domingo, 7 de junho de 2015

Capítulo 18: Mar da vida

Personagens deste capítulo


Adriano
Alberto
Alice
Bento
Brenda
César
Diogo
Felipe
Guto
Henrique
Joaquim
Marina
Matheus
Matilde
Patrícia
Petrônio
Rúbia
Sabrina
Silvana
Sônia
Tânia



Participação Especial









CENA 01. HOSPITAL. QUARTO DE RÚBIA. INT. DIA

Continuação do capítulo anterior. Rúbia e Brenda discutem no quarto do hospital. Brenda levanta-se da cama, surpresa com os dizeres de Rúbia.

BRENDA: - O que você está dizendo Rúbia? De onde você tirou uma coisa dessas?
RÚBIA: - Não precisa mais fingir Brenda. A idiota aqui já sabe de tudo.
BRENDA: - Rúbia, me escuta, eu...
RÚBIA (interrompendo): - Como eu fui idiota! Eu nunca poderia imaginar isso de você Brenda... Nunca! Mas você teve coragem de trair... De trair a própria irmã!
BRENDA: - Eu não queria Rúbia.
RÚBIA: - Não me pareceu isso. Eu vi fotos de vocês dois aos beijos! E você tem a cara de pau de me dizer que não queria? Deixa de ser cínica, Brenda! Você é baixa, é falsa, oferecida!

     Brenda fica a olhar para Rúbia, que a encara com fúria.

CENA 02. RESTAURANTE DO CENTRO. INT. DIA

No restaurante, Vera e Cristina terminam seu almoço.

VERA: - Estava uma delícia!
CRISTINA: - É mesmo... Esse restaurante aqui é muito bom. Pena que a gente descobriu ele só agora! Poderíamos ter nos deliciado há muito tempo atrás! (risos)
VERA: - É verdade!... (fica a olhar para Cristina)
CRISTINA: - O que foi Vera? Por que está me olhando assim?
VERA: - Estou gostando de te ver feliz, minha irmã. Alegre, divertida, pra cima... Coisa que há muito tempo eu não via.
CRISTINA: - Eu sei. Eu também estou adorando fazer minha vida mais alegre, sabe? Parece que eu estou sempre flutuando! (risos)...
VERA: - Fico feliz por você.
CRISTINA: - Obrigada!... Mas bom, já que terminamos o nosso almoço, podemos ir embora, não?
VERA: - Claro! Vou chamar o garçom e pedir a conta.

Enquanto isso, do outro lado do restaurante, Leandro esconde-se atrás do menu, para não ser visto por Vera.

MÔNICA: - Leandro, vai ficar atrás desse cardápio até quando?
LEANDRO: - Até a minha mulher ir embora, oras! Ela não pode me ver aqui!
MÔNICA: - Mas agora, falando sério: o q   eu tem de mal ela te ver aqui, almoçando comigo? Ela não precisa saber que somos amantes... Pode dizer pra ela que é uma reunião de negócios...
LEANDRO: - E ela vai acreditar na reunião de negócios, só eu e você, vinhozinho, flores!
MÔNICA: - É mesmo, não ia pegar bem, né?
LEANDRO: - Claro que não...

Nesse instante, Vera e Cristina vão saindo do restaurante.

LEANDRO: - Elas estão indo embora!... (aliviado) Ufa!
MÔNICA: - Bom, então agora você pode almoçar, né? Por que daqui a pouco já é hora de voltar pra empresa.

Leandro fica mais tranquilo com a saída de Vera e Cristina do restaurante.

CENA 03. CASA PETRÔNIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Na casa de Petrônio, Helena discute com Matheus.

HELENA: - Como é que é? Convidada especial? Que história é essa Matheus? De onde você tirou isso?
MATHEUS: - Simples, mãe! A Alice é a minha namorada, nós estamos juntos e eu quero que ela esteja na minha festa de aniversário.
HELENA: - Ah, mas ela não vai vir... Não vai vir mesmo!
MATHEUS: - Por que não?
HELENA: - Porque eu não quero! Eu já te avisei pra ficar longe dessa gentinha da prainha, mas você não me deu ouvidos... (vira-se para Petrônio) Está vendo papai, o que dá deixar o Matheus com mais liberdade, andando por aí? Dá nisso...
PETRÔNIO: - Calma Helena! Você está alterada demais, fazendo tempestade em copo d’água! O que tem de mal ele trazer a namorada pra cá, pra festa que é dele? O que há de errado nele sair com os amigos? Ele é jovem, está na idade!...
MATHEUS: - Mas a minha mãe não entende não, vovô...
HELENA: - Não entendo mesmo... Eu não entendo como você pode ser assim, tão ligado à esse povo, tendo um mundo de oportunidades pela frente... Você também pode namorar qualquer outra menina da cidade, de outro bairro mais nobre, qualquer...
MATHEUS: - Mas é a Alice que eu amo, mãe! É ela que eu quero para mim!
HELENA: - Você nem sabe o que quer da vida, Matheus! É um pirralho, mimado!
SAMANTHA: - Helena!
PETRÔNIO: - Helena, você está passando dos limites!
HELENA: - Quem passou dos limites foi esse garoto, que quer trazer pra cá, uma vadiazinha da beira da praia.

     Matheus sobe rapidamente para o seu quarto.

SAMANTHA: - Matheus, espera!
HELENA (indo atrás de Matheus): - Volta aqui, Matheus! Eu ainda não terminei!

     Petrônio impede que Helena siga Matheus. Ele a segura fortemente pelo braço.

HELENA: - Ai, papai, está me machucando!
PETRÔNIO: - Você está passando dos limites a cada dia, Helena!

     Petrônio empurra Helena sobre o sofá. Ela fica sentada, olhando seriamente para o pai.

PETRÔNIO: - O ataque histérico que você deu aqui foi vergonhoso, tanto para você, quanto para mim que sou teu pai.
HELENA: - Mas papai, você viu que o Matheus...
PETRÔNIO (interrompendo): - Escute bem o que eu vou te dizer, Helena: o Matheus vai trazer a namorada dele pra festa sim, porque EU quero que ele traga, está me ouvindo?
HELENA: - O senhor não pode está falando sério...
PETRÔNIO: - Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida. Essa moça agora, será a minha convidada especial e eu ficarei muito feliz de recebê-la em minha casa.

     Helena fica sem reação.

CENA 04. CAFETERIA CENTRO DA CIDADE. INT. DIA.

