segunda-feira, 20 de junho de 2016

Capítulo 22: Em nome do filho (ÚLTIMAS SEMANAS)

Cena 01. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Noite.
Continuação imediata do capítulo anterior.
Vitória enfia o canivete com toda a força na barriga de pano de Milena.
Miguel (gritando/ assustado) – Para, para! Você vai matar!
Vitória – Cala a sua boca.
O canivete cai no chão, em seguida Milena cai ajoelhada, com os olhos arregalados e apontados para Vitória, que lhe dá um tapão no rosto.
Vitória (ódio) – Eu matei. Matei uma mentira! Você nunca esteve grávida sua vagabunda.
Vitória olha com ódio para Miguel.
Vitória (a Miguel) - Eu poderia esperar traição de todo mundo, eu entenderia. Não aceitaria, mas teria que engolir. Agora do meu filho? Eu jamais imaginei, jamais pensei que você fosse chegar a tão baixo, que me enganaria.
Miguel (desesperado) – Mão me perdoa, por tudo que seja mais sagrado, me perdoa.
Vitória – Eu tô muito magoada Miguel. Tô me sentindo traída, me sentindo a pior das mães. Como assim esconder uma coisa séria dessas de mim?
Milena – Não foi falta de confiança. Mas esse seu jeito autoritário, de se achar acima do bem e do mal. Isso só te afastou do seu filho.
Vitória (a Milena) – Ao menos eu tenho um filho. Já você, nem foi suficientemente boa para gestar uma gravidez. Aposto que perdeu esse bebê e continuou com a farsa. Claro, aí o cabeça fraca do meu filho foi e te ajudou a montar essa farsa.
Miguel – Não é nada disso mãe, não foi assim que tudo aconteceu.
Vitória se senta na cama.
Vitória – Então começa a desembuchar essa história. Tô louca pra saber o que os dois pombinhos fizeram.
Miguel – A Milena não pode.../
Milena (corta/ gritando) – O que eu não posso é ficar dentro dessa casa. Vamos arrumar nossas coisas Miguel, estamos saindo desse lugar. Vamos pra um apartamento, pra um hotel, pensão, ou até embaixo de uma ponte, mas sairemos hoje ainda dessa casa.
Vitória (séria) – Mas não sai mesmo. Só passando por cima do meu cadáver.
Vitória se levanta e fica de frente para Milena. As duas se fuzilam com os olhos.
Corta para:
Cena 02. Mansão Trajano/ Quarto de Meg/ Int./ Noite.
Meg está deitada na cama, pensativa, quando Álvaro entra no quarto e se deita na cama também.
Álvaro – Tá com a cabeça longe. O que foi Meg? Problemas na prefeitura?
Meg – É a Tia Pombinha.
Álvaro – O que tem essa velha trambiqueira?
Meg – Eu não vou deixar que a Mafalda expulse a minha tia daqui.
Álvaro (surpreso) – Eu entendi bem o que você disse? Você não quer que aquela muquirana da Pombinha saia da nossa casa?
Meg – É isso sim. Coitada. Ela é uma mulher sozinha, sem eira nem beira. Não tem filhos e nós somos a única família dela. Eu não vou deixar que você ou a Mafalda tirem a minha tia dessa casa.
Álvaro – Você tá completamente maluca. Não sei o que andou bebendo, mas sei que não fez nada bem para a sua cabeça.
Meg – Se fosse os seus parentes, aquela cambada de urubus, garanto que você estaria feliz deles ficaram sob o mesmo teto que você. Mas quando se trata da minha família, você rapidamente dá um jeito de limar a minha relação.
Álvaro – Que rápido e estranho amor pela Pombalina é esse? Não, porque até a hora do jantar, você estava contra ela, estava querendo que a velha chispasse daqui o mais rápido possível, e de repente, como que num passe de mágicas você se transforma na heroína dos fracos, oprimidos, velhos e caloteiros? Te aposto que a Maria Pombalina tá te pressionando.
Meg – Que mané pressionando o que. Vamos dormir e chega de discussão. A minha tia vai ficar e pronto.
