Cena 01.
Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Noite.
Continuação
imediata do capítulo anterior.
Vitória
enfia o canivete com toda a força na barriga de pano de Milena.
Miguel
(gritando/ assustado) – Para, para! Você vai matar!
Vitória – Cala a sua boca.
O canivete
cai no chão, em seguida Milena cai ajoelhada, com os olhos arregalados e
apontados para Vitória, que lhe dá um tapão no rosto.
Vitória
(ódio) – Eu matei. Matei uma mentira! Você nunca esteve grávida sua
vagabunda.
Vitória
olha com ódio para Miguel.
Vitória (a
Miguel) - Eu poderia esperar traição de todo mundo, eu entenderia. Não
aceitaria, mas teria que engolir. Agora do meu filho? Eu jamais imaginei,
jamais pensei que você fosse chegar a tão baixo, que me enganaria.
Miguel
(desesperado) – Mão me perdoa, por tudo que seja mais sagrado, me
perdoa.
Vitória – Eu tô muito
magoada Miguel. Tô me sentindo traída, me sentindo a pior das mães. Como assim
esconder uma coisa séria dessas de mim?
Milena – Não foi
falta de confiança. Mas esse seu jeito autoritário, de se achar acima do bem e
do mal. Isso só te afastou do seu filho.
Vitória (a
Milena) – Ao menos eu tenho um filho. Já você, nem foi suficientemente boa
para gestar uma gravidez. Aposto que perdeu esse bebê e continuou com a farsa.
Claro, aí o cabeça fraca do meu filho foi e te ajudou a montar essa farsa.
Miguel – Não é nada
disso mãe, não foi assim que tudo aconteceu.
Vitória se
senta na cama.
Vitória – Então
começa a desembuchar essa história. Tô louca pra saber o que os dois pombinhos
fizeram.
Miguel – A Milena
não pode.../
Milena
(corta/ gritando) – O que eu não posso é ficar dentro dessa casa. Vamos
arrumar nossas coisas Miguel, estamos saindo desse lugar. Vamos pra um
apartamento, pra um hotel, pensão, ou até embaixo de uma ponte, mas sairemos
hoje ainda dessa casa.
Vitória
(séria) – Mas não sai mesmo. Só passando por cima do meu cadáver.
Vitória se
levanta e fica de frente para Milena. As duas se fuzilam com os olhos.
Corta para:
Cena 02. Mansão
Trajano/ Quarto de Meg/ Int./ Noite.
Meg está
deitada na cama, pensativa, quando Álvaro entra no quarto e se deita na cama
também.
Álvaro – Tá com a
cabeça longe. O que foi Meg? Problemas na prefeitura?
Meg – É a Tia
Pombinha.
Álvaro – O que tem
essa velha trambiqueira?
Meg – Eu não vou
deixar que a Mafalda expulse a minha tia daqui.
Álvaro
(surpreso) – Eu entendi bem o que você disse? Você não quer que
aquela muquirana da Pombinha saia da nossa casa?
Meg – É isso sim.
Coitada. Ela é uma mulher sozinha, sem eira nem beira. Não tem filhos e nós somos
a única família dela. Eu não vou deixar que você ou a Mafalda tirem a minha tia
dessa casa.
Álvaro – Você tá
completamente maluca. Não sei o que andou bebendo, mas sei que não fez nada bem
para a sua cabeça.
Meg – Se fosse os
seus parentes, aquela cambada de urubus, garanto que você estaria feliz deles
ficaram sob o mesmo teto que você. Mas quando se trata da minha família, você
rapidamente dá um jeito de limar a minha relação.
Álvaro – Que rápido
e estranho amor pela Pombalina é esse? Não, porque até a hora do jantar, você
estava contra ela, estava querendo que a velha chispasse daqui o mais rápido
possível, e de repente, como que num passe de mágicas você se transforma na
heroína dos fracos, oprimidos, velhos e caloteiros? Te aposto que a Maria Pombalina
tá te pressionando.
Meg – Que mané
pressionando o que. Vamos dormir e chega de discussão. A minha tia vai ficar e
pronto.
Álvaro – Se ela
ficar, saio eu.
Álvaro se
vira para o outro lado, apaga o abajur e fecha os olhos. Meg fica acordada,
pensativa.