Henrique e Sônia conversam com Silvana, disfarçando a situação do flagra.

SILVANA: - Então, ficaram mudos? Não vão me responder...?
HENRIQUE: - Silvana, meu amor...
SÔNIA (cumprimentando Silvana): - Olá Silvana! Eu e o Henrique conversávamos sobre a festa da companhia.
SILVANA: - Ah, sobre a festa... Você vai né? Você e o Adriano...
HENRIQUE: - Claro... Era isso mesmo que eu estava fazendo, reforçando o convite para a Sônia.
SILVANA: - Que bom! Eu estou tão ansiosa por essa festa, até mais que o Henrique!
SÔNIA: - Posso imaginar, é uma data importante, não é?
HENRIQUE: - Muito importante pra mim. Eu já conquistei algumas coisas, perdi outras... Mas agora quero reconquistar tudo novamente. E a Companhia é uma delas, ou melhor, a primeira coisa...

     Henrique fica a olhar para Sônia, que disfarça.

SÔNIA: - Bem, já vou indo então...
SILVANA: - Já vai?
SÔNIA: - Claro, preciso me aprontar, não é? Não posso ir feia à um evento tão importante.
SILVANA: - Você, feia, Sônia? Imagina. Você está sempre linda!
SÔNIA: - Obrigada, querida... são seus olhos!
HENRIQUE: - Não apenas os olhos dela...
SILVANA: - Olha só! Até o Henrique também acha!... Vou começar a ficar com ciúmes, hein! (risos)
SÔNIA: - Imagina, assim vocês me deixam sem graça... Bom, eu preciso ir mesmo. Nos vemos mais à noite então.
SILVANA: - Claro! Até mais!

     Sônia se despede de Silvana e Henrique e vai embora.

SILVANA: - Ela é uma mulher fantástica... Elegante, discreta, bonita...
HENRIQUE: - É mesmo... sorte do Adriano, não é?
SILVANA: - É mesmo... E sorte minha eu ter vocÊ também, meu amor! (beijando Henrique). Nós também temos que ir, não é? A festa é logo mais, não temos tempo a perder!
HENRIQUE: - Isso mesmo, vamos embora...

     Os dois saem da cafeteria.

CENA 05. FRENTE DO PRÉDIO DO CENTRO. EXT. DIA

No centro da cidade, Olga vai até o prédio onde Sérgio está. Felipe, escondido do outro lado da rua, observa tudo surpreso.

FELIPE: - A Olga aqui nesse prédio? O que será que ela foi fazer aqui?

     Felipe segue a observar o prédio, escondido.

CENA 06. SEQ. CENA 05. APTO SÉRGIO. INT. DIA

No seu apartamento, Olga encontra-se com Sérgio.

SÉRGIO (segurando as sacolas de compras trazidas por Olga): - Não precisava se incomodar, Olga!
OLGA: - Isso não me incomoda em nada, Sérgio, não se preocupe. Trouxe porque deduzi que você estivesse precisando de alguma coisa... Aí na sacola tem carne, alguns legumes, verduras, produto de limpeza, enfim, coisas simples, mas básicas, que não podem faltar.
SÉRGIO: - Muito obrigado por ter todo esse cuidado comigo. Agora que tenho que andar escondido por causa das ameaças do Felipe, com você me ajudando, começo a ganhar coragem pra enfrentar essas dificuldades.
OLGA: - Eu não consigo entender porque o Felipe é assim, revoltado, frio...
SÉRGIO: - Ele virou um boneco, um fantoche nas mãos daquela megera da Tânia...
OLGA: - Que mulher! Que pessoa ruim... Coitado do seu Alberto, casado com ela...

     Sérgio retira as compras da sacola. Olga vai ajudá-lo.

OLGA: - Mas, minha cabeça anda nas nuvens!
SÉRGIO: - Como assim Olga, o que houve?
OLGA; - Esqueci de comprar pão, leite... Pra você tomar café!
SÉRGIO: - Não tem problema, tem um mercado aqui perto, podemos ir juntos, que tal?
OLGA; - Claro, então vamos.

CENA 07. SEQ. CENA 06. FRENTE PRÉDIO DO CENTRO. EXT. DIA.

Felipe, escondido do lado de fora do prédio, fica atento a cada movimento na rua. De repente, ele avista Sérgio e Olga saindo juntos.

FELIPE: - O quê? A Olga e aquele traste? Não pode ser verdade!...

     Olga e Sérgio saem, sem perceber nada. Felipe fica surpreso.

FELIPE: - Mas a tia Tânia vai gostar muito de saber disso...

CENA 08. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

Tânia, Alberto, Marina, César, Guto e Patrícia se encontram no local.

TÂNIA (cochichando para Alberto): - Nós vamos ficar aqui plantados até quando?
ALBERTO: - Deixe de ser impaciente... Daqui a pouco entraremos no quarto para falar com a Rúbia.
TÂNIA: - Você não está pensando em falar pra ela sobre...
ALBERTO: - Estou. E creio que isso será bom para todos nós.
TÂNIA: - Você só pode estar ficando louco...

     Num outro canto da sala, Marina conversa com César.

MARINA (entregando um copo com água para César): - Toma, bebe um pouco...
CÉSAR: - Valeu, Marina... Nossa, minha cabeça está a mil com toda essa história.
MARINA: - Dá pra ver, você nem descansou direito.
CÉSAR: - É verdade.
MARINA: - Mas eu também posso ver que não é só isso, não é só o acidente que está te deixando assim, um tanto confuso, eu acho...

     César olha para Marina.

MARINA: - Você não quer me falar nada?
CÉSAR: - Agora não... Mas obrigado pelo ombro amigo.

     Nesse instante, chegam no hospital Matilde e Joaquim.

GUTO: - Dona Matilde, seu Joaquim!
MATILDE: - Guto, meu querido.
JOAQUIM: - E a rúbia? Como ela esta? Eu quero vê-la!
GUTO: - Está tudo bem com ela, seu Joaquim. Ela está no quarto, conversando com a Brenda.

CENA 09. SEQ. CENA 10. HOSPITAL. QUARTO RÚBIA. INT. DIA.

Rúbia fica a encarar Brenda.

