quinta-feira, 25 de junho de 2015

Capítulo 27: Mar da Vida


CENA 01. CASA ALBERTO. QUARTO ALBERTO. INT. NOITE.

     Continuação do capítulo anterior. Alberto questiona Tânia.

ALBERTO: - Então Tânia? Não vai me dizer?
TÂNIA: - Marcando um encontro? Eu?...
ALBERTO: - Sim Tânia! Eu ouvi muito bem você sugerindo um encontro com alguém...
TÂNIA: - Ah, querido, não é nada demais... Estou falando com a Helena, lembra?
ALBERTO: - Helena...? sim, claro, a filha do comandante Petrônio.
TÂNIA: - Sim, faz tempo que não nos vemos... (Tânia retorna para o telefone, fingindo falar com Helena). Alo? Helena? Alô?
ALBERTO: - O que houve?
TÂNIA: - Caiu a ligação... (desligando o telefone)
ALBERTO: - Você não vai retornar?
TÂNIA: - Mais tarde. Mais tarde eu ligo de volta pra ela. Então querido, como foi seu dia?
ALBERTO: - Cheio, como sempre... Estou cansado. Preciso de um banho de banheira pra relaxar...
TÂNIA: - Faça isso mesmo meu bem... Deixa que eu preparo a água pra você.

     Tânia e Alberto vão para o banheiro do quarto.

CENA 02. CASA PETRÔNIO. QUARTO BENTO. INT. NOITE.

     Imagens do quarto de Bento. Da cama, do armário, alguns objetos pelo quarto. De repente, a porta se abre. Helena entra no quarto, cuidando para não ser vista. Ela fecha a porta. Helena veste seu hobby vermelho, sensual. Ela olha os objetos de Bento, sente-se atraída por eles. Ela abre o guarda-roupas dele, vasculha suas roupas, cheira as camisas dele. Não contente, Helena abre a gaveta, encontra as cuecas do rapaz. Ela pega algumas nas mãos, as olha com desejo. Inclusive cheira algumas. Helena vira-se para a cama de Bento. Atraída, deita-se na cama do rapaz, sentindo-se realizada.

CENA 03. DANCETERIA. INT. NOITE.

     Imagens gerais da danceteria. Pessoas dançando, gente bonita, movimentação. Na pista de dança, Bento se diverte. Logo, uma linda moça se aproxima dele. Os dois dançam na pista, riem. Enquanto isso, Felipe, ainda no balcão do bar, observa Bento dançando.

CENA 04. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. EXT. NOITE.

     Guto e Brenda chegam no quiosque para jantar.

GUTO: - Eu queria ter levado você num lugar mais bacana, como você merece, mas não deu...
BRENDA: - Eu já falei que não tem problema, Guto. Você é uma boa companhia, nós estamos bem e é isso que importa.
GUTO: - Tem uma mesa ali, vamos.

Os dois chegam na mesa e sentam. Num outro ponto do quiosque, Carvalho e Virgínia estão conversando.

VIRGÍNIA: - Mas Carvalho, me fala uma coisa.
CARVALHO: - Diga.
VIRGÍNIA: - E sua filha?
CARVALHO: - O que tem a minha filha?
VIRGÍNIA: - Porque que ela não te procura, não fala com você? Até mesmo você falou pouco dela pra mim...
CARVALHO: - A minha relação com a minha filha é complicada, Virgínia... Desde criança, ela não suporta a ideia de ter um pai como eu, boêmio, um tanto malandro, mas principalmente, pelo fato de eu morar aqui no bairro da prainha, ser pobre, enfim...
VIRGÍNIA: - Ela não foi criada por você?
CARVALHO: - Não. Ela foi criada por dois grandes amigos... Na verdade, ela é fruto de uma antiga namorada minha, que engravidou, teve a criança, mas foi embora, me deixando a Rúbia pra criar. Mas eu nunca tive uma vida descente. Então eu procurei esses dois amigos, seu Joaquim e dona Matilde, que aceitaram cuidar dela, como se fosse neta deles. Mas nunca esconderam o fato de eu ser o pai dela.
VIRGÍNIA: - Isso é que são amigos de verdade.

