Cena
1. Ext. Rio de Janeiro. Rua. Manhã.
(Sonoplastia: Terror Requiem for Dream)
Rodrigo
anda pela rua procurando o homem de capa branca que vive lhe perseguindo.
Celina, Nando, Sócrates e Gago observam tudo.
RODRIGO: Cadê você,
seu desgraçado?
Nesse
momento, ouve-se a buzina de um carro. Rodrigo vira-se para trás e o carro o
atropela.
Celina
corre da oficina para ajudar Rodrigo, que está desmaiado e com a cabeça
sangrando.
CELINA: Gente, me
ajuda aqui, ele desmaiou!
Várias
pessoas se juntam para ajudar Celina com Rodrigo. Enquanto isso, o motorista do
carro sai do veículo sem ninguém perceber. Pode-se ver apenas as pernas dele.
Cena
02. Int. Hospital. Sala de Internação. Manhã.
Rodrigo está deitado em uma cama de
hospital, ainda desmaiado. Ele acorda e vê os pais, o irmão e Celina em volta
dele.
RODRIGO: Onde é que
eu tô?
CAIO: Cê tá no
hospital.
RODRIGO: Por que eu
tô aqui? O que aconteceu comigo?
TAMARA: Você foi
atropelado por um carro, filho. Quase matou a gente do coração.
CELSO: Você não
viu quando o carro bateu em você?
RODRIGO: Não, eu só
ouvi uma buzina e não lembro de mais nada. (para Celina) Quem é você?
CELINA: Meu nome é
Celina, fui eu quem te ajudou quando você sofreu o acidente. Quem era o tal
mascarado de quem você tava falando?
Rodrigo
não responde. Ele está distraído, olhando para Celina, apaixonado.
TAMARA: Filho, a
garota fez uma pergunta. E eu faço das palavras dela as minhas. Quem é esse
mascarado?
RODRIGO: É um cara
de capa branca que vive me atormentando. Em todo lugar que eu vou ele tá me
olhando, me observando. Eu queria muito saber os motivos dele, por que ele vive
me perseguindo.
CELSO: Por que
você nunca falou sobre esse homem de capa branca pra gente, rapaz?
RODRIGO: Desculpa,
eu não queria que vocês ficassem preocupados. Eu até acho que eu sou louco,
esquizofrênico.
CAIO: Pai, o que
é esquizofrênico?
CELSO: Alguém que
tem problemas mentais. Mas o seu irmão não é isso. Mas mudando de assunto, você
viu quem era o motorista, anotou a placa do carro, alguma coisa assim?
RODRIGO: Como eu te
disse, pai, eu só tive tempo de ouvir a buzina e agora eu acordei aqui.
CELINA: Eu anotei
a placa do carro. Até agora ele tá parado lá no meio da rua, mas o motorista
fugiu e nem prestou socorro.
TAMARA: Mas a
gente precisa registrar um B.O. na delegacia. Quem esse motorista pensa que é
pra...
CELSO
(interrompe): Calma, amor, depois a gente vê isso. Agora o melhor
é deixar o Rodrigo descansar. Né, filho?
Rodrigo
faz que sim com a cabeça. Todos vão embora.
RODRIGO: Celina!
Celina
para e volta.
CELINA: Oi?
RODRIGO: Valeu por
me ajudar, tá? A gente se conhece?
CELINA: Ah, eu só
te conheço de vista mesmo. Várias vezes eu te vi saindo da academia de artes.
RODRIGO: Então é
isso. Obrigado, de novo.
Celina
sorri.
(Sonoplastia: Fade Out > Terror Requiem
for Dream)
Cena
03. Int. Casa de Tetéia. Sala. Manhã.
Tetéia assiste TV em sua casa. Bilu
está ao seu lado. De repente, começa um plantão.
JORNALISTA: Agora a
pouco, um jovem de 18 anos, identificado como Rodrigo, foi atropelado no bairro
do Catete no Rio de Janeiro. (foto de Rodrigo aparece no telão)
BILU: Ih, é o
Rodrigo da academia.
TETÉIA: Não, é a
dona Florinda do restaurante. Eu tenho dois olhos, sabia Bilu? Agora, zip, e me
deixa ouvir.