Corta para:
Cena 03.
Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Noite.
Continuação
da cena 01. Vitória e Milena se olham com ódio. Miguel acuado no canto.
Milena
(séria) – Então eu acho que você vai ter que morrer Vitória. Porque a
gente vai sair dessa casa.
Miguel
(assustado) – Não. Que isso Milena, pensa bem.
Milena
(convicta) – Já pensei Miguel. Já pensei demais, já aturei
demais. Eu não fico nem mais um minuto vivendo sob o mesmo teto que essa mulher
castradora, que faz gato e sapato do filho, que faz gato e sapato das pessoas
que a rodeiam.
Vitória – Meça suas
palavras, sua criatura insignificante ou vai se arrepender depois.
Milena – Insignificante
por quê? Você pensa que pode tudo né Vitória? Por que você tem poder de
influência? Dinheiro você não tem mais, aliás, nunca teve. Acontece que todo
mundo te detesta, nem o seu marido conseguiu viver com você por muito tempo.
Acabou te colocando um belo par de chifres com uma mulher mais nova, mais
bonita, mais interessante, mais tudo que você nunca foi.
Vitória
(ESTRESSADA) – Cala a boca infeliz.
Milena
(gritando) – Não calo, não calo! Não vou me calar, porque eu não
tenho medo de você. Você faz capacho de todo mundo que pisa nessa casa,
acontece que comigo é diferente. Eu não tenho medo nenhum de você, eu posso
falar o que eu quiser. Já o Miguel não.
O Miguel abaixa as orelhas toda vez que a mamãezinha late mais alto.
Miguel – Não é bem
assim não Milena. Olha lá hein.
Milena (a
Vitória) – Porque você pensa que pode dominar o mundo e ele
acredita piamente. Acontece que comigo a banda não toca desse jeito.
Vitória – Que banda?
Nesse
instante Eneida entra no quarto assustada.
Eneida (assustada)
– O
que tá acontecendo aqui?
Miguel (a
Eneida) – Fica na sua tia.
Vitória (a
Milena) – Hein, que banda? Que nem gaita você toca. Não toca aqui, não
toca em lugar nenhum quem dirá numa banda. Você é uma mulher desesperada por
casamento, uma dessas gazelas que aceitam qualquer carniça. Se apossou do meu
filho, como se ele fosse propriedade única e exclusivamente sua. Aí agora,
depois que eu descobri toda a verdade, você vem querendo bancar a valentona
comigo?
Miguel – Para com
isso gente.
Vitória – Da mesma
forma que eu te recebi aqui dentro dessa casa, eu posso te tirar, eu faço
picadinho de você. Eu te deixo na lama, roendo beira de calçada, faço a sua
caveira pra todo mundo e te deixo de rastro no chão. E quando você vier me
pedir uma mão, sabe o que é que vai acontecer?
Milena olha
assustada.
Vitória
(dando um tapão no rosto de Milena) – Isso!
Vitória dá
outro tapão no rosto de Milena, o que a faz cair na cama. Vitória pula em cima,
as duas começam a gritar, enquanto isso Miguel e Eneida tentam separar, mas
Vitória continua dando tapas no rosto de Milena.
Vitória – É isso que
você merece.
Vitória se
levanta. Close em Milena descabelada e com sangue no nariz e no canto da boca.
Vitória (a
todos/calma) – O show terminou, me descontrolei um pouco.
Milena
(gritando) – Sabe o que você é? Um monstro.
Vitória (a
Milena) – Você não queria sair daqui? Pois então, arrume suas trouxinhas,
coloque todos os seus panos de bunda e suma daqui, mas suma sozinha.
Eneida
(assustada) – O que eu acabei de presenciar foi um filme de
terror? Meu Deus.
Vitória (a
Milena) – Junta os seus panos de bunda e caça sua turma. Já que eu sou uma
mulher castradora, já que sou um ser absolutamente desprezível, saia da minha
casa, mas sem o meu filho. Volte para a sua amada terra suburbana. Troque o meu
vinho do porto por suco de uva de pacotinho.
Milena
começa a chorar.
Miguel – Mãe, por
favor, se acalme.
