O Retorno as Aulas
Naquele dia não fomos para o castelo,
ficamos pela cidade de Bela Vista, o mago Levisk nos liberou um sobrado que era
propriedade do governo para que passássemos a noite lá. A cidade era muito
grande, havia carros e ônibus voadores por toda parte, prédios arranha-céu e o
enorme castelo da Republica da Magia.
Amanda, Leticia, Marcos, Miguel,
Rafael, Hades, Lucas, Alana e eu resolvemos deixar mamãe, vovó e os professores
conversando e conhecer a enorme capital do mundo alternativo.
Fomos até a maior rua comercial do
mundo, a Avenida Rubens Monteiro. O nome da rua homenageava um dos maiores
magos que o nosso mundo já teve, ele foi o primeiro de todos e foi ele que deu
origem a essa enorme cidade de Bela vista.
Os comércios eram maravilhosos, tinha a
maior doceria Lalá que podia ser vista, com a maior variedade de doces, como pé
de moça, geleia de mocotó, arroiozinhos mágicos, a maior variedade de sucos de
aboboras, de ameixa, de acerola, entre outros. Também víamos a maior livraria
de todas com todos os livros bruxos e humanos, pois nós também lemos a
literatura humana. Havia também lanchonetes, bares, pizzarias, casas de shows,
praças, parques, shoppings centers com suas variedades de lojas. Era muitas
lojas, muitas ruas e muito comercio que parecia não ter fim.
Quando anoiteceu, a cidade ficou parecendo
uma arvore de natal, de tantas luzes que piscavam dentro dos slogans das lojas.
- Vamos até o shopping? - perguntou
Marcos- Quero ver se tem a loja de jogos!
- Jogos não, Marcos! - falou Amanda-
Quero ir até a livraria!
- Vamos até a doceria! - apelou Alana-
Preciso ver se aqui tem o caramelo para tirar dez nas provas!
- Vamos fazer o seguinte! - falei vendo
a indecisão do pessoal- Vamos até a doceria, depois vamos à livraria e em
seguida vamos até a loja de jogos!
Todos concordaram com o que eu propús.
Hades estava cabisbaixo, todos percebiam a tristeza dele. Muitos bruxos olhavam
para ele com medo ou com repugnância. Mas o que Hades tinha era saudades de seu
pai, por pior que fosse, era seu pai!
- Hades, - falei- quer ir para casa?
- Não, não! - respondeu- Vamos
continuar, estou me distraindo vendo a variedade de doces que tem aqui! - já
estávamos na doceria Lalá
Fizemos tudo o que foi combinado,
quando resolvemos voltar para casa, já era mais de oito da noite. O sobrado,
que nos foi cedido, ficava a treze quarteirões do shopping, que era o lugar que
estávamos. Mas como estávamos conversando, rindo, esquecemos até que era longe
e que tinha que caminhar, esquecemos até que o mestre havia sucumbido.
Assim que chegamos ao sobrado, mamãe
disse para que fossemos tomar banho para jantar, na verdade estávamos cheios de
doces, mas ela insistiu que comêssemos, pois como diz ela:
- Não devem ficar comendo só porcaria,
devem se alimentar também de comida de verdade, arroz, feijão...!
- Eu sei, mãe, mas já estamos de
barriga cheia! - falou Lucas, enquanto ela colocava comida no prato dele.
Ela não falou uma palavra, apenas olhou
para ele, querendo dizer: "Ou come, ou eu te bato!" . Lucas
percebendo o que aquele olhar queria dizer tratou de comer.
No dia seguinte, acordamos às sete da
matina para irmos embora, as aulas voltariam naquele dia, e precisávamos está
na escola! Vovó, Hades e os professores já tinham ido embora, pois eles tinham
uma reunião com o ministro da educação e com o Mago, para resolverem o que iria
ser feito com a escola, depois do falecimento do diretor, a escola precisava
seguir, mas com um novo diretor e teria que ser naquela hora e também
precisavam decidir o destino de Hades.