JORNALISTA: O jovem
está agora internado no hospital. O motorista que o atropelou fugiu sem prestar
socorro, deixando apenas o carro no local do atropelamento. Algumas testemunhas
alegara que Rodrigo parecia ter problemas mentais, por sair gritando na rua,
atrás de um mascarado. Voltamos à programação normal.
TETÉIA: Gente,
como assim o Rodrigo com problema mental? Para esse mundo que eu quero descer,
o queridinho do seu Aristeu tá louco.
BILU: E o
motorista ainda fugiu sem prestar socorro. Eu até já tenho ideia de quem foi.
TETÉIA: Então fala
logo de uma vez, Bilu.
BILU: O Raul.
TETÉIA: Que nada a
ver, Bilu. Claro que não foi o Raul que atropelou o Rodrigo. Por que ele faria
isso?
BILU: Há muito
tempo eu percebo que ele olha pro Rodrigo de um jeito diferente, sei lá,
ameaçador. E eu até ouvi ele falando no celular no banheiro.
TETÉIA: Falando o
quê?
-----FLASHBACK-----
Bilu está indo ao banheiro, quando encontra
Raul falando no telefone, mas não diz nada. Raul não percebe sua presença.
RAUL: Tudo pronto? (pausa) Agora o paulistinha
vai ver o que é bom pra tosse. (pausa) Claro que eu tenho certeza do que eu vou
fazer, mina. Fica fria, vai dar tudo certo. (pausa) Falou.
-----DE VOLTA AO PRESENTE-----
TETÉIA: Será,
Bilu?
BILU:
Eu
tenho certeza. Na academia tem gente de outros estados. O Júlio é do Espírito
Santo, o Adriano é do Maranhão, o Zé é da Bahia. Mas de São Paulo só o Rodrigo,
mesmo.
TETÉIA: Muito
suspeito. Precisamos investigar. Isso é uma missão para a Super-Tetéia e seu
assistente Bilu-Boy.
BILU:
Pra
quem?
TETÉIA:
Pra
nós, criatura ignorante. A gente vai investigar tudo pra descobrir quem
atropelou o Rodrigo.
BILU: De boa,
mas eu imagino como o seu Aristeu deve estar se sentindo agora.
TETÉIA: E se a
gente fosse lá falar com ele?
BILU: Desculpa,
Tetéia, mas eu não posso, eu tenho que...
TETÉIA: Zip! Isso
não foi um pedido, foi uma ordem. Nós vamos lá e ponto final. Vem comigo!
Tetéia
sai de casa. Bilu vai atrás.
Cena
04. Int. Casa de Aristeu. Sala. Manhã.
Seu Aristeu continua deitado no
chão, desmaiado. Bilu e Tetéia chegam até lá e se surpreendem.
TETÉIA
(se ajoelha): Seu Aristeu, acorda! O que aconteceu? Seu Aristeu,
por favor... me ajuda, Bilu!
Bilu
se ajoelha também. Os dois tentam acordar Aristeu.
Cena
05. Ext. Praia. Manhã.
Batera, Gi e Letícia chegam a uma
praia. Eles estão aproveitando o recesso das aulas.
BATERA: Só acho
que eles deviam esperar mais alguns dias pra começar essa tal construção do
laboratório de ciências.
GI: Saudade da
escola, Batera?
BATERA: Não, é
lógico que eu prefiro férias, mas a gente só tava no terceiro dia de aula.
LETÍCIA: Olha
gente, pra mim tanto faz, o importante é que a gente tá aqui.
GI
(imitando): “Olha gente, pra mim tanto faz, o importante é que a
gente tá aqui.”
LETÍCIA: Quê que é,
minha filha? Vai me imitar agora?
GI: Não,
porque aqui não tem capim pra comer.
LETÍCIA: Tá me
chamando de vaca, Giovana?
GI: E se eu
tiver?
LETÍCIA: Olha,
segura o seu forninho, que eu vou cair de pau em cima de você!
Letícia
e Gi começam a puxar os cabelos uma da outra. Batera tenta conter as duas. Ele
pega Gi e a faz parar de brigar.
GI: Me solta,
Batera!