Vitória – Estou calma
Miguel. Eu só quero que a Milena faça o favor de ir até o seu quarto e juntar o
que é dela, tem quinze minutos.
Vitória sai
do quarto. Eneida acode Milena, que está chorando muito, e a coloca sentada na
cama.
Milena
(chorando) – Essa mulher é um monstro. Não tem piedade, não tem
coração.
Eneida – Mas vocês
também vacilaram feio com ela. A Vitória foi criada a ferro e fogo e não aceita
que errem, ou pior, que mintam para ela. Agora se acalme.
Miguel – Cuida da
Milena pra mim tia. Vou atrás da minha mãe, terminar de contar essa história.
Miguel sai
apressado do quarto.
Corta para:
Cena 04.
Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Noite.
Vitória
entra no escritório, fecha a porta, vai até a cristaleira e coloca uma dose de
uísque no copo, ao qual toma em uma única golada.
Senta se em
uma poltrona e fica pensativa, até que Miguel entra com toda a força.
Vitória (se
levantando) – Se veio pedir para sua mulherzinha ficar, perdeu o
seu precioso tempo. Eu quero a Milena daqui pra fora.
Miguel
fecha a porta.
Miguel
(sério) – O que eu tenho a falar vai muito além daquela barriga falsa,
você me dá quinze minutos?
Vitória – Vou me
sentar e te dou quatro minutos e meio. Se não me convencer, você também vai
caçar sua turma longe desta casa. Eu finjo que nunca tive um filho, porque esta
é a minha vontade no momento.
Vitória se
senta e Miguel respira fundo.
Miguel – Lembra-se
do dia da leitura do testamento do meu pai?
Vitória
assente com a cabeça.
Miguel – Pois então,
antes disso, eu estava de rolo com uma mulher que trabalhava na Livraria Dom
Casmurro. Mas até aí era caso sem importância, mas no dia da leitura do
testamento, naquela maldita cláusula que me permitia colocar as mãos na bolada
e na empresa, só após um filho legítimo, eu vi que não tinha saída, que teria
mesmo que levar esse meu casinho mais adiante.../
Miguel
continua falando, quando o áudio é cortado.
Corta para:
Cena 05. Hospital/
Quarto/ Int./ Noite.
Eva está
dormindo, enquanto Malu olha através da Janela, pensativa.
***Insert
do flashback do capítulo 10. Cena: 10.***
Tamara
acaricia o rosto de Edu e em seguida começa a beijá-lo na boca. Os dois travam
em um longo beijo.
Malu que está
passando pelo local, fica chocada com a cena.
Malu
(gritando) – Desgraçado.
Edu e
Tamara param de se beijar assustados.
Malu
(chorando) – Eu tô decepcionada com você Edu. Você não tinha o
direito de me trair dessa forma.
Edu
(assustado) – Calma Malu, por favor, não é nada disso que você tá
pensando.
***Fm do
insert do flashback***
Malu fica
triste e sente uma mão em seu ombro, virando-se assustada.
Malu
(aliviada) – Eva, é você.
Eva – Pensou que
fosse quem?
Malu – Sei lá. Mil
pensamentos.
Eva – Esses olhinhos
tristes só podem dizer uma coisa: Carlos Eduardo, vulgo, Edu.
Malu – Não tem
como esconder nada de você né?
Eva – Você pode
ser turrona, mas sei que o Edu tá te fazendo uma falta do cão, não é?
Malu
(triste) – Tá, mas isso já não adianta mais, agora ele tá lá se
esbaldando com a Tamara.
Eva – Nem me fale
nessa garota. Minha vontade é a de ir lá e dar outra grande surra nela.
Malu – Agora que
me lembrei, você está no hospital para repouso mocinha. Vamos, pode ir se
deitar agora. Essas foram as recomendações da minha mãe antes de sair.
Eva se
encaminha a cama, seguida por Malu. Eva se deita.
Eva – Onde a
minha tia foi?
Malu – Disse que
iria em casa tomar um banho. Saiu agora a pouco.
Eva vira-se
para o canto e Malu lhe cobre.
Corta para:
Cena 06.
Casa de Julieta/ Porta de entrada/ Ext./ Noite.
A rua está
sem fluxo de veículos ou pessoas, de longe, vemos Fernanda atravessar a rua e
parar bem em frente à porta da casa de Julieta. Fernanda toca a campainha.