Carvalho avista Brenda e Guto numa das mesas do quiosque.

CARVALHO: - Olha lá, a Brenda e o Guto!
VIRGÍNIA: - O Guto eu me lembro, mas a menina não estou reconhecendo...
CARVALHO: - A Brenda é a irmã de criação da Rúbia. Elas não sabem que não são irmãs de verdade, mas cresceram como se fossem.
VIRGÍNIA: - Nossa, é uma história e tanto isso hein!
CARVALHO: - Vamos lá falar com eles!
VIRGÍNIA: - Mas Carvalho, pelo visto eles estão tendo um jantar romântico, um encontro, é melhor deixar eles conversarem a sós... Mais tarde nós falamos com eles.
CARVALHO: - Tem razão... Enquanto isso, vai mais uma cervejinha aí?
VIRGÍNIA: - Fiado novamente?
CARVALHO: - É o que tem...
VIRGÍNIA: - Tudo bem, pode mandar descer!...

CENA 05. CASA TOMÁS. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

     Tomás, Cristina e Patrícia conversam enquanto jantam.

TOMÁS: - Então Paty, tudo certo para a sua viagem e da Rúbia à São Paulo?
PATRÍCIA: - Tudo certo sim pai. O doutor Alberto já comprou as passagens e já reservou as nossas hospedagens num hotel.
CRISTINA: - E vocês vão quando, minha filha?
PATRÍCIA: - Depois de amanhã. Já estou ansiosíssima! Faz muito tempo que eu e a Rúbia não viajamos juntas...
TOMÁS: - É mesmo. É bom que agora vocês possam curtir uns momentos sozinhas... A amizade de vocês é muito bonita, precisa desse tempo para conversar, sintonizar os pensamentos, as afinidades.
CRISTINA: - Ainda mais em um lugar bacana, como Belo Horizonte.
PATRÍCIA: - Não é Belo Horizonte, mãe, é São Paulo.
CRISTINA: - Ah, claro, São Paulo... Troquei as capitais. (risos)
PATRÍCIA: - Mas isso que você falou é muito bacana pai, porque a Rúbia está passando por uma transformação na vida dela. É gravidez, casamento, ela se mudou da prainha para a mansão dos Walker. Muita coisa acontecendo... Acho que pra ela vai ser bem mais proveitoso isso.

Cristina serve-se de suco. Porém, vai enchendo o copo até que ele transborde.

TOMÁS: - Cristina! Você está virando o suco!
CRISTINA: - Ah, é mesmo! Nem percebi!...
PATRÍCIA: - Nossa mãe, como você anda distraída...
CRISTINA (limpando a mesa): - Pronto, ainda bem que não virou muito... Mas me fala Paty, quando vocês viajam para São Paulo?
PATRÍCIA: - Eu já falei isso mãe.
CRISTINA: - Ah, já falou?
PATRÍCIA: - Claro, não faz nem dois minutos!... Nós vamos depois de amanhã.
CRISTINA: - Que bom! Vai passar rápido o tempo. Quando ver, já estará no aeroporto!...

Tomás e Patrícia trocam olhares.

CENA 06. CASA ALBERTO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

     Alberto, Tânia, César, Rúbia e Marina conversam enquanto jantam.

