domingo, 3 de maio de 2015

Episódio 10: Lúcia

Na Casa do Horror


         - Levantem! - disse o Jacir- A professora Maria Batista os espera!
         Olhei no relógio era três horas da manhã. Amanda levantou parecendo um zumbi de tão lerda. Leticia já gritou:
         - O que essa professora dos diabos quer com a gente uma hora dessas?
         - Não sei! - disse Marcos vindo do quarto dos meninos e se espreguiçando- Para aprender poções que não é!
         - Já até imagino o que seja! - respondeu Amanda
         Depois de nos trocarmos, fomos até o salão triunfal e lá estava uma senhora atarracada de cabelos crespos esbranquiçados, de vestes rosa e uma cara de mau-humor:
         - Vamos logo, pois eu acordei a essa hora por causa de vocês! - disse ela entre os dentes
         - Professora, para onde vamos? - perguntou Marcos com medo
         - Vocês irão ver... Disse ela secamente
         Assim que saímos do salão triunfal encontramos com Miguel, Rafael, Helena e Nicia. A cara de Nicia era a pior de todas, ela estava com os olhos inchados e com um mau-humor de por um dragão para correr:
         - Eu não sei quem teve a brilhante ideia de castigar os alunos de madrugada! - disse ela com um ódio em sua fala - Eu mato um! Não deu nem tempo de tomar meu café! Isso me deixa irada! Bando de idiotas!
         Nicia foi falando do Salão Triunfal até a entrada da floresta, quando fomos recebidos pela fada das águas:
         - Agora é com você, fada! - disse a professora Maria Batista com um ar de "agora eu durmo". Ela virou as costas e saiu correndo dizendo- Minha cama!
         Nicia ficou mais irada:
         - Essa velha atarracada nos trás até aqui e não fica para ser solidaria! Isso é um absurdo!
         - Cala boca, Nicia! - disse Rafael- Você está me enchendo já!
         - Vamos parar de brigar! Se não será mais dois dias de castigo! - disse a fada voando na nossa frente e iluminando a trilha da floresta.
         - Para onde nós vamos, dona fada? - perguntou Helena
         - Vocês vão para a casa do horror! - disse ela com um ar assustador
         - Na casa do horror?- indagou Marcos aterrorizado- Lá tem o boitatá!
         - Vocês tem uma varinha, não tem? - perguntou a fada debochando- Além disso, pode virar lobisomem! Pra que medo?
         - Essa escola só pode está doida! - reclamou Nicia- Como pode por os alunos junto com uma criatura tão perigosa como o boitatá?!
         Chegamos a frente a uma mansão de madeira, toda velha. Suas portas e janelas formavam uma cara de monstro e ouve-se gritos vindo de dentro da casa, suas arvores em volta eram todas sem folhas e víamos perto dali alguns ceifadores e Almans que deixava o local ainda mais aterrorizante.
         Marcos se escondeu atrás das vestes de Miguel, eu estava batendo os queixos de tanto medo e frio que os Almans transmitiam. Nicia já não falava mais nada, estava aterrorizada, aliás, todos nós estávamos.
         - Daqui é com vocês, crianças! - disse a fada dando meia volta
         - Você não vai mesmo! - disse Amanda- Você vai com a gente! - ela pegou a fada na mão.  A fada dava pequenos gritinhos e de repente. BUM. A luz da fada que iluminava a mão de Amanda apagou-se e ela desapareceu deixando apenas a Amanda com cara de terror- Ela... Deixou-nos!
         - Mas eles me pagam! - disse Nicia entre os dentes- Meu pai saberá disso!
         - E você acha que seu pai vai interferir na autoridade do Mago? -  pergunntou Amanda tomando a liberdade de ir na frente.
         Fomos andando vagarosamente até chegar na porta de entrada da casa dos gritos. Amanda abriu a porta vagarosamente e a porta gemeu, Marcos estava quase no colo do Miguel.
         Entramos. Era uma sala enorme, com moveis velhos e encarquilhados, uma escada de madeira e alguns corredores perto da sala. A casa era toda iluminada por velas e lampiões. Víamos sombras de pessoas passando correndo de um lado para o outro:
         - Quem... está.... ai? - perguntou Leticia com a voz tremula
         -  Cala a boca, Leticia! - disse Amanda. - Peguem suas varinhas! Vamos! Não podemos ficar sem uma defesa!