Aporta se
abre e Julieta aparece.
Julieta – Você? Eu
não vou fingir surpresa, até porque eu já te esperava aqui hoje.
Fernanda – Eu vim
resolver de uma vez por todas a confusão envolvendo a minha filha.
Fernanda e
Julieta se entreolham.
Corta para:
Cena 07.
Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Noite.
Miguel está
de pé e Vitória está se levantando, chocada pelo que acabou de ouvir.
Vitória
(paralisada) – É verdade o que você acabou de me contar?
Miguel – Sem tirar
nenhuma vírgula.
Vitória – E por que
escondeu de mim que a Milena era seca? Por que escondeu de mim, que seu filho
será um bastardo?
Miguel – Mãe, vamos
por partes, por favor. A história da Milena ser estéril, eu escondi porque não
interferia na vida de ninguém até então. Era um assunto que dizia respeito
somente a nós dois. Já depois do maldito testamento, eu tive que pular essa
parte e ir direto a um plano, para poder pegar o controle da empresa, antes que
aqueles malditos acionistas, ou o maluco que tem 10% da empresa, aparecessem.
Vitória – E por que
não me contou?
Miguel – Eu não
saberia qual seria a sua reação. Vai que você jogasse tudo a perder? Mãe, o que
estou fazendo é ilegal, e se algo der errado, Milena e eu podemos parar atrás
das grades.
Vitória – Mas o que
você fará depois que sequestrar o bebê dessa tal Eva?
Miguel – Eu vou
trancafiá-la num sanatório no Rio de Janeiro. Bem longe da gente.
Vitória – Mas e a
família dela? E se ela escapar?
Miguel – Ela só tem
uma tia aqui. Ninguém vai dar falta. Eu já fiz a contagem, vou leva-la no Ano
Novo para o Rio de Janeiro e ela não volta mais. Ela vai deixar uma carta a
tia, dizendo que foi embora para o sul do país, porque descobrira uma traição
minha.
Vitória
(sorridente) – Que plano genial meu filho. Por isso que amo você.
Miguel – A senhora
vai me ajudar nesse plano?
Vitória – Mas é
claro. Contanto que eu tenha 15 milhões de reais após o nascimento dessa
criança.
Miguel – Considere-se
milionária dona Vitória Lemos de Amadeu.
Miguel e
Vitória se abraçam felizes.
Corta para:
Cena 08.
Casa de Julieta/ Sala/ Int./ Noite.
Julieta e
Fernanda estão de pé, uma olhando para a outra, em silêncio.
Julieta – Não vai
falar nada?
Fernanda – É você que
tem que me falar onde a minha filha biológica se encontra. Eu já fiz a minha
parte no plano, dei um pé na bunda do César, mesmo o amando, agora é a sua vez
de cumprir o trato.
Julieta – Tá bem. Eu
vou dizer quem é a sua filha. Mas não será hoje.
Fernanda
(irritada) – Fala de uma vez, não tenho tempo a perder. Chega com
esse joguinho, se não me disser quem é a minha filha, vou a polícia e conto
toda a história.
Julieta – Experimenta.
Vá lá e você nunca mais vai saber por onde anda a sua ratinha.
Fernanda – Para de
chama-la de ratinha.
Julieta – Eu sou o
único elo que te liga a sua filha. Só eu sei quem ela é. Portanto, tenha calma
e jogue conforme eu dou as cartas. Antes quero ter certeza de que não existe a
possibilidade de reconciliação entre você e o crápula do César.
Fernanda – Não existe.
Julieta – Isso é o
que vou testar nos próximos dias.
Fernanda – Eu não vou
mais perder o meu tempo olhando pra essa sua cara de búfalo que perdeu a
batalha. Tô indo nessa.
Fernanda
sai da casa.
Julieta
(feliz) – Quem manda nessa história é a Juju.
Corta para:
Cena 09.
Mansão Amadeu/ Quarto de Miguel/ Int./ Noite.
Milena está
arrumando suas malas, tirando roupas do armário e colocando nelas, quando
Vitória aparece.
Vitória – Para com
isso.
Milena
(arrumando as malas) – Só estou fazendo o que a abelha rainha ordenou.