MARINA: - Então Rúbia, ansiosa para a viagem?
RÚBIA: - Nossa, muito! Vai ser a primeira vez que viajo para longe, sabe? Para fora do Rio de Janeiro.
ALBERTO: - Você nunca saiu do Rio de Janeiro?
RÚBIA: - Nunca.
TÂNIA: - Bom, é de se entender, não é? As condições em que ela morava não podiam financiar uma viagem descente... Mas agora, tudo mudou, não é?
RÚBIA: - Claro...
CÉSAR: - O hotel em que vocês irão ficar é maravilhoso, meu amor. Tem de tudo lá dentro!
RÚBIA: - Mal posso esperar para ver então!
ALBERTO: - Você vai gostar de São Paulo Rúbia, tem coisas muito boas e bonitas lá. Museus, galerias de arte, espaços culturais, parques... É uma cidade especial.
TÂNIA: - Galerias, museus... (risos) Você acha mesmo, Alberto, que a Rúbia vai se interessar por essas coisas?
ALBERTO: - E porque não se interessaria?
CÉSAR: - Você acha que por ela ser de origem humilde, esses espaços mais conceituados pelos ricos não podem ser de interesse dela?
TÂNIA: - Calma gente, não me interpretem mal!... Eu só falei porque como ela é jovem, pode se interessar por outras coisas... São Paulo tem infinitas atrações. Ela não precisa ficar restrita à museus, galerias de arte.
MARINA: - Concordo com você Tânia. São Paulo tem um leque de opções muito grande.
ALBERTO: - Mas não podemos esquecer que a viagem também será para comprar o enxoval do meu netinho!
RÚBIA: - Ai, seu Alberto, eu fiquei maravilhada com as roupinhas e com os modelos de quarto que o senhor me mostrou naquelas revistas!... São todos lindos!
CÉSAR: - São mesmo. Eu achei todos de muito bom gosto.
RÚBIA: - Mas eu também quero aproveitar a viagem para dar uma olhada em algumas coisas e já começar a planejar também os preparativos para o casamento.
TÂNIA: - Já pensando no casamento? Que rápido...
RÚBIA: - Rápido porque? Eu acho que estamos no tempo certo... Não pretendo entrar na Igreja com a barriga muito grande não. Não acho muito bonito.
ALBERTO: - Tem razão, Rúbia. O casamento deve ser pensado cedo para que fique tudo ao seu gosto. E também ao gosto do César, é claro.
RÚBIA: - E com certeza, vai ser um momento lindo em nossas vidas, não é meu amor?
CÉSAR: - Claro, vai ser sim...

Rúbia sorri feliz, enquanto Tânia a olha séria.

CENA 07. CASA BRENDA. QUARTO MATILDE. INT. NOITE.

     Matilde e Joaquim conversam. Joaquim está deitado na cama. Matilde se aprontando para deitar.

MATILDE: - Nossa, o restaurante tem dado trabalho...
JOAQUIM: - Por um lado é bom, Matilde. Entra dinheiro para pagar as contas.
MATILDE: - Tem razão. Mas acho que talvez poderíamos chamar alguma outra pessoa para trabalhar com a gente. A Rúbia faz falta...
JOAQUIM: - Tem razão. É bom pensarmos nisso mesmo.
MATILDE: - E você Joaquim, não foi mais pescar...
JOAQUIM: - Oh, você me perguntando sobre pescaria?
MATILDE: - Não entendi o motivo do espanto...
JOAQUIM: - Quando quero pescar, briga comigo. Quando não pesco, fica preocupada...
MATILDE: - Não estou preocupada... Só estou perguntando. Você sabe muito bem que não quero que vocÊ saia para o mar assim, sozinho, para pescar. Mas depois daquele dia que você foi na lagoa pescar e encontrou o Petrônio, pensei que vocÊ pudesse voltar a pescar mais seguidamente...
JOAQUIM: - Petrônio, Petrônio... Lá vem você querendo saber dele.
MATILDE: - Mas vocÊs não voltaram a ser amigos depois disso? Não sabia que falar dele ainda lhe faria mal...
JOAQUIM: - Não me faz mal... Mas eu ainda sinto ciúmes.
MATILDE: - Ciúmes do que, Joaquim?!
JOAQUIM: - Ciúmes de você, dele...
MATILDE: - Deixa de ser bobo, Joaquim! Eu sou sua mulher, só sua, meu lindão!
JOAQUIM: - Diga isso para ele, então!
MATILDE: - Eu já falei, várias e várias vezes... Você sempre com esse jeito durão, hein homem!...

Matilde se deita na cama.

MATILDE: - Joaquim, eu estive pensando numa coisa...
JOAQUIM: - Fale.
MATILDE: - Agora que o Henrique está em Praia Real, seria uma boa oportunidade da gente conversar com ele sobre...
JOAQUIM (interrompendo Matilde / irritado): - Você ficou louca Matilde? Mas eu nunca que iria falar com aquele traste! Nunca!
MATILDE: - Calma, Joaquim! Não precisa se irritar!
JOAQUIM: - Você não fala mais o nome deste infeliz aqui dentro! Não quero também ouvir falar nesse assunto.
MATILDE: - Tudo bem, tudo bem, não se fala mais nisso... Vamos dormir.



