupados com tudo isso.
Roberto – O meu pai só está preocupado com o colega de profissão que ele está perdendo. Se é que isso pode ser chamado de profissão.
Gracinha – Esse trabalho é o que coloca comida e paga as despesas dessa casa. Não admito que fale dessa forma.
Roberto abaixa a cabeça.
Roberto – Me desculpa. Eu me expressei mal. Mas eu não nasci para isso mãe. Eu sou bem mais do que tudo isso. Tem um mundo grande ai fora e eu sinto a necessidade de desbravá-lo. Vocês nunca entenderiam.
Gracinha se aproxima de Roberto e o abraça. Em seguida ela beija a testa dele e olha em seus olhos.
Gracinha – Então vá. Nunca poderíamos prender você aqui. Isso não seria justo.
Roberto – Obrigado por compreender.
Roberto volta a arrumar as roupas na mala.
Gracinha – Só me responda mais uma coisa. Onde você vai morar em São Paulo?
Roberto – Com o meu primo, Hugo. Ele alugou um apartamento e está procurando alguém para dividir as despesas. Como eu já tinha a intenção de ir para lá me ofereci para ficar com ele lá.
Gracinha – Seu primo? Isso me alivia um pouco. Pelo menos é da família. Agora não se preocupe que eu cuido do seu pai. Ele vai acabar entendendo. Boa noite meu anjo.
Roberto – Boa noite, mãe!
Gracinha sai do quarto. Roberto caminha até a janela do seu quarto e olha para o céu.
Roberto – São Paulo? Aí vou eu.

Música: Ellie Goulding – I Need Your Love
Cena 07 – São Paulo/Noite
Vemos do alto, belas imagens da capital paulista. Avenidas iluminadas, prédios e o trânsito carregado.
Música cessa aqui

Cena 08 – Flat de Anselmo/Noite
Música sedutora e instrumental. A CAM percorre pelo quarto, pouco iluminado. Podemos ver duas taças sobre uma mesinha e algumas peças de roupas jogadas pelo chão.
Agora vemos Anselmo e Lenara. Nus, em uma visão aberta, porem discreta em algumas partes do corpo. Anselmo beijando o pescoço de Lenara e descendo pelos seus seios, que agora é revelado.
Rápido corte de cena e vemos Lenara de costas com Anselmo atrás dela, segurando firme em sua cintura, enquanto lhe beija o pescoço por trás.
Novo corte de cena. Anselmo está deitado na cama. Lenara se levando e caminhando até a janela.
Anselmo – Hoje você foi incrível.
Lenara – Você também.
Delicadamente ela acende um cigarro e começa a tragar. Anselmo alcança sua carteira e retira algumas notas de dinheiro.
Anselmo – Vou te dar um bônus extra pelo serviço de hoje.
Lenara sopra a fumaça além da janela.
Lenara – Ótimo!

Cena 09 – Casa de Lavínia/Noite
Sala. Lavínia meche em seu tablet, enquanto degusta uma taça de vinho tinto. Paula, sua filha, entra sala.
Lavínia – Oi minha filha! Chegou cedo.
Paula – Não estava tão bom quanto imaginava.
Lavínia – E o Diego? Ele não veio com você?
Paula – Terminei com ele. Boa noite, mãe.
Paula se retira da sala. Lavínia fica pensativa.

Cena 10 – Quarto de Paula/Noite
Paula fecha a porta de seu quarto e joga sua bolsa sobre a cama, junto com seu celular. Ela caminha até o banheiro. A CAM foca em seu celular que logo começa a vibrar. Na tela vemos o nome de Diego. Paula caminha até seu celular e olha, até que a ligação é encerrada.
Paula – Está na hora de virar essa página.

Cena 11 – Apartamento de Lenara/Noite
No apartamento vivem Lenara, Kelly e Viviane. Todas são garotas de programa.
Kelly estava sentada no sofá, com uma tigela de brigadeiro, assistindo televisão. Lenara entra.
Kelly – É você. Achei que fosse a Viviane.
Lenara – Ela ainda não voltou?
Kelly – Não. Disse que chegaria...
Antes de terminar de falar vemos Viviane entrando no apartamento com uma mala de viagem.
Viviane – Oi meninas. Até que em fim cheguei. Que cansativo esses programas fora de São Paulo.
Kelly – Conta tudo. Como é que foi?
Viviane – Calma. Primeiro eu preciso me livrar dessa roupa e tomar um banho. Depois eu conto tudo.
Lenara – Com licença.
Lenara se retira da cena. Kelly e Viviane se olham sem entender.

Cena 12 – Quarto de Viviane/Noite
Kelly estava deitada de bruços sobre a cama. Viviane senta ao lado dela. Estava vestida em um roupão e com uma toalha presa na cabeça.
Viviane – Ele era muito rico. Acredita que mandou o motorista dele me pegar no aeroporto. Me senti uma rainha.
Kelly – Nossa! Isso parece até um sonho.
Viviane – É. Parece, mas sabemos muito bem que não é um sonho. Sonho mesmo é ter tudo isso de verdade e não por algumas horas.
Kelly – É verdade. Às vezes eu fico pensando na minha família. Se os meus pais soubessem do que eu faço aqui em São Paulo. O que será que eles fariam?
Viviane – No mínimo te excluiriam da família.
Viviane retira a toalha da cabeça e começa a passar os dedos entre seus cabelos molhados.
Viviane – Agora vem cá, o que aconteceu com a Lenara? Achei ela bem estranha.
Kelly – Eu também queria saber.
Viviane – Será que está acontecendo algo e ela não quer nos contar?
Kelly – Só espero que não seja nada demais.
Viviane – Eu também.