RÚBIA: - Pronto Brenda, acabou seu disfarce de coitadinha.
BRENDA; - Eu não tenho e nunca tive disfarce nenhum, Rúbia! Tudo bem, aconteceu entre eu e o César, a gente se beijou, mas...
RÚBIA: - Mas você não queria... Quanta mentira, quanta falsidade!
BRENDA: - Não é mentira, não é falsidade... Eu iria te contar!
RÚBIA: - Ah, você iria me contar? Quando? Depois que eu estivesse morta? Só pode né? Porque você veio até aqui o hospital, entrou no quarto e nem tocou no assunto.
BRENDA: - Mas eu iria te contar mesmo, Rúbia. Eu não estava mais agüentando te enganar. Eu não quero isso pra mim nem pra ninguém! Eu e o César não estamos juntos. Mesmo que isso me doa muito, mas eu não quero fazer ninguém sofrer com meu amor.
RÚBIA: - Fazer ninguém sofrer com seu amor? (risos) Essa é boa... Mas é bom que você e o César não estejam juntos. É bom que isso seja verdade, porque eu e ele vamos ter um filho... E o César vai ser meu pra sempre, está ouvindo? Pra sempre!

     As duas se encaram novamente.

CENA 10. BAIRRO PRAINHA. RUA. EXT. DIA.

Caminhando pelas ruas do bairro, Virgínia e noêmia se encontram.

NOÊMIA: - Virgínia!
VIRGÍNIA: - Noêmia! Como você está?
NOÊMIA: - Estou ótima! E você, por onde anda? Nas rodas da alta sociedade?
VIRGÍNIA: - Pois é, nem tanto... Eu estou por aí... Tentando achar algo pra passar o tempo, sabe?
NOÊMIA; - Mas você não freqüenta mais os salões de beleza, as clínicas de estética, como havia dito na viagem?
VIRGÍNIA: - Faz tempo que eu não sei o que é fazer as unhas (mostrando as mãos para Noêmia). E muito menos fazer uma hidratação de cabelo, de pele, passar um bom creme...
NOÊMIA: - Menina, que bom que você falou em creme!

Noêmia tira de sua sacola um frasco de creme e entrega para Virgínia.

VIRGÍNIA: - O que é isso?
NOÊMIA: - É creme hidratante da melhor qualidade!
VIRGÍNIA: - Ah, é mesmo? Mas com esse nome, Cútis Live?
NOÊMIA: - É tiro e queda! Você passa e sua pele fica que é um pêssego!
VIRGÍNIA: - É mesmo? (abrindo o frasco e passando um pouco do creme nas mãos e no rosto)
NOÊMIA: - Claro! Tenho amigas que compraram e usaram, e que estão com a pele de garotas de 20 anos!
VIRGÍNIA: - Jura?
NOÊMIA: - Sim!... E então, o que achou?
VIRGÍNIA: - É bom, é bom... Tem um cheiro bom e deixa a pele macia mesmo...
NOÊMIA: - Então, como você disse que está procurando algo pra passar o tempo, porque não começa a vender esse produto?
VIRGÍNIA: - Eu? Vendendo cosméticos de porta em porta?
NOÊMIA: - Sim... No início vai ter que ser assim, mas depois, você pode abrir a sua própria loja de cosméticos, que tal?
VIRGÍNA: - Noêmia, você é uma bênção dos céus!
NOÊMIA; - Obrigada!
VIRGÍNIA: - Me leva agora no local onde a gente pega os produtos!
NOÊMIA: - Claro, vem que eu levo sim!

     As duas saem conversando animadas.

CENA 11: HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

     Matilde e Joaquim conhecem Tânia e Alberto.

CÉSAR: - Então, dona Matilde, seu Joaquim, estes são meus pais, Alberto e Tânia.
MATILDE: - Muito prazer em conhecê-los! Vocês tem um filho de ouro!
ALBERTO: - Muito obrigado! Nós também gostamos muito da Rúbia, é uma menina muito especial.
TÂNIA: - Ela comentou uma vez que vocês têm um restaurante na praia...
JOAQUIM: - Temos sim, e, modéstia a parte, um dos melhores da cidade.
TÂNIA: - Posso imaginar...

     No outro lado da sala, Patrícia fala com Guto.

PATRÍCIA: - Será que seu Joaquim já sabe da gravidez?
GUTO: - Já sim, a Brenda já avisou eles.
PATRICIA: - A Brenda... sempre muito prestativa, não é?
GUTO: - Ela é muito querida, com todos. Adora os avós, a irmã...
PATRÍCIA (falando baixo): - Imagina se não gostasse...
GUTO: - O que você disse?
PATRÍCIA: - Nada não... Olha lá, lá vem o médico.

     O médico se aproxima do grupo.

JOAQUIM: - Então doutor, eu já posso ver a minha neta?
MÉDICO: - Creio que sim... Ela inclusive já está com visitas no quarto, não?
CÉSAR: - Sim, a Brenda, a irmã dela está lá dentro.
ALBERTO: - Mas nós poderemos visitá-la agora?
MÉDICO: - Sim, ela pode receber visitas, mas não tem como todos entrarem ao mesmo tempo. É muita gente e ela precisa de repouso...
ALBERTO: - Então façamos assim, entram os avós, eu e minha esposa, junto com o meu filho, César. É que é muito importante que eles estejam.
TÂNIA (se aproximando de Alberto): - Eu não acredito que você insistirá nisso...
ALBERTO: - Eu só estou fazendo aquilo que é melhor para o meu neto, ou melhor, para o nosso neto.
MÉDICO: - Tudo bem, mas não podem fazer muito barulho...
MATILDE: - Pode deixar, doutor, a gente se comporta.

CENA 12. CASA PETRÔNIO. COZINHA. INT. DIA.

     Helena está na cozinha quando Bento entra no local, sem camisa.

BENTO: - Desculpa, dona Helena! Eu estou limpando o carro, e eu só vim pegar um pouco d’água, pensei que não tivesse ninguém aqui...
HELENA: - Tudo bem Bento, mas que isso não se repita. Da próxima vez, quando pensar em entrar aqui dentro, ponha uma roupa por cima...
BENTO: - Tudo bem.
HELENA: - Pode pegar sua água, não precisa ficar estático aí.

     Bento vai até a geladeira, abre e pega o jarro com água. Enquanto ele se serve, Helena fica a observá-lo constantemente, cada movimento, cada parte do corpo do rapaz. Bento toma água.

BENTO: - Com licença, dona Helena.

     Bento se retira e Helena fica um tanto balançada.

CENA 13. HOSPITAL. QUARTO RÚBIA. INT. DIA.

     Brenda e Rúbia conversam.

