segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Episódio 3: Crazy for life

Cena 1. Ext. Rio de Janeiro. Rua. Manhã.
(Sonoplastia: Terror Requiem for Dream)
Rodrigo anda pela rua procurando o homem de capa branca que vive lhe perseguindo. Celina, Nando, Sócrates e Gago observam tudo.
RODRIGO: Cadê você, seu desgraçado?
     Nesse momento, ouve-se a buzina de um carro. Rodrigo vira-se para trás e o carro o atropela.
     Celina corre da oficina para ajudar Rodrigo, que está desmaiado e com a cabeça sangrando.
CELINA: Gente, me ajuda aqui, ele desmaiou!
     Várias pessoas se juntam para ajudar Celina com Rodrigo. Enquanto isso, o motorista do carro sai do veículo sem ninguém perceber. Pode-se ver apenas as pernas dele.
Cena 02. Int. Hospital. Sala de Internação. Manhã.
     Rodrigo está deitado em uma cama de hospital, ainda desmaiado. Ele acorda e vê os pais, o irmão e Celina em volta dele.
RODRIGO: Onde é que eu tô?
CAIO: Cê tá no hospital.
RODRIGO: Por que eu tô aqui? O que aconteceu comigo?
TAMARA: Você foi atropelado por um carro, filho. Quase matou a gente do coração.
CELSO: Você não viu quando o carro bateu em você?
RODRIGO: Não, eu só ouvi uma buzina e não lembro de mais nada. (para Celina) Quem é você?
CELINA: Meu nome é Celina, fui eu quem te ajudou quando você sofreu o acidente. Quem era o tal mascarado de quem você tava falando?
     Rodrigo não responde. Ele está distraído, olhando para Celina, apaixonado.
TAMARA: Filho, a garota fez uma pergunta. E eu faço das palavras dela as minhas. Quem é esse mascarado?
RODRIGO: É um cara de capa branca que vive me atormentando. Em todo lugar que eu vou ele tá me olhando, me observando. Eu queria muito saber os motivos dele, por que ele vive me perseguindo.
CELSO: Por que você nunca falou sobre esse homem de capa branca pra gente, rapaz?
RODRIGO: Desculpa, eu não queria que vocês ficassem preocupados. Eu até acho que eu sou louco, esquizofrênico.
CAIO: Pai, o que é esquizofrênico?
CELSO: Alguém que tem problemas mentais. Mas o seu irmão não é isso. Mas mudando de assunto, você viu quem era o motorista, anotou a placa do carro, alguma coisa assim?
RODRIGO: Como eu te disse, pai, eu só tive tempo de ouvir a buzina e agora eu acordei aqui.
CELINA: Eu anotei a placa do carro. Até agora ele tá parado lá no meio da rua, mas o motorista fugiu e nem prestou socorro.
TAMARA: Mas a gente precisa registrar um B.O. na delegacia. Quem esse motorista pensa que é pra...
CELSO (interrompe): Calma, amor, depois a gente vê isso. Agora o melhor é deixar o Rodrigo descansar. Né, filho?
     Rodrigo faz que sim com a cabeça. Todos vão embora.
RODRIGO: Celina!
     Celina para e volta.
CELINA: Oi?
RODRIGO: Valeu por me ajudar, tá? A gente se conhece?
CELINA: Ah, eu só te conheço de vista mesmo. Várias vezes eu te vi saindo da academia de artes.
RODRIGO: Então é isso. Obrigado, de novo.
     Celina sorri.
     (Sonoplastia: Fade Out > Terror Requiem for Dream)
Cena 03. Int. Casa de Tetéia. Sala. Manhã.
     Tetéia assiste TV em sua casa. Bilu está ao seu lado. De repente, começa um plantão.
JORNALISTA: Agora a pouco, um jovem de 18 anos, identificado como Rodrigo, foi atropelado no bairro do Catete no Rio de Janeiro. (foto de Rodrigo aparece no telão)
BILU: Ih, é o Rodrigo da academia.
TETÉIA: Não, é a dona Florinda do restaurante. Eu tenho dois olhos, sabia Bilu? Agora, zip, e me deixa ouvir.