- Vamos, crianças! - gritava minha mãe-
Os unicórnios não esperam! - ela estava colocando os pratos com fatias de pão
francês e manteiga na mesa
- Pensei que íamos de pó de fada! -
falei
- O pó de fada foi usado pelos
professores de vocês! - respondeu ela. Um por um foi descendo e servindo-se do
desjejum.
Jade trouxe-nos o jornal Alternativo's,
e o destaque era a morte do mestre de Magiscovs e o amor que minha avó tinha
por ele. A Patricia Saldação não deu descanso e colocou mentiras e verdades
sobre o discurso que vovó havia feito.
- Vejam só! - exclamou mamãe- Essa
idiota não perde uma! Deveria processa-la por calunia e difamação, mas como
mamãe não fará isso, fica o dito pelo não dito! Mas que ela merecia um
corretivo, merecia! Olha o que ela diz!
"Sonia era apaixonada
pelo Mestre?"
"(...) Depois que revelou ser completamente
apaixonada pelo diretor de Magiscovs, dona Sonia Louves afirma que será a
próxima diretora da escola histórica.
Será que o ministro da educação e o Mago Levisk irão permitir? Isso
vocês verão só amanhã, em primeira mão! Será
que não foi ela a mandante de sua morte?"
- Ela quis
dizer que a dona Sonia só disse que era apaixonada pelo mestre para ficar com o
seu cargo! - Leticia estava indignada, como todos nós
- Isso é um absurdo, dava para ver o
sofrimento no rosto de sua avó, Lucia! - afirmou Amanda
- Ela não pode fazer isso! - concordou
Miguel, tendo o apoio de todos nós
- Mas fez! - minha mãe estava chateada.
Ela amassou o papel e jogou no lixo- Isso é tudo porcaria!
Xamã e os outros curupiras nos
acompanhariam até a estação de Bela Vista e assim foi feito.
Entramos na carruagem e fomos
tranquilamente até a escola de Magscovs. A paisagem era linda e tudo fazia
lembrar o mestre Antonio. Muitos alunos estavam chorando.
Assim que avistamos o castelo,
percebemos que ele estava com suas bandeiras estiadas até a metade, as árvores
que o rodeavam estavam murchas e os pássaros se recusavam a cantar. A estatua
de Dumber parecia chorar.
Entramos no castelo e fomos para o
salão Triunfal, onde tinha muitos alunos sentados, cada qual em seu grupo.
Vimos a poltrona do ex-diretor vaga. A pergunta era: Quem ocuparia seu lugar?
- Boa tarde a todos os alunos! - o Mago
estava falando- Sejam bem vindos a esse ultimo semestre do ano! - ele deu uma
pausa- Como todos sabem, infelizmente aquele que vocês nomearam de mestre não
está mais entre nós em carne, mas sim em espírito. Infelismente, espírito não pode governar uma
escola, se não teriamos vários a governando! - ele sorriu como se aquilo fosse
uma leve piada para quebrar aquela tristeza no ambiente- Então tínhamos que
decidir quem ficaria em seu lugar, claro que temos em mente uma pessoa, mas só
colocaremos se habitantes e alunos deste colégio concordarem!
- Quem será? - cochichou Marcos ao pé
do meu ouvido
- Não faço ideia! - falei, na verdade
tinha sim uma pessoa na mente e era...
- Escolhemos ninguém mais, ninguém
menos que a sub diretora, a dona Sonia Louves! - o Mago havia acabado de
responder meus pensamentos
Todos os alunos se alvoroçaram
aplaudindo essa escolha. Na verdade, não tinha ninguém mais certa para por como
diretor do que aquela que era o braço direito do ex-diretor.
- O lugar do mestre nunca será
preenchido totalmente, afinal, ele é único! Mas lembrem-se na hora da angustia
não esqueçam que há uma saída e que ela pode está na nossa frente, basta
olharmos com atenção. E a nossa saída, neste momento é a Sonia! - ele chamou
vovó que foi trazida pelo Aladin que pela primeira vez demonstrava leveza e não
estava fazendo traquinagens.