Álvaro – Se ela ficar, saio eu.
Álvaro se vira para o outro lado, apaga o abajur e fecha os olhos. Meg fica acordada, pensativa.
Corta para:
Cena 03. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Noite.
Continuação da cena 01. Vitória e Milena se olham com ódio. Miguel acuado no canto.
Milena (séria) – Então eu acho que você vai ter que morrer Vitória. Porque a gente vai sair dessa casa.
Miguel (assustado) – Não. Que isso Milena, pensa bem.
Milena (convicta) – Já pensei Miguel. Já pensei demais, já aturei demais. Eu não fico nem mais um minuto vivendo sob o mesmo teto que essa mulher castradora, que faz gato e sapato do filho, que faz gato e sapato das pessoas que a rodeiam.
Vitória – Meça suas palavras, sua criatura insignificante ou vai se arrepender depois.
Milena – Insignificante por quê? Você pensa que pode tudo né Vitória? Por que você tem poder de influência? Dinheiro você não tem mais, aliás, nunca teve. Acontece que todo mundo te detesta, nem o seu marido conseguiu viver com você por muito tempo. Acabou te colocando um belo par de chifres com uma mulher mais nova, mais bonita, mais interessante, mais tudo que você nunca foi.
Vitória (ESTRESSADA) – Cala a boca infeliz.
Milena (gritando) – Não calo, não calo! Não vou me calar, porque eu não tenho medo de você. Você faz capacho de todo mundo que pisa nessa casa, acontece que comigo é diferente. Eu não tenho medo nenhum de você, eu posso falar o que eu quiser. Já o Miguel não.  O Miguel abaixa as orelhas toda vez que a mamãezinha late mais alto.
Miguel – Não é bem assim não Milena. Olha lá hein.
Milena (a Vitória) – Porque você pensa que pode dominar o mundo e ele acredita piamente. Acontece que comigo a banda não toca desse jeito.
Vitória – Que banda?
Nesse instante Eneida entra no quarto assustada.
Eneida (assustada) – O que tá acontecendo aqui?
Miguel (a Eneida) – Fica na sua tia.
Vitória (a Milena) – Hein, que banda? Que nem gaita você toca. Não toca aqui, não toca em lugar nenhum quem dirá numa banda. Você é uma mulher desesperada por casamento, uma dessas gazelas que aceitam qualquer carniça. Se apossou do meu filho, como se ele fosse propriedade única e exclusivamente sua. Aí agora, depois que eu descobri toda a verdade, você vem querendo bancar a valentona comigo?
Miguel – Para com isso gente.
Vitória – Da mesma forma que eu te recebi aqui dentro dessa casa, eu posso te tirar, eu faço picadinho de você. Eu te deixo na lama, roendo beira de calçada, faço a sua caveira pra todo mundo e te deixo de rastro no chão. E quando você vier me pedir uma mão, sabe o que é que vai acontecer?
Milena olha assustada.
Vitória (dando um tapão no rosto de Milena) – Isso!
Vitória dá outro tapão no rosto de Milena, o que a faz cair na cama. Vitória pula em cima, as duas começam a gritar, enquanto isso Miguel e Eneida tentam separar, mas Vitória continua dando tapas no rosto de Milena.
Vitória – É isso que você merece.
Vitória se levanta. Close em Milena descabelada e com sangue no nariz e no canto da boca.
Vitória (a todos/calma) – O show terminou, me descontrolei um pouco.
Milena (gritando) – Sabe o que você é? Um monstro.
Vitória (a Milena) – Você não queria sair daqui? Pois então, arrume suas trouxinhas, coloque todos os seus panos de bunda e suma daqui, mas suma sozinha.
Eneida (assustada) – O que eu acabei de presenciar foi um filme de terror? Meu Deus.
Vitória (a Milena) – Junta os seus panos de bunda e caça sua turma. Já que eu sou uma mulher castradora, já que sou um ser absolutamente desprezível, saia da minha casa, mas sem o meu filho. Volte para a sua amada terra suburbana. Troque o meu vinho do porto por suco de uva de pacotinho.
Milena começa a chorar.
Miguel – Mãe, por favor, se acalme.
