sábado, 30 de abril de 2016

Capítulo 14: Em nome do filho

Corta para:
Cena 01. Livraria Dom Casmurro/SALÃO Principal/ Int./ Noite.
A festa continua. Planos gerais. Abre em Eva descendo as escadas. Mafalda de longe a avista e respira aliviada. Mafalda caminha em direção ao palco improvisado, fala algo no ouvido do DJ que para a música. Lucas pega o microfone.
Lucas – Boa noite senhoras e senhores. Peço a atenção de vocês para lhes mostrar um projeto inovador. Vem falar Eva.
Eva passa sorridente por entre as pessoas e em seguida chega ao palco, onde é aplaudida. Pega o microfone.
Eva (a todos) – Boa Noite! É com grande alegria, que eu venho aqui apresentar um projeto que é meu, mas que sem a ajuda de muitas pessoas, não seria possível a sua...
Eva começa a se sentir mal, coloca a mão na cabeça e fecha os olhos. Mafalda estranha.
Eva deixa o microfone cair e em seguida cai no chão desmaiada. Várias pessoas correm para perto a fim de olhar o que ocorreu.
Mafalda (acudindo Eva) – Eva, o que tá acontecendo? Acorda!
Téo – Deve ter sido o nervosismo.
Tamara sobe ao palco e pega o microfone.
Tamara – Eu queria dizer a todos que aqui estão que infelizmente a querida Eva não poderá assumir com seu compromisso hoje. Ela infelizmente exagerou no champanhe e em outras coisinhas.
Mafalda se levanta rapidamente e puxa Tamara para um canto.
Mafalda – Que história é essa? Para de falar mentira. A Eva é uma moça direita e digna. Não merece quem você saia inventando intrigas.
Tamara – Você nem conhece a Eva direito.
Mafalda – Mas conheço você, conheço a sua postura antiética.
Tamara – Seja como quiser, mas a Eva, esse anjinho, estava se embebedando e usando drogas lá em cima. Você pode me julgar pelo que for, mas eu vi com meus próprios olhos, a Eva utilizando cocaína.
Lucas, que estava passando pelo local ouve a conversa.
Lucas (sério) – O que você disse Tamara?
Mafalda – Não foi nada Lucas.
Tamara – Foi sim. Eu vi a Eva usando cocaína e ainda guardou aquela por caria na bolsa.
Lucas faz cara de reprovação e fica olhando para Tamara.
Tamara – O que é? Tá com medo da carruagem da Cinderela ter virado abóbora?
Lucas – Você tem certeza do que tá falando?
Tamara – Eu não sou perfeita. Mas uma coisa eu sou: sincera. Não precisa acreditar na minha palavra. Eu nem quero isso. Mas, vá lá em cima e veja com seus próprios olhos o que estou dizendo.
Lucas olha para Mafalda e Tamara sorri discretamente.
Corta para:
Cena 02. Mansão Amadeu/ Quarto de Miguel/ Int./ Noite.
Milena está de camisola, deitada na cama, enquanto Miguel está terminando de vestir seu pijama.
Milena – E aí meu amor, já conseguiu embuchar a Eva?
Miguel – Eu espero que sim. Mas ela anda meio resistente a fazer sexo sem camisinha.
Milena – Mas você tem que insistir.
Miguel – Eu sugeri um noivado, mas ela quer conhecer a minha mãe.
Milena – A sua mãe não. Quanto menos gente souber, melhor será para nós dois.
Miguel – Tem razão.
Miguel se deita na cama e dá um beijo em Milena.
Corta para:
Cena 03. Livraria Dom Casmurro/ Sala da Gerência/ Interior/ Noite.
A sala está fechada, com a bolsa de Eva em cima da mesa, assim como, uma garrafa de champanhe aberta e duas taças.
Lucas, Mafalda e Tamara entram na sala.
Lucas – Cadê a cocaína?
Mafalda – E você ainda dá credibilidade a essa garota? Aposto que é mais uma das suas mentiras Tamara.
Tamara – Você acha que isso não me dói? Só estou aqui por causa da empresa. Eu não queria delatar a minha companheira de trabalho, mas droga não dá cara.