- Obrigada! Obrigada! - falava ela ao som dos aplausos e gritinhos-
Eu não queria aceitar esse cargo, e decidi aceitar se vocês concordasse,
afinal, não sou digna de está no cargo que o nosso mestre esteve! - vovó se
emocionava ao falar dele- Mas agradeço pela consideração! - Quero lhes dizer
que tudo o que o diretor Antonio deixou para nós será seguido e que sugestões
de aprimoramento vinda de vocês, alunos, será bem recebidas! Gostaria que todos
me ajudassem com a organização e o melhoramento dessa instituição, pois nós,
direção, corpo docente e alunos somos um só! Não deixem o desanimo tomar conta!
Façam vocês as regras de aprimoramento e deem o máximo de vocês, para o futuro
de cada um! - vovó enxugou as lagrimas ao som de mais aplausos que naquele
momento foi de pé- Gostaria de pedir que as palmas agora, fossem para o mestre
Antonio! - ela sacudiu sua varinha e todo o salão foi decorado com retratos do
ex-diretor e todos o aplaudiu e gritaram seu nome, como forma de homenagem.
Após a singela homenagem, fomos todos
para o refeitório que estava todo pintado de azul, vermelho, marrom e branco
que era a cor de cada grupo da escola.
- Que lindo o discurso de sua avó! -
afirmou Miguel quando já estávamos comendo
- Vovó será uma boa diretora, tenho certeza!
- falei comendo um pedaço de bolo de amendoim
- Alunos! Atenção! - falou minha avó de
pé no meio do salão- Gostaria de avisa-los que no final do semestre teremos o
baile de fechamento do ano! Convidem o par de vocês! Bom apetite! - Aladin
passou quase como um furacão por entre os alunos, derrubando mingaus, bolos em
cima de todos nós, minha avó então, enfureceu-se- ALADIIIIIN!
- Esse Aladin não tem jeito, mesmo! -
falou Pedro Lobos aproximando-se da mesa onde estávamos
- Oi Pedro! - sorriu Amanda - Sente-se
conosco! - ele puxou uma cadeira e sentou-se ao nosso lado. Marcos não estava
emburrado com ele e tinha aceitado o fato do irmão está ali.
- Querem? - perguntou Pedro mostrando
um saco de bala de goma. Cada um de nós pegamos uma e enfiamos na boca. Para a
nossa infelicidade, tinha gosto de bosta de pegasu. Cuspimos na mesma hora. Ele
ria de encolher a barriga.
- Que droga, Pedro! - reclamou Miguel
- Para mim, já deu! - Amanda se
irritou, levantou-se do seu lugar e correu até o bebedouro
- Não esquecem que ainda continuo o
Pedro de sempre! O mesmo a pregar peças em todos! - ele saiu andando sorrindo.
O rapaz acanhado, que eu tinha visto
ele na festa da casa da tia Julia estava lá no grupo dele, parecia mais
enturmado, mas seus olhos não saiam de mim. Fingi não perceber.
Os meses de agosto, setembro, outubro e
novembro foram passando, quando não se falava em provas bimestrais, falava do
grande baile que era o primeiro de muitos. Todos queria um par, meninos e
meninas atrás de seu par perfeito.
- Ei, Amanda, - um rapaz do grupo
Terra, do terceiro ano, alto, corpulento, branco, quase como a neve, a parou no
corredor entre uma aula e outra.
- Fala Juan! - ela não queria mostrar
que estava feliz em falar com ele. Marcos não gostou nada da aproximação do
filho do homem das neves.
- Q- quer ir ao baile c- comigo? -
perguntou ele
- Não! - respondeu Marcos, assim que
Amanda abriu a boca para responder- Ela irá comigo!
- Quem disse que eu vou com você? -
Amanda olhava para os dois demonstrando um ar de soberba e ao mesmo tempo um ar
de que estava gostando da situação- Você não me convidou!