Vitória – Estou calma Miguel. Eu só quero que a Milena faça o favor de ir até o seu quarto e juntar o que é dela, tem quinze minutos.
Vitória sai do quarto. Eneida acode Milena, que está chorando muito, e a coloca sentada na cama.
Milena (chorando) – Essa mulher é um monstro. Não tem piedade, não tem coração.
Eneida – Mas vocês também vacilaram feio com ela. A Vitória foi criada a ferro e fogo e não aceita que errem, ou pior, que mintam para ela. Agora se acalme.
Miguel – Cuida da Milena pra mim tia. Vou atrás da minha mãe, terminar de contar essa história.
Miguel sai apressado do quarto.
Corta para:
Cena 04. Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Noite.
Vitória entra no escritório, fecha a porta, vai até a cristaleira e coloca uma dose de uísque no copo, ao qual toma em uma única golada.
Senta se em uma poltrona e fica pensativa, até que Miguel entra com toda a força.
Vitória (se levantando) – Se veio pedir para sua mulherzinha ficar, perdeu o seu precioso tempo. Eu quero a Milena daqui pra fora.
Miguel fecha a porta.
Miguel (sério) – O que eu tenho a falar vai muito além daquela barriga falsa, você me dá quinze minutos?
Vitória – Vou me sentar e te dou quatro minutos e meio. Se não me convencer, você também vai caçar sua turma longe desta casa. Eu finjo que nunca tive um filho, porque esta é a minha vontade no momento.
Vitória se senta e Miguel respira fundo.
Miguel – Lembra-se do dia da leitura do testamento do meu pai?
Vitória assente com a cabeça.
Miguel – Pois então, antes disso, eu estava de rolo com uma mulher que trabalhava na Livraria Dom Casmurro. Mas até aí era caso sem importância, mas no dia da leitura do testamento, naquela maldita cláusula que me permitia colocar as mãos na bolada e na empresa, só após um filho legítimo, eu vi que não tinha saída, que teria mesmo que levar esse meu casinho mais adiante.../
Miguel continua falando, quando o áudio é cortado.
Corta para:
Cena 05. Hospital/ Quarto/ Int./ Noite.
Eva está dormindo, enquanto Malu olha através da Janela, pensativa.
***Insert do flashback do capítulo 10. Cena: 10.***
Tamara acaricia o rosto de Edu e em seguida começa a beijá-lo na boca. Os dois travam em um longo beijo.
Malu que está passando pelo local, fica chocada com a cena.
Malu (gritando) – Desgraçado.
Edu e Tamara param de se beijar assustados.
Malu (chorando) – Eu tô decepcionada com você Edu. Você não tinha o direito de me trair dessa forma.
Edu (assustado) – Calma Malu, por favor, não é nada disso que você tá pensando.
***Fm do insert do flashback***
Malu fica triste e sente uma mão em seu ombro, virando-se assustada.
Malu (aliviada) – Eva, é você.
Eva – Pensou que fosse quem?
Malu – Sei lá. Mil pensamentos.
Eva – Esses olhinhos tristes só podem dizer uma coisa: Carlos Eduardo, vulgo, Edu.
Malu – Não tem como esconder nada de você né?
Eva – Você pode ser turrona, mas sei que o Edu tá te fazendo uma falta do cão, não é?
Malu (triste) – Tá, mas isso já não adianta mais, agora ele tá lá se esbaldando com a Tamara.
Eva – Nem me fale nessa garota. Minha vontade é a de ir lá e dar outra grande surra nela.
Malu – Agora que me lembrei, você está no hospital para repouso mocinha. Vamos, pode ir se deitar agora. Essas foram as recomendações da minha mãe antes de sair.
Eva se encaminha a cama, seguida por Malu. Eva se deita.
Eva – Onde a minha tia foi?
Malu – Disse que iria em casa tomar um banho. Saiu agora a pouco.
Eva vira-se para o canto e Malu lhe cobre.
Corta para:
Cena 06. Casa de Julieta/ Porta de entrada/ Ext./ Noite.