JORNALISTA: O jovem está agora internado no hospital. O motorista que o atropelou fugiu sem prestar socorro, deixando apenas o carro no local do atropelamento. Algumas testemunhas alegara que Rodrigo parecia ter problemas mentais, por sair gritando na rua, atrás de um mascarado. Voltamos à programação normal.
TETÉIA: Gente, como assim o Rodrigo com problema mental? Para esse mundo que eu quero descer, o queridinho do seu Aristeu tá louco.
BILU: E o motorista ainda fugiu sem prestar socorro. Eu até já tenho ideia de quem foi.
TETÉIA: Então fala logo de uma vez, Bilu.
BILU: O Raul.
TETÉIA: Que nada a ver, Bilu. Claro que não foi o Raul que atropelou o Rodrigo. Por que ele faria isso?
BILU: Há muito tempo eu percebo que ele olha pro Rodrigo de um jeito diferente, sei lá, ameaçador. E eu até ouvi ele falando no celular no banheiro.
TETÉIA: Falando o quê?
-----FLASHBACK-----
Bilu está indo ao banheiro, quando encontra Raul falando no telefone, mas não diz nada. Raul não percebe sua presença.
RAUL: Tudo pronto? (pausa) Agora o paulistinha vai ver o que é bom pra tosse. (pausa) Claro que eu tenho certeza do que eu vou fazer, mina. Fica fria, vai dar tudo certo. (pausa) Falou.
-----DE VOLTA AO PRESENTE-----
TETÉIA: Será, Bilu?
BILU: Eu tenho certeza. Na academia tem gente de outros estados. O Júlio é do Espírito Santo, o Adriano é do Maranhão, o Zé é da Bahia. Mas de São Paulo só o Rodrigo, mesmo.
TETÉIA: Muito suspeito. Precisamos investigar. Isso é uma missão para a Super-Tetéia e seu assistente Bilu-Boy.
BILU: Pra quem?
TETÉIA: Pra nós, criatura ignorante. A gente vai investigar tudo pra descobrir quem atropelou o Rodrigo.
BILU: De boa, mas eu imagino como o seu Aristeu deve estar se sentindo agora.
TETÉIA: E se a gente fosse lá falar com ele?
BILU: Desculpa, Tetéia, mas eu não posso, eu tenho que...
TETÉIA: Zip! Isso não foi um pedido, foi uma ordem. Nós vamos lá e ponto final. Vem comigo!
     Tetéia sai de casa. Bilu vai atrás.
Cena 04. Int. Casa de Aristeu. Sala. Manhã.
     Seu Aristeu continua deitado no chão, desmaiado. Bilu e Tetéia chegam até lá e se surpreendem.
TETÉIA (se ajoelha): Seu Aristeu, acorda! O que aconteceu? Seu Aristeu, por favor... me ajuda, Bilu!
     Bilu se ajoelha também. Os dois tentam acordar Aristeu.
Cena 05. Ext. Praia. Manhã.
     Batera, Gi e Letícia chegam a uma praia. Eles estão aproveitando o recesso das aulas.
BATERA: Só acho que eles deviam esperar mais alguns dias pra começar essa tal construção do laboratório de ciências.
GI: Saudade da escola, Batera?
BATERA: Não, é lógico que eu prefiro férias, mas a gente só tava no terceiro dia de aula.
LETÍCIA: Olha gente, pra mim tanto faz, o importante é que a gente tá aqui.
GI (imitando): “Olha gente, pra mim tanto faz, o importante é que a gente tá aqui.”
LETÍCIA: Quê que é, minha filha? Vai me imitar agora?
GI: Não, porque aqui não tem capim pra comer.
LETÍCIA: Tá me chamando de vaca, Giovana?
GI: E se eu tiver?
LETÍCIA: Olha, segura o seu forninho, que eu vou cair de pau em cima de você!
     Letícia e Gi começam a puxar os cabelos uma da outra. Batera tenta conter as duas. Ele pega Gi e a faz parar de brigar.
GI: Me solta, Batera!