         Todos nós colocamos a varinha em posição de defesa:
         - Luzmino! - disse Amanda para que aparecesse luz na ponta da varinha. Ficamos parados perto da porta, olhando a movimentação:
         - Ora de andar! - disse uma voz sinistra que veio do nosso lado direito. Era um homem corcunda com chifres e rabo, ele estava com um tridente. Marcos tomou um grande susto.
         Começamos a andar pela sala. Ratinhos corriam para se esconderem e os gritos se aproximavam cada vez mais de nós.
         Leticia começou a subir as escadas e fomos logo atrás. Os degraus rangiam a medida que subíamos. No andar de cima havia um enorme corredor com portas fechadas e outras abertas. Era uma total escuridão.
         De repente, um relincho e trotas de cavalos eram ouvidas. Era um cavalo com cabeça de fogo vinha em nossa direção. Marcos e Helena correram escada a baixo, deixando a gente para trás:
         - Livis! - gritou Leticia e saiu água da varinha dela jorrando em cima da mula-sem-cabeça, mas a cabeça  dela pegou mais fogo.
         - Não adianta Leticia! - disse Amanda correndo- Não apaga o fogo dela! Só os Almans conseguem!
         Corremos para bem longe do animal magico:
         - Sultei- gritou Nicia, lançando um feitiço de coluna de fogo. Mas nada adiantou. Ao  contrário do que espervam, a cabeça da mula fez uma chama maior que já estava. Indo até o teto da casa.
         A mula vinha correndo em alta velocidade para cima da gente. Quando ela recuou:
         - Ufa! - falei mais aliviada- Acho que foi por pouco!
         - Se eu fosse... você não cantaria vitória! - disse Miguel olhando fixamente para trás de mim
         - Corram! - gritou Rafael
         Quando eu olhei para trás vi uma cobra de três metros com olhos brilhantes, no seu corpo havia vestígios de fogo. Quando a vi tentei correr, mas tropecei e cai. Ela veio para cima de mim e eu não conseguia sair do lugar. Seu olhar me parecia hipnotizar.
         Ouve-se um uivo e de perto de minha cabeça pulou um lobisomem que foi em cima do boitatá.
         O lobisomem enfiou as garras no olho esquerdo do bicho fazendo-o soltar um grunhido forte e recuar. Foi neste momento que senti uma mão puxando a argola de minha blusa para trás. Eu então me levantei e vi que era a mão de Amanda:
         - Marcos ficou com tanto medo que seus instintos de lobisomem falou mais alto! Agora corre para a porta! - disse Amanda correndo em direção a porta onde estava parado uma enorme criatura parecida com um touro, mas ele se equilibrava apenas nas duas patas traseiras, deixando assim seu corpo reto, seus pelos eram pretos e seus chifres enormes. Bufava muito:
         - O que é isso? - gritei
         - Um minotauro! - gritou Nicia correndo na direção oposta- Corra! Ele vai matar um!
         Amanda parou em sua frente e lançou um feitiço nele "Amarmos" e o bicho caiu no chão todo amarrado se debatendo e grunhindo.
         - Vamos! Corram! - gritou Amanda indo em direção a porta.
         Quando estávamos quase chegando a porta, ela se abriu e caímos por cima da professora Maria Batista que tinha vindo nos buscar.
         - Que está acontecendo, gente? - disse a professora levantando do chão
         - O que está acontecendo?! - perguntou Nicia com raiva- E ainda pergunta o que está acontecendo! Irei dizer! Fiquei trancada dentro de uma casa mal-assombrada com um bando de alunos de segunda classe e que um vira lobisomem e está brigando com um boitatá! Foi apenas isso, nada de mais!
         A professora entrou na casa sem temer os bichos assustadores que lá tinha e viu Marcos como um lobisomem, lutando com o boitatá. Ela pegou sua varinha e apontou na direção deles gritando "Maxmai!". Os dois ficaram parados como pedras e caíram no chão. A dona Maria Batista tirou de sua pequena bolsa um frasco de uma poção chamada "reconstitui". Essa poção faz qualquer mestiço voltar ao normal.  Maria Batista jogou uma gota na boca do Marcos fazendo com que ele voltasse aos poucos a ser novamente o mesmo bruxo medroso de sempre.




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