Lucas – E onde está essa droga?
Tamara – Acho que dentro da bolsa, vou pegar.
Tamara vai para pegar a bolsa, Mafalda dá um empurrão nela.
Mafalda – Deixa que eu vasculhe. Não confio em você.
Mafalda abre a bolsa e começa a tirar as coisas: pente, batom, sombrinha, celular. Até que tira um saquinho com um pó branco dentro.
Mafalda (triste) – Acho que é isso aqui.
Tamara – É.
Lucas (nervoso) – Eu vou acabar com a raça dessa piranha.
Regininha adentra a sala.
Regininha – Já levaram a Eva para o hospital. Alguém vai acompanha-la?
Tamara – Eu vou.
Lucas – Não. Você precisa ficar aqui. Ajeitar algumas coisas. É a nova gerente da livraria. Parabéns Tamara e desculpa eu te nomear assim, no meio de tanta confusão.
Tamara (falsa modéstia) – Eu que fico honrada em ter sua confiança. Mas fico triste por ver a carreira da Eva indo de mal a pior.
Lucas – Eu vou acabar com a vida dessa mulher. Hoje ela me fez a maior vergonha. Me fez perder inúmeros contratos com editoras, me fez perder uma grana preta. Ela que me aguarde. Mas eu irei ao hospital.
Mafalda – Eu vou com você.
Mafalda e Lucas saem. Regininha fica olhando para Tamara.
Tamara – Tá olhando o que? Gostou do material? Posso te confessar uma coisa? Eu até gosto de uma moreninha, mas você não fez o meu tipo.
Regininha – Foi você que armou isso tudo né?
Tamara – Isso tudo o que?
Regininha – Hipócrita. Você é uma vagabunda.
Tamara – Modere seu tom ou te demito. Agora eu posso demitir, sabia? Sou sua chefa garota. E trata de ir lá pra baixo e ver como estão às coisas.
Regininha olha Tamara com raiva e sai.
Tamara começa a rodopiar em sua cadeira, comemorando.
Corta para:
Cena 04. Hospital/ Fachada/ Exterior/ Noite.
Um prédio todo lilás, de mais ou menos sete andares. Fluxo natural de pessoas, médicos e enfermeiros, entrando e saindo do recinto. Algumas ambulâncias chegam e estacionam logo em frente.
Corta para:
Cena 05. Hospital/ Enfermaria/ Sala 10/ Int./ Noite.
Eva está deitada na cama, sozinha no quarto, com soro na veia. Lucas, nervoso, e Mafalda, bastante preocupada, entram no quarto.
Eva – O que aconteceu comigo?
Lucas – Sua drogada, ainda pergunta?
Eva – O que? Não tô entendendo nada.
Lucas – Só vim aqui dizer que você está demitida. E dê-se por satisfeita, de eu não chamar a polícia. De não te denunciar. Sua vagabunda.
Eva fica chocada.
Eva – Você deve estar enganado.
Lucas – Eu estive enganado, não estou mais. Eu já sei de tudo. Sua drogada de merda. Vá Para o diabo que te carregue.
Lucas sai da sala transtornado.
Eva – O que tá acontecendo Mafalda? Por que eu tô aqui nesse hospital?  Eu tô bem de saúde.
Mafalda – Nós encontramos cocaína nas suas coisas. Encontramos outro tipo de entorpecente na sua bebida.
Eva (surpresa) – O que? Que brincadeira de mau gosto é essa?
Mafalda – Não é brincadeira não. Eu fui hesitante em acreditar nisso tudo Eva, mas eu vi com meus próprios olhos. Te juro que não acreditei quanto a Tamara falou isso.
Eva – O que a Tamara tem com isso?
Mafalda – Ela disse que te viu enchendo a cara de bebida e utilizando vários tipos de droga. Foi ela quem nos disse onde se encontrava a cocaína que você utilizou.
Eva (surpresa) – Meu Deus é claro que isso tudo foi uma armação, um plano dela. Mafalda, ela me chamou na sala. Queria me agradecer por tudo. Queria me parabenizar pela nova fase, enfim, ela queria me atrair pra um golpe. E conseguiu.