CENA 08. DANCETERIA. INT. NOITE.
    
     Imagens da danceteria, as pessoas dançando, curtindo a música, muita movimentação. Bento, depois de dançar na pista, volta para o balcão.

BENTO (ao barman): - Mais um drink, por favor!

Felipe fica a olhar Bento, que percebe.

BENTO: - A música está ótima! Boa pra dançar muito!

Felipe se aproxima de Bento.

FELIPE: - É mesmo. Eu vi que você estava dançando bastante ali na pista.
BENTO (pegando o drink do barman): - Você estava me cuidando, é isso?
FELIPE: - Não... Estava olhando as pessoas se divertirem e vi que você estava bem empolgado.
BENTO: - Hoje é meu dia de folga, então quero me divertir...
FELIPE: - Trabalha no que?
BENTO: - Sou motorista particular.
FELIPE: - Motorista particular... Que interessante.
BENTO: - E você?
FELIPE: - Sou diretor financeiro numa empresa.
BENTO: - Nossa, gente importante então...
FELIPE: - Nem tanto, mas me esforço para ser.

Os dois ficam a se olhar. Bento bebe todo seu drink.

BENTO: - É muito bom isso aqui, só que um pouco caro para o meu bolso!
FELIPE: - Não problema, eu pago para você.
BENTO: - Como é que é?
FELIPE: - Pode beber. Eu pago os seus drinks.
BENTO: - Não, imagina!
FELIPE: - Já disse que não tem problema. Você não quer se divertir na sua noite de folga? Então, deixa que eu pago seus drinks. Estou querendo me divertir também e acho que achei uma companhia bacana.
BENTO: - VocÊ faria isso mesmo?
FELIPE (ao barman): - Por favor, mais dois drinks aqui.
BENTO: - Nossa, obrigado mesmo.
FELIPE: - Não precisa agradecer.
BENTO (estendo a mão para Felipe): - Me chamo Bento.
FELIPE (retribuindo o gesto): - Felipe.

     Os dois seguem conversando.

CENA 09. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. EXT. NOITE.

     Guto e Brenda conversam.

GUTO: - Então meu amor, gostou do jantar?
BRENDA: - Adorei! Estava tudo ótimo, Guto!
GUTO: - Que bom que gostou. Mas tem também uma surpresa pra você.
BRENDA: - Surpresa? Hum, o que será? (risos)
GUTO: - Espero que você goste também...
BRENDA: - Nem sei o que é, mas já estou adorando!

     Guto retira do bolso, uma caixinha e entrega para Brenda.

BRENDA: - Guto! Eu nem sei o que dizer...
GUTO: - Não diz nada agora não. Abre a caixinha primeiro.

     Do outro lado do quiosque, Virgínia e Carvalho observam a cena.

VIRGÍNIA: - Ai que lindo! Ele está dando uma jóia para ela!
CARVALHO: - Como você sabe que é uma jóia? É só uma caixinha...
VIRGÍNIA: - Mas está na cara que é uma jóia que está dentro daquela caixinha. Nossa, que romântico! Faz tanto tempo que não ganho uma jóia...
CARVALHO: - Não se preocupe, que quando eu ficar rico, comprarei todas as jóias que você quiser!
VIRGÍNIA: - Olha lá, ela está abrindo a caixinha...

     Brenda abre a caixinha e encontra um lindo anel.

BRENDA: - Guto! É lindo!

     Guto retira o anel da caixinha e coloca no dedo de Brenda. Ela fica emocionada.

GUTO: - Isso é mais uma prova do meu amor por você, Brenda. Eu te amo.

     Os dois se olham profundamente  se beijam, apaixonados. Do outro lado, Virgínia e Carvalho observam a cena.

VIRGÍNIA: - Nossa, que romântico!
CARVALHO: - Ah, vamos lá falar com eles!
VIRGÍNIA: - E atrapalhar o momento romântico? Não, não...
CARVALHO: - Ah, não vamos atrapalhar não... Eu sou amigo deles... Vamos lá. E pra não chegar de mãos abanando, vamos pedir uma rodada por nossa conta.
VIRGÍNIA: - Uma rodada no fiado, não é?
CARVALHO: - Mas isso ninguém precisa saber... Vamos lá!

