segunda-feira, 25 de maio de 2015

Episódio 18: Lúcia (PENÚLTIMO)

O Retorno as Aulas
        
         Naquele dia não fomos para o castelo, ficamos pela cidade de Bela Vista, o mago Levisk nos liberou um sobrado que era propriedade do governo para que passássemos a noite lá. A cidade era muito grande, havia carros e ônibus voadores por toda parte, prédios arranha-céu e o enorme castelo da Republica da Magia.
         Amanda, Leticia, Marcos, Miguel, Rafael, Hades, Lucas, Alana e eu resolvemos deixar mamãe, vovó e os professores conversando e conhecer a enorme capital do mundo alternativo.
         Fomos até a maior rua comercial do mundo, a Avenida Rubens Monteiro. O nome da rua homenageava um dos maiores magos que o nosso mundo já teve, ele foi o primeiro de todos e foi ele que deu origem a essa enorme cidade de Bela vista.
         Os comércios eram maravilhosos, tinha a maior doceria Lalá que podia ser vista, com a maior variedade de doces, como pé de moça, geleia de mocotó, arroiozinhos mágicos, a maior variedade de sucos de aboboras, de ameixa, de acerola, entre outros. Também víamos a maior livraria de todas com todos os livros bruxos e humanos, pois nós também lemos a literatura humana. Havia também lanchonetes, bares, pizzarias, casas de shows, praças, parques, shoppings centers com suas variedades de lojas. Era muitas lojas, muitas ruas e muito comercio que parecia não ter fim.
         Quando anoiteceu, a cidade ficou parecendo uma arvore de natal, de tantas luzes que piscavam dentro dos slogans das lojas.
         - Vamos até o shopping? - perguntou Marcos- Quero ver se tem a loja de jogos!
         - Jogos não, Marcos! - falou Amanda- Quero ir até a livraria!
         - Vamos até a doceria! - apelou Alana- Preciso ver se aqui tem o caramelo para tirar dez nas provas!
         - Vamos fazer o seguinte! - falei vendo a indecisão do pessoal- Vamos até a doceria, depois vamos à livraria e em seguida vamos até a loja de jogos!
         Todos concordaram com o que eu propús. Hades estava cabisbaixo, todos percebiam a tristeza dele. Muitos bruxos olhavam para ele com medo ou com repugnância. Mas o que Hades tinha era saudades de seu pai, por pior que fosse, era seu pai!
         - Hades, - falei- quer ir para casa?
         - Não, não! - respondeu- Vamos continuar, estou me distraindo vendo a variedade de doces que tem aqui! - já estávamos na doceria Lalá
         Fizemos tudo o que foi combinado, quando resolvemos voltar para casa, já era mais de oito da noite. O sobrado, que nos foi cedido, ficava a treze quarteirões do shopping, que era o lugar que estávamos. Mas como estávamos conversando, rindo, esquecemos até que era longe e que tinha que caminhar, esquecemos até que o mestre havia sucumbido.
         Assim que chegamos ao sobrado, mamãe disse para que fossemos tomar banho para jantar, na verdade estávamos cheios de doces, mas ela insistiu que comêssemos, pois como diz ela:
         - Não devem ficar comendo só porcaria, devem se alimentar também de comida de verdade, arroz, feijão...!
         - Eu sei, mãe, mas já estamos de barriga cheia! - falou Lucas, enquanto ela colocava comida no prato dele.
         Ela não falou uma palavra, apenas olhou para ele, querendo dizer: "Ou come, ou eu te bato!" . Lucas percebendo o que aquele olhar queria dizer tratou de comer.

