Personagens deste capítulo
Adriano
Alberto
Alice
Bento
Brenda
César
Diogo
Felipe
Guto
Henrique
Joaquim
Marina
Matheus
Matilde
Patrícia
Petrônio
Rúbia
Sabrina
Silvana
Sônia
Tânia
Participação Especial
CENA
01. HOSPITAL. QUARTO DE RÚBIA. INT. DIA
Continuação do capítulo anterior.
Rúbia e Brenda discutem no quarto do hospital. Brenda levanta-se da cama,
surpresa com os dizeres de Rúbia.
BRENDA: - O que você está dizendo Rúbia? De
onde você tirou uma coisa dessas?
RÚBIA: - Não precisa mais fingir Brenda. A
idiota aqui já sabe de tudo.
BRENDA: - Rúbia, me escuta, eu...
RÚBIA (interrompendo): - Como eu fui idiota!
Eu nunca poderia imaginar isso de você Brenda... Nunca! Mas você teve coragem
de trair... De trair a própria irmã!
BRENDA: - Eu não queria Rúbia.
RÚBIA: - Não me pareceu isso. Eu vi fotos de
vocês dois aos beijos! E você tem a cara de pau de me dizer que não queria?
Deixa de ser cínica, Brenda! Você é baixa, é falsa, oferecida!
Brenda
fica a olhar para Rúbia, que a encara com fúria.
CENA
02. RESTAURANTE DO CENTRO. INT. DIA
No restaurante, Vera e Cristina
terminam seu almoço.
VERA: - Estava uma delícia!
CRISTINA: - É mesmo... Esse restaurante aqui
é muito bom. Pena que a gente descobriu ele só agora! Poderíamos ter nos
deliciado há muito tempo atrás! (risos)
VERA: - É verdade!... (fica a olhar para
Cristina)
CRISTINA: - O que foi Vera? Por que está me
olhando assim?
VERA: - Estou gostando de te ver feliz, minha
irmã. Alegre, divertida, pra cima... Coisa que há muito tempo eu não via.
CRISTINA: - Eu sei. Eu também estou adorando
fazer minha vida mais alegre, sabe? Parece que eu estou sempre flutuando!
(risos)...
VERA: - Fico feliz por você.
CRISTINA: - Obrigada!... Mas bom, já que
terminamos o nosso almoço, podemos ir embora, não?
VERA: - Claro! Vou chamar o garçom e pedir a
conta.
Enquanto isso, do outro lado do
restaurante, Leandro esconde-se atrás do menu, para não ser visto por Vera.
MÔNICA: - Leandro, vai ficar atrás desse
cardápio até quando?
LEANDRO: - Até a minha mulher ir embora,
oras! Ela não pode me ver aqui!
MÔNICA: - Mas agora, falando sério: o q eu tem de mal ela te ver aqui, almoçando
comigo? Ela não precisa saber que somos amantes... Pode dizer pra ela que é uma
reunião de negócios...
LEANDRO: - E ela vai acreditar na reunião de
negócios, só eu e você, vinhozinho, flores!
MÔNICA: - É mesmo, não ia pegar bem, né?
LEANDRO: - Claro que não...
Nesse instante, Vera e Cristina
vão saindo do restaurante.
LEANDRO: - Elas estão indo embora!...
(aliviado) Ufa!
MÔNICA: - Bom, então agora você pode almoçar,
né? Por que daqui a pouco já é hora de voltar pra empresa.
Leandro fica mais tranquilo com a
saída de Vera e Cristina do restaurante.
CENA
03. CASA PETRÔNIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Na casa de Petrônio, Helena
discute com Matheus.
HELENA: - Como é que é? Convidada especial?
Que história é essa Matheus? De onde você tirou isso?
MATHEUS: - Simples, mãe! A Alice é a minha
namorada, nós estamos juntos e eu quero que ela esteja na minha festa de
aniversário.
HELENA: - Ah, mas ela não vai vir... Não vai
vir mesmo!
MATHEUS: - Por que não?
HELENA: - Porque eu não quero! Eu já te
avisei pra ficar longe dessa gentinha da prainha, mas você não me deu
ouvidos... (vira-se para Petrônio) Está vendo papai, o que dá deixar o Matheus
com mais liberdade, andando por aí? Dá nisso...
PETRÔNIO: - Calma Helena! Você está alterada
demais, fazendo tempestade em copo d’água! O que tem de mal ele trazer a
namorada pra cá, pra festa que é dele? O que há de errado nele sair com os
amigos? Ele é jovem, está na idade!...
MATHEUS: - Mas a minha mãe não entende não,
vovô...
HELENA: - Não entendo mesmo... Eu não entendo
como você pode ser assim, tão ligado à esse povo, tendo um mundo de
oportunidades pela frente... Você também pode namorar qualquer outra menina da
cidade, de outro bairro mais nobre, qualquer...
MATHEUS: - Mas é a Alice que eu amo, mãe! É
ela que eu quero para mim!
HELENA: - Você nem sabe o que quer da vida,
Matheus! É um pirralho, mimado!
SAMANTHA: - Helena!
PETRÔNIO: - Helena, você está passando dos
limites!
HELENA: - Quem passou dos limites foi esse
garoto, que quer trazer pra cá, uma vadiazinha da beira da praia.
Matheus
sobe rapidamente para o seu quarto.
SAMANTHA: - Matheus, espera!
HELENA (indo atrás de Matheus): - Volta aqui,
Matheus! Eu ainda não terminei!
Petrônio
impede que Helena siga Matheus. Ele a segura fortemente pelo braço.
HELENA: - Ai, papai, está me machucando!
PETRÔNIO: - Você está passando dos limites a
cada dia, Helena!
Petrônio
empurra Helena sobre o sofá. Ela fica sentada, olhando seriamente para o pai.
PETRÔNIO: - O ataque histérico que você deu
aqui foi vergonhoso, tanto para você, quanto para mim que sou teu pai.
HELENA: - Mas papai, você viu que o Matheus...
PETRÔNIO (interrompendo): - Escute bem o que
eu vou te dizer, Helena: o Matheus vai trazer a namorada dele pra festa sim,
porque EU quero que ele traga, está me ouvindo?
HELENA: - O senhor não pode está falando
sério...
PETRÔNIO: - Eu nunca falei tão sério em toda
a minha vida. Essa moça agora, será a minha convidada especial e eu ficarei
muito feliz de recebê-la em minha casa.
Helena
fica sem reação.
CENA
04. CAFETERIA CENTRO DA CIDADE. INT. DIA.
Henrique e Sônia conversam com
Silvana, disfarçando a situação do flagra.