Música: Lykke Li - Never Gonna Love Again
Cena 13 – Cidade: Bauru/Noite
Vemos imagens diversas do alto da cidade. Tudo iluminado.

Música baixa
Cena 14 – Bauru – Praça/Noite
A CAM vai focando lentamente em Roberto e Gisele, sua namorada. Os dois estão sentados em um banco. Há um diálogo já em andamento.
Roberto – Esse sempre foi o meu sonho e você sabia disso.
Gisele – Eu sei. Eu só não imaginava que você fosse mesmo tomar uma decisão dessas, não assim. Do nada.
Roberto – Em São Paulo eu vou ter mais chances de me tornar um grande ator. Aqui em Bauru eu não tenho tanta opção.
Roberto segura o rosto de Gisele com as duas mãos.
Roberto – Se tudo der certo e tenho certeza que dará, eu volto e te levo para viver comigo. Eu prometo.
Gisele – Eu não quero promessas. Também não vou me opor em suas decisões. Eu confio em você e te dou meu apoio.
Roberto – Obrigado por entender.
Os dois se beijam.
Roberto – Eu te amo!
Gisele – Eu também.
Eles tornam a se beijar.
Música alta

Cena 15 – Cidade: Bauru/Dia
Imagens do amanhecer no horizonte. Algumas imagens dos prédios e do Parque Vitória Régia.

Musica cessa aqui

Cena 16 – Rodoviária de Bauru/Dia
Vemos ao longe Roberto abraçado em Gracinha. A CAM se aproxima aos poucos. Ao lado tem um ônibus parado, indicando partida para São Paulo.
Gracinha – Tome cuidado meu filho. A cidade grande é sempre perigosa.
Roberto – Eu tomarei cuidado, mãe. Só fico triste porque o meu pai não entende.
Gracinha – Fique tranquilo. Mais cedo ou mais tarde ele entenderá. Seu pai turrão assim mesmo. Nordestino! Não é fácil dobrar o gênio dele.
Roberto – No dia em que ele me ver na televisão ele entenderá pelo que estou lutando.
Gracinha – Deus queira meu anjo. Agora vá. Já estão terminando de embarcar o pessoal.
Roberto dá outro abraço em Gracinha.
Roberto – Obrigado por tudo, mãe.
Gracinha – Eu sempre estarei aqui meu filho. Sabe que sempre poderá voltar para sua casa.
Roberto sorri para Gracinha e depois embarca no ônibus.
Música: Daughter - Youth
O ônibus começa a sair. Gracinha acena um adeus para Roberto, que através da janela do ônibus, retribui.

Cena 17 – São Paulo/Dia
Imagens aéreas da cidade são mostradas de diversas partes. A grande Av. Paulista e o Parque do Ibirapuera. O Prédio da prefeitura com a bandeira do estado no alto.

Música cessa aqui
Cena 18 – Rodoviária de São Paulo/Dia
Vemos Lavínia ao lado de Mário, seu braço direito. Eles analisam algumas pessoas.
Lavínia – Eu detesto esperar em rodoviárias. Isso é muita classe média. Da próxima vez deixo isso com você.
Mário – Eu já te disse isso muitas vezes. Eu recebo o pessoal e levo até você. Parece que não confia em mim.
Lavínia – Sabe que gosto de cuidar do meu negócio pessoalmente. Mas nesse caso, vou deixar com você. Tenho um almoço com o Anselmo. Está quase na hora. Instale a moça e avise que a chamarei para uma conversa depois.
Mário – Claro! Pode deixar.
Lavínia sai e Mário fica observando os ônibus chegando.
Lavínia caminha entre a multidão. Paralelamente, vemos Roberto caminhando também. Parece perdido, enquanto olha para todos os lados.
Lavínia olha o celular e de repente esbarra em Roberto, que derruba o celular dela.
Roberto – Me desculpa!
Lavínia – Seu cego! Está vendo só o que você fez? Sabe quanto custa um celular desses?
Roberto (pegando o celular) – Me desculpe, eu não tive a intenção.
Lavínia fica encarando ele, enquanto Roberto fica com a mãe estendida devolvendo o celular.
Lavínia estava deslumbrada com Roberto. Estava diante de um rapaz perfeito. Seria um verdadeiro tesouro valioso em suas mãos. Lavínia abre um sorriso e pega o celular.
Lavínia – Me desculpa! Eu até pareço uma mal educada.
Roberto – Tudo bem. Eu mereci.
Lavínia (estendendo a mão) – Me chamo Lavínia!
Roberto (apertando a mão dela) – Roberto! Prazer.
E lentamente tudo fica em câmera lenta e a imagem se torna preto e branco.

Fim do Capítulo




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