BRENDA; - Você nunca vai me perdoar não é?
RÚBIA: - É só você não se meter mais com o César que tudo ficará bem entre a gente.

     Nesse instante, a porta se abre. É César.

CÉSAR: - Com licença!
RÚBIA (alegre): - Meu amor! Entra!
CÉSAR – Espero não estar atrapalhando...
RÚBIA: - Imagina, você não atrapalha em nada! A conversa entre eu e a Brenda já terminou.
CÉSAR: - Trouxe visitas...

     Matilde, Joaquim, Alberto e Tânia entram no quarto.

RÚBIA (surpresa): - Vovô, vovó, seu Alberto, dona Tânia... que bom ver vocês!
MATILDE: - Nós também estamos muito felizes em te ver, Rúbia, viva, feliz!
ALBERTO: - Ainda mais depois de saber que você será mãe!
RÚBIA: - Então vocês já sabem da novidade!
TÂNIA: - Sim, já sabemos...
RÚBIA: - Dona Tânia, fico muito feliz em vê-la aqui, de verdade.
TÂNIA: - Oh, querida... Eu não poderia deixar de vir te visitar.
ALBERTO: - Pois bem, eu fiz questão que estivéssemos todos aqui, juntos, pois eu tenho algo muito importante para propor.
MATILDE: - Para propor?
ALBERTO: - Sim. Como nós sabemos, a Rúbia está grávida do meu filho César. E isso nos leva a saber que ela terá que ter cuidados especiais por estar grávida e mais tarde, essa criança também precisará de cuidados, de amparo.
JOAQUIM: - Sim, mas aonde o senhor quer chegar?
RÚBIA: - Espera vovô, deixa o seu Alberto falar.
ALBERTO: - Eu proponho que o César e a Rúbia se casem e venham morar conosco, na mansão. Primeiro, por uma questão de honra da parte dele com a moça. E segundo, porque eu acredito que na mansão ela terá melhores cuidados.. Não menosprezando a casa, o lar de vocês, dona Matilde, seu Joaquim, mas em termos de condições...
MATILDE: - Sim, eu te entendo, seu Alberto...
RÚBIA (surpresa): - Casar! Eu casar com o César!

     Brenda e César se olham.

JOAQUIM: - Desculpa seu Alberto, mas eu discordo. Acho que a Rúbia pode ficar muito bem lá em casa.
CÉSAR: - E casar, pai, assim, agora?
ALBERTO: - Claro César! É honra! Você agora será pai, engravidou uma moça e deverá dar a ela toda atenção e o carinho... E seu Joaquim, eu entendo o senhor, na sua condição de avô, deseja estar perto da neta, mas...
RUBIA: - Vovô, não tem como eu continuar lá em casa... agora eu estou grávida, preciso de cuidados, médico, pediatra, tudo! E o restaurante não conseguirá manter mais uma boca pra comer.
MATILDE: - É mesmo, Joaquim, nisso a Rúbia tem razão.
TÂNIA; - Ok, mas casamento, não é demais, não?
ALBERTO: - Eu não acho. Acho justo.
RÚBIA: - Eu estou muito feliz com isso tudo. E você, César, não está? Você aceita se casar comigo?

     César fica sem reação diante da pergunta de Rúbia.

CENA 14. CASA SÔNIA. QUARTO SÔNIA. INT. DIA.

     Sônia está em seu quarto, arrumando o vestido que usará na festa da Cia de Navegação. Ela para um instante e se lembra Dos DIZERES DE Henrique na conversa que tiveram na cafeteria: “E eu tive que suportar a dor de não ver meu filho.” Sônia fica cabisbaixa, mas disfarça quando percebe que Adriano se aproxima.

ADRIANO: - Olá meu bem!
SÔNIA: - Oi, querido, como foi o dia hoje?
ADRIANO: - Tudo bem. Reunião com os engenheiros, arquitetos... Tudo correndo bem para o resort ficar pronto.
SÔNIA: - Que bom!
ADRIANO: - E você, como está? Como foi seu dia?
SÔNIA: - Estou bem. Veja o vestido que vou usar hoje à noite.
ADRIANO: - Lindo! E você nele ficará magnífica, a mais linda da festa!

     Os dois se beijam.

CENA 15. HOSPITAL. QUARTO RÚBIA. INT. DIA.

     Rúbia questiona César.

RÚBIA; - Então César, você aceita se casar comigo?

     Brenda fica a encarar César, esperando ansiosa a resposta dele.

CÉSAR: - Eu aceito sim, Rúbia. Aceito me casar com você.

     Alberto vibra. Rúbia e César se beijam. Matilde e Joaquim ficam contentes pela felicidade de Rúbia. Tânia finge estar feliz, mas não gosta nada da ideia de ter Rúbia na família. Brenda não esboça muito contentamento com o fato.

ALBERTO: - que maravilha! Tudo está ficando bem.
MATILDE: - Com a paz de Deus!
ALBERTO; - Então Rúbia, quando você tiver alta, já pode ir direto para a mansão. Irei providenciar o mais rápido possível um quarto novo para o casal.
RÚBIA: - Seu Alberto, o senhor não faz ideia do tamanho da minha felicidade! Eu amo seu filho e nada vai nos separar!

     Rúbia segura firme na mão de César e olha firme para Brenda.

TÃNIA: - Alberto, vamos, logo mais teremos a festa...
ALBERTO: - Claro, vamos sim... Bem, outra hora nos reuniremos novamente para decidirmos os detalhes do casório.
RÚBIA: - Claro, faremos isso com certeza.

CENA 16. TRANSIÇÃO DO TEMPO. EXTERNAS PRAIA REAL. ANOITECER. / PRÉDIO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. EXT. NOITE.

Imagens de Praia Real ao anoitecer. Imagens do por-do-sol na beira da praia. Imagens da cidade. Já é noite. Corta para a frente / fachada do prédio da Cia de Navegação. Muitas pessoas, convidados chegando, imprensa.

CENA 17. SEQ. CENA 16. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.

     No interior do prédio, Henrique recepciona os convidados. Uma pequena banda toca música agradável. Garçons circulando, gente bonita, empresários... Num dos pontos da festa, Silvana conversa com Vera e Leandro.