     Carvalho e Virgínia saem da mesa. Guto e Brenda terminam o beijo.

BRENDA: - Muito obrigada, Guto. Você é muito especial pra mim. Também amo muito você.
    
     Nesse instante, Carvalho e Virgínia se aproximam.

CARVALHO; - E viva os namorados!
GUTO: - Carvalho! Dona Virgínia!
VIRGÍNIA: - Que lindo vocês dois! Nós vimos tudo lá da mesa de trás!
BRENDA: - Estavam nos espiando então?
VIRGÍNIA: - Minha querida, gente bonita chama a atenção, não adianta! (risos) Me chamo Virgínia, muito prazer.
BRENDA: - Prazer.
CARVALHO: - Viemos até aqui para comemorar esse momento lindo com vocês. Tem problema?
GUTO: - Claro que não Carvalho. Senta aí.

     Carvalho e Virgínia sentam-se à mesa.

CARVALHO (ao garçom): - Garçom! Uma rodada aqui por minha conta.
VIRGÍNIA: - Deixa eu ver o seu anel?
BRENDA: - Claro!... É lindo, não é?
VIRGÍNIA: - Lindíssimo... De muito bom gosto.
BRENDA: - Eu também achei lindo.
CARVALHO: - Acertou em cheio, hein, Guto!
GUTO: - Que bom! (risos)

CENA 10. APTO LÍLIAN. QUARTO LÍLIAN. INT. NOITE.

     Fredy e Lílian conversam.

FREDY: - Você quer que eu faça um sanduíche pra você também?
LÍLIAN: - Não, Fredy, obrigado...
FREDY: - O que foi que você está assim, pra baixo?
LÍLIAN: - Eu ainda não consigo esquecer essa história do incêndio criminoso no projeto. Não me sai da cabeça que tenham sido os pescadores ilegais que nós denunciamos.
FREDY: - Lílian, esquece isso... Agora a polícia vai resolver. A gente tem que preocupar é no novo projeto que nós vamos fazer.
LÍLIAN: - Tem razão...
FREDY; - Agora você tem que comer! Como dizia minha avó, saco vazio não para em pé! E eu vi que você tem comido pouco ultimamente...
LÍLIAN: - Virou médico nutricionista, agora?
FREDY: - Não, só estou cuidando daquilo que eu gosto... Gosto não, que eu amo! Amo muito!

     Os dois se beijam.

CENA 11. CASA SÔNIA. QUARTO SÔNIA. INT. NOITE.

     Sônia está deitada na cama, mas ainda não dorme. Ela pensa no beijo que Henrique lhe deu. Adriano, se acorda com a luz do abajur acesa.

ADRIANO: - Ainda não dormiu, meu bem?
SÔNIA: - Ainda não... Perdi o sono.
ADRIANO: - Preocupada com alguma coisa?
SÔNIA: - Eu? Não, não tem nada não... Acho que vou descer, tomar um chá... Talvez o sono volte.
ADRIANO: - Faça isso mesmo.
SÔNIA: - E você, vê se dorme... Amanhã tem que estar cedo nas obras do resort, não pode ficar com a aparência cansada.
ADRIANO: - Tem razão...

     Sônia beija o rosto de Adriano e sai do quarto. Adriano vira para o lado e dorme.

CENA 12. DANCETERIA. INT. NOITE.

     Bento e Felipe bebem muitos drinks. Bento já está um pouco “alegre”. Os dois continuam conversando.

BENTO: - Cara, acho que eu já vou parar por aqui com os drinks... Já estão fazendo efeito... (risos)
FELIPE: - Ah, já está se entregando, Bento? Você está ótimo rapaz! (ao barman) Traz mais um drink pro meu amigo aqui.
BENTO: - Mas você não vai beber também?
FELIPE: - Ainda tenho aqui no meu copo...

Bento observa na pista uma linda moça dançando.

FELIPE: - E aí, como eu estava te dizendo, eu saio pouco à noite, até por não ter companhia.