A rua está sem fluxo de veículos ou pessoas, de longe, vemos Fernanda atravessar a rua e parar bem em frente à porta da casa de Julieta. Fernanda toca a campainha.
Aporta se abre e Julieta aparece.
Julieta – Você? Eu não vou fingir surpresa, até porque eu já te esperava aqui hoje.
Fernanda – Eu vim resolver de uma vez por todas a confusão envolvendo a minha filha.
Fernanda e Julieta se entreolham.
Corta para:
Cena 07. Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Noite.
Miguel está de pé e Vitória está se levantando, chocada pelo que acabou de ouvir.
Vitória (paralisada) – É verdade o que você acabou de me contar?
Miguel – Sem tirar nenhuma vírgula.
Vitória – E por que escondeu de mim que a Milena era seca? Por que escondeu de mim, que seu filho será um bastardo?
Miguel – Mãe, vamos por partes, por favor. A história da Milena ser estéril, eu escondi porque não interferia na vida de ninguém até então. Era um assunto que dizia respeito somente a nós dois. Já depois do maldito testamento, eu tive que pular essa parte e ir direto a um plano, para poder pegar o controle da empresa, antes que aqueles malditos acionistas, ou o maluco que tem 10% da empresa, aparecessem.
Vitória – E por que não me contou?
Miguel – Eu não saberia qual seria a sua reação. Vai que você jogasse tudo a perder? Mãe, o que estou fazendo é ilegal, e se algo der errado, Milena e eu podemos parar atrás das grades.
Vitória – Mas o que você fará depois que sequestrar o bebê dessa tal Eva?
Miguel – Eu vou trancafiá-la num sanatório no Rio de Janeiro. Bem longe da gente.
Vitória – Mas e a família dela? E se ela escapar?
Miguel – Ela só tem uma tia aqui. Ninguém vai dar falta. Eu já fiz a contagem, vou leva-la no Ano Novo para o Rio de Janeiro e ela não volta mais. Ela vai deixar uma carta a tia, dizendo que foi embora para o sul do país, porque descobrira uma traição minha.
Vitória (sorridente) – Que plano genial meu filho. Por isso que amo você.
Miguel – A senhora vai me ajudar nesse plano?
Vitória – Mas é claro. Contanto que eu tenha 15 milhões de reais após o nascimento dessa criança.
Miguel – Considere-se milionária dona Vitória Lemos de Amadeu.
Miguel e Vitória se abraçam felizes.
Corta para:
Cena 08. Casa de Julieta/ Sala/ Int./ Noite.
Julieta e Fernanda estão de pé, uma olhando para a outra, em silêncio.
Julieta – Não vai falar nada?
Fernanda – É você que tem que me falar onde a minha filha biológica se encontra. Eu já fiz a minha parte no plano, dei um pé na bunda do César, mesmo o amando, agora é a sua vez de cumprir o trato.
Julieta – Tá bem. Eu vou dizer quem é a sua filha. Mas não será hoje.
Fernanda (irritada) – Fala de uma vez, não tenho tempo a perder. Chega com esse joguinho, se não me disser quem é a minha filha, vou a polícia e conto toda a história.
Julieta – Experimenta. Vá lá e você nunca mais vai saber por onde anda a sua ratinha.
Fernanda – Para de chama-la de ratinha.
Julieta – Eu sou o único elo que te liga a sua filha. Só eu sei quem ela é. Portanto, tenha calma e jogue conforme eu dou as cartas. Antes quero ter certeza de que não existe a possibilidade de reconciliação entre você e o crápula do César.
Fernanda – Não existe.
Julieta – Isso é o que vou testar nos próximos dias.
Fernanda – Eu não vou mais perder o meu tempo olhando pra essa sua cara de búfalo que perdeu a batalha. Tô indo nessa.
Fernanda sai da casa.
Julieta (feliz) – Quem manda nessa história é a Juju.
Corta para:
Cena 09. Mansão Amadeu/ Quarto de Miguel/ Int./ Noite.
Milena está arrumando suas malas, tirando roupas do armário e colocando nelas, quando Vitória aparece.
Vitória – Para com isso.