VERA: - Amiga, o Henrique está de parabéns, viu! Isso aqui está um espetáculo!
SILVANA: - Vera, você esqueceu de me parabenizar também, porque eu corri pra conseguir fazer dessa festa um sucesso, meu amor!
VERA: - É isso aí! As mulheres sempre têm uma participação especial. Ou melhor, fundamental, em qualquer coisa!
LEANDRO: - I, complô contra os seres da espécie masculina, é?
VERA; - Não, meu bem... Só estamos falando o que é verdade.
LEANDRO: - Sei...
SILVANA: - É a comprovação daquele velho dito: atrás de um grande homem...
LEANDRO: - Tudo bem, vocês tem razão. As mulheres são demais... vou dar uma volta por aí.
VERA; - Tudo bem.

     Leandro sai. Silvana e Vera continuam a conversar.

SILVANA: - E a Cristina? Não a vi por aqui ainda...
VERA: - É mesmo. Falei com ela antes de sair e ela me disse que já estava saindo... Bom, daqui a pouco deve estar por aqui.

     Em um outro ponto da festa, Diogo conversa com Petrônio e Samantha.

PETRÔNIO: - Então Diogo, como vão os negócios na imobiliária?
DIOGO: - Melhor, impossível, seu Petrônio. Agora sou o diretor geral.
SAMANTHA: - Nossa, que bacana, Diogo!
PETRÔNIO: - É mesmo, meus parabéns!
DIOGO: - Obrigado. Eu também fiquei muito feliz com a promoção. Aos poucos, vou arrumando minha vida.
PETRÔNIO: - Tem que ser, aos poucos, a gente chega onde quer.
DIOGO: - E o Matheus, como está? Faz tempo que não falo com ele, que não o vejo...
PETRÔNIO: - Ele está bem.
DIOGO: - Deve estar talvez ansioso pelo aniversário...
SAMANTHA: - O Matheus? Acho que não... É mais fácil a mãe dele ficar ansiosa do que ele.
DIOGO: - A Helena não mudou então...
PETRÔNIO: - E vai ser difícil ela mudar viu?... Só a vida pra ensinar ela mesmo. Só a vida!...
DIOGO: - Ela está por aqui, ela veio na festa?
SAMANTHA: - Sim, deve estar por aí...

CENA 18. PRÉDIO DO CENTRO. APTO ROGÉRIO. INT. NOITE.

     Rogério está deitado no sofá, assistindo TV. De repente, a campainha toca. Ele se levanta e vai até a porta. Ele espia no olho mágico. Rogério abre um sorriso sacana. Ele abre a porta em seguida.

ROGÉRIO: - Você aqui?
FELIPE: - Posso entrar?

     Os dois ficam a se olhar.

CENA 19. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. NOITE.

     Brenda está deitada em sua cama, chorando por ter perdido seu amor para Rúbia. Guto entra no quarto e senta-se na cama.

GUTO: - Foi melhor assim, Brenda.
BRENDA: - Melhor pra quem? Só se for para a Rúbia.
GUTO: - E não era isso que você queria? Não era parar de enganar a sua irmã?
BRENDA: - Era, mas...
GUTO: - Então. Foi isso o que você fez... Agora é dar tempo ao tempo... Você vai encontrar outra pessoa, que te ame e que dê todo carinho.
BRENDA; - Olha Guto, eu e você não...
GUTO: - Não, eu quero falar disso.. Estou aqui apenas pra te dizer, que eu nunca vou te abandonar. E que vou estar sempre do seu lado quando você precisar. Não quero forçar nada. Eu vou deixar você gostar de mim.

     Os dois ficam se olhando carinhosamente.

GUTO: - Agora me dá um abraço. Eu sei que é disso que você está precisando agora.

     Brenda abraça Guto fortemente.

CENA 20. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.

     Henrique continua a recepcionar os convidados, quando Adriano e Sônia se aproximam.

HENRIQUE: - Adriano, Sônia, que bom que vieram!

     Henrique e Sônia trocam olhares.

ADRIANO (cumprimentando Henrique): - Não poderíamos deixar de vir. Parabéns, a companhia será um sucesso!
HENRIQUE: - Muito obrigado!
SÔNIA (cumprimentando Henrique): - Parabéns!
HENRIQUE: - Adriano, eu poderia dar um abraço na Sônia. Ela é uma pessoa tão querida.

     Sônia fica sem reação.

ADRIANO: - Claro, somos todos amigos!

     Henrique se aproxima de Sônia e a abraça.

HENRIQUE (sussurrando): - A nossa conversa ainda não acabou.

     Os dois se separam. Sônia vai para perto de Adriano.

HENRIQUE: - Podem entrar, fiquem à vontade.

     Adriano e Sônia entram no salão. Henrique continua a recepcionar os demais convidados que chegam.

CENA 21. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.

Fredy e Lílian chegam ao hospital.

LÍLIAN: - Vamos esperar por aqui, talvez o César apareça.
FREDY: - Ali vem ele.

     César chega no local.

CÉSAR: - Fredy, Lílian! Bom ver vocês!
LÍLIAN: - Não poderíamos deixar de vir dar essa força pra você e para a Rúbia.

     Nesse instante, Patrícia entra na sala e fica de olho em Fredy.

FREDY: - Como ela está?
CÉSAR: - Está bem, está descansando um pouco.
LÍLIAN: - E você? Como está?
CÉSAR: - Estou levando, já estou um pouco melhor do que estava antes...

     Marina também chega na sala.

CÉSAR: - Gente, essa aqui é a Marina, minha irmã que chegou da Noruega.
LÍLIAN: - Da Europa? Que bacana! Sou a Lílian, prazer!
MARINA: - Prazer em conhecê-la!
FREDY: - E eu sou o Fredy.
MARINA: - Ah, sim, você é o famoso Fredy!
FREDY: - Como assim, famoso Fredy?
MARINA: - O César me contou muitas histórias de você, viu?
FREDY: - Ah, é assim é?

     Os três riem, enquanto Patrícia fica impressionada com a beleza de Fredy e não tira os olhos do rapaz. Num instante, Fredy percebe que Patrícia está lhe cuidando. Ele tenta disfarçar.

CENA 22. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. EXT. NOITE.

Tânia e Alberto chegam na festa da Cia de Navegação.

HENRIQUE: - Doutor Alberto Walker!
ALBERTO: - Henrique, de volta à ativa então?
HENRIQUE: - Antes tarde do que nunca!...

     Os dois se cumprimentam.