- Mas estou convidando agora! -
respondeu Marcos com raiva de Juan
- Mas quem me convidou primeiro foi
Juan! Eu vou com ele! - Juan se animou todo ao ouvir aquilo e Marcos ficou
indignado- Convidasse antes! Já estamos no final do mês de Novembro e você
passou o semestre todo ao meu lado. Por que não me convidou antes?
- P- porque eu... - ele não conseguiu
terminar de responder
- O lobo perdeu para o homem das neves!
- gritou Aladin de cima deles e rindo de Marcos.
- Cala a boca, Aladin! - falou Marcos
com ira. Ele saiu correndo, chorando
- Por que você fez aquilo com Marcos? -
perguntei quando estávamos na aula de domação de animais magicos
- Porque ele me trata como segunda
opção! Não quero ser segunda opção! - falou Amanda anotando o que estava
escrito no quadro negro e dando um sorriso de canto de boca, como se aquilo
fosse uma vingança.
- Mas ele nunca fez isso! - protestou
Leticia
- Fez sim! - falou ela- Me convidando
aquela hora, sendo que podia ter me convidado antes!
- Alunos! - falou o professor Macedo-
Após a aula, vocês vão para o salão triunfal, irão treinar a dança para o
baile!
Ouve um burburim de alguns alunos sem
par, eu fui uma delas que não tinha par. Com quem dançaríamos, se não tínhamos
par?
Após a aula, toda a escola foi
encaminhada para o salão triunfal onde estava todo decorado como se fosse um
pequeno baile:
- Olá a todos! - falou a professora
rosa com um megafone- Eu fui nomeada de ensina-los a dançar! - ela também foi
nomeada como a nova sub diretora- Para quem não tem par ainda, tratem de
procurar o par de vocês! AGORA! - gritou ela e todos nós, sem pares, começamos
a nos mexer procurando alguém.
Pedro, irmão de Marcos, seria par de
Leticia, Marcos seria par de Alana, Miguel e Rafael seriam os únicos a serem
pares do mesmo sexo. E eu? Quem seria o meu par? Hades não estava na escola,
não era aluno.
Enquanto eu estava distraída pensando,
um rapaz do terceiro ano, de cabelos longos, olhos verde-esmeralda, estatura
média, magro, moreno claro, veio em minha direção:
- Com licença! - falou ele, sua voz era
grave- Você já tem par?
- N- não! - gaguejei ao vê-lo. Ele era
muito bonito, seus olhos era o que mais chamava atenção. Ele era do grupo Ar.
Descobri depois, que ele era um bruxo-cigano, uma casta de bruxos que viviam
mais no mundo humano.
- Quer ser minha parceira? - perguntou
ele
- C-claro- falei- Sou Lucia Louves!
- Meu nome é Romero Joshua! - seus olhos
era a sua beleza- Prazer!
- Todos estão com par? - perguntou a
professora depois de alguns instantes. - Ótimo! Avisando que o melhor par
receberá um troféu! Vamos começar. Gostaria que se alinhassem ao centro do
salão. Nós professores, começaremos a dançar e então, vocês nos seguirão. Por
favor, professor Luiz, venha até aqui! - meu padrasto foi até ela, acho que ela
havia esquecido que ele era um zumbi e que dançar não é muito o forte de um
zumbi. Ele segurou na cintura dela e os dois começaram a bailar no meio do
salão, meu padrasto estava bem, para falar a verdade, mais uma vez ele havia me
surpreendido- Vocês, cavalheiros, irão segurar na cintura das damas, com
leveza! Assim! E vocês damas, segurarão no ombro deles, também com leveza de
uma dama como são! Desse jeito! - ela nos mostrou e depois falou- E comecem a
dançar!
Todos nós fomos para o meio do salão e
dançamos levemente, algumas pisadas nos pés não deixaram de acontecer, e alguns
gritinhos de meninas. O casal que mais se destacava era o de Leticia e Pedro,
os dois tinham uma leveza e dançavam como se estivesse flutuando. Apesar de
Romero ser o que diríamos, um deus grego, ele era desajeitado e vivia a pisar
no meu pé.
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