Felipe percebe que Bento está observando a moça, que dança sensualmente.

FELIPE: - Gostou dela?
BENTO (olhando a moça): - Ela é linda...
FELIPE: - Muito bonita mesmo. Assim como você.
BENTO (surpreso): - Ta dizendo que eu sou bonito, é?
FELIPE: - E não é? Você é muito lindo, Bento...
BENTO: - Ih rapaz! Ta me estranhando, é isso?
FELIPE: - Calma, calma, não precisa ficar assim nervoso!
BENTO: - Não to nervoso não! Ih.. Já saquei a sua... Eu não gosto dessa fruta não, hein! (levantando-se da cadeira, um pouco tonto)
FELIPE: - Bento, espera aí! Deixa que eu te levo embora.
BENTO: - Não! Não precisa! Eu vou sozinho! Você pode me agarrar! Deixa eu ir sozinho...

Bento sai. Felipe fica no balcão.

FELIPE: - Droga!... Não foi dessa vez... Mais uma balada sozinho...

CENA 13. CASA ALBERTO. COZINHA. INT. NOITE.

     Olga e Clarisse conversam.

OLGA (limpando a louça): - Clarisse, desculpa eu me meter assim, na sua vida, mas é que eu percebi que você e o Charles andam brigando ultimamente e cada vez mais alto, mais forte...
CLARISSE: - Ai Olga, eu não sei o que fazer... O Charles a cada dia que passa, parece que fica pior.
OLGA: - Como assim pior?
CLARISSE: - Ele implica com a minha roupa, se eu estou muito maquiada... Se eu vou sair, ele implica pra saber onde vou, com quem eu vou, se é homem ou mulher...
OLGA: - Meu Deus do céu, tudo isso?
CLARISSE: - E você não sabe o pior. Ele me proibiu de ir para o serviço.
OLGA: - Como é que é?!
CLARISSE: - Isso mesmo. Ele me proibiu de trabalhar na imobiliária, por achar que o meu chefe está afim de mim. Uma loucura!
OLGA: - Clarisse, isso não é normal!
CLARISSE: - Eu sei... quando nós morávamos em Resende, ele teve alguns ataques assim de ciúmes. Mas aí ele conseguiu essa chance de emprego aqui e mudou, sabe? Mudou completamente, ficou carinhoso, mais atencioso comigo. Me deixou trabalhar! Eu pensei que iria ser assim dali pra frente, mas agora ele voltou a ser o que era... E isso me deixa muito triste.
OLGA: - Claro, eu entendo...
CLARISSE: - Eu não sei como eu estou agüentando tudo isso. Eu gosto dele, ele é meu marido. Quando eu aceitar me casar, foi pra sempre! Mas está difícil, Olga, muito difícil... O Charles mudou muito, e para pior, infelizmente.




CENA 14. CASA PETRÔNIO. JARDIM. EXT. NOITE

     Bento chega em casa. Ele guarda o carro na garagem e vai em direção ao seu quarto. Caminha um pouco zonzo, por causa da bebida.

CENA 15. CASA PETRÔNIO. QUARTO BENTO. INT. NOITE.

Bento entra em seu quarto e encontra Helena deitada na sua cama.

BENTO (surpreso): - Dona Helena?!
HELENA: - Oi Bento... Eu te esperei a noite toda...
BENTO: - Dona Helena, a senhora deitada na minha cama e com essa roupa...
HELENA: - Gostou? Gostou da minha roupa? Coloquei especialmente pra você...
BENTO (um pouco confuso): - Eu devo estar sonhando... Não deveria ter bebido muito...
HELENA: - Não é sonho Bento. É tudo realidade, tudo verdade...

Helena se levanta da cama e se aproxima de Bento.

HELENA: - Eu estou aqui, prontinha pra você.
BENTO: - Dona Helena, por favor, não é certo isso...
HELENA: - Mas eu não quero fazer nada certo. (segurando a mão de Bento e colocando sobre o seu seio) Eu quero que você faça comigo tudo aquilo de errado... quero que você realize todos os seus pensamentos impróprios que vocÊ faria com uma mulher na cama. Quero tudo, quero você Bento...
BENTO: - Dona Helena, não me provoque...
HELENA: - Se entrega Bento... Eu sei que é isso que você quer também, assim como eu quero...