LETÍCIA:
Solta,
Batera, que eu quero dar na cara dessa aí!
BATERA: Gente,
para de briga, por favor. Pô, a gente tá na praia. Em vez de se divertir, vocês
ficam aí arrumando briga. Faça-me o favor, né?
GI: Cê tem
razão, Batera. Eu não vou ficar brigando com essa aí. Mas como diz a música, beijinho
no ombro pro recalque passar longe.
Letícia
mostra a língua para Gi, que faz o mesmo. Batera vê um rapaz tocando bateria em
frente a um quiosque na praia.
BATERA: Não
acredito!
Batera
vai até lá e conversa com o rapaz, que o entrega a bateria. Batera dá um show
com a bateria. Gi e Letícia apreciam o amigo. Ao terminar, Batera devolve a
bateria para o dono e volta para onde estava.
GI: Batera,
você arrasou na bateria!
LETÍCIA: Agora eu
entendi porque seu apelido é Batera. Depois você me dá umas aulas de bateria?
GI: Pra mim
primeiro.
LETÍCIA: Não, eu
pedi primeiro!
GI: Mas ele
vai dar aula de bateria pra mim.
Gi
e Letícia começam a discutir novamente. Batera põe a mão na cabeça, fazendo um
gesto de reprovação.
Cena
06. Int. Academia Friedrich. Interior. Manhã.
Geraldo conversa com os alunos em
cima do palco da academia.
GERALDO: E assim o
Rodrigo foi atropelado. O motorista foi embora e nem ajudou o nosso amigo.
Raul
olha desconfiado para Marília.
GERALDO: Ele vai
ficar alguns dias afastado da academia, e enquanto isso eu quero que vocês
ensaiem um espetáculo para quando o Rodrigo voltar. Tudo bem?
Todos
concordam. O celular de Geraldo começa a tocar.
GERALDO: Desculpa,
gente, eu vou atender ali, tudo bem?
Todos
começam a planejar o espetáculo. Geraldo vai para um canto e atende o celular.
Quem está ligando é Tetéia.
GERALDO: Alô?
TETÉIA: Professor
Geraldo, sou eu, Tetéia. Você precisa me ajudar.
Cena
07. Int. Casa de Aristeu. Sala. Manhã.
Geraldo, Bilu e Tetéia estão na
casa de Aristeu.
GERALDO: Quer dizer
que quando vocês chegaram ele já tava desmaiado, é isso?
Bilu
e Tetéia fazem que sim com a cabeça.
TETÉIA: A gente
veio dar a notícia do atropelamento do Rodrigo pra ele, mas ele tava aqui
desmaiado.
GERALDO: Deixa eu
ver isso.
Geraldo
se ajoelha e sente os pulsos de Aristeu. Depois, põe a mão no peito do idoso.
GERALDO: O coração
dele não tá batendo!
BILU: Será que a
dona Olga já sabe disso?
TETÉIA: Eu fui no
quarto dela, e ela tá dormindo.
GERALDO: E é melhor
assim. É melhor ela não saber de nada, antes que ela acabe do mesmo jeito que o
seu Aristeu. O melhor agora é levar ele pro hospital.
Bilu
e Tetéia concordam.
Cena
08. Int. Academia Friedrich. Corredor. Manhã.
Raul e Marília conversam. Raul está
com o braço apoiado na parede. Marília sentada em um banco.
MARÍLIA: E se eles
descobrirem, Raul? É aí que a gente tá ferrado mesmo!
RAUL: Se ninguém
falar, ninguém vai ficar sabendo. Vai amarelar agora, Marília? Não era você que
queria acabar com o desgraçado do paulistinha? Então.
MARÍLIA: Mas eu
queria só mostrar pra ele que ele não é melhor que ninguém, Raul. Não era pra
você atropelar ele. Mas agora já foi.
RAUL: Ei, fica
tranquila. Não vai dar nada errado.
Raul
beija Marília.
Cena
08. Ext. Pontos do Rio de Janeiro. Manhã/Tarde/Noite.
(Sonoplastia:
Paradise – Coldplay)
Anoitece no Rio de Janeiro. Várias
pessoas fazem caminhada pela rua. Outras tomam banho na praia. Um casal se
beija em um banco em frente à praia de Ipanema. É dessa praia que Batera, Gi e
Letícia saem, indo para casa.
LETÍCIA: Batera,
você manda muito na bateria.
GI: Eu não
sabia que você era tão talentoso assim.
BATERA: Valeu,
gente. Você também é talentosa Gi, pra dança e pro canto.
GI: Eu sei.
LETÍCIA: E eu? Eu
não tenho um talento?
BATERA: Isso é
você que tem que descobrir, Lê.
Os
três continuam andando. Letícia fica decepcionada.
(Sonoplastia: Fade Out > Paradise)
Cena
09. Int. Hospital. Sala de Internação. Noite.
Rodrigo dorme na cama do hospital.
O rapaz acorda, olha para o lado e vê Aristeu deitado numa cama do outro lado
do hospital. Rodrigo chama um enfermeiro.
RODRIGO: Por favor,
o que aconteceu com aquele senhor ali?
ENFERMEIRO: Teve um
ataque cardíaco.
RODRIGO: Mas ele já
tá bem?
ENFERMEIRO: Bem, eu
não posso te dizer se ele tá bem. Mas se você quiser, eu posso perguntar pro
médico responsável por ele.
RODRIGO: Faz isso,
por favor.
O
enfermeiro faz que sim com a cabeça e sai da sala.
RODRIGO: O que será
que aconteceu com o seu Aristeu? Será que ele... droga. Primeiro, eu quase
morro atropelado e o filho da mãe do motorista não me socorre. Agora o seu
Aristeu teve um ataque cardíaco. Minha vida tá um inferno! Mas tomara que o seu
Aristeu se recupere.
O
homem de capa branca observa Rodrigo pela janela do hospital.
Cena
10. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de aula.
Batera está sozinho com Gi no
colégio Alberto Villani. Batera se ajoelha e pega a mão de Gi.
BATERA: Gi, eu não
aguento mais ficar com isso sufocado na minha garganta. Eu te amo, eu sou
completamente apaixonado por você. Você quer namorar comigo?
GI: É claro
que eu quero, Batera!
Batera
levanta e beija Gi.
Nesse
momento, Batera desperta de um sonho. Ele está no seu quarto.
BATERA: Foi só um
sonho. Que pena. Ah, Gi, se você soubesse o quanto eu gosto de você. A vontade
que eu tenho de te chamar de namorada. Será que eu tenho que me declarar pra
Gi? Mas e se ela disser “não” pra mim? Será?
Cena
11. Int. Oficina. Noite.
Celina, Nando, Gago e Sócrates
arrumam suas coisas para ir embora da oficina.
CELINA: Falou
gente, vambora.
GAGO:
Fi-fi-finalmente, né? Todo mundo foi pra pra-pra-praia e eu fiquei aqui,
traba-balhando.
SÓCRATES: Por que
você ficou aqui trabalhando?
NANDO: Capitã
Celina obrigou a gente a trabalhar até agora aqui na oficina.
SÓCRATES: Por quê?
CELINA: Ih, vou
logo sair, porque eu já vi que vai começar o festival dos “por quês” do
Sócrates. Tchau, gente.
Celina
vai embora da oficina.
Cena
12. Ext. Rio de Janeiro. Rua. Noite.
Celina anda pela rua, voltando para
sua casa, cantarolando.
CELINA
(cantarolando): Um dia, um adeus. Eu indo embora. Quanta loucura...
Celina
se assusta com um vulto que vê se escondendo atrás de uma árvore.
CELINA: Quem tá
aí?
Ninguém
responde.
CELINA: Eu não tô
de brincadeira. Quem tá aí?
Celina
se aproxima da árvore e vê o homem de capa branca olhando para ela.
CELINA: Quem é
você? Espera aí, você é o mascarado de capa branca que o Rodrigo tava falando
né?
O
homem de capa branca sai correndo.
CELINA
(grita): Volta aqui, seu desgraçado!
O
homem de capa branca dobra em uma esquina. Celina desiste de correr até ele.
#FIM DO SEGUNDO CAPÍTULO
OS CRÉDITOS SOBEM AO SOM DE:

Nenhum comentário:
Postar um comentário