HENRIQUE: - Dona Tânia, está belíssima.
TÂNIA: - Obrigada.
ALBERTO: - Então a companhia estará novamente oferecendo seus serviços à Praia Real...
HENRIQUE: - Sim. Dentro de alguns dias chegam as lanchas. Serviço de primeira, como sempre tivemos.
ALBERTO: - Eu lembro bem!... Fico feliz com seu retorno.
HENRIQUE: - E eu fico mais feliz em ver vocÊ e sua esposa prestigiando o meu trabalho. Entrem, fiquem a vontade.

     Alberto e Tânia vão entrando no salão, acompanhados em peso pela imprensa, que não para de tirar fotos e mais fotos do casal.

CENA 23. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. NOITE.

Carvalho e Virgínia num quiosque no calçadão vêem a movimentação intensa na beira mar.

CARVALHO: - Que movimentação grande hoje, hein?
VIRGÍNIA; - É mesmo, muitos carros, e carros bons, viu!
CARVALHO: - Será que é alguma festa, algo importante?
VIRGÍNIA: - Acho que sim, viu? Esses carros estão todos indo pra lá, pro lado da antiga cia de navegação.
CARVALHO: - Claro! Então é isso!
VIRGÍNIA: - Isso o quê?
CARVALHO: - Hoje é a festa de reinauguração da cia de navegação. Saiu no jornal.
VIRGÍNIA: - Nossa! E como eles não me convidaram?
CARVALHO: - Virgínia, meu bem, você não está mais no high socity.
VIRGÍNIA: - É mesmo... queria tanto ir nessa festa. Deve estar bombando, com muita gente bonita, salgadinhos, canapés, champanhe!

     Os dois ficam em silêncio, cabisbaixos.

CARVALHO: - Ei! Espera um pouco!
VIRGÍNIA; - O que foi?
CARVALHO: - Claro!
VIRGÍNIA; - Fala Carvalho, o que foi?
CARVALHO: - Eu tenho um jeito da gente entrar nesta festa.

     Virgínia fica esperançosa.
 e descobrem a festa da cia.

CENA 24. FUNDOS DO SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. COZINHA. EXT. NOITE.

Virgínia e Carvalho se encontram na porta de saída da cozinha do salão. Os dois estão com roupas de festa.

VIRGÍNIA; - Eu caprichei no vestido.
CARVALHO: - Você está linda!
VIRGÍNIA: - Mas por que a gente está aqui no fundo? A entrada não é lá na frente? Não é lá que o seu amigo vai nos colocar pra dentro?
CARVALHO: - Não não... Espera aqui que logo ele vem.
VIRGÍNIA; - Tem certeza?
CARVALHO: - Claro! O Pé de Cabra é gente boa.
VIRGÍNIA: - Pé de Cabra? Esse é o nome do rapaz que vai colocar a gente pra dentro da festa, é isso?
CARVALHO: - Não, isso não é nome não, é só apelido.
VIRGÍNIA: - Bom, eu nem vou perguntar o porquê do apelido...

Neste instante, a porta da cozinha abre.

PÉ DE CABRA: - Fala Carvalho, beleza?
CARVALHO: - E aí Pé de Cabra, como anda a festa aí?
PÉ DE CABRA: - Ta bombando! Só gente grã fina! Pra tu vê, olha só como eu to vestido, todo engomadinho... To me sentindo um almofadinha. (risos)
VIRGÍNIA: - É, até que está bonitinho...
PÉ DE CABRA: - E o que tu ta fazendo aqui fora com a dondoca aí?
CARVALHO: - Pois é, Pé de Cabra, nós fomos convidados pra festa, mas aconteceu um problema com os nossos convites, eles caíram numa poça d’água e estragaram.
PÉ DE CABRA: - Nossa, que coisa chata...
CARVALHO: - Pois é, e aí o segurança lá na frente não deixou a gente entrar, por causa disso... Aí nós estávamos indo embora, quando passamos por aqui e eu lembrei que você iria trabalhar aí, e que então poderia dar uma força pra gente...
PÉ DE CABRA: - Pô, claro que sim, meu irmão! Pode entrar por aqui, tu e a madame enfeitada aí!
VIRGÍNIA: - Oh, obrigada pelo elogio!
PÉ DE CABRA: - Ao seu dispor, madame!
CARVALHO: - Valeu Pé de Cabra, estou te devendo essa!
PÉ DE CABRA: - Capaz, depois me paga uma cervejinha no quiosque que ta tudo certo! Agora vamo entrando antes que alguém veja!

Carvalho e Virgínia entram na festa pela cozinha.

CENA 25. APTO ROGÉRIO. SALA. INT. NOITE.

Felipe e Rogério estão sentados no sofá.

ROGÉRIO: - Pensei que não iria mais querer me ver depois do...
FELIPE: - E eu não quero mais te ver mesmo. Você não deveria ter...
ROGÉRIO: - Não deveria ter te beijado? Mas eu tive a impressão que você gostou.
FELIPE: - Você é nojento, fétido... Não há como sentir atração por você, Rogério...
ROGÉRIO: - Se veio aqui pra me ofender, pode ir embora.
FELIPE: - Não, não vim aqui pra isso... Eu quero que você fale tudo, mas tudo sobre uns dois moradores daqui do prédio, um senhor de meia idade, e uma negra velha, caquética...

     Os dois se olham.

CENA 26. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.

Cristina e Tomás chegam na festa. Silvana os vê.

SILVANA: - Olha lá, Vera, a Cristina chegou.

     Silvana acena para Cristina, que se aproxima com Tomás.

CRISTINA (alegre): - Silvana, parabéns pelo sucesso!
SILVANA: - Obrigada Silvana. Nossa, você está linda!
CRISTINA: - Peça de Glória Colombo, meu bem... Linda, né?
VERA: - Agora ela só quer saber das roupas da Glória.
CRISTINA: - Claro, são bonitas, elegantes, tudo de bom! (risos)
VERA: - E você, Tomás, como está?
TOMÁS: - Tudo bem, Vera. Parabéns Silvana, está tudo muito lindo.
SILVANA: - Obrigada!
VERA: - E Patrícia, não veio?
CRISTINA: - Ficou no hospital, com a Rúbia, a amiga dela, sabe? Sofreu um acidente de carro, mas já está tudo bem. Mesmo assim, ela quis ficar com a amiga.
SILVANA: - Nossa, que bom que já está tudo bem.
VERA: - É mesmo.
TOMÁS: - E Leandro, onde está?
VERA: - Deve estar em alguma rodinha de homens falando sobre futebol, carros ou mulheres... (risos)
TOMÁS (risos): - Só você mesmo... Vou dar uma volta, ver se encontro ele. Até logo.