Milena (arrumando as malas) – Só estou fazendo o que a abelha rainha ordenou.
Vitória segura firme no braço de Milena, que a olha séria.
Milena – Me larga.
Vitória – O Miguel me contou tudo sobre essa farsa de vocês.
Vitória larga o braço de Milena, que fica surpresa.
Vitória – Não precisa me olhar com essa cara de cachorro feio que caiu da mudança em dia chuvoso, eu já disse que vou fazer parte do esquema.
Milena – Vai fazer pelo dinheiro né?
Vitória – E por acaso eu sou Madre Teresa de Calcutá para fazer caridade? Cada um se vira conforme as suas necessidades meu bem.
Milena – E a sua irmãzinha, já sabe também?
Vitória – Claro que não, a Eneida não é nada confiável. Quanto menos pessoas souberem, melhor pra gente. Agora preciso que você me dê o endereço da songamonga.
Milena (estranheza) – Quem é essa?
Vitória – Não faça mais papel de idiota do que você já é. Quero o endereço da Eva. Ela é a galinha dos nossos ovos dourados.
Milena – Mas eu não tenho.
Vitória – Milena deixe de bancar a tonta comigo. Não cola minha querida. Me passa de uma vez esse endereço.
Milena pega um papel em uma gaveta do armário e entrega a Vitória.
Vitória (saindo) – Boa mocinha.
Vitória sai do quarto e Milena tira as roupas da mala e coloca-as novamente no armário.
Corta para:
Cena 10. Flores/ Elevado/ Subúrbio/ Exterior/ Noite-Dia.
(Música “Aceita, paixão” – Péricles). Transposição da noite para o dia com tomadas do bairro suburbano Elevado. Ônibus passando pelos pontos, camelôs ambulantes vendendo salgados e quinquilharias, periguetes circulando pelas ruas, em meio a carros antigos e velhos e motoboys. Close na fachada do Bar Chegaí, todo decorado em tijolinhos marrom, mesas e um grupo de pagode na calçada. Takes de inúmeras casas do bairro, todas de classe média baixa. CAM focaliza em uma casa amarela, único andar, com janelas de grade, uma mureta na frente e sem portão, COM VÁRIAS casas ao lado. É a casa de Fernanda. (Fad out “Aceita, paixão” – Péricles).
Corta para:
Cena 11. Casa de Fernanda/ sala/ Int./ Dia.
Eva e Malu estão entrando em casa.
Eva (se jogando no sofá) – Ufa! Enfim, lar doce lar. Não aguentava mais aquele hospital.
Malu – Hum, pelo cheirinho, minha mãe está fazendo lasanha a bolonhesa.
Eva – Eu e meu bebê agradecemos.
Nesse instante, Fernanda entra na sala.
Fernanda – Eva minha querida, nem fui ao hospital te buscar porque queria estar com o almoço adiantado. Garanto que está em jejum.
Eva – E estou mesmo tia, aquela comida de hospital é terrível.
Fernanda – Tô terminando de assar uma lasanha pra gente.
Malu – Acertei na mosca. Meu faro nunca me engana. Agora vou subir e tomar uma chuveirada rápida, por favor, me esperem pro rango.
Malu sobe as escadas rapidamente.
Fernanda – Eu vou terminar de preparar o nosso almoço.
Fernanda sai em direção à cozinha. Eva permanece deitada, até que a campainha toca e ela se levanta e vai atender.
Eva abre a porta e dá de cara com Vitória.
Eva – Pois não?
Vitória – Eu sou a mãe do Miguel, seu noivo.
Eva (surpresa) – A senhora é.../
Vitória (corta) – Vitória Lemos de Amadeu.
Close em Eva surpresa.
Corta para:
Cena 12. Prefeitura/ Entrada/ Ext./ Dia.
Fluxo natural de pessoas passando pela calçada. De repente, estaciona um carro importado em frente a prefeitura. Descem dele: Mafalda e Téo dos bancos traseiros e Álvaro no banco do motorista. Eles então entram na prefeitura.
Corta para:
Cena 13. Prefeitura/ Antessala/ Int./ Dia.
Bebê está em um canto parado, com que faz a segurança do local. Mais a frente está Lui dando comida na boca do cachorro.
Lui (a Boticário) – Come queridinho. Papa tudo que o Lui precisa voltar ao batente.
Nesse instante Mafalda, Téo e Álvaro entram apressados. Bebê para na frente deles.
Bebê – Vocês não podem passar daqui.
Mafalda – Mas que isso agora? Não se pode mais entra na prefeitura? Ao que me consta aqui é um local público.
Bebê – São ordens da Dona Meg.
Álvaro – Pois diga a sua patroa que quem está aqui é a família dela.
Nesse instante Lui ouve e vem correndo para próximo de todos.
Lui (sorridente) – Pela primeira vez, aqui na prefeitura, toda a família Trajano. A que devo a honra?
Mafalda – Fala pra esse ridículo deixar a gente passar. Eu não sei qual foi o samba-enredo, mas sei que esse carnaval que a Meg arrumou vai terminar é agora.
Lui – Não tô entendendo.
Álvaro – E nem é pra você entender, sua gazela baba ovo. A Meg disse que queria uma reunião urgente com a família, estamos todos aqui.
Lui – Ao que me consta, o Téo não é da família.
Téo – Eu sou casado com a Mafalda, portanto eu sou da família sim. Sem mais delongas, chama a sua patroa pra gente. Todos aqui temos que trabalhar.
Lui – Ela está em reunião.
Mafalda – Chama agora, ou seu próximo salário vai ser como vendedor ambulante na Antártida.
Lui vai até a porta do gabinete de Meg e bate.
Meg (off) – Se for o pessoal lá de casa, manda entrar.
Mafalda (a Bebê) – Ouviu?
Bebê se afasta, dando passagem.
Álvaro, Mafalda e Téo entram no gabinete.
Corta para:
Cena 14. Prefeitura/ Gabinete prefeita/ Int./ Dia.
Meg está sentada em sua cadeira, de frente para ela está Tia Pombinha. Álvaro, Téo e Mafalda entram e ficam surpresos.
Tia Pombinha (falsa alegra) – Minha família.
Mafalda – O que essa mulher ainda está fazendo entre nós?
Todos olham para Meg.
Corta para
Cena 15. Casa de Fernanda/ Sala/ Int./ Dia.
Eva e Vitória estão de pé se olhando.
Eva – A senhora não vai falar nada? Veio até aqui apenas para ver quem é a noiva do seu filho?
Vitória – Na boa e velha educação, usa-se convidar as visitas para se sentarem e oferecer algum refresco sabia?
Eva – Se quiser, pode se sentar.
Vitória – Estou bem de pé. Mas pelo que vejo você não gosta tanto assim de mim, mesmo sem nos conhecermos.
Eva – Sabe quando o “santo não bate”? Então, foi isso que aconteceu. Desculpe, mas eu cheguei hoje do hospital, tô numa gestação complicada e a minha vida amorosa não está lá grandes coisas.
Vitória – Por causa do seu relacionamento não estar indo tão bem, você acha que deve tratar as pessoas com falta de respeito.
Eva – E você acha pouco eu estar com problemas amorosos?
Vitória – Minha querida, se você quer uma relação sem problemas, adota um cachorro. Ele é o companheiro ideal nessa jornada.
Eva – Queira fazer o favor de voltar outra hora. Perdoe-me a ignorância, mas eu não estou disposta hoje.
Vitória – Um jantar em minha casa hoje à noite? Pra comemorar o noivado e o meu neto que está por vir?
Eva – Eu ligo para o Miguel confirmando, pode ser?
Vitória – Como você quiser Divina Eva.
Vitória vai saindo e Eva a acompanha até a porta. Eva fecha a porta e respira aborrecida.
Eva – Que mulherzinha.
Fernanda (entrando) – Eu vi quem estava aqui, aliás, nem quis interromper.
Eva – Não gostei dela, de cara. Muito nariz em pé pro meu gosto.
Fernanda – E você não viu nada. Esse é só o começo da família de sapos que você arranjou: Sogra metida a besta, noivo estranho e com uma ex que mora com ele.