A mão de Bento desliza sobre o corpo de Helena, que sussurra no ouvido do rapaz.

HELENA: - Me domina...

Bento não resiste e os dois se beijam calorosamente. Aos amassos fortes e intensos, Bento empurra Helena para cama. Ele abre a camisa e vai para cima de Helena. Os dois se beijam freneticamente, ardendo de desejo. Flashes de imagens de Bento e Helena transando.

CENA 16. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / CASA PETRÔNIO. QUARTO BENTO. INT. DIA.

     Imagens de Praia Real ao amanhecer. Imagens das gaivotas, do mar, dos barcos dos pescadores na água. Corta para o quarto de Bento. Ele aos poucos se acorda e vê Helena no quarto, já arrumada.

BENTO: - Dona Helena? A senhora aqui?... O que aconteceu?
HELENA: - Aconteceu que nós dormimos juntos, Bento.
BENTO: - O que?! Como isso?
HELENA: - Você não se lembra? Você me jogou na cama e nós transamos como nunca...
BENTO: - Meu Deus! Eu não podia ter feito isso!
HELENA: - Calma, Bento! Não precisa ficar assim, preocupado. Ninguém vai ficar sabendo. Isso é segredo nosso.
BENTO: - Dona Helena, eu quero que a senhora saiba que nunca foi minha intenção faltar com respeito com a senhora. Se o seu Petrônio descobre, ele me põe na rua, meu Deus!...
HELENA: - Bento, eu já disse que está tudo bem. Só vão descobrir, se você contar, porque eu não falarei nada. Fica frio... Agora deixa eu ir, voltar lá pra casa antes dêem falta da minha presença.

     Helena vai saindo, enquanto Bento ainda está deitado na cama.

HELENA: - Não sei se alguém já te falou isso, mas você é maravilhoso na cama. E eu espero fazer isso mais vezes...

     Helena sai. Bento fica apreensivo e um tanto confuso ainda com a situação.

CENA 17. BOUTIQUE POEME. INT. DIA.

     Vera e Cristina se encontram na boutique.

VERA: - Você cuidou muito bem de tudo, Cristina!
CRISTINA: - VocÊ achou que eu não daria conta, é isso?
VERA: - Não, claro que eu sabia que você iria cuidar, mas você me surpreendeu... Novos manequins, iluminação... Lindo!
CRISTINA: - Sabia que você iria gostar. Comprei novos manequins para as peças da Glória Colombo. Chegam amanhã.
VERA: - Que notícia boa! Vai ser um sucesso de vendas, com certeza.
CRISTINA: - Mas falando em sucesso, como foi a viagem? Rendeu alguma coisa?
VERA: - Nossa, foi maravilhosa! E se você quer saber, rendeu sim e muito! (risos)
CRISTINA: - Ah não, então você vai me falar tudo!
VERA: - Vamos lá pro escritório que eu te falo todos os detalhes.

     As duas seguem animadas para o escritório da boutique.

CENA 18. CALÇADÃO PRAIA REAL. EXT. DIA.

     Lílian e Fredy fazem caminhada no calçadão.

FREDY: - Fazia tempo que eu não me exercitava assim.
LÍLIAN: - Você estava quase levando uma vida sedentária... Só TV, comida, lanchinhos aqui, lanchinhos ali e nada de exercícios... Tem que aproveitar que é jovem.
FREDY: - Ok, doutora Lílian, não precisa se preocupar... Eu não estou aqui com você, fazendo caminhada?
LÍLIAN: - Está depois de muita insistência minha!
FREDY: - Ah, nem foi tanto assim...

Os dois seguem caminhando quando encontram Patrícia.

PATRÍCIA: - Oi Fredy!

     Fredy e Lílian param.