         No dia seguinte, acordamos às sete da matina para irmos embora, as aulas voltariam naquele dia, e precisávamos está na escola! Vovó, Hades e os professores já tinham ido embora, pois eles tinham uma reunião com o ministro da educação e com o Mago, para resolverem o que iria ser feito com a escola, depois do falecimento do diretor, a escola precisava seguir, mas com um novo diretor e teria que ser naquela hora e também precisavam decidir o destino de Hades.
         - Vamos, crianças! - gritava minha mãe- Os unicórnios não esperam! - ela estava colocando os pratos com fatias de pão francês e manteiga na mesa
         - Pensei que íamos de pó de fada! - falei
         - O pó de fada foi usado pelos professores de vocês! - respondeu ela. Um por um foi descendo e servindo-se do desjejum.
         Jade trouxe-nos o jornal Alternativo's, e o destaque era a morte do mestre de Magiscovs e o amor que minha avó tinha por ele. A Patricia Saldação não deu descanso e colocou mentiras e verdades sobre o discurso que vovó havia feito.
         - Vejam só! - exclamou mamãe- Essa idiota não perde uma! Deveria processa-la por calunia e difamação, mas como mamãe não fará isso, fica o dito pelo não dito! Mas que ela merecia um corretivo, merecia! Olha o que ela diz!
         "Sonia era apaixonada pelo Mestre?"
"(...) Depois que revelou ser completamente apaixonada pelo diretor de Magiscovs, dona Sonia Louves afirma que será a próxima diretora da escola histórica.  Será que o ministro da educação e o Mago Levisk irão permitir? Isso vocês verão só amanhã, em primeira mão! Será  que não foi ela a mandante de sua morte?"
          - Ela quis dizer que a dona Sonia só disse que era apaixonada pelo mestre para ficar com o seu cargo! - Leticia estava indignada, como todos nós
         - Isso é um absurdo, dava para ver o sofrimento no rosto de sua avó, Lucia! - afirmou Amanda
         - Ela não pode fazer isso! - concordou Miguel, tendo o apoio de todos nós
         - Mas fez! - minha mãe estava chateada. Ela amassou o papel e jogou no lixo- Isso é tudo porcaria!
         Xamã e os outros curupiras nos acompanhariam até a estação de Bela Vista e assim foi feito.
         Entramos na carruagem e fomos tranquilamente até a escola de Magscovs. A paisagem era linda e tudo fazia lembrar o mestre Antonio. Muitos alunos estavam chorando.
         Assim que avistamos o castelo, percebemos que ele estava com suas bandeiras estiadas até a metade, as árvores que o rodeavam estavam murchas e os pássaros se recusavam a cantar. A estatua de Dumber parecia chorar.
         Entramos no castelo e fomos para o salão Triunfal, onde tinha muitos alunos sentados, cada qual em seu grupo. Vimos a poltrona do ex-diretor vaga. A pergunta era: Quem ocuparia seu lugar?
         - Boa tarde a todos os alunos! - o Mago estava falando- Sejam bem vindos a esse ultimo semestre do ano! - ele deu uma pausa- Como todos sabem, infelizmente aquele que vocês nomearam de mestre não está mais entre nós em carne, mas sim em espírito.  Infelismente, espírito não pode governar uma escola, se não teriamos vários a governando! - ele sorriu como se aquilo fosse uma leve piada para quebrar aquela tristeza no ambiente- Então tínhamos que decidir quem ficaria em seu lugar, claro que temos em mente uma pessoa, mas só colocaremos se habitantes e alunos deste colégio concordarem!
         - Quem será? - cochichou Marcos ao pé do meu ouvido
         - Não faço ideia! - falei, na verdade tinha sim uma pessoa na mente e era...
         - Escolhemos ninguém mais, ninguém menos que a sub diretora, a dona Sonia Louves! - o Mago havia acabado de responder meus pensamentos
         Todos os alunos se alvoroçaram aplaudindo essa escolha. Na verdade, não tinha ninguém mais certa para por como diretor do que aquela que era o braço direito do ex-diretor.
         - O lugar do mestre nunca será preenchido totalmente, afinal, ele é único! Mas lembrem-se na hora da angustia não esqueçam que há uma saída e que ela pode está na nossa frente, basta olharmos com atenção. E a nossa saída, neste momento é a Sonia! - ele chamou vovó que foi trazida pelo Aladin que pela primeira vez demonstrava leveza e não estava fazendo traquinagens.
         - Obrigada! Obrigada!  - falava ela ao som dos aplausos e gritinhos- Eu não queria aceitar esse cargo, e decidi aceitar se vocês concordasse, afinal, não sou digna de está no cargo que o nosso mestre esteve! - vovó se emocionava ao falar dele- Mas agradeço pela consideração! - Quero lhes dizer que tudo o que o diretor Antonio deixou para nós será seguido e que sugestões de aprimoramento vinda de vocês, alunos, será bem recebidas! Gostaria que todos me ajudassem com a organização e o melhoramento dessa instituição, pois nós, direção, corpo docente e alunos somos um só! Não deixem o desanimo tomar conta! Façam vocês as regras de aprimoramento e deem o máximo de vocês, para o futuro de cada um! - vovó enxugou as lagrimas ao som de mais aplausos que naquele momento foi de pé- Gostaria de pedir que as palmas agora, fossem para o mestre Antonio! - ela sacudiu sua varinha e todo o salão foi decorado com retratos do ex-diretor e todos o aplaudiu e gritaram seu nome, como forma de homenagem.
         Após a singela homenagem, fomos todos para o refeitório que estava todo pintado de azul, vermelho, marrom e branco que era a cor de cada grupo da escola.
         - Que lindo o discurso de sua avó! - afirmou Miguel quando já estávamos comendo
         - Vovó será uma boa diretora, tenho certeza! - falei comendo um pedaço de bolo de amendoim
         - Alunos! Atenção! - falou minha avó de pé no meio do salão- Gostaria de avisa-los que no final do semestre teremos o baile de fechamento do ano! Convidem o par de vocês! Bom apetite! - Aladin passou quase como um furacão por entre os alunos, derrubando mingaus, bolos em cima de todos nós, minha avó então, enfureceu-se- ALADIIIIIN!
         - Esse Aladin não tem jeito, mesmo! - falou Pedro Lobos aproximando-se da mesa onde estávamos
         - Oi Pedro! - sorriu Amanda - Sente-se conosco! - ele puxou uma cadeira e sentou-se ao nosso lado. Marcos não estava emburrado com ele e tinha aceitado o fato do irmão está ali.
         - Querem? - perguntou Pedro mostrando um saco de bala de goma. Cada um de nós pegamos uma e enfiamos na boca. Para a nossa infelicidade, tinha gosto de bosta de pegasu. Cuspimos na mesma hora. Ele ria de encolher a barriga.
         - Que droga, Pedro! - reclamou Miguel
         - Para mim, já deu! - Amanda se irritou, levantou-se do seu lugar e correu até o bebedouro
         - Não esquecem que ainda continuo o Pedro de sempre! O mesmo a pregar peças em todos! - ele saiu andando sorrindo.
         O rapaz acanhado, que eu tinha visto ele na festa da casa da tia Julia estava lá no grupo dele, parecia mais enturmado, mas seus olhos não saiam de mim. Fingi não perceber.

         Os meses de agosto, setembro, outubro e novembro foram passando, quando não se falava em provas bimestrais, falava do grande baile que era o primeiro de muitos. Todos queria um par, meninos e meninas atrás de seu par perfeito.
         - Ei, Amanda, - um rapaz do grupo Terra, do terceiro ano, alto, corpulento, branco, quase como a neve, a parou no corredor entre uma aula e outra.
         - Fala Juan! - ela não queria mostrar que estava feliz em falar com ele. Marcos não gostou nada da aproximação do filho do homem das neves.
         - Q- quer ir ao baile c- comigo? - perguntou ele
         - Não! - respondeu Marcos, assim que Amanda abriu a boca para responder- Ela irá comigo!
         - Quem disse que eu vou com você? - Amanda olhava para os dois demonstrando um ar de soberba e ao mesmo tempo um ar de que estava gostando da situação- Você não me convidou!
         - Mas estou convidando agora! - respondeu Marcos com raiva de Juan
         - Mas quem me convidou primeiro foi Juan! Eu vou com ele! - Juan se animou todo ao ouvir aquilo e Marcos ficou indignado- Convidasse antes! Já estamos no final do mês de Novembro e você passou o semestre todo ao meu lado. Por que não me convidou antes?
         - P- porque eu... - ele não conseguiu terminar de responder
         - O lobo perdeu para o homem das neves! - gritou Aladin de cima deles e rindo de Marcos.
         - Cala a boca, Aladin! - falou Marcos com ira. Ele saiu correndo, chorando
        
         - Por que você fez aquilo com Marcos? - perguntei quando estávamos na aula de domação de animais magicos
         - Porque ele me trata como segunda opção! Não quero ser segunda opção! - falou Amanda anotando o que estava escrito no quadro negro e dando um sorriso de canto de boca, como se aquilo fosse uma vingança.
         - Mas ele nunca fez isso! - protestou Leticia
         - Fez sim! - falou ela- Me convidando aquela hora, sendo que podia ter me convidado antes!
         - Alunos! - falou o professor Macedo- Após a aula, vocês vão para o salão triunfal, irão treinar a dança para o baile!
         Ouve um burburim de alguns alunos sem par, eu fui uma delas que não tinha par. Com quem dançaríamos, se não tínhamos par?
         Após a aula, toda a escola foi encaminhada para o salão triunfal onde estava todo decorado como se fosse um pequeno baile:
         - Olá a todos! - falou a professora rosa com um megafone- Eu fui nomeada de ensina-los a dançar! - ela também foi nomeada como a nova sub diretora- Para quem não tem par ainda, tratem de procurar o par de vocês! AGORA! - gritou ela e todos nós, sem pares, começamos a nos mexer procurando alguém.
         Pedro, irmão de Marcos, seria par de Leticia, Marcos seria par de Alana, Miguel e Rafael seriam os únicos a serem pares do mesmo sexo. E eu? Quem seria o meu par? Hades não estava na escola, não era aluno.
         Enquanto eu estava distraída pensando, um rapaz do terceiro ano, de cabelos longos, olhos verde-esmeralda, estatura média, magro, moreno claro, veio em minha direção:
         - Com licença! - falou ele, sua voz era grave- Você já tem par?
         - N- não! - gaguejei ao vê-lo. Ele era muito bonito, seus olhos era o que mais chamava atenção. Ele era do grupo Ar. Descobri depois, que ele era um bruxo-cigano, uma casta de bruxos que viviam mais no mundo humano.
         - Quer ser minha parceira? - perguntou ele
         - C-claro- falei- Sou Lucia Louves!
         - Meu nome é Romero Joshua! - seus olhos era a sua beleza- Prazer!
         - Todos estão com par? - perguntou a professora depois de alguns instantes. - Ótimo! Avisando que o melhor par receberá um troféu! Vamos começar. Gostaria que se alinhassem ao centro do salão. Nós professores, começaremos a dançar e então, vocês nos seguirão. Por favor, professor Luiz, venha até aqui! - meu padrasto foi até ela, acho que ela havia esquecido que ele era um zumbi e que dançar não é muito o forte de um zumbi. Ele segurou na cintura dela e os dois começaram a bailar no meio do salão, meu padrasto estava bem, para falar a verdade, mais uma vez ele havia me surpreendido- Vocês, cavalheiros, irão segurar na cintura das damas, com leveza! Assim! E vocês damas, segurarão no ombro deles, também com leveza de uma dama como são! Desse jeito! - ela nos mostrou e depois falou- E comecem a dançar!
         Todos nós fomos para o meio do salão e dançamos levemente, algumas pisadas nos pés não deixaram de acontecer, e alguns gritinhos de meninas. O casal que mais se destacava era o de Leticia e Pedro, os dois tinham uma leveza e dançavam como se estivesse flutuando. Apesar de Romero ser o que diríamos, um deus grego, ele era desajeitado e vivia a pisar no meu pé.

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