Eva – Nada é perfeito nessa vida.
Fernanda – Mas com essa família, a gente prova que tudo pode ser torto. Agora larga disso e vem almoçar.
Fernanda sai em direção à cozinha e Eva fica envolta em seus pensamentos.
Corta para:
Cena 16. Prefeitura/ Gabinete Prefeita/ Int./ Dia.
Álvaro, Téo e Mafalda estão olhando para Meg. Tia Pombinha está com um falso sorriso no rosto e olhando para os três.
Álvaro – Anda Meg, estamos esperando uma resposta sua. O que esta louca, essa destemperada, esta deslumbrada da Pombinha tá fazendo aqui?
Tia Pombinha – Eu explico.
Mafalda – A gente não está perguntando nada à senhora. Queira permanecer quieta.
Meg – Eu acho que a Tia Pombinha tem que viver com a gente. Ela não tem para onde ir, não tem com quem ficar. Nós duas, Mafalda, somos a única família dela.
Mafalda – Que ela pensasse nisso antes de ter roubado dinheiro da gente e sumido no mundo. Essa mulher é uma trambiqueira. Tá a fim de dar outra volta na gente.
Tia Pombinha finge um choro.
Álvaro – Ninguém mais cai nesse seu choro falso, Maria Pombalina. Você já destruiu muito a vida das pessoas. Já atrasou demais o momento de todos.
Téo – Essa história não me compete. Tô indo pra livraria trabalhar.
Téo sai do gabinete.
Meg – O que vocês estão fazendo com a tia não tem nome.
Mafalda – Tem nome sim e se chama justiça. Chega!
Álvaro – Eu já dei o ultimato, e vou falar pela última vez: Se a Pombalina ficar lá em casa, saio eu.
Mafalda – Se ela ficar lá em casa, eu vou aos tribunais e exijo a divisão da casa. Aí na sua parte, você fará o que quiser, mas na minha, eu não aceitarei essa mulher.
Meg – Tadinha da Tia Pombinha.
Tia Pombinha – Deixa Meg. Deixa isso pra lá. Eu já sei o que fazer.
Mafalda – Se era só isso, me dá licença que tenho mais o que fazer.
Mafalda e Álvaro saem.
Meg – E agora Tia Pombinha?
Tia Pombinha – Eu vou me instalar na mansão da Vitória.
Meg (assustada) – Lá é perigoso. Ela pode te matar.
Tia Pombinha – Eu já armei um plano. Vou só passar na sua casa e pegar minhas coisas.
Meg – Mas que plano?
Tia Pombinha sai do gabinete apressadamente.
Meg – Que mulher trambiqueira. Melhor eu não avisar a Vitória.
Corta para:
Cena 17. Cruzeiro Municipal/ Ext./ Dia-Noite.
(Música “Sou dela” – Nando Reis). Imagens do cruzeiro, fazendo a transposição do dia para a noite.
(Fad out trilha).
Corta para:
Cena 18. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Noite.
A sala está vazia, até que a campainha toca e Teresa, vindo da cozinha, vai atender.
Teresa – Pois não?
Nesse instante Tia Pombinha dá um empurrão em Teresa e entra na sala, com sua mala.
Tia Pombinha – Vá chamar a sua patroa, minha conversa é com a Condessa Vitória.
Nesse instante Vitória desce as escadas.
Vitória (surpresa) – Pombinha?
Tia Pombinha (a Teresa) – Vá buscar uma limonada pra mim, vai!
Teresa fica olhando para Vitória.
Vitória (a Teresa) – Faça o que ela manda.
Teresa sai em direção à cozinha.
Vitória – O que você faz aqui Pombinha?
Tia Pombinha – Vamos ao seu escritório querida.
Vitória – Fale aqui mesmo.
Tia Pombinha abre sua mala e retira um DVD e um pedaço de blusa cheio de sangue.
Tia Pombinha – Reconhece esse tecido? Gostou de assistir a esse filme? Pois é Vitória, qual foi a viagem que o Antero fez mesmo?
Vitória fica muito assustada.
Corta para:
FIM














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