Mafalda – Eu acredito em você. Eu também achei essa história narrada, foi perfeitinha demais. Meticulosamente planejada. Parecia ser ensaiada.
Eva (nervosa) – Aquela vagabunda vai me pagar, e vai ser hoje.
Mafalda – Calma. Deixa ela curtir o posto de gerente. Garanto que não será por muito tempo.
Eva – Então ela se tornou a nova gerente? É hoje mesmo que eu acabo com a vida daquela vadia.
Eva tira o soro do braço e se levanta da cama.
Mafalda – Você está de repouso e não pode sair.
Eva – Não me empeça de fazer nada. Eu preciso lavar a minha alma.
Corta para:
Cena 06. Mansão Trajano/ Sala de Estar/ Interior/ Noite.
Meg, Álvaro e Téo estão sentados na sala conversando. Conversa em andamento.
Meg – Então quer dizer que a tal Eva caiu feito jaca podre?
Téo – Exatamente. Foi um mico daqueles. Deus me livre!
Meg – Ah, mas eu pagaria o quanto fosse pra ter visto a cena. Adoro um furdunço desses.
Álvaro – Deve ter sido o nervosismo.
Téo – Que nada, a galera tá falando que ela misturou álcool e cocaína.
Álvaro (espantado) – Não acredito. Meu Deus.
Meg - Isso nem me surpreende mais. Vindo daquele pessoal favelado, é o que espero.
Téo – Não fala mal do meu lugar não.
Meg – Não sou eu que falo mal d lugar, é ele em si que faz o vexame.
Nesse instante a campainha toca.
Álvaro – Quem será à uma hora dessas?
Meg – Aposto que é a Mafalda. Deve ter esquecido a chave de casa.
Marinês entra na sala e vai abrir a porta.
Marinês (surpresa) – Não acredito no que tô vendo.
Uma mulher branca, de cabelo curto, estatura média, aparentando ter mais de 60 anos entra na sala com duas enormes malas. É Tia Pombinha.
Tia Pombinha (a todos) – Cheguei família.
Meg (surpresa) – Ah não. Tia Pombinha?
Tia Pombinha – Em carne, osso, beleza e formosura. Vim passar um tempo com vocês. Ficarei até vocês enjoarem de mim.
Meg – Que pena que não vai ficar nem pra dormir.
Álvaro cutuca Meg.
Álvaro (cochichando com Meg) – Trata a velha bem.
Tia Pombinha chega até onde Meg, Álvaro e Téo estão.
Tia Pombinha – Ninguém vai me cumprimentar?
Álvaro (desanimado) – Oi Tia Pombinha.
Tia Pombinha (a Téo) – Quem é você?
Téo – Sou o Téo, marido da Mafalda.
Tia Pombinha – Quer dizer que a insossa da Mafalda conseguiu desencalhar? Meu querido Téo, tu é guerreiro. Aliás, guerreiro não, tu parece mais ter idade pra ser filho daquela lá.
Meg – Mas eu ouvi dizer que a senhora estava morta Tia Pombinha. Então é mentira?
Tia Pombinha – Se não for mentira, então eu sou um cadáver que está perambulando por aqui.
Marinês pega as malas de Tia Pombinha e leva para o andar de cima da casa.
Tia Pombinha se senta e começa a conversar com o áudio cortado.
Corta para:
Cena 07. Mansão Amadeu/ Escritório/ Interior/ Noite.
Vitória e Antero estão sentados, conversando.
Vitória – Eu necessito que você me ajude mais uma vez.
Antero – O que você quer?
Vitória – Eu quero que você dê um susto na Regininha. Um susto que a faça sumir dessa cidade.
Antero – Mas pra que? Ela já tá calada e ver a tia dela sendo queimada viva já foi um susto suficiente para saber do que você é capaz.
Vitória – Não. Pra mim foi muito pouco. Eu quero a Regininha longe dessa cidade. Ela ainda é uma pedra no meu sapato e não dá pra me livrar dela agora, nem quero na verdade.
Antero – Você tem algum plano?
Vitória – Eu tenho. Mas você tem que seguir a risca, promete?