Vitória
segura firme no braço de Milena, que a olha séria.
Milena – Me larga.
Vitória – O Miguel me
contou tudo sobre essa farsa de vocês.
Vitória
larga o braço de Milena, que fica surpresa.
Vitória – Não precisa
me olhar com essa cara de cachorro feio que caiu da mudança em dia chuvoso, eu
já disse que vou fazer parte do esquema.
Milena – Vai fazer
pelo dinheiro né?
Vitória – E por acaso
eu sou Madre Teresa de Calcutá para fazer caridade? Cada um se vira conforme as
suas necessidades meu bem.
Milena – E a sua
irmãzinha, já sabe também?
Vitória – Claro que
não, a Eneida não é nada confiável. Quanto menos pessoas souberem, melhor pra
gente. Agora preciso que você me dê o endereço da songamonga.
Milena
(estranheza) – Quem é essa?
Vitória – Não faça
mais papel de idiota do que você já é. Quero o endereço da Eva. Ela é a galinha
dos nossos ovos dourados.
Milena – Mas eu não
tenho.
Vitória – Milena
deixe de bancar a tonta comigo. Não cola minha querida. Me passa de uma vez
esse endereço.
Milena pega
um papel em uma gaveta do armário e entrega a Vitória.
Vitória
(saindo) – Boa mocinha.
Vitória sai
do quarto e Milena tira as roupas da mala e coloca-as novamente no armário.
Corta para:
Cena 10.
Flores/ Elevado/ Subúrbio/ Exterior/ Noite-Dia.
(Música
“Aceita, paixão” – Péricles). Transposição da noite para o dia com tomadas do
bairro suburbano Elevado. Ônibus passando pelos pontos, camelôs ambulantes
vendendo salgados e quinquilharias, periguetes circulando pelas ruas, em meio a
carros antigos e velhos e motoboys. Close na fachada do Bar Chegaí, todo decorado
em tijolinhos marrom, mesas e um grupo de pagode na calçada. Takes de inúmeras
casas do bairro, todas de classe média baixa. CAM focaliza em uma casa amarela,
único andar, com janelas de grade, uma mureta na frente e sem portão, COM
VÁRIAS casas ao lado. É a casa de Fernanda. (Fad out “Aceita, paixão” –
Péricles).
Corta para:
Cena 11.
Casa de Fernanda/ sala/ Int./ Dia.
Eva e Malu
estão entrando em casa.
Eva (se
jogando no sofá) – Ufa! Enfim, lar doce lar. Não aguentava mais aquele
hospital.
Malu – Hum, pelo
cheirinho, minha mãe está fazendo lasanha a bolonhesa.
Eva – Eu e meu
bebê agradecemos.
Nesse
instante, Fernanda entra na sala.
Fernanda – Eva minha
querida, nem fui ao hospital te buscar porque queria estar com o almoço
adiantado. Garanto que está em jejum.
Eva – E estou
mesmo tia, aquela comida de hospital é terrível.
Fernanda – Tô
terminando de assar uma lasanha pra gente.
Malu – Acertei na
mosca. Meu faro nunca me engana. Agora vou subir e tomar uma chuveirada rápida,
por favor, me esperem pro rango.
Malu sobe
as escadas rapidamente.
Fernanda – Eu vou
terminar de preparar o nosso almoço.
Fernanda
sai em direção à cozinha. Eva permanece deitada, até que a campainha toca e ela
se levanta e vai atender.
Eva abre a
porta e dá de cara com Vitória.
Eva – Pois não?
Vitória – Eu sou a
mãe do Miguel, seu noivo.
Eva
(surpresa) – A senhora é.../
Vitória
(corta) – Vitória Lemos de Amadeu.
Close em
Eva surpresa.
Corta para:
Cena 12.
Prefeitura/ Entrada/ Ext./ Dia.
Fluxo
natural de pessoas passando pela calçada. De repente, estaciona um carro
importado em frente a prefeitura. Descem dele: Mafalda e Téo dos bancos
traseiros e Álvaro no banco do motorista. Eles então entram na prefeitura.
Corta para:
Cena 13.
Prefeitura/ Antessala/ Int./ Dia.