LETÍCIA: Solta, Batera, que eu quero dar na cara dessa aí!
BATERA: Gente, para de briga, por favor. Pô, a gente tá na praia. Em vez de se divertir, vocês ficam aí arrumando briga. Faça-me o favor, né?
GI: Cê tem razão, Batera. Eu não vou ficar brigando com essa aí. Mas como diz a música, beijinho no ombro pro recalque passar longe.
     Letícia mostra a língua para Gi, que faz o mesmo. Batera vê um rapaz tocando bateria em frente a um quiosque na praia.
BATERA: Não acredito!
     Batera vai até lá e conversa com o rapaz, que o entrega a bateria. Batera dá um show com a bateria. Gi e Letícia apreciam o amigo. Ao terminar, Batera devolve a bateria para o dono e volta para onde estava.
GI: Batera, você arrasou na bateria!
LETÍCIA: Agora eu entendi porque seu apelido é Batera. Depois você me dá umas aulas de bateria?
GI: Pra mim primeiro.
LETÍCIA: Não, eu pedi primeiro!
GI: Mas ele vai dar aula de bateria pra mim.
     Gi e Letícia começam a discutir novamente. Batera põe a mão na cabeça, fazendo um gesto de reprovação.
Cena 06. Int. Academia Friedrich. Interior. Manhã.
     Geraldo conversa com os alunos em cima do palco da academia.
GERALDO: E assim o Rodrigo foi atropelado. O motorista foi embora e nem ajudou o nosso amigo.
     Raul olha desconfiado para Marília.
GERALDO: Ele vai ficar alguns dias afastado da academia, e enquanto isso eu quero que vocês ensaiem um espetáculo para quando o Rodrigo voltar. Tudo bem?
     Todos concordam. O celular de Geraldo começa a tocar.
GERALDO: Desculpa, gente, eu vou atender ali, tudo bem?
     Todos começam a planejar o espetáculo. Geraldo vai para um canto e atende o celular. Quem está ligando é Tetéia.
GERALDO: Alô?
TETÉIA: Professor Geraldo, sou eu, Tetéia. Você precisa me ajudar.
Cena 07. Int. Casa de Aristeu. Sala. Manhã.
     Geraldo, Bilu e Tetéia estão na casa de Aristeu.
GERALDO: Quer dizer que quando vocês chegaram ele já tava desmaiado, é isso?
     Bilu e Tetéia fazem que sim com a cabeça.
TETÉIA: A gente veio dar a notícia do atropelamento do Rodrigo pra ele, mas ele tava aqui desmaiado.
GERALDO: Deixa eu ver isso.
     Geraldo se ajoelha e sente os pulsos de Aristeu. Depois, põe a mão no peito do idoso.
GERALDO: O coração dele não tá batendo!
BILU: Será que a dona Olga já sabe disso?
TETÉIA: Eu fui no quarto dela, e ela tá dormindo.
GERALDO: E é melhor assim. É melhor ela não saber de nada, antes que ela acabe do mesmo jeito que o seu Aristeu. O melhor agora é levar ele pro hospital.
     Bilu e Tetéia concordam.
Cena 08. Int. Academia Friedrich. Corredor. Manhã.
     Raul e Marília conversam. Raul está com o braço apoiado na parede. Marília sentada em um banco.
MARÍLIA: E se eles descobrirem, Raul? É aí que a gente tá ferrado mesmo!
RAUL: Se ninguém falar, ninguém vai ficar sabendo. Vai amarelar agora, Marília? Não era você que queria acabar com o desgraçado do paulistinha? Então.
MARÍLIA: Mas eu queria só mostrar pra ele que ele não é melhor que ninguém, Raul. Não era pra você atropelar ele. Mas agora já foi.
RAUL: Ei, fica tranquila. Não vai dar nada errado.
     Raul beija Marília.
Cena 08. Ext. Pontos do Rio de Janeiro. Manhã/Tarde/Noite.
     (Sonoplastia: Paradise – Coldplay)
     Anoitece no Rio de Janeiro. Várias pessoas fazem caminhada pela rua. Outras tomam banho na praia. Um casal se beija em um banco em frente à praia de Ipanema. É dessa praia que Batera, Gi e Letícia saem, indo para casa.