Antero – E o que ganho com esse plano?
Vitória – O que você quer?
Antero – Uma noite de amor com você. Pode ser?
Vitória – Pode! Eu te darei essa tal noite de amor, mas antes terá que seguir o plano.
Vitória começa a contar o plano em áudio cortado.
Corta para:
Cena 08. Praça Central/ Exterior/ Noite.
Imagens da praça toda iluminada e vazia.
(Música “Um história de amor” – Fanzine).
Corta para:
Cena 09. Livraria Dom Casmurro/ Sala da Gerência/ Interior/ Noite.
A sala está repleta de caixas de papelão. Tamara está sentada na cadeira de gerente, com a cabeça abaixada e apoiada na mesa. Eva entra e fecha a porta com força.
Tamara (assustada) – Eva? O que você tá fazendo aqui?
Tamara se levanta e chega até perto de Eva.
Tamara – Ah, minha amiga, foi uma pena mesmo o que aconteceu. Infelizmente você foi demitida e eu resolvi empilhar nessas caixas as suas coisas, mas estarei daqui torcendo por você.
Eva – Pode para com esse seu teatro. Eu já sei de tudo seu verme. Porque pra mim você não passa de um verme. Ver-me!
Tamara (sarcasmo) – Tem razão, um verme com credibilidade, um verme com bom emprego e um verme com alto salário. Tudo que você não tem mais.
Eva (nervosa) – Por que você fez isso comigo? Por que você aprontou pra cima de mim?
Tamara – Porque eu trabalho há anos nesse lugar e nunca fui reconhecida. Você sempre embaçou a minha carreira. Você sempre foi a mais eficiente, a mais inteligente, a mais popular, a mais querida e eu? Eu fiquei jogada pelos cantos. Nada do que eu fazia nessa empresa tinha valor. Porque a super poderosa, a cinderela, estava sempre com um projeto estrondoso. Mas dessa vez eu fiz meu dever de casa direitinho e a jovem caiu do cavalo. Agora quem dá as cartas sou eu. E só lhe digo uma coisa: Xeque-mate!
Eva fica transtornada, dá um tapão no rosto de Tamara e a derruba em cima da mesa. Eva pula pra cima de Tamara, lhe dando vários tapas. Diálogo segue junto com a ação:
Eva – Não era isso que você queria? Toma vagabunda, toma!
Tamara empurra Eva no chão. Tamara tenta correr para o lado da porta, mas Eva se levanta e a puxa pelos cabelos.
Eva – Não era essa sala que você almejava? É ela que você vai ter.
Eva puxa forte o cabelo de Tamara com uma mão, enquanto com a outra, ela arranha o pescoço de Tamara.
Tamara (chorando) – Para, por favor, tá doendo.
Eva – Doendo? Você ainda não viu nada sua diaba.
Eva puxa com as duas mãos o cabelo de Tamara e bate com o rosto dela na mesa, duas vezes muito forte. Tamara cai no chão com o rosto todo ensanguentado.
Eva (exausta) – Agora sim, pode ficar com o meu salário, com a minha sala e com as marcas da minha surra. Seu verme!
Eva se olha no espelho da sala e ajeita sua roupa e cabelo, enquanto isso Tamara continua imóvel e muito machucada, caída no chão.
Tamara (com dificuldade) – Isso não vai ficar assim.
Eva – Tem razão, isso não vai ficar assim: vai ficar roxo, inchado e muito dolorido.
Eva pega apenas sua bolsa e sai da sala. Close em Tamara, muito machucada no rosto, com pescoço bem arranhado e ao lado, no chão, com pequenas moitas de cabelos arrancados.
Corta para:
Cena 10. Rio de Janeiro/ Cristo Redentor/ Exterior/ Noite-Dia.
(Música “Águas de Março” – Tom Jobim). Imagens aéreas do Corcovado, fazendo a transposição da noite para o dia.
Corta para:
Cena 11. Rio de Janeiro/ Praia de Copacabana/ Exterior/ Dia.
Fabrício e Ana Rosa estão correndo no calçadão. (Fad out trilha “Águas de Março” – Tom Jobim) Corta para:
QUIOSQUE.