Bebê está
em um canto parado, com que faz a segurança do local. Mais a frente está Lui
dando comida na boca do cachorro.
Lui (a
Boticário) – Come queridinho. Papa tudo que o Lui precisa voltar
ao batente.
Nesse
instante Mafalda, Téo e Álvaro entram apressados. Bebê para na frente deles.
Bebê – Vocês não
podem passar daqui.
Mafalda – Mas que
isso agora? Não se pode mais entra na prefeitura? Ao que me consta aqui é um
local público.
Bebê – São ordens
da Dona Meg.
Álvaro – Pois diga a
sua patroa que quem está aqui é a família dela.
Nesse
instante Lui ouve e vem correndo para próximo de todos.
Lui
(sorridente) – Pela primeira vez, aqui na prefeitura, toda a
família Trajano. A que devo a honra?
Mafalda – Fala pra
esse ridículo deixar a gente passar. Eu não sei qual foi o samba-enredo, mas
sei que esse carnaval que a Meg arrumou vai terminar é agora.
Lui – Não tô
entendendo.
Álvaro – E nem é pra
você entender, sua gazela baba ovo. A Meg disse que queria uma reunião urgente
com a família, estamos todos aqui.
Lui – Ao que me
consta, o Téo não é da família.
Téo – Eu sou
casado com a Mafalda, portanto eu sou da família sim. Sem mais delongas, chama
a sua patroa pra gente. Todos aqui temos que trabalhar.
Lui – Ela está em
reunião.
Mafalda – Chama
agora, ou seu próximo salário vai ser como vendedor ambulante na Antártida.
Lui vai até
a porta do gabinete de Meg e bate.
Meg (off) –
Se
for o pessoal lá de casa, manda entrar.
Mafalda (a
Bebê) – Ouviu?
Bebê se
afasta, dando passagem.
Álvaro,
Mafalda e Téo entram no gabinete.
Corta para:
Cena 14.
Prefeitura/ Gabinete prefeita/ Int./ Dia.
Meg está
sentada em sua cadeira, de frente para ela está Tia Pombinha. Álvaro, Téo e
Mafalda entram e ficam surpresos.
Tia
Pombinha (falsa alegra) – Minha família.
Mafalda – O que essa
mulher ainda está fazendo entre nós?
Todos olham
para Meg.
Corta para
Cena 15.
Casa de Fernanda/ Sala/ Int./ Dia.
Eva e
Vitória estão de pé se olhando.
Eva – A senhora
não vai falar nada? Veio até aqui apenas para ver quem é a noiva do seu filho?
Vitória – Na boa e
velha educação, usa-se convidar as visitas para se sentarem e oferecer algum
refresco sabia?
Eva – Se quiser,
pode se sentar.
Vitória – Estou bem
de pé. Mas pelo que vejo você não gosta tanto assim de mim, mesmo sem nos
conhecermos.
Eva – Sabe quando
o “santo não bate”? Então, foi isso que aconteceu. Desculpe, mas eu cheguei
hoje do hospital, tô numa gestação complicada e a minha vida amorosa não está
lá grandes coisas.
Vitória – Por causa
do seu relacionamento não estar indo tão bem, você acha que deve tratar as
pessoas com falta de respeito.
Eva – E você acha
pouco eu estar com problemas amorosos?
Vitória – Minha
querida, se você quer uma relação sem problemas, adota um cachorro. Ele é o
companheiro ideal nessa jornada.
Eva – Queira
fazer o favor de voltar outra hora. Perdoe-me a ignorância, mas eu não estou
disposta hoje.
Vitória – Um jantar
em minha casa hoje à noite? Pra comemorar o noivado e o meu neto que está por
vir?
Eva – Eu ligo
para o Miguel confirmando, pode ser?
Vitória – Como você
quiser Divina Eva.
Vitória vai
saindo e Eva a acompanha até a porta. Eva fecha a porta e respira aborrecida.
Eva – Que
mulherzinha.
Fernanda
(entrando) – Eu vi quem estava aqui, aliás, nem quis interromper.
Eva – Não gostei
dela, de cara. Muito nariz em pé pro meu gosto.
Fernanda – E você não
viu nada. Esse é só o começo da família de sapos que você arranjou: Sogra
metida a besta, noivo estranho e com uma ex que mora com ele.