     Tomás sai. Cristina, Vera e Silvana continuam conversando.

SILVANA: - O que você falou agora Vera foi o máximo! (risos)
VERA: - Mas é verdade, homem só fala disso.
CRISTINA: - Ah, não se pode generalizar, né? O Tomás não fala só de futebol, mulher e carros...
VERA: - Então você é a exceção amiga, tens um marido culto!

     Todas riem.
     Num outro ponto da festa, Carvalho e Virgínia circulam entre os demais convidados.

CARVALHO: - Vou ver se acho alguma coisa pra beber...
VIRGÍNIA: - Tudo bem, eu vou continuar circulando.

     Os dois se separam. Virgínia, andando pela festa, esbarra em Tânia.

VIRGÍNIA (distraída / surpresa): - Oh, desculpa, eu... Tânia?!
TÂNIA: - Virgínia?! Não pode ser verdade... Você aqui?
VIRGÍNIA: - Por que não? Eu sou uma pessoa fina, minha querida...
TÂNIA: - Fina mesmo, está até mais magra... andou passando fome?
VIRGÍNIA: - Não, eu não, mas você bem que deu uma boa engordada, hein? Já esteve melhorzinha, Tânia...

     Nesse instante, Alberto se aproxima.

ALBERTO: - Virgínia! Você aqui também?
VIRGÍNIA: - Claro, meu querido! A alta sociedade aprecia a minha presença. Como está você?
ALBERTO: - Estou bem, melhor impossível!
VIRGÍNIA: - Nossa! Posso saber o motivo de tamanha felicidade?
ALBERTO: - Claro, eu serei avô! O César vai ser pai!
VIRGÍNIA: - Que magnífico, que ótima notícia Alberto! (abraçando ele) Parabéns!... (vira-se para Tânia) Parabéns também pra você, vovó!
TÂNIA: - Como você é gentil.
VIRGÍNIA: - Bem, vou deixar os avós curtirem bastante a novidade, vou dar uma circulada. Nos falamos.
ALBERTO: - Claro, até mais ver.

     Virgínia sai.

TÂNIA: - Já vai tarde, desaforada... Pensa que ninguém sabe que ela está falida.
ALBERTO: - Deixa ela pra lá, meu bem... Vamos curtir a festa, está linda.

CENA 27. APTO SÉRGIO. INT. NOITE.

Sérgio e Olga chegam do supermercado com as compras.

SÉRGIO: - Pronto, chegamos!
OLGA: - E eu pensei que iria ser rápido... Demoramos no mercado, não é?
SÉRGIO: - Mas com aquela fila enorme, não há tempo que passe...
OLGA: - Mas Sérgio, agora falando sério... eu nunca entendi o porque de você ter saído da Best Fish.

Sérgio e Olga sentam-se à mesa para conversar.

SÉRGIO: - Foi tudo armação da Tânia, Olga.
OLGA (surpresa): - Mas como assim?
SÉRGIO: - Ela tem um segredo, um forte segredo, que até agora ninguém conseguiu descobrir. E é disto que ela tem medo.
OLGA: - Você esteve perto de descobrir o segredo dela?
SÉRGIO: - Talvez... Ela se sentiu ameaçada e começou a jogar. Eu não sei o segredo dela, mas aposto que ela mexeu os pauzinhos para me tirar da Best Fish.
OLGA: - Que mulher ridícula!
SÉRGIO: - Ela é cheia de mistérios, de segredos... Mas Olga, certo dia, eu estava na mansão, e ouvi a Tânia conversar com alguém ao telefone, no escritório. E eu ouvi ela falando no nome de um tal Heraldo.
OLGA: - Heraldo?
SÉRGIO: - Sim... E ela me pareceu bem íntima dele. Você não sabe alguma coisa sobre isso?
OLGA: - Heraldo... Não... Pelo o que eu saibam ela também não tem nenhum parente com esse nome... Mas o que você ouviu da conversa.
SÉRGIO: - Não consegui ouvir muita coisa, mas ela me pareceu bem familiarizada com ele...

CENA 28. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.

A festa continua animada. Muitas pessoas no salão. Em um dos pontos do local, Virgínia e Carvalho se reencontram.

CARVALHO: - E aí, o que está achando?
VIRGÍNIA: - Muito bom, viu.. Fazia tempo que eu não freqüentava uma festa tão boa e tão bonita como essa...
CARVALHO (tirando algo do bolso da calça): - Olha só o que eu peguei.

Carvalho mostra para Virgínia um canapé.

VIRGÍNIA: - O que você está fazendo com esse canapé no bolso?!
CARVALHO: - Peguei pra me prevenir, ora! Nessas festas chiques aí, os bacanas servem pouca comida e ainda são em partes bem pequeninhas... Peguei um canapé pra não ficar sem...
VIRGÍNIA: - Deixa de ser bobo, Carvalho, não é assim não...
CARVALHO: - Ah não?
VIRGÍNIA: - Claro que não... Numa festa como essa, sempre tem muita comida.
CARVALHO: - Bom, em todos os casos, eu já peguei pra garantir o café de amanhã.
VIRGÍNIA: - É mesmo, né?? Lá em casa ta feia a coisa...
CARVALHO: - E por que você não pega uns canapés também?
VIRGÍNIA: - O que? Eu, uma dama da sociedade levando canapés de uma festa? (risos) Impossível...
CARVALHO: - Se eu fosse você, pensava no amanhã, hein...

Virgínia olha com dúvidas para Carvalho.

VIRGÍNIA: - Aonde você pegou esse tinha mais?
CARVALHO: - Uma mesa cheia...
VIRGÍNIA: - Então me leva lá, por que daí eu coloco alguns na minha bolsa... Uns canapés desses ninguém vai notar, não é? Tem tantos...

Carvalho leva Virgínia até a mesa dos salgadinhos.

CENA 29. CASA PETRÔNIO. QUARTO MATHEUS. INT. NOITE.

Matheus, Sabrina e Ricardo conversam.

