CENA 1: Empresa
de artigos esportivos ''My body'', Urca, RJ. TARDE.
(Continuação
do capítulo anterior...)
ROBERTO:
Eu sei muito bem o que eu faço.
AGATHA:
Mas por que congelou os cartões e tudo nosso e da mamãe?
ROBERTO:
Percebi que a nossa família estava muito
afastada e você, Agatha, e sua irmã são muito consumistas, gastam muito
dinheiro sem necessidade e não dão nenhuma contribuição no fim do mês. Ao invés
de gastarem tanta grana, podiam ajudar crianças ou pessoas carentes.
As
irmãs riem.
DAYSE:
Roberto, isso é necessário?
ROBERTO:
Claro. A nossa empresa não está sendo procurada como antes. Muitas empresas
estrangeiras estão aí, no mercado, e a concorrência aumentou muito.
VERÔNICA:
E daí?
ROBERTO:
E daí que a nossa empresa não está num bom momento.
AGATHA:
Nós estamos ficando pobres?
ROBERTO:
Também não é assim, Agatha. Só disse que nossa situação não é das melhores.
Também perdemos funcionários, por isso estou sem secretária. Eu estava pensando
em contratar a Karina.
DAYSE:
A Karina, nossa empregada?
ROBERTO:
Sim.
AGATHA:
Ela é muito inútil, não sabe de nada.
ROBERTO:
Não fale dessa forma, filha.
VERÔNICA:
E quem vai ficar lá em casa?
AGATHA:
Nem vem com aquele papinho de que não precisamos de empregada, pai.
ROBERTO:
Eu continuo achando isso, mas para ajudar
a gente a Karina me disse uma vez que ela tem uma irmã, da sua idade que
precisa de emprego.
VERÔNICA:
Papai ajudando a família de pobres...
ROBERTO:
Já falei para parar com isso. A próxima piadinha sua ou da Agatha eu corto a
mesada por dois meses, ou mais.
AGATHA:
Ai, pai, não corta a mesada não!
ROBERTO:
Se precisar, eu corto sim.
VERÔNICA:
Que mer...
ROBERTO:
Nem pense em falar essa palavra!
AGATHA:
Qual o problema?
ROBERTO:
Não quero mais.
AGATHA:
(BUFANDO) Tá bom.
DAYSE:
Filhas, eu vou ficar aqui na empresa para ajudar seu pai.
ROBERTO:
Que bom,querida.
VERÔNICA
(IRÔNICA): Boa sorte, mãe!
AGATHA:
Pai, dá uns trocados para a gente voltar pra casa.
ROBERTO:
Vocês vão mesmo para casa?
VERÔNICA
(MENTINDO): Claro!
ROBERTO:
Está bem: sete reais.
Roberto
dá sete reais para as filhas voltarem para casa.
VERÔNICA:
Pai, se toca, sete reais não pagam o táxi!
ROBERTO:
Quem disse que é para o táxi? Com esse dinheiro, vocês vão de ônibus e ainda
sobra uma parte.
AGATHA:
Ônibus? Nunca!
VERÔNICA:
E outra: essas notas estão todas amassadas, parecem que sentaram com a bunda em
cima delas.
AGATHA:
É, então são bem parecidas com sua cara,maninha.
VERÔNICA:
Cala a boca. Eu sabia que a natureza castiga,mas o que fizeram com você já foi
sacanagem,né?
AGATHA:
Voltando a falar da sua cara amassada: você caiu do céu, e deu de cara no
asfalto!
ROBERTO
(GRITA): Parem já!
DAYSE:
Parecem duas criancinhas.
ROBERTO:
Na verdade, estão piores que duas criancinhas. Saiam já daqui. Peguem os sete
reais e vão embora! E outra: mesada das duas cortada por dois meses.
VERÔNICA:
Isso não é justo.
ROBERTO:
Não tô nem aí, até porque não sou nenhum juiz pra trabalhar com justiça. Tchau.
Agatha
e Verônica saem do prédio da empresa. Na rua, elas pegam um táxi.
CENA 2: Casa de
Verônica, Urca, RJ. TARDE.
Verônica
e Agatha chegam em casa. Com apenas sete reais, Agatha entra em casa e pega um
vaso que o pai ganhou, num leilão e entrega o vaso para o motorista do táxi.
AGATHA:
Esse vaso vale uma fortuna! Ele é muito antigo.
MOTORISTA:
Espero que seja muito caro. Se não for, voltarei aqui para pegar o dinheiro de
volta.
VERÔNICA:
Não será necessário.
O
motorista vai embora e as irmãs entram em casa.
CENA 3: Academia
''Mais Saúde'', Urca, RJ. TARDE.
Paula,na sua
sala, liga para pessoas que cuidam de outdoors e propaganda, contratando alguns
serviços e chama a nova secretária da academia.
PAULA:
Susana, preciso de um favor seu.
SUSANA:
Pode falar, dona Paula.
PAULA:
(RINDO) Me chame de Paula. Eu sei que você é nova aqui, mas eu não sou tão
velha assim!
SUSANA:
Me desculpe, então!
PAULA:
Está bem, mas preciso que vá nessa gráfica aqui, desse cartão, amanhã ,para
buscar uns panfletos.
Paula entrega um
cartão para a secretária.
SUSANA:
Ok, mas qual o horário que eu posso ir lá?
PAULA:
Qualquer horário.
SUSANA:
Está bem. Precisa de mim para alguma outra coisa?
PAULA:
Acho que... sim.
SUSANA:
Pode falar.
PAULA:
Preciso que ligue para Julia Camargo, que recentemente pediu emprego de
professora aqui. Peça para ela vir aqui amanhã para uma entrevista.
SUSANA:
Ok. Mais algo?
PAULA:
Pode ir, Susana.
SUSANA:
Com licença.
Susana
se retira e Hugo entra na sala.
HUGO:
E aí, mô, o que resolveu?
PAULA:
Amanhã,a Susana vai pegar os folders na gráfica e amanhã vou entrevistar aquela
candidata à vaga de professora. O nome dela é Julia Camargo.
HUGO:
O que você sabe dela?
PAULA:
Pouca coisa. Ela é solteira, se formou em Educação Física no ano passado. Antes
disso, ela atuou como professora de Educação Infantil.
HUGO:
Ok, mas quantos professores seria o ideal?
PAULA:
Se ela for aprovada por mim, ficaremos 3: eu, você e ela, mas o melhor seria
mais.
HUGO:
Está bem, mas acho melhor contratarmos aos poucos por causa da grana.
PAULA:
Concordo.
HUGO:
Então depois veremos quem ficará com cada atividade: dança, ergometria,
pilates, natação, e por aí vai.
PAULA:
Tá, mas agora você bem que podia fazer uma massagem em mim,né?
HUGO:
Fica pra depois.
PAULA:
Por quê? Você vai fazer o que agora?
HUGO:
Vou comprar uma coisa pra comer ali na padaria.
PAULA:
A lanchonete que ficava ali fora, na verdade, aqui dentro da nossa academia,
faz falta,né?
HUGO:
Muita!
PAULA:
Vou ver se arrumo pessoas interessadas. Encontrar gente está sendo difícil.
HUGO:
Encontrar gente não é difícil. É só chegar na rua que encontrará um monte, mas
precisamos de gente especializada, dedicada, que queira trabalhar honesta e
dignamente.
PAULA:
Aí já é mais complicado... Mas nós vamos conseguir!
HUGO:
Claro!
SONOPLASTIA - Sonhar (mc Gui)
CENA 4: Casa de
Álvaro, Lapa, RJ. FIM DE TARDE.
Viviane
e Álvaro se arrumam para o show na Gafieira, à noite. Viviane veste um vestido
dourado e muito bonito, enquanto Álvaro coloca uma roupa bonita e moderna.
Karina
chega em casa, ao voltar do emprego.
KARINA:
Boa tarde, pai. Vai sair?
ÁLVARO:
Se esqueceu do show da Marrom?!
KARINA:
Ah é, vocês gostam bastante dela, né? Eu gosto, mas prefiro meu charme.
VIVIANE:
Karina, quais músicas dela você mais gosta?
KARINA:
Aquela que diz assim: ''eu sou um negão de tirar o chapéu...'' e aquela que
fala: ''não deixe o samba morrer, não
deixe o samba acabar...''
VIVIANE:
Realmente, essas músicas são muito boas mesmo.
KARINA:
Mas,pai, cadê Rayane? O seu Roberto quer que ela trabalhe lá na casa deles.
ÁLVARO:
Sério, minha filha?
KARINA:
Sim, pai. E eu vou ser promovida. Ele me quer lá na empresa, como secretária
dele, um dos maiores acionistas.
ÁLVARO:
Parabéns, minha filha, mas não sei se sua irmã vai querer esse serviço não.
KARINA:
Por quê?
ÁLVARO:
Ela não sabe lavar uma louça, cozinhar uma coisa descente a não ser esses
macarrões de micro-ondas.
KARINA:
Eu vou conversar com ela,pai.
ÁLVARO:
É, acho melhor mesmo, porque ela não me ouve mais, só você.
KARINA:
Mas onde que ela tá agora?
ÁLVARO:
Mais cedo ela foi pro bar do Clécio.
KARINA:
Ela foi pra lá de manhã?
ÁLVARO:
Mais ou menos, não era tão cedo, mas ela nem tinha almoçado ainda.
KARINA:
Tá pior do que eu pensava.
ÁLVARO:
Como assim, Karina?
KARINA:
Não está certo ficar bebendo cerveja logo cedo.
ÁLVARO:
Bem que eu tentei impedir, mas sua irmã é muito teimosa.
KARINA:
Ela vai ver o que é bom pra ela hoje mesmo.
ÁLVARO:
O que você quer fazer, Karina?
KARINA:
Quero dar limites pra ela, porque assim ela não vai nunca trabalhar.
ÁLVARO:
Por que você acha isso?
KARINA:
Se ela ficar bebendo e não ter responsabilidade, ninguém vai querer
contratá-la.
ÁLVARO:
Filha, podemos continuar essa conversa depois? Preciso terminar de me arrumar
pro baile.
KARINA:
Claro. Eu vou pro charme hoje e a Rayane deve ir pro tal pagofunk, então a
conversa fica pra amanhã.
ÁLVARO:
Tá bom, minha filha.
Álvaro
dá um beijo na testa da filha, que vai se arrumar para o baile charme.
CENA 5: Casa de
Verônica, Urca, RJ. NOITE.
Roberto
e Dayse chegam à casa.
ROBERTO:
Cadê aquele vaso do leilão, Verônica?
VERÔNICA:
Qual vaso?
ROBERTO:
Aquele colorido, do leilão do ano passado de artigos da Índia.
AGATHA:
Não sei qual é não, pai.
DAYSE:
Como vocês não sabem? Ele ficava bem no meio da sala.
ROBERTO:
Vou ter que voltar a tomar atitudes que tomava quando vocês eram crianças?!
VERÔNICA:
Agente não faz a mínima ideia sobre esse tal vaso indiano.
ROBERTO:
Prestem atenção: se o vaso não aparecer até amanhã, vocês não se dar tão bem
assim.
AGATHA:
Mas pai, nem sei que vaso é.
ROBERTO:
Sabe sim. Não se faça se sonsa.
VERÔNICA:
E quem disse que a Karina não pegou?
ROBERTO:
Ela nunca faria isso.
AGATHA:
As pessoas são imprevisíveis.
ROBERTO:
E se ela pegou, ela teria me avisado e explicado o motivo.
DAYSE:
Também acho, mas vamos deixar isso de lado porque daqui a uma hora temos uma
celebração na casa de Cínthia Corlonn.
VERÔNICA:
Temos mesmo que ir na casa dela?
DAYSE:
Sim.
AGATHA:
Mas quem é ela, afinal?
ROBERTO:
É uma das mais importantes acionistas da My Body.
AGATHA:
Tá bom, vou me arrumar.
Todos
vão se arrumar.
CENA 6: Mansão
de Cínthia Corlonn, Urca, RJ. NOITE.
A
família de Roberto chega à mansão.
CÍNTHIA:
Roberto, como vai, meu querido?
ROBERTO:
Muito bem, Cínthia.
CÍNTHIA:
E como vai a empresa?
ROBERTO:
Acho melhor conversarmos sozinhos.
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

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