Ana Rosa e Fabrício estão tomando água de coco em um quiosque e admirando o mar.
Ana Rosa – Era disso que eu precisava. Praia, sol e meu amor.
Ana Rosa dá um selinho em Fabrício.
Ana Rosa – Não aguentava mais ver a cara da Milena e viver naquela casa depressiva. Meu Rio de Janeiro é meu Rio de Janeiro.
Fabrício – Inspira poesia e respira juventude, vitalidade. Aqui vou poder escrever mais um dos meus livros.
Ana Rosa – Ah, como eu amo esse lugar!
Ana Rosa olha seu relógio e faz cara de assustada.
Fabrício – Já sei, estamos perdendo a hora.
Ana Rosa – Partiu meu boy. Temos uma longa jornada hoje.
Ana Rosa e Fabricio deixam os cocos em cima do balcão e voltam a correr.
Corta para:
Cena 12. Rio de Janeiro/ Bairro Jardim Botânico/ Sanatório/ Portão de entrada/ Exterior/ Dia.
O mesmo do capítulo 01.  Close no carro de Fabrício chegando ao local.
Corta para:
Cena 13. Rio de Janeiro/ Bairro Jardim Botânico/ Sanatório/ Jardim/ Exterior/ Dia.
Um gramado bem verde e amplo, com mesas, cadeiras e bancos espalhados pelo local. Alguns pacientes brincam de boneca, outros ficam sentados conversando sozinhos e alguns correndo. Fluxo natural de enfermeiras, psicólogos e outros empregados pelo local.
Close em um banco mais afastado, onde se encontra uma senhora, magra, de vestido, aparentando ter uns 70 anos, sentada. Fabrício se aproxima e se senta no banco.
Senhora – Achei que você não voltaria mais.
Fabrício – E como não, dona Yvete? Eu amo este lugar.
Yvete – Ama, porque está do outro lado do navio. Só quem vive aqui, quem convive neste lugar, sabe dizer o que isso representa.
Fabrício – A senhora não gosta daqui?
Yvete – Eu fui largada aqui. Não dá pra morrer de amores pelo local. Eu não sou louca, nem sofro de qualquer problema.
Fabrício – Eu sempre soube disso.
Yvete – Mas nunca moveu uma palha, para que eu saísse daqui. Eu gosto de você Fabrício, mas você não sabe agir. Não sabe fazer o bem as pessoas quem necessitam. Não dá pra tratar do leão, da mesma forma que trata uma borboleta. É questão de saber se utilizar do bom senso.
Fabrício fica cabisbaixo.
Yvete – Deixa-me ler sua mão?
Fabrício estende sua mão e Yvete começa a ler.
Yvete (sorrindo) – Você vai se apaixonar.
Fabrício – Mas eu já sou apaixonado. Pela minha mulher, a Ana Rosa.
Yvete – Eu tô falando de paixão avassaladora. Você vai amar de verdade. Vai conhecer o amor. Essa mulher vai vir de uma tragédia e você vai conseguir mudar o destino dela.
Fabrício recolhe sua mão rapidamente e se levanta do banco.
Fabrício (sem jeito/ saindo) – Eu preciso sair. Tenho mais pessoas pra visitar.
Fabrício sai muito pensativo.
Corta para:
Cena 14. Casa de Fernanda/ Cozinha/ Int./ Dia.
Fernanda, Eva e Malu estão tomando café. Conversa já em andamento.
Fernanda (triste) – Eu sinto muito pelo que houve minha querida. Mas, quando uma porta se fecha, outras duas se abrem.
Eva – Não vai ser tão fácil tia. A Tamara colocou droga no meio das minhas coisas. Duvido que alguém me de um emprego.
Malu – Eu sempre avisei que essa Tamara não prestava. Veja o que ela aprontou comigo.
Eva – Mas daquela lá eu já dei o troco. Ontem ela estava sozinha na livraria, fui até lá e dei-lhe uma surra daquelas. Uma sovada grande pra ela ver com quem mexeu. Mas agora eu vou até a livraria buscar minhas coisas.