FREDY: - Oi...
PATRÍCIA: - E aí, como você está?
FREDY: - Estou bem...
PATRÍCIA: - Nossa, faz tempo que a gente não se vê...
FREDY: - É mesmo...
LÍLIAN: - Era só o que me faltava...
PATRÍCIA: - E então, está indo pra onde?
FREDY: - Estou fazendo uma caminhada. Eu e a Lílian.
PATRÍCIA: - É bom fazer exercícios mesmo... Mantém o corpo forte, bonito...
LÍLIAN: - Ô mocinha, dá licença porque a gente tem que continuar fazendo o exercício... Vamos Fredy!
FREDY: - Tchau.
PATRÍCIA: - Ah, eu mandei uma mensagem pra você Fredy, me adicionar na sua rede de amigos, mas eu não tive resposta ainda.
LÍLIAN: - Ele não adicionou você porque ele não precisa ser seu amigo. E outra, a namorada dele não gosta que ele tenha amigas oferecidas e descaradas como umas e outras...
PATRÍCIA: - Eu? Oferecida e descarada?
LÍLIAN: - Sim, você mesmo. Então, trata de deixar ele em paz, não ficar mandando mensagem ou coisa parecida, senão a próxima pessoa que você vai ter que adicionar na sua rede de amigos vai ser o médico do hospital, porque eu vou te dar uma surra que você nem imagina.
FREDY (puxando Lílian): - Tudo bem, Lílian, tudo bem, vamos indo... Tchau!
LÍLIAN: - Garota que não se toca...

     Fredy e Lílian se afastam.

PATRÍCIA: - Gente, que mulher louca... Mas namorando esse pão! Até eu ficaria louca assim... (risos)




CENA 19. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. DIA.

     O restaurante Maresia já tem uma movimentação. Alice e Brenda atendem os clientes. Matheus entra no restaurante.

MATHEUS: - Alice!
ALICE: - Matheus!

Os dois se aproximam e se beijam.

ALICE: - Você aqui? Que surpresa boa!
MATHEUS: - Eu preciso falar com você...
ALICE: - Ai... Você pode esperar só um pouquinho? É que eu ainda estou atendo aqui...
MATHEUS: - Tudo bem, eu espero. Vou ficar ali fora.
ALICE: - Tudo bem, eu prometo que não demoro.

Os dois se beijam novamente.

CENA 20. CALÇADÃO PRAIA REAL. EXT. DIA.

Matheus e Alice conversam.

ALICE: - Então, o que você queria falar comigo?
MATHEUS: - É uma coisa muito séria e que pode mexer com o nosso namoro.
ALICE: - Ai Matheus, assim você me assusta. O que foi? vocÊ cansou de mim, é isso?
MATHEUS: - Não! Claro que não! Eu te amo! Nunca me cansaria de você, nem em pensamento isso...
ALICE: - Então o que é?
MATHEUS: - Minha mãe está querendo que eu vá para Londres.
ALICE: - O que?
MATHEUS: - É, ela quer que eu vá para Londres estudar lá.
ALICE: - Mas aí a gente vai ficar separado!... É muito longe!
MATHEUS: - Não, nós não vamos nos separar, porque eu não vou para Londres. Vou fazer de tudo para não ir. Eu não quero ficar longe de você, Alice.

Os dois se abraçam fortemente.

CENA 21. HOTEL CENTRO. APTO HERALDO. INT. DIA.

     Heraldo está assistindo TV em seu apartamento, quando alguém bate à porta.

HERALDO: - Será serviço de quarto? Mas eu não pedi nada...

Heraldo vai atender a porta. Quando abre, encontra Tânia.

HERALDO: - Tânia? VocÊ aqui?
TÂNIA: - Não vai me convidar pra entrar?
HERALDO: - Claro, por favor!

     Tânia entra.

HERALDO: - Olha, confesso que não esperava você aqui.
TÂNIA: - Pois é, mas eu estou. Ou melhor, nós estamos aqui, sozinhos... Que tal reviver os velhos tempos?

     Heraldo e Tânia se beijam calorosamente.

HERALDO: - Reviver os velhos tempos...
TÂNIA: - Vai me dizer agora que você também não tem vontade? Não sentiu saudades de mim durante todos esses anos em que ficamos separados?
HERALDO: - Claro que eu senti... Do seu cheiro, do seu beijo, do seu corpo...
TÂNIA: - Então não vamos perder tempo! Nós já perdemos 15 anos! Alguns minutos a mais eu não agüentaria...

     Os dois se beijam intensamente.

CENