quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Salto Alto: Capítulo 2

CENA 1: Empresa de artigos esportivos ''My body'', Urca, RJ. TARDE.
(Continuação do capítulo anterior...)
ROBERTO: Eu sei muito bem o que eu faço.
AGATHA: Mas por que congelou os cartões e tudo nosso e da mamãe?
ROBERTO: Percebi que  a nossa família estava muito afastada e você, Agatha, e sua irmã são muito consumistas, gastam muito dinheiro sem necessidade e não dão nenhuma contribuição no fim do mês. Ao invés de gastarem tanta grana, podiam ajudar crianças ou pessoas carentes.
As irmãs riem.
DAYSE: Roberto, isso é necessário?
ROBERTO: Claro. A nossa empresa não está sendo procurada como antes. Muitas empresas estrangeiras estão aí, no mercado, e a concorrência aumentou muito.
VERÔNICA: E daí?
ROBERTO: E daí que a nossa empresa não está num bom momento.
AGATHA: Nós estamos ficando pobres?
ROBERTO: Também não é assim, Agatha. Só disse que nossa situação não é das melhores. Também perdemos funcionários, por isso estou sem secretária. Eu estava pensando em contratar a Karina.
DAYSE: A Karina, nossa empregada?
ROBERTO: Sim.
AGATHA: Ela é muito inútil, não sabe de nada.
ROBERTO: Não fale dessa forma, filha.
VERÔNICA: E quem vai ficar lá em casa?
AGATHA: Nem vem com aquele papinho de que não precisamos de empregada, pai.
ROBERTO: Eu continuo achando isso, mas para ajudar  a gente a Karina me disse uma vez que ela tem uma irmã, da sua idade que precisa de emprego.
VERÔNICA: Papai ajudando a família de pobres...
ROBERTO: Já falei para parar com isso. A próxima piadinha sua ou da Agatha eu corto a mesada por dois meses, ou mais.
AGATHA: Ai, pai, não corta a mesada não!
ROBERTO: Se precisar, eu corto sim.
VERÔNICA: Que mer...
ROBERTO: Nem pense em falar essa palavra!
AGATHA: Qual o problema?
ROBERTO: Não quero mais.
AGATHA: (BUFANDO) Tá bom.
DAYSE: Filhas, eu vou ficar aqui na empresa para ajudar seu pai.
ROBERTO: Que bom,querida.
VERÔNICA (IRÔNICA): Boa sorte, mãe!
AGATHA: Pai, dá uns trocados para a gente voltar pra casa.
ROBERTO: Vocês vão mesmo para casa?
VERÔNICA (MENTINDO): Claro!
ROBERTO: Está bem: sete reais.
Roberto dá sete reais para as filhas voltarem para casa.
VERÔNICA: Pai, se toca, sete reais não pagam o táxi!
ROBERTO: Quem disse que é para o táxi? Com esse dinheiro, vocês vão de ônibus e ainda sobra uma parte.
AGATHA: Ônibus? Nunca!
VERÔNICA: E outra: essas notas estão todas amassadas, parecem que sentaram com a bunda em cima delas.
AGATHA: É, então são bem parecidas com sua cara,maninha.
VERÔNICA: Cala a boca. Eu sabia que a natureza castiga,mas o que fizeram com você já foi sacanagem,né?
AGATHA: Voltando a falar da sua cara amassada: você caiu do céu, e deu de cara no asfalto!
ROBERTO (GRITA): Parem já!
DAYSE: Parecem duas criancinhas.
ROBERTO: Na verdade, estão piores que duas criancinhas. Saiam já daqui. Peguem os sete reais e vão embora! E outra: mesada das duas cortada por dois meses.
VERÔNICA: Isso não é justo.
ROBERTO: Não tô nem aí, até porque não sou nenhum juiz pra trabalhar com justiça. Tchau.
Agatha e Verônica saem do prédio da empresa. Na rua, elas pegam um táxi.

CENA 2: Casa de Verônica, Urca, RJ. TARDE.
Verônica e Agatha chegam em casa. Com apenas sete reais, Agatha entra em casa e pega um vaso que o pai ganhou, num leilão e entrega o vaso para o motorista do táxi.
AGATHA: Esse vaso vale uma fortuna! Ele é muito antigo.
MOTORISTA: Espero que seja muito caro. Se não for, voltarei aqui para pegar o dinheiro de volta.
VERÔNICA: Não será necessário.
O motorista vai embora e as irmãs entram em casa.

CENA 3: Academia ''Mais Saúde'', Urca, RJ. TARDE.
Paula,na sua sala, liga para pessoas que cuidam de outdoors e propaganda, contratando alguns serviços e chama a nova secretária da academia.
PAULA: Susana, preciso de um favor seu.
SUSANA: Pode falar, dona Paula.
PAULA: (RINDO) Me chame de Paula. Eu sei que você é nova aqui, mas eu não sou tão velha assim!
SUSANA: Me desculpe, então!
PAULA: Está bem, mas preciso que vá nessa gráfica aqui, desse cartão, amanhã ,para buscar uns panfletos.
Paula entrega um cartão para a secretária.
SUSANA: Ok, mas qual o horário que eu posso ir lá?
PAULA: Qualquer horário.
SUSANA: Está bem. Precisa de mim para alguma outra coisa?
PAULA: Acho que... sim.
SUSANA: Pode falar.
PAULA: Preciso que ligue para Julia Camargo, que recentemente pediu emprego de professora aqui. Peça para ela vir aqui amanhã para uma entrevista.
SUSANA: Ok. Mais algo?
PAULA: Pode ir, Susana.
SUSANA: Com licença.
Susana se retira e Hugo entra na sala.
HUGO: E aí, mô, o que resolveu?
PAULA: Amanhã,a Susana vai pegar os folders na gráfica e amanhã vou entrevistar aquela candidata à vaga de professora. O nome dela é Julia Camargo.
HUGO: O que você sabe dela?
PAULA: Pouca coisa. Ela é solteira, se formou em Educação Física no ano passado. Antes disso, ela atuou como professora de Educação Infantil.
HUGO: Ok, mas quantos professores seria o ideal?
PAULA: Se ela for aprovada por mim, ficaremos 3: eu, você e ela, mas o melhor seria mais.
HUGO: Está bem, mas acho melhor contratarmos aos poucos por causa da grana.
PAULA: Concordo.
HUGO: Então depois veremos quem ficará com cada atividade: dança, ergometria, pilates, natação, e por aí vai.
PAULA: Tá, mas agora você bem que podia fazer uma massagem em mim,né?
HUGO: Fica pra depois.
PAULA: Por quê? Você vai fazer o que agora?
HUGO: Vou comprar uma coisa pra comer ali na padaria.
PAULA: A lanchonete que ficava ali fora, na verdade, aqui dentro da nossa academia, faz falta,né?
HUGO: Muita!
PAULA: Vou ver se arrumo pessoas interessadas. Encontrar gente está sendo difícil.
HUGO: Encontrar gente não é difícil. É só chegar na rua que encontrará um monte, mas precisamos de gente especializada, dedicada, que queira trabalhar honesta e dignamente.
PAULA: Aí já é mais complicado... Mas nós vamos conseguir!
HUGO: Claro!
SONOPLASTIA - Sonhar (mc Gui)

CENA 4: Casa de Álvaro, Lapa, RJ. FIM DE TARDE.
Viviane e Álvaro se arrumam para o show na Gafieira, à noite. Viviane veste um vestido dourado e muito bonito, enquanto Álvaro coloca uma roupa bonita e moderna.
Karina chega em casa, ao voltar do emprego.
KARINA: Boa tarde, pai. Vai sair?
ÁLVARO: Se esqueceu do show da Marrom?!
KARINA: Ah é, vocês gostam bastante dela, né? Eu gosto, mas prefiro meu charme.
VIVIANE: Karina, quais músicas dela você mais gosta?
KARINA: Aquela que diz assim: ''eu sou um negão de tirar o chapéu...'' e aquela que fala: ''não  deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar...''
VIVIANE: Realmente, essas músicas são muito boas mesmo.
KARINA: Mas,pai, cadê Rayane? O seu Roberto quer que ela trabalhe lá na casa deles.
ÁLVARO: Sério, minha filha?
KARINA: Sim, pai. E eu vou ser promovida. Ele me quer lá na empresa, como secretária dele, um dos maiores acionistas.
ÁLVARO: Parabéns, minha filha, mas não sei se sua irmã vai querer esse serviço não.
KARINA: Por quê?
ÁLVARO: Ela não sabe lavar uma louça, cozinhar uma coisa descente a não ser esses macarrões de micro-ondas.
KARINA: Eu vou conversar com ela,pai.
ÁLVARO: É, acho melhor mesmo, porque ela não me ouve mais, só você.
KARINA: Mas onde que ela tá agora?
ÁLVARO: Mais cedo ela foi pro bar do Clécio.
KARINA: Ela foi pra lá de manhã?
ÁLVARO: Mais ou menos, não era tão cedo, mas ela nem tinha almoçado ainda.
KARINA: Tá pior do que eu pensava.
ÁLVARO: Como assim, Karina?
KARINA: Não está certo ficar bebendo cerveja logo cedo.
ÁLVARO: Bem que eu tentei impedir, mas sua irmã é muito teimosa.
KARINA: Ela vai ver o que é bom pra ela hoje mesmo.
ÁLVARO: O que você quer fazer, Karina?
KARINA: Quero dar limites pra ela, porque assim ela não vai nunca trabalhar.
ÁLVARO: Por que você acha isso?
KARINA: Se ela ficar bebendo e não ter responsabilidade, ninguém vai querer contratá-la.
ÁLVARO: Filha, podemos continuar essa conversa depois? Preciso terminar de me arrumar pro baile.
KARINA: Claro. Eu vou pro charme hoje e a Rayane deve ir pro tal pagofunk, então a conversa fica pra amanhã.
ÁLVARO: Tá bom, minha filha.
Álvaro dá um beijo na testa da filha, que vai se arrumar para o baile charme.

CENA 5: Casa de Verônica, Urca, RJ. NOITE.
Roberto e Dayse chegam à casa.
ROBERTO: Cadê aquele vaso do leilão, Verônica?
VERÔNICA: Qual vaso?
ROBERTO: Aquele colorido, do leilão do ano passado de artigos da Índia.
AGATHA: Não sei qual é não, pai.
DAYSE: Como vocês não sabem? Ele ficava bem no meio da sala.
ROBERTO: Vou ter que voltar a tomar atitudes que tomava quando vocês eram crianças?!
VERÔNICA: Agente não faz a mínima ideia sobre esse tal vaso indiano.
ROBERTO: Prestem atenção: se o vaso não aparecer até amanhã, vocês não se dar tão bem assim.
AGATHA: Mas pai, nem sei que vaso é.
ROBERTO: Sabe sim. Não se faça se sonsa.
VERÔNICA: E quem disse que a Karina não pegou?
ROBERTO: Ela nunca faria isso.
AGATHA: As pessoas são imprevisíveis.
ROBERTO: E se ela pegou, ela teria me avisado e explicado o motivo.
DAYSE: Também acho, mas vamos deixar isso de lado porque daqui a uma hora temos uma celebração na casa de Cínthia Corlonn.
VERÔNICA: Temos mesmo que ir na casa dela?
DAYSE: Sim.
AGATHA: Mas quem é ela, afinal?
ROBERTO: É uma das mais importantes acionistas da My Body.
AGATHA: Tá bom, vou me arrumar.
Todos vão se arrumar.

CENA 6: Mansão de Cínthia Corlonn, Urca, RJ. NOITE.
A família de Roberto chega à mansão.
CÍNTHIA: Roberto, como vai, meu querido?
ROBERTO: Muito bem, Cínthia.
CÍNTHIA: E como vai a empresa?
ROBERTO: Acho melhor conversarmos sozinhos.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

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