SILVANA: - Então, ficaram mudos? Não vão me
responder...?
HENRIQUE: - Silvana, meu amor...
SÔNIA (cumprimentando Silvana): - Olá
Silvana! Eu e o Henrique conversávamos sobre a festa da companhia.
SILVANA: - Ah, sobre a festa... Você vai né?
Você e o Adriano...
HENRIQUE: - Claro... Era isso mesmo que eu
estava fazendo, reforçando o convite para a Sônia.
SILVANA: - Que bom! Eu estou tão ansiosa por
essa festa, até mais que o Henrique!
SÔNIA: - Posso imaginar, é uma data
importante, não é?
HENRIQUE: - Muito importante pra mim. Eu já
conquistei algumas coisas, perdi outras... Mas agora quero reconquistar tudo
novamente. E a Companhia é uma delas, ou melhor, a primeira coisa...
Henrique
fica a olhar para Sônia, que disfarça.
SÔNIA: - Bem, já vou indo então...
SILVANA: - Já vai?
SÔNIA: - Claro, preciso me aprontar, não é?
Não posso ir feia à um evento tão importante.
SILVANA: - Você, feia, Sônia? Imagina. Você
está sempre linda!
SÔNIA: - Obrigada, querida... são seus olhos!
HENRIQUE: - Não apenas os olhos dela...
SILVANA: - Olha só! Até o Henrique também
acha!... Vou começar a ficar com ciúmes, hein! (risos)
SÔNIA: - Imagina, assim vocês me deixam sem
graça... Bom, eu preciso ir mesmo. Nos vemos mais à noite então.
SILVANA: - Claro! Até mais!
Sônia
se despede de Silvana e Henrique e vai embora.
SILVANA: - Ela é uma mulher fantástica...
Elegante, discreta, bonita...
HENRIQUE: - É mesmo... sorte do Adriano, não
é?
SILVANA: - É mesmo... E sorte minha eu ter
vocÊ também, meu amor! (beijando Henrique). Nós também temos que ir, não é? A
festa é logo mais, não temos tempo a perder!
HENRIQUE: - Isso mesmo, vamos embora...
Os
dois saem da cafeteria.
CENA
05. FRENTE DO PRÉDIO DO CENTRO. EXT. DIA
No centro da cidade, Olga vai até
o prédio onde Sérgio está. Felipe, escondido do outro lado da rua, observa tudo
surpreso.
FELIPE: - A Olga aqui nesse prédio? O que
será que ela foi fazer aqui?
Felipe
segue a observar o prédio, escondido.
CENA
06. SEQ. CENA 05. APTO SÉRGIO. INT. DIA
No seu apartamento, Olga
encontra-se com Sérgio.
SÉRGIO (segurando as sacolas de compras
trazidas por Olga): - Não precisava se incomodar, Olga!
OLGA: - Isso não me incomoda em nada, Sérgio,
não se preocupe. Trouxe porque deduzi que você estivesse precisando de alguma coisa...
Aí na sacola tem carne, alguns legumes, verduras, produto de limpeza, enfim,
coisas simples, mas básicas, que não podem faltar.
SÉRGIO: - Muito obrigado por ter todo esse
cuidado comigo. Agora que tenho que andar escondido por causa das ameaças do
Felipe, com você me ajudando, começo a ganhar coragem pra enfrentar essas
dificuldades.
OLGA: - Eu não consigo entender porque o
Felipe é assim, revoltado, frio...
SÉRGIO: - Ele virou um boneco, um fantoche
nas mãos daquela megera da Tânia...
OLGA: - Que mulher! Que pessoa ruim...
Coitado do seu Alberto, casado com ela...
Sérgio
retira as compras da sacola. Olga vai ajudá-lo.
OLGA: - Mas, minha cabeça anda nas nuvens!
SÉRGIO: - Como assim Olga, o que houve?
OLGA; - Esqueci de comprar pão, leite... Pra
você tomar café!
SÉRGIO: - Não tem problema, tem um mercado
aqui perto, podemos ir juntos, que tal?
OLGA; - Claro, então vamos.
CENA
07. SEQ. CENA 06. FRENTE PRÉDIO DO CENTRO. EXT. DIA.
Felipe, escondido do lado de fora
do prédio, fica atento a cada movimento na rua. De repente, ele avista Sérgio e
Olga saindo juntos.
FELIPE: - O quê? A Olga e aquele traste? Não
pode ser verdade!...
Olga
e Sérgio saem, sem perceber nada. Felipe fica surpreso.
FELIPE: - Mas a tia Tânia vai gostar muito de
saber disso...
CENA
08. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.
Tânia, Alberto, Marina, César,
Guto e Patrícia se encontram no local.
TÂNIA (cochichando para Alberto): - Nós vamos
ficar aqui plantados até quando?
ALBERTO: - Deixe de ser impaciente... Daqui a
pouco entraremos no quarto para falar com a Rúbia.
TÂNIA: - Você não está pensando em falar pra
ela sobre...
ALBERTO: - Estou. E creio que isso será bom
para todos nós.
TÂNIA: - Você só pode estar ficando louco...
Num
outro canto da sala, Marina conversa com César.
MARINA (entregando um copo com água para
César): - Toma, bebe um pouco...
CÉSAR: - Valeu, Marina... Nossa, minha cabeça
está a mil com toda essa história.
MARINA: - Dá pra ver, você nem descansou
direito.
CÉSAR: - É verdade.
MARINA: - Mas eu também posso ver que não é
só isso, não é só o acidente que está te deixando assim, um tanto confuso, eu
acho...
César
olha para Marina.
MARINA: - Você não quer me falar nada?
CÉSAR: - Agora não... Mas obrigado pelo ombro
amigo.
Nesse
instante, chegam no hospital Matilde e Joaquim.
GUTO: - Dona Matilde, seu Joaquim!
MATILDE: - Guto, meu querido.
JOAQUIM: - E a rúbia? Como ela esta? Eu quero
vê-la!
GUTO: - Está tudo bem com ela, seu Joaquim.
Ela está no quarto, conversando com a Brenda.
CENA
09. SEQ. CENA 10. HOSPITAL. QUARTO RÚBIA. INT. DIA.
Rúbia fica a encarar Brenda.
RÚBIA: - Pronto Brenda, acabou seu disfarce
de coitadinha.
BRENDA; - Eu não tenho e nunca tive disfarce
nenhum, Rúbia! Tudo bem, aconteceu entre eu e o César, a gente se beijou,
mas...
RÚBIA: - Mas você não queria... Quanta
mentira, quanta falsidade!