LETÍCIA: Batera, você manda muito na bateria.
GI: Eu não sabia que você era tão talentoso assim.
BATERA: Valeu, gente. Você também é talentosa Gi, pra dança e pro canto.
GI: Eu sei.
LETÍCIA: E eu? Eu não tenho um talento?
BATERA: Isso é você que tem que descobrir, Lê.
     Os três continuam andando. Letícia fica decepcionada.
     (Sonoplastia: Fade Out > Paradise)
Cena 09. Int. Hospital. Sala de Internação. Noite.
     Rodrigo dorme na cama do hospital. O rapaz acorda, olha para o lado e vê Aristeu deitado numa cama do outro lado do hospital. Rodrigo chama um enfermeiro.
RODRIGO: Por favor, o que aconteceu com aquele senhor ali?
ENFERMEIRO: Teve um ataque cardíaco.
RODRIGO: Mas ele já tá bem?
ENFERMEIRO: Bem, eu não posso te dizer se ele tá bem. Mas se você quiser, eu posso perguntar pro médico responsável por ele.
RODRIGO: Faz isso, por favor.
     O enfermeiro faz que sim com a cabeça e sai da sala.
RODRIGO: O que será que aconteceu com o seu Aristeu? Será que ele... droga. Primeiro, eu quase morro atropelado e o filho da mãe do motorista não me socorre. Agora o seu Aristeu teve um ataque cardíaco. Minha vida tá um inferno! Mas tomara que o seu Aristeu se recupere.
     O homem de capa branca observa Rodrigo pela janela do hospital.
Cena 10. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de aula.
     Batera está sozinho com Gi no colégio Alberto Villani. Batera se ajoelha e pega a mão de Gi.
BATERA: Gi, eu não aguento mais ficar com isso sufocado na minha garganta. Eu te amo, eu sou completamente apaixonado por você. Você quer namorar comigo?
GI: É claro que eu quero, Batera!
     Batera levanta e beija Gi.
     Nesse momento, Batera desperta de um sonho. Ele está no seu quarto.
BATERA: Foi só um sonho. Que pena. Ah, Gi, se você soubesse o quanto eu gosto de você. A vontade que eu tenho de te chamar de namorada. Será que eu tenho que me declarar pra Gi? Mas e se ela disser “não” pra mim? Será?
Cena 11. Int. Oficina. Noite.
     Celina, Nando, Gago e Sócrates arrumam suas coisas para ir embora da oficina.
CELINA: Falou gente, vambora.
GAGO: Fi-fi-finalmente, né? Todo mundo foi pra pra-pra-praia e eu fiquei aqui, traba-balhando.
SÓCRATES: Por que você ficou aqui trabalhando?
NANDO: Capitã Celina obrigou a gente a trabalhar até agora aqui na oficina.
SÓCRATES: Por quê?
CELINA: Ih, vou logo sair, porque eu já vi que vai começar o festival dos “por quês” do Sócrates. Tchau, gente.
     Celina vai embora da oficina.
Cena 12. Ext. Rio de Janeiro. Rua. Noite.
     Celina anda pela rua, voltando para sua casa, cantarolando.
CELINA (cantarolando): Um dia, um adeus. Eu indo embora. Quanta loucura...
     Celina se assusta com um vulto que vê se escondendo atrás de uma árvore.
CELINA: Quem tá aí?
     Ninguém responde.
CELINA: Eu não tô de brincadeira. Quem tá aí?
     Celina se aproxima da árvore e vê o homem de capa branca olhando para ela.
CELINA: Quem é você? Espera aí, você é o mascarado de capa branca que o Rodrigo tava falando né?
     O homem de capa branca sai correndo.
CELINA (grita): Volta aqui, seu desgraçado!
     O homem de capa branca dobra em uma esquina. Celina desiste de correr até ele.



#FIM DO SEGUNDO CAPÍTULO

OS CRÉDITOS SOBEM AO SOM DE:
“RAZÕES E EMOÇÕES” - NXZero



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