Eva – Nada é
perfeito nessa vida.
Fernanda – Mas com
essa família, a gente prova que tudo pode ser torto. Agora larga disso e vem
almoçar.
Fernanda
sai em direção à cozinha e Eva fica envolta em seus pensamentos.
Corta para:
Cena 16.
Prefeitura/ Gabinete Prefeita/ Int./ Dia.
Álvaro, Téo
e Mafalda estão olhando para Meg. Tia Pombinha está com um falso sorriso no rosto
e olhando para os três.
Álvaro – Anda Meg,
estamos esperando uma resposta sua. O que esta louca, essa destemperada, esta
deslumbrada da Pombinha tá fazendo aqui?
Tia
Pombinha – Eu explico.
Mafalda – A gente não
está perguntando nada à senhora. Queira permanecer quieta.
Meg – Eu acho que
a Tia Pombinha tem que viver com a gente. Ela não tem para onde ir, não tem com
quem ficar. Nós duas, Mafalda, somos a única família dela.
Mafalda – Que ela
pensasse nisso antes de ter roubado dinheiro da gente e sumido no mundo. Essa
mulher é uma trambiqueira. Tá a fim de dar outra volta na gente.
Tia
Pombinha finge um choro.
Álvaro – Ninguém
mais cai nesse seu choro falso, Maria Pombalina. Você já destruiu muito a vida
das pessoas. Já atrasou demais o momento de todos.
Téo – Essa
história não me compete. Tô indo pra livraria trabalhar.
Téo sai do
gabinete.
Meg – O que vocês
estão fazendo com a tia não tem nome.
Mafalda – Tem nome
sim e se chama justiça. Chega!
Álvaro – Eu já dei o
ultimato, e vou falar pela última vez: Se a Pombalina ficar lá em casa, saio
eu.
Mafalda – Se ela
ficar lá em casa, eu vou aos tribunais e exijo a divisão da casa. Aí na sua
parte, você fará o que quiser, mas na minha, eu não aceitarei essa mulher.
Meg – Tadinha da
Tia Pombinha.
Tia
Pombinha – Deixa Meg. Deixa isso pra lá. Eu já sei o que fazer.
Mafalda – Se era só
isso, me dá licença que tenho mais o que fazer.
Mafalda e
Álvaro saem.
Meg – E agora Tia
Pombinha?
Tia
Pombinha – Eu vou me instalar na mansão da Vitória.
Meg
(assustada) – Lá é perigoso. Ela pode te matar.
Tia
Pombinha – Eu já armei um plano. Vou só passar na sua casa e
pegar minhas coisas.
Meg – Mas que
plano?
Tia
Pombinha sai do gabinete apressadamente.
Meg – Que mulher
trambiqueira. Melhor eu não avisar a Vitória.
Corta para:
Cena 17.
Cruzeiro Municipal/ Ext./ Dia-Noite.
(Música
“Sou dela” – Nando Reis). Imagens do cruzeiro, fazendo a transposição do dia
para a noite.
(Fad out
trilha).
Corta para:
Cena 18.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Noite.
A sala está
vazia, até que a campainha toca e Teresa, vindo da cozinha, vai atender.
Teresa – Pois não?
Nesse
instante Tia Pombinha dá um empurrão em Teresa e entra na sala, com sua mala.
Tia
Pombinha – Vá chamar a sua patroa, minha conversa é com a
Condessa Vitória.
Nesse
instante Vitória desce as escadas.
Vitória
(surpresa) – Pombinha?
Tia
Pombinha (a Teresa) – Vá buscar uma limonada pra mim, vai!
Teresa fica
olhando para Vitória.
Vitória (a
Teresa) – Faça o que ela manda.
Teresa sai
em direção à cozinha.
Vitória – O que você
faz aqui Pombinha?
Tia
Pombinha – Vamos ao seu escritório querida.
Vitória – Fale aqui
mesmo.
Tia
Pombinha abre sua mala e retira um DVD e um pedaço de blusa cheio de sangue.
Tia
Pombinha – Reconhece esse tecido? Gostou de assistir a esse
filme? Pois é Vitória, qual foi a viagem que o Antero fez mesmo?
Vitória
fica muito assustada.
Corta para:
FIM
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