BRENDA: - Não é mentira, não é falsidade...
Eu iria te contar!
RÚBIA: - Ah, você iria me contar? Quando?
Depois que eu estivesse morta? Só pode né? Porque você veio até aqui o
hospital, entrou no quarto e nem tocou no assunto.
BRENDA: - Mas eu iria te contar mesmo, Rúbia.
Eu não estava mais agüentando te enganar. Eu não quero isso pra mim nem pra
ninguém! Eu e o César não estamos juntos. Mesmo que isso me doa muito, mas eu
não quero fazer ninguém sofrer com meu amor.
RÚBIA: - Fazer ninguém sofrer com seu amor?
(risos) Essa é boa... Mas é bom que você e o César não estejam juntos. É bom
que isso seja verdade, porque eu e ele vamos ter um filho... E o César vai ser
meu pra sempre, está ouvindo? Pra sempre!
As
duas se encaram novamente.
CENA
10. BAIRRO PRAINHA. RUA. EXT. DIA.
Caminhando pelas ruas do bairro,
Virgínia e noêmia se encontram.
NOÊMIA: - Virgínia!
VIRGÍNIA: - Noêmia! Como você está?
NOÊMIA: - Estou ótima! E você, por onde anda?
Nas rodas da alta sociedade?
VIRGÍNIA: - Pois é, nem tanto... Eu estou por
aí... Tentando achar algo pra passar o tempo, sabe?
NOÊMIA; - Mas você não freqüenta mais os
salões de beleza, as clínicas de estética, como havia dito na viagem?
VIRGÍNIA: - Faz tempo que eu não sei o que é
fazer as unhas (mostrando as mãos para Noêmia). E muito menos fazer uma
hidratação de cabelo, de pele, passar um bom creme...
NOÊMIA: - Menina, que bom que você falou em
creme!
Noêmia tira de sua sacola um
frasco de creme e entrega para Virgínia.
VIRGÍNIA: - O que é isso?
NOÊMIA: - É creme hidratante da melhor
qualidade!
VIRGÍNIA: - Ah, é mesmo? Mas com esse nome,
Cútis Live?
NOÊMIA: - É tiro e queda! Você passa e sua
pele fica que é um pêssego!
VIRGÍNIA: - É mesmo? (abrindo o frasco e passando
um pouco do creme nas mãos e no rosto)
NOÊMIA: - Claro! Tenho amigas que compraram e
usaram, e que estão com a pele de garotas de 20 anos!
VIRGÍNIA: - Jura?
NOÊMIA: - Sim!... E então, o que achou?
VIRGÍNIA: - É bom, é bom... Tem um cheiro bom
e deixa a pele macia mesmo...
NOÊMIA: - Então, como você disse que está
procurando algo pra passar o tempo, porque não começa a vender esse produto?
VIRGÍNIA: - Eu? Vendendo cosméticos de porta
em porta?
NOÊMIA: - Sim... No início vai ter que ser
assim, mas depois, você pode abrir a sua própria loja de cosméticos, que tal?
VIRGÍNA: - Noêmia, você é uma bênção dos
céus!
NOÊMIA; - Obrigada!
VIRGÍNIA: - Me leva agora no local onde a
gente pega os produtos!
NOÊMIA: - Claro, vem que eu levo sim!
As
duas saem conversando animadas.
CENA
11: HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.
Matilde
e Joaquim conhecem Tânia e Alberto.
CÉSAR: - Então, dona Matilde, seu Joaquim,
estes são meus pais, Alberto e Tânia.
MATILDE: - Muito prazer em conhecê-los! Vocês
tem um filho de ouro!
ALBERTO: - Muito obrigado! Nós também
gostamos muito da Rúbia, é uma menina muito especial.
TÂNIA: - Ela comentou uma vez que vocês têm
um restaurante na praia...
JOAQUIM: - Temos sim, e, modéstia a parte, um
dos melhores da cidade.
TÂNIA: - Posso imaginar...
No
outro lado da sala, Patrícia fala com Guto.
PATRÍCIA: - Será que seu Joaquim já sabe da
gravidez?
GUTO: - Já sim, a Brenda já avisou eles.
PATRICIA: - A Brenda... sempre muito
prestativa, não é?
GUTO: - Ela é muito querida, com todos. Adora
os avós, a irmã...
PATRÍCIA (falando baixo): - Imagina se não
gostasse...
GUTO: - O que você disse?
PATRÍCIA: - Nada não... Olha lá, lá vem o
médico.
O
médico se aproxima do grupo.
JOAQUIM: - Então doutor, eu já posso ver a
minha neta?
MÉDICO: - Creio que sim... Ela inclusive já
está com visitas no quarto, não?
CÉSAR: - Sim, a Brenda, a irmã dela está lá
dentro.
ALBERTO: - Mas nós poderemos visitá-la agora?
MÉDICO: - Sim, ela pode receber visitas, mas
não tem como todos entrarem ao mesmo tempo. É muita gente e ela precisa de
repouso...
ALBERTO: - Então façamos assim, entram os
avós, eu e minha esposa, junto com o meu filho, César. É que é muito importante
que eles estejam.
TÂNIA (se aproximando de Alberto): - Eu não
acredito que você insistirá nisso...
ALBERTO: - Eu só estou fazendo aquilo que é
melhor para o meu neto, ou melhor, para o nosso neto.
MÉDICO: - Tudo bem, mas não podem fazer muito
barulho...
MATILDE: - Pode deixar, doutor, a gente se
comporta.
CENA
12. CASA PETRÔNIO. COZINHA. INT. DIA.
Helena
está na cozinha quando Bento entra no local, sem camisa.
BENTO: - Desculpa, dona Helena! Eu estou
limpando o carro, e eu só vim pegar um pouco d’água, pensei que não tivesse
ninguém aqui...
HELENA: - Tudo bem Bento, mas que isso não se
repita. Da próxima vez, quando pensar em entrar aqui dentro, ponha uma roupa
por cima...
BENTO: - Tudo bem.
HELENA: - Pode pegar sua água, não precisa
ficar estático aí.
Bento
vai até a geladeira, abre e pega o jarro com água. Enquanto ele se serve,
Helena fica a observá-lo constantemente, cada movimento, cada parte do corpo do
rapaz. Bento toma água.
BENTO: - Com licença, dona Helena.
Bento
se retira e Helena fica um tanto balançada.
CENA
13. HOSPITAL. QUARTO RÚBIA. INT. DIA.
Brenda
e Rúbia conversam.
BRENDA; - Você nunca vai me perdoar não é?
RÚBIA: - É só você não se meter mais com o
César que tudo ficará bem entre a gente.
Nesse
instante, a porta se abre. É César.
CÉSAR: - Com licença!
RÚBIA (alegre): - Meu amor! Entra!
CÉSAR – Espero não estar atrapalhando...
RÚBIA: - Imagina, você não atrapalha em nada!
A conversa entre eu e a Brenda já terminou.
CÉSAR: - Trouxe visitas...
Matilde,
Joaquim, Alberto e Tânia entram no quarto.
RÚBIA (surpresa): - Vovô, vovó, seu Alberto,
dona Tânia... que bom ver vocês!
MATILDE: - Nós também estamos muito felizes
em te ver, Rúbia, viva, feliz!
ALBERTO: - Ainda mais depois de saber que
você será mãe!
RÚBIA: - Então vocês já sabem da novidade!
TÂNIA: - Sim, já sabemos...
RÚBIA: - Dona Tânia, fico muito feliz em
vê-la aqui, de verdade.
TÂNIA: - Oh, querida... Eu não poderia deixar
de vir te visitar.
ALBERTO: - Pois bem, eu fiz questão que
estivéssemos todos aqui, juntos, pois eu tenho algo muito importante para
propor.
MATILDE: - Para propor?
ALBERTO: - Sim. Como nós sabemos, a Rúbia está
grávida do meu filho César. E isso nos leva a saber que ela terá que ter
cuidados especiais por estar grávida e mais tarde, essa criança também
precisará de cuidados, de amparo.
JOAQUIM: - Sim, mas aonde o senhor quer
chegar?
RÚBIA: - Espera vovô, deixa o seu Alberto
falar.
ALBERTO: - Eu proponho que o César e a Rúbia
se casem e venham morar conosco, na mansão. Primeiro, por uma questão de honra
da parte dele com a moça. E segundo, porque eu acredito que na mansão ela terá
melhores cuidados.. Não menosprezando a casa, o lar de vocês, dona Matilde, seu
Joaquim, mas em termos de condições...
MATILDE: - Sim, eu te entendo, seu Alberto...
RÚBIA (surpresa): - Casar! Eu casar com o
César!
Brenda
e César se olham.
JOAQUIM: - Desculpa seu Alberto, mas eu discordo.
Acho que a Rúbia pode ficar muito bem lá em casa.
CÉSAR: - E casar, pai, assim, agora?
ALBERTO: - Claro César! É honra! Você agora
será pai, engravidou uma moça e deverá dar a ela toda atenção e o carinho... E
seu Joaquim, eu entendo o senhor, na sua condição de avô, deseja estar perto da
neta, mas...
RUBIA: - Vovô, não tem como eu continuar lá
em casa... agora eu estou grávida, preciso de cuidados, médico, pediatra, tudo!
E o restaurante não conseguirá manter mais uma boca pra comer.
MATILDE: - É mesmo, Joaquim, nisso a Rúbia
tem razão.
TÂNIA; - Ok, mas casamento, não é demais,
não?
ALBERTO: - Eu não acho. Acho justo.
RÚBIA: - Eu estou muito feliz com isso tudo.
E você, César, não está? Você aceita se casar comigo?
César
fica sem reação diante da pergunta de Rúbia.
CENA
14. CASA SÔNIA. QUARTO SÔNIA. INT. DIA.
Sônia
está em seu quarto, arrumando o vestido que usará na festa da Cia de Navegação.
Ela para um instante e se lembra Dos DIZERES DE Henrique na conversa que
tiveram na cafeteria: “E eu tive que suportar a dor de não ver meu filho.”
Sônia fica cabisbaixa, mas disfarça quando percebe que Adriano se aproxima.
ADRIANO: - Olá meu bem!
SÔNIA: - Oi, querido, como foi o dia hoje?
ADRIANO: - Tudo bem. Reunião com os
engenheiros, arquitetos... Tudo correndo bem para o resort ficar pronto.
SÔNIA: - Que bom!
ADRIANO: - E você, como está? Como foi seu
dia?
SÔNIA: - Estou bem. Veja o vestido que vou
usar hoje à noite.
ADRIANO: - Lindo! E você nele ficará
magnífica, a mais linda da festa!
Os
dois se beijam.
CENA
15. HOSPITAL. QUARTO RÚBIA. INT. DIA.
Rúbia
questiona César.
RÚBIA; - Então César, você aceita se casar
comigo?
Brenda
fica a encarar César, esperando ansiosa a resposta dele.
CÉSAR: - Eu aceito sim, Rúbia. Aceito me
casar com você.
Alberto
vibra. Rúbia e César se beijam. Matilde e Joaquim ficam contentes pela
felicidade de Rúbia. Tânia finge estar feliz, mas não gosta nada da ideia de
ter Rúbia na família. Brenda não esboça muito contentamento com o fato.
ALBERTO: - que maravilha! Tudo está ficando
bem.
MATILDE: - Com a paz de Deus!
ALBERTO; - Então Rúbia, quando você tiver
alta, já pode ir direto para a mansão. Irei providenciar o mais rápido possível
um quarto novo para o casal.
RÚBIA: - Seu Alberto, o senhor não faz ideia
do tamanho da minha felicidade! Eu amo seu filho e nada vai nos separar!
Rúbia
segura firme na mão de César e olha firme para Brenda.
TÃNIA: - Alberto, vamos, logo mais teremos a
festa...
ALBERTO: - Claro, vamos sim... Bem, outra
hora nos reuniremos novamente para decidirmos os detalhes do casório.
RÚBIA: - Claro, faremos isso com certeza.
CENA
16. TRANSIÇÃO DO TEMPO. EXTERNAS PRAIA REAL. ANOITECER. / PRÉDIO DA CIA DE
NAVEGAÇÃO. EXT. NOITE.
Imagens de Praia Real ao
anoitecer. Imagens do por-do-sol na beira da praia. Imagens da cidade. Já é
noite. Corta para a frente / fachada do prédio da Cia de Navegação. Muitas
pessoas, convidados chegando, imprensa.
CENA
17. SEQ. CENA 16. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.
No
interior do prédio, Henrique recepciona os convidados. Uma pequena banda toca
música agradável. Garçons circulando, gente bonita, empresários... Num dos
pontos da festa, Silvana conversa com Vera e Leandro.
VERA: - Amiga, o Henrique está de parabéns,
viu! Isso aqui está um espetáculo!
SILVANA: - Vera, você esqueceu de me
parabenizar também, porque eu corri pra conseguir fazer dessa festa um sucesso,
meu amor!