Eva se levanta e de repente, um filete de sangue escorre pela sua perna.
Fernanda – O que é isso?
Eva (assustada) – Eu não sei. Será efeito da droga?
Fernanda – Vamos pro hospital agora.
Fernanda se levanta e sai com Eva.
Corta para:
Cena 15. Livraria Dom Casmurro/ Sala de Reunião/ Int./ Dia.
Quase todos os funcionários estão presentes, na sala de reunião, entre eles: Regininha e Téo, exceto: Tamara. Lucas entra na sala.
Lucas – Queridos amigos, eu serei breve. Estou aqui para dizer que após o vexatório episódio ocorrido ontem, tivemos algumas mudanças, que são essas: Eva foi demitida e para o seu lugar convidei Tamara.
Regininha faz cara feia e Téo se alegra.
Lucas – Com vocês, a nossa nova gerente, Tamara!
Tamara entra na sala com cachecol no pescoço e uns enormes óculos escuros no rosto.
Quase todos aplaudem, exceto Regininha. Tamara percebe.
Corta para:
Cena 16. Livraria Dom Casmurro/ Sala da Gerência/ Interior/ Dia.
Tamara está sentada, ansiosa. Regininha chega a sala.
Regininha – Mandou me chamar?
Tamara – Sente-se.
Regininha se senta e olha para Tamara.
Tamara – Eu passei a noite toda analisando currículos.
Regininha (ríspida) – E eu com isso?
Tamara – Ah, mas não é assim que uma empregada fala com a sua patroa.
Regininha – Escuta aqui Tamara, se você tá pensando que.../
Tamara (ríspida) – Em primeiro lugar, não é Tamara e sim, dona Tamara. Em segundo lugar: se eu estivesse pensando, você iria fazer sorrindo o que eu quisesse. Agora eu sou sua chefa garota, se liga!
Regininha – O que você quer então, dona Tamara?
Tamara – Agora sim, melhorou o tratamento. Como eu ia dizendo, eu analisei os currículos e achei o seu muito cheio de lacunas, sabia? Você não terminou a faculdade?
Regininha – Eu não fiz faculdade.
Tamara - Ah, não fez faculdade? Mas que desperdício hein, se for presa, vai ter que dividir cela comum com um bando de detentas. Uma mulher tão empenhada em subir na vida, mas que não fez faculdade. Eu também vi que você fez curso de datilografia, meu Deus, datilografia. Mas cadê a informática?
Regininha – Eu sei mexer muito bem com computador.
Tamara: Que sabe o que. Até pra executar uma planilha, que é sua obrigação, você pede pra alguma vendedora te ajudar. Além do mais, em currículo o que conta é papel, certificado, diploma e não só saber de boca.
Regininha (gritando): Ah é o que você vai fazer comigo? Vai me demitir?
Tamara: Querida, modere o seu tom. Não está no bar da esquina. Eu até posso te demitir, mas não quero, quero que você cresça e que seja uma pessoa melhor, eu vou te dar um cargo além, do que qualquer pessoa com esse currículo mixo merece.
Tamara pega uma sacola transparente com um uniforme.
Tamara (jogando a sacola na mesa): Pra você!
Regininha: O que é isso?
Tamara: Além de cega é burra minha filha? É o uniforme de faxineira desta livraria. O que você passa a ser a partir de agora.
Regininha fica aflita.
Corta para:
Cena 17. Consultório Médico/ Interior/ Dia.
Eva e Fernanda estão olhando ansiosas para o médico, que está terminando de analisar alguns exames.
Eva (aflita) – E então doutor, o que eu tenho?
Médico – Esses exames foram realizados ontem?
Eva – Isso.
Médico – Você teve um leve sangramento, mas fique tranquila, que não afetou o seu bebê.
Eva e Fernanda olham surpresas para o médico.
Fernanda – Como assim bebê?
Médico – Vocês não sabiam?
Eva – Não sabíamos de que?
Médico – Você está grávida Eva. Está esperando um bebê.
Eva olha toda contente e surpresa para Fernanda.
Corta para:
FIM








Nenhum comentário:

Postar um comentário