RICARDO: - Seu avô e tua mãe... Estão aonde?
MATHEUS: - Eles foram na festa de reinauguração da companhia de navegação.
SABRINA: - Meus pais também foram nessa festa.
RICARDO: - E a namorada do teu avô? Foi também?
MATHEUS: - A Samantha?
RICARDO: - Claro, aquela gata! Ou o teu avô tem mais namoradas e eu não sabia?
MATHEUS: - Deixa de ser bobo, Ricardo... A Samantha foi junto com meu avô.
RICARDO: - Que pena...
SABRINA: - Ah não, você acha que a Samantha ia dar bola pra você?
RICARDO: - Porque não? Sou bonito, forte, jovem, atraente...
MATHEUS (interrompendo Ricardo): - E às vezes cabeça vazia... (risos)
SABRINA (risos): - Acorda Ricardo... A Samantha é fissurada no seu Petrônio...
RICARDO: - Mas eu mantenho as minhas esperanças...
MATHEUS – Ih rapaz, quer furar o olho do meu avô, é?
RICARDO: - Não, não, Matheus, com todo respeito...
SABRINA: - Mas falando em esperança, amores, festa... E você e a Alice, Matheus, como estão as coisas?
MATHEUS: - Tudo correndo bem...
SABRINA: - Você já avisou a sua mãe que ela vai vir na festa?
MATHEUS: - JÁ.
RICARDO: - Nossa, a dona Helena deve ter ficado pirada!
MATHEUS: - E ficou, mas teve que aceitar. Meu avô e a Samantha também me apoiaram... Eu amo a Alice e minha mãe vai ter que entender isso...

CENA 30. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.

Vera, Cristina e Silvana conversam.

VERA: - Tânia Walker também está na festa?
SILVANA: - Sim, ela veio mesmo...
CRISTINA (bebendo champanhe): - Ela tem uma elegância para se vestir como ninguém, mas é uma pessoa tão arrogante!
SILVANA: - Nossa, muito arrogante mesmo.
VERA: - Ela sempre foi assim... Ainda bem que o filho dela, o César, não é nada disso...
SILVANA: - Ela tem filho?
CRISTINA: - Tem sim, um rapaz muito bonito por sinal. Educado, estudioso... Ele coordena o projeto ambiental da Best Fish, na prainha. É também namorado da Rúbia, a amiga da Patrícia que sofreu o acidente.
SILVANA: - Eu não conheço muito a família dela... quem teve mais contato foi o Henrique. Ele que fretava as lanchas para o marido dela, o Alberto.
CRISTINA (bebendo mais champanhe): - Sim, muito eu andei nessas lanchas! (risos)

Cristina bebe toda taça de champanhe. Nesse instante, um garçom vai passando com mais taças. Ela para o garçom, e pega mais uma taça e bebe novamente.

VERA: - Mais uma taça, Cristina?
CRISTINA (animada / bebendo): - Claro! Hoje não e noite de festa?
SILVANA: - Confesso que nunca te vi tão alegre!
CRISTINA: - Você ainda não viu nada! (risos)

Cristina continua bebendo. Vera se demonstra um pouco preocupada.
Em outro ponto da festa, Diogo se aproxima de Helena.

DIOGO: - Como vai Helena?
HELENA: - Bem, até o presente momento...
DIOGO: - Todo mundo muda e você continua a mesma pessoa, antipática e fria ,não é?
HELENA: - Se eu sou tudo isso, porque você ainda insiste em falar comigo?
DIOGO: - Quero saber sobre a festa do Matheus, como andam as coisas, se precisa de alguma ajuda.
HELENA: - Já está tudo praticamente pronto. Eu, como sempre, fiz tudo sozinha.
DIOGO: - Fez sozinha porque quis, por que eu sempre me disponho à ajudar e você me ignora.
HELENA: - Ignorar. É isso que eu fazer com você nessa festa... Olha, a festa do Matheus vai ser lá em casa. Se quiser, apareça. Agora me deixa em paz, Diogo.

Helena se afasta de Diogo e se aproxima de Tânia.

HELENA: - Tânia?
TÂNIA: - Helena!

     As duas se abraçam.

HELENA: - Amiga, quanto tempo hein!
TÂNIA: - É mesmo... Ainda bem que te encontrei aqui. Estou cansada de ser sempre a única mulher elegante e classe nas festas!
HELENA: - Mas você tem sumido dos eventos...
TÂNIA: - Um descanso de imagem, digamos assim... Depois da viagem à Roma, preferi ficar um pouco mais em casa.
HELENA: - Eu faz tempo que não viajo, mas sempre que posso, dou um passeio na nossa casa, em Buenos Aires...

     As duas seguem conversando. 

CENA 31. APTO ROGÉRIO. SALA. INT. NOITE.

Rogério e Felipe conversam.

FELIPE: - Então você só sabe isso?
ROGÉRIO: - Sim, eu não tenho muito contato com eles... Essa senhora que você me falou, a...
FELIPE: - Olga. Olga é o nome da velha.
ROGÉRIO: - Isso... Ela já tinha o apartamento aqui no prédio antes mesmo de eu chegar asqui.
FELIPE: - E o vadio que está com ela?
ROGÉRIO: - Ele está aqui já faz um tempo. Não muito tempo, mas já tens uns dias.
FELIPE: - Eles só podem estar juntos. Ela deve estar acobertando ele... que velha patética.
ROGÉRIO: - Agora eu posso saber o motivo de tanto ódio nesse coraçãozinho? (oferecendo uma taça de vinho à Felipe)
FELIPE: - Problemas familiares. (pegando a taça)
ROGÉRIO: - Mas do jeito que você fala, parece mais uma guerra familiar.
FELIPE: - É quase isso... Mas não é da sua conta.
ROGÉRO: - Ok, ok... Mas agora que eu já te disse o que você queria saber, vamos falar de outra coisa, de algo mais legal...
FELIPE (irônico): - Está bem, vamos falar do que? Do tempo, futebol, de moda masculina?
ROGÉRIO: - Vamos falar da gente.

     Os dois se encaram.

FELIPE: - você não se aproxime de mim.
ROGÉRIO: - Por que não? Vai me dizer que você não gostou do meu beijo?
FELIPE; - Deixa de ser idiota, Rogério. Aquilo foi uma brincadeira totalmente sem graça da sua parte. Um desrespeito pra falar a verdade.
ROGÉRIO: - Brincadeira sem graça? Estranho... Eu senti que você saiu um tanto balançado depois de tudo.
FELIPE: - Canalha. (levantando-se e indo em direção a porta)

     Rogério segura Felipe pelo braço.

FELIPE: - Me solta!
ROGÉRIO – Se eu não soltar? Vai fazer o quê, Felipe?

     Os dois ficam a se encarar.


               FIM DO CAPÍTULO


Nenhum comentário:

Postar um comentário