VERA: - É isso aí! As mulheres sempre têm uma
participação especial. Ou melhor, fundamental, em qualquer coisa!
LEANDRO: - I, complô contra os seres da
espécie masculina, é?
VERA; - Não, meu bem... Só estamos falando o
que é verdade.
LEANDRO: - Sei...
SILVANA: - É a comprovação daquele velho
dito: atrás de um grande homem...
LEANDRO: - Tudo bem, vocês tem razão. As
mulheres são demais... vou dar uma volta por aí.
VERA; - Tudo bem.
Leandro
sai. Silvana e Vera continuam a conversar.
SILVANA: - E a Cristina? Não a vi por aqui
ainda...
VERA: - É mesmo. Falei com ela antes de sair
e ela me disse que já estava saindo... Bom, daqui a pouco deve estar por aqui.
Em
um outro ponto da festa, Diogo conversa com Petrônio e Samantha.
PETRÔNIO: - Então Diogo, como vão os negócios
na imobiliária?
DIOGO: - Melhor, impossível, seu Petrônio.
Agora sou o diretor geral.
SAMANTHA: - Nossa, que bacana, Diogo!
PETRÔNIO: - É mesmo, meus parabéns!
DIOGO: - Obrigado. Eu também fiquei muito
feliz com a promoção. Aos poucos, vou arrumando minha vida.
PETRÔNIO: - Tem que ser, aos poucos, a gente
chega onde quer.
DIOGO: - E o Matheus, como está? Faz tempo
que não falo com ele, que não o vejo...
PETRÔNIO: - Ele está bem.
DIOGO: - Deve estar talvez ansioso pelo
aniversário...
SAMANTHA: - O Matheus? Acho que não... É mais
fácil a mãe dele ficar ansiosa do que ele.
DIOGO: - A Helena não mudou então...
PETRÔNIO: - E vai ser difícil ela mudar
viu?... Só a vida pra ensinar ela mesmo. Só a vida!...
DIOGO: - Ela está por aqui, ela veio na
festa?
SAMANTHA: - Sim, deve estar por aí...
CENA
18. PRÉDIO DO CENTRO. APTO ROGÉRIO. INT. NOITE.
Rogério
está deitado no sofá, assistindo TV. De repente, a campainha toca. Ele se
levanta e vai até a porta. Ele espia no olho mágico. Rogério abre um sorriso
sacana. Ele abre a porta em seguida.
ROGÉRIO: - Você aqui?
FELIPE: - Posso entrar?
Os
dois ficam a se olhar.
CENA
19. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. NOITE.
Brenda
está deitada em sua cama, chorando por ter perdido seu amor para Rúbia. Guto
entra no quarto e senta-se na cama.
GUTO: - Foi melhor assim, Brenda.
BRENDA: - Melhor pra quem? Só se for para a
Rúbia.
GUTO: - E não era isso que você queria? Não
era parar de enganar a sua irmã?
BRENDA: - Era, mas...
GUTO: - Então. Foi isso o que você fez...
Agora é dar tempo ao tempo... Você vai encontrar outra pessoa, que te ame e que
dê todo carinho.
BRENDA; - Olha Guto, eu e você não...
GUTO: - Não, eu quero falar disso.. Estou
aqui apenas pra te dizer, que eu nunca vou te abandonar. E que vou estar sempre
do seu lado quando você precisar. Não quero forçar nada. Eu vou deixar você
gostar de mim.
Os
dois ficam se olhando carinhosamente.
GUTO: - Agora me dá um abraço. Eu sei que é
disso que você está precisando agora.
Brenda
abraça Guto fortemente.
CENA
20. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.
Henrique
continua a recepcionar os convidados, quando Adriano e Sônia se aproximam.
HENRIQUE: - Adriano, Sônia, que bom que
vieram!
Henrique
e Sônia trocam olhares.
ADRIANO (cumprimentando Henrique): - Não
poderíamos deixar de vir. Parabéns, a companhia será um sucesso!
HENRIQUE: - Muito obrigado!
SÔNIA (cumprimentando Henrique): - Parabéns!
HENRIQUE: - Adriano, eu poderia dar um abraço
na Sônia. Ela é uma pessoa tão querida.
Sônia
fica sem reação.
ADRIANO: - Claro, somos todos amigos!
Henrique
se aproxima de Sônia e a abraça.
HENRIQUE (sussurrando): - A nossa conversa
ainda não acabou.
Os
dois se separam. Sônia vai para perto de Adriano.
HENRIQUE: - Podem entrar, fiquem à vontade.
Adriano
e Sônia entram no salão. Henrique continua a recepcionar os demais convidados
que chegam.
CENA
21. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.
Fredy e Lílian chegam ao hospital.
LÍLIAN: - Vamos esperar por aqui, talvez o
César apareça.
FREDY: - Ali vem ele.
César
chega no local.
CÉSAR: - Fredy, Lílian! Bom ver vocês!
LÍLIAN: - Não poderíamos deixar de vir dar
essa força pra você e para a Rúbia.
Nesse
instante, Patrícia entra na sala e fica de olho em Fredy.
FREDY: - Como ela está?
CÉSAR: - Está bem, está descansando um pouco.
LÍLIAN: - E você? Como está?
CÉSAR: - Estou levando, já estou um pouco
melhor do que estava antes...
Marina
também chega na sala.
CÉSAR: - Gente, essa aqui é a Marina, minha
irmã que chegou da Noruega.
LÍLIAN: - Da Europa? Que bacana! Sou a
Lílian, prazer!
MARINA: - Prazer em conhecê-la!
FREDY: - E eu sou o Fredy.
MARINA: - Ah, sim, você é o famoso Fredy!
FREDY: - Como assim, famoso Fredy?
MARINA: - O César me contou muitas histórias
de você, viu?
FREDY: - Ah, é assim é?
Os
três riem, enquanto Patrícia fica impressionada com a beleza de Fredy e não
tira os olhos do rapaz. Num instante, Fredy percebe que Patrícia está lhe
cuidando. Ele tenta disfarçar.
CENA
22. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. EXT. NOITE.
Tânia e Alberto chegam na festa
da Cia de Navegação.
HENRIQUE: - Doutor Alberto Walker!
ALBERTO: - Henrique, de volta à ativa então?
HENRIQUE: - Antes tarde do que nunca!...
Os
dois se cumprimentam.
HENRIQUE: - Dona Tânia, está belíssima.
TÂNIA: - Obrigada.
ALBERTO: - Então a companhia estará novamente
oferecendo seus serviços à Praia Real...
HENRIQUE: - Sim. Dentro de alguns dias chegam
as lanchas. Serviço de primeira, como sempre tivemos.
ALBERTO: - Eu lembro bem!... Fico feliz com
seu retorno.
HENRIQUE: - E eu fico mais feliz em ver vocÊ
e sua esposa prestigiando o meu trabalho. Entrem, fiquem a vontade.
Alberto
e Tânia vão entrando no salão, acompanhados em peso pela imprensa, que não para
de tirar fotos e mais fotos do casal.
CENA
23. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. NOITE.
Carvalho e Virgínia num quiosque
no calçadão vêem a movimentação intensa na beira mar.
CARVALHO: - Que movimentação grande hoje,
hein?
VIRGÍNIA; - É mesmo, muitos carros, e carros
bons, viu!
CARVALHO: - Será que é alguma festa, algo
importante?
VIRGÍNIA: - Acho que sim, viu? Esses carros
estão todos indo pra lá, pro lado da antiga cia de navegação.
CARVALHO: - Claro! Então é isso!
VIRGÍNIA: - Isso o quê?
CARVALHO: - Hoje é a festa de reinauguração
da cia de navegação. Saiu no jornal.
VIRGÍNIA: - Nossa! E como eles não me
convidaram?
CARVALHO: - Virgínia, meu bem, você não está
mais no high socity.
VIRGÍNIA: - É mesmo... queria tanto ir nessa
festa. Deve estar bombando, com muita gente bonita, salgadinhos, canapés,
champanhe!
Os
dois ficam em silêncio, cabisbaixos.
CARVALHO: - Ei! Espera um pouco!
VIRGÍNIA; - O que foi?
CARVALHO: - Claro!
VIRGÍNIA; - Fala Carvalho, o que foi?
CARVALHO: - Eu tenho um jeito da gente entrar
nesta festa.
Virgínia
fica esperançosa.
e
descobrem a festa da cia.
CENA
24. FUNDOS DO SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. COZINHA. EXT. NOITE.
Virgínia e Carvalho se encontram
na porta de saída da cozinha do salão. Os dois estão com roupas de festa.
VIRGÍNIA; - Eu caprichei no vestido.
CARVALHO: - Você está linda!
VIRGÍNIA: - Mas por que a gente está aqui no
fundo? A entrada não é lá na frente? Não é lá que o seu amigo vai nos colocar
pra dentro?
CARVALHO: - Não não... Espera aqui que logo ele
vem.
VIRGÍNIA; - Tem certeza?
CARVALHO: - Claro! O Pé de Cabra é gente boa.
VIRGÍNIA: - Pé de Cabra? Esse é o nome do
rapaz que vai colocar a gente pra dentro da festa, é isso?
CARVALHO: - Não, isso não é nome não, é só
apelido.
VIRGÍNIA: - Bom, eu nem vou perguntar o
porquê do apelido...
Neste instante, a porta da
cozinha abre.
PÉ DE CABRA: - Fala Carvalho, beleza?
CARVALHO: - E aí Pé de Cabra, como anda a
festa aí?
PÉ DE CABRA: - Ta bombando! Só gente grã
fina! Pra tu vê, olha só como eu to vestido, todo engomadinho... To me sentindo
um almofadinha. (risos)
VIRGÍNIA: - É, até que está bonitinho...
PÉ DE CABRA: - E o que tu ta fazendo aqui
fora com a dondoca aí?
CARVALHO: - Pois é, Pé de Cabra, nós fomos
convidados pra festa, mas aconteceu um problema com os nossos convites, eles
caíram numa poça d’água e estragaram.
PÉ DE CABRA: - Nossa, que coisa chata...
CARVALHO: - Pois é, e aí o segurança lá na
frente não deixou a gente entrar, por causa disso... Aí nós estávamos indo
embora, quando passamos por aqui e eu lembrei que você iria trabalhar aí, e que
então poderia dar uma força pra gente...
PÉ DE CABRA: - Pô, claro que sim, meu irmão!
Pode entrar por aqui, tu e a madame enfeitada aí!
VIRGÍNIA: - Oh, obrigada pelo elogio!
PÉ DE CABRA: - Ao seu dispor, madame!
CARVALHO: - Valeu Pé de Cabra, estou te
devendo essa!
PÉ DE CABRA: - Capaz, depois me paga uma
cervejinha no quiosque que ta tudo certo! Agora vamo entrando antes que alguém
veja!
Carvalho e Virgínia entram na
festa pela cozinha.
CENA
25. APTO ROGÉRIO. SALA. INT. NOITE.
Felipe e Rogério estão sentados
no sofá.
ROGÉRIO: - Pensei que não iria mais querer me
ver depois do...
FELIPE: - E eu não quero mais te ver mesmo.
Você não deveria ter...
ROGÉRIO: - Não deveria ter te beijado? Mas eu
tive a impressão que você gostou.
FELIPE: - Você é nojento, fétido... Não há
como sentir atração por você, Rogério...
ROGÉRIO: - Se veio aqui pra me ofender, pode
ir embora.
FELIPE: - Não, não vim aqui pra isso... Eu
quero que você fale tudo, mas tudo sobre uns dois moradores daqui do prédio, um
senhor de meia idade, e uma negra velha, caquética...
Os
dois se olham.
CENA
26. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.
Cristina e Tomás chegam na festa. Silvana os
vê.
SILVANA: - Olha lá, Vera, a Cristina chegou.
Silvana
acena para Cristina, que se aproxima com Tomás.
CRISTINA (alegre): - Silvana, parabéns pelo
sucesso!
SILVANA: - Obrigada Silvana. Nossa, você está
linda!
CRISTINA: - Peça de Glória Colombo, meu
bem... Linda, né?
VERA: - Agora ela só quer saber das roupas da
Glória.
CRISTINA: - Claro, são bonitas, elegantes,
tudo de bom! (risos)
VERA: - E você, Tomás, como está?
TOMÁS: - Tudo bem, Vera. Parabéns Silvana,
está tudo muito lindo.
SILVANA: - Obrigada!
VERA: - E Patrícia, não veio?
CRISTINA: - Ficou no hospital, com a Rúbia, a
amiga dela, sabe? Sofreu um acidente de carro, mas já está tudo bem. Mesmo
assim, ela quis ficar com a amiga.
SILVANA: - Nossa, que bom que já está tudo
bem.
VERA: - É mesmo.
TOMÁS: - E Leandro, onde está?
VERA: - Deve estar em alguma rodinha de
homens falando sobre futebol, carros ou mulheres... (risos)
TOMÁS (risos): - Só você mesmo... Vou dar uma
volta, ver se encontro ele. Até logo.
Tomás
sai. Cristina, Vera e Silvana continuam conversando.
SILVANA: - O que você falou agora Vera foi o
máximo! (risos)
VERA: - Mas é verdade, homem só fala disso.
CRISTINA: - Ah, não se pode generalizar, né?
O Tomás não fala só de futebol, mulher e carros...
VERA: - Então você é a exceção amiga, tens um
marido culto!
Todas
riem.
Num
outro ponto da festa, Carvalho e Virgínia circulam entre os demais convidados.
CARVALHO: - Vou ver se acho alguma coisa pra
beber...
VIRGÍNIA: - Tudo bem, eu vou continuar
circulando.
Os
dois se separam. Virgínia, andando pela festa, esbarra em Tânia.
VIRGÍNIA (distraída / surpresa): - Oh,
desculpa, eu... Tânia?!
TÂNIA: - Virgínia?! Não pode ser verdade...
Você aqui?
VIRGÍNIA: - Por que não? Eu sou uma pessoa
fina, minha querida...
TÂNIA: - Fina mesmo, está até mais magra...
andou passando fome?
VIRGÍNIA: - Não, eu não, mas você bem que deu
uma boa engordada, hein? Já esteve melhorzinha, Tânia...
Nesse
instante, Alberto se aproxima.
ALBERTO: - Virgínia! Você aqui também?
VIRGÍNIA: - Claro, meu querido! A alta
sociedade aprecia a minha presença. Como está você?
ALBERTO: - Estou bem, melhor impossível!
VIRGÍNIA: - Nossa! Posso saber o motivo de
tamanha felicidade?
ALBERTO: - Claro, eu serei avô! O César vai
ser pai!
VIRGÍNIA: - Que magnífico, que ótima notícia
Alberto! (abraçando ele) Parabéns!... (vira-se para Tânia) Parabéns também pra
você, vovó!
TÂNIA: - Como você é gentil.
VIRGÍNIA: - Bem, vou deixar os avós curtirem
bastante a novidade, vou dar uma circulada. Nos falamos.
ALBERTO: - Claro, até mais ver.
Virgínia
sai.
TÂNIA: - Já vai tarde, desaforada... Pensa
que ninguém sabe que ela está falida.
ALBERTO: - Deixa ela pra lá, meu bem... Vamos
curtir a festa, está linda.
CENA 27. APTO SÉRGIO. INT.
NOITE.
Sérgio e Olga chegam do supermercado com as
compras.
SÉRGIO:
- Pronto, chegamos!
OLGA:
- E eu pensei que iria ser rápido... Demoramos no mercado, não é?
SÉRGIO:
- Mas com aquela fila enorme, não há tempo que passe...
OLGA:
- Mas Sérgio, agora falando sério... eu nunca entendi o porque de você ter
saído da Best Fish.
Sérgio e Olga sentam-se à mesa para
conversar.
SÉRGIO:
- Foi tudo armação da Tânia, Olga.
OLGA
(surpresa): - Mas como assim?
SÉRGIO:
- Ela tem um segredo, um forte segredo, que até agora ninguém conseguiu
descobrir. E é disto que ela tem medo.
OLGA:
- Você esteve perto de descobrir o segredo dela?
SÉRGIO:
- Talvez... Ela se sentiu ameaçada e começou a jogar. Eu não sei o segredo
dela, mas aposto que ela mexeu os pauzinhos para me tirar da Best Fish.
OLGA:
- Que mulher ridícula!
SÉRGIO:
- Ela é cheia de mistérios, de segredos... Mas Olga, certo dia, eu estava na
mansão, e ouvi a Tânia conversar com alguém ao telefone, no escritório. E eu
ouvi ela falando no nome de um tal Heraldo.
OLGA:
- Heraldo?
SÉRGIO:
- Sim... E ela me pareceu bem íntima dele. Você não sabe alguma coisa sobre
isso?
OLGA:
- Heraldo... Não... Pelo o que eu saibam ela também não tem nenhum parente com
esse nome... Mas o que você ouviu da conversa.
SÉRGIO:
- Não consegui ouvir muita coisa, mas ela me pareceu bem familiarizada com
ele...
CENA
28. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.
A festa continua animada. Muitas
pessoas no salão. Em um dos pontos do local, Virgínia e Carvalho se
reencontram.
CARVALHO: - E aí, o que está achando?
VIRGÍNIA: - Muito bom, viu.. Fazia tempo que
eu não freqüentava uma festa tão boa e tão bonita como essa...
CARVALHO (tirando algo do bolso da calça): -
Olha só o que eu peguei.
Carvalho mostra para Virgínia um
canapé.
VIRGÍNIA: - O que você está fazendo com esse
canapé no bolso?!
CARVALHO: - Peguei pra me prevenir, ora!
Nessas festas chiques aí, os bacanas servem pouca comida e ainda são em partes
bem pequeninhas... Peguei um canapé pra não ficar sem...
VIRGÍNIA: - Deixa de ser bobo, Carvalho, não
é assim não...
CARVALHO: - Ah não?
VIRGÍNIA: - Claro que não... Numa festa como
essa, sempre tem muita comida.
CARVALHO: - Bom, em todos os casos, eu já
peguei pra garantir o café de amanhã.
VIRGÍNIA: - É mesmo, né?? Lá em casa ta feia
a coisa...
CARVALHO: - E por que você não pega uns
canapés também?
VIRGÍNIA: - O que? Eu, uma dama da sociedade
levando canapés de uma festa? (risos) Impossível...
CARVALHO: - Se eu fosse você, pensava no
amanhã, hein...
Virgínia olha com dúvidas para
Carvalho.
VIRGÍNIA: - Aonde você pegou esse tinha mais?
CARVALHO: - Uma mesa cheia...
VIRGÍNIA: - Então me leva lá, por que daí eu
coloco alguns na minha bolsa... Uns canapés desses ninguém vai notar, não é?
Tem tantos...
Carvalho leva Virgínia até a mesa
dos salgadinhos.
CENA
29. CASA PETRÔNIO. QUARTO MATHEUS. INT. NOITE.
Matheus, Sabrina e Ricardo
conversam.
RICARDO: - Seu avô e tua mãe... Estão aonde?
MATHEUS: - Eles foram na festa de
reinauguração da companhia de navegação.
SABRINA: - Meus pais também foram nessa
festa.
RICARDO: - E a namorada do teu avô? Foi
também?
MATHEUS: - A Samantha?
RICARDO: - Claro, aquela gata! Ou o teu avô
tem mais namoradas e eu não sabia?
MATHEUS: - Deixa de ser bobo, Ricardo... A
Samantha foi junto com meu avô.
RICARDO: - Que pena...
SABRINA: - Ah não, você acha que a Samantha
ia dar bola pra você?
RICARDO: - Porque não? Sou bonito, forte,
jovem, atraente...
MATHEUS (interrompendo Ricardo): - E às vezes
cabeça vazia... (risos)
SABRINA (risos): - Acorda Ricardo... A
Samantha é fissurada no seu Petrônio...
RICARDO: - Mas eu mantenho as minhas
esperanças...
MATHEUS – Ih rapaz, quer furar o olho do meu
avô, é?
RICARDO: - Não, não, Matheus, com todo
respeito...
SABRINA: - Mas falando em esperança, amores,
festa... E você e a Alice, Matheus, como estão as coisas?
MATHEUS: - Tudo correndo bem...
SABRINA: - Você já avisou a sua mãe que ela
vai vir na festa?
MATHEUS: - JÁ.
RICARDO: - Nossa, a dona Helena deve ter
ficado pirada!
MATHEUS: - E ficou, mas teve que aceitar. Meu
avô e a Samantha também me apoiaram... Eu amo a Alice e minha mãe vai ter que
entender isso...
CENA
30. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.
Vera, Cristina e Silvana
conversam.
VERA: - Tânia Walker também está na festa?
SILVANA: - Sim, ela veio mesmo...
CRISTINA (bebendo champanhe): - Ela tem uma
elegância para se vestir como ninguém, mas é uma pessoa tão arrogante!
SILVANA: - Nossa, muito arrogante mesmo.
VERA: - Ela sempre foi assim... Ainda bem que
o filho dela, o César, não é nada disso...
SILVANA: - Ela tem filho?
CRISTINA: - Tem sim, um rapaz muito bonito
por sinal. Educado, estudioso... Ele coordena o projeto ambiental da Best Fish,
na prainha. É também namorado da Rúbia, a amiga da Patrícia que sofreu o
acidente.
SILVANA: - Eu não conheço muito a família
dela... quem teve mais contato foi o Henrique. Ele que fretava as lanchas para
o marido dela, o Alberto.
CRISTINA (bebendo mais champanhe): - Sim,
muito eu andei nessas lanchas! (risos)
Cristina bebe toda taça de
champanhe. Nesse instante, um garçom vai passando com mais taças. Ela para o
garçom, e pega mais uma taça e bebe novamente.
VERA: - Mais uma taça, Cristina?
CRISTINA (animada / bebendo): - Claro! Hoje
não e noite de festa?
SILVANA: - Confesso que nunca te vi tão
alegre!
CRISTINA: - Você ainda não viu nada! (risos)
Cristina continua bebendo. Vera
se demonstra um pouco preocupada.
Em outro ponto da festa, Diogo se
aproxima de Helena.
DIOGO: - Como vai Helena?
HELENA: - Bem, até o presente momento...
DIOGO: - Todo mundo muda e você continua a
mesma pessoa, antipática e fria ,não é?
HELENA: - Se eu sou tudo isso, porque você
ainda insiste em falar comigo?
DIOGO: - Quero saber sobre a festa do
Matheus, como andam as coisas, se precisa de alguma ajuda.
HELENA: - Já está tudo praticamente pronto.
Eu, como sempre, fiz tudo sozinha.
DIOGO: - Fez sozinha porque quis, por que eu
sempre me disponho à ajudar e você me ignora.
HELENA: - Ignorar. É isso que eu fazer com
você nessa festa... Olha, a festa do Matheus vai ser lá em casa. Se quiser, apareça.
Agora me deixa em paz, Diogo.
Helena se afasta de Diogo e se
aproxima de Tânia.
HELENA: - Tânia?
TÂNIA: - Helena!
As
duas se abraçam.
HELENA: - Amiga, quanto tempo hein!
TÂNIA: - É mesmo... Ainda bem que te
encontrei aqui. Estou cansada de ser sempre a única mulher elegante e classe
nas festas!
HELENA: - Mas você tem sumido dos eventos...
TÂNIA: - Um descanso de imagem, digamos
assim... Depois da viagem à Roma, preferi ficar um pouco mais em casa.
HELENA: - Eu faz tempo que não viajo, mas
sempre que posso, dou um passeio na nossa casa, em Buenos Aires.. .
As
duas seguem conversando.
CENA
31. APTO ROGÉRIO. SALA. INT. NOITE.
Rogério e Felipe conversam.
FELIPE: - Então você só sabe isso?
ROGÉRIO: - Sim, eu não tenho muito contato
com eles... Essa senhora que você me falou, a...
FELIPE: - Olga. Olga é o nome da velha.
ROGÉRIO: - Isso... Ela já tinha o apartamento
aqui no prédio antes mesmo de eu chegar asqui.
FELIPE: - E o vadio que está com ela?
ROGÉRIO: - Ele está aqui já faz um tempo. Não
muito tempo, mas já tens uns dias.
FELIPE: - Eles só podem estar juntos. Ela
deve estar acobertando ele... que velha patética.
ROGÉRIO: - Agora eu posso saber o motivo de
tanto ódio nesse coraçãozinho? (oferecendo uma taça de vinho à Felipe)
FELIPE: - Problemas familiares. (pegando a
taça)
ROGÉRIO: - Mas do jeito que você fala, parece
mais uma guerra familiar.
FELIPE: - É quase isso... Mas não é da sua conta.
ROGÉRO: - Ok, ok... Mas agora que eu já te
disse o que você queria saber, vamos falar de outra coisa, de algo mais
legal...
FELIPE (irônico): - Está bem, vamos falar do
que? Do tempo, futebol, de moda masculina?
ROGÉRIO: - Vamos falar da gente.
Os
dois se encaram.
FELIPE: - você não se aproxime de mim.
ROGÉRIO: - Por que não? Vai me dizer que você
não gostou do meu beijo?
FELIPE; - Deixa de ser idiota, Rogério.
Aquilo foi uma brincadeira totalmente sem graça da sua parte. Um desrespeito
pra falar a verdade.
ROGÉRIO: - Brincadeira sem graça? Estranho...
Eu senti que você saiu um tanto balançado depois de tudo.
FELIPE: - Canalha. (levantando-se e indo em
direção a porta)
Rogério
segura Felipe pelo braço.
FELIPE: - Me solta!
ROGÉRIO – Se eu não soltar? Vai fazer o quê,
Felipe?
Os
dois ficam a se encarar.
FIM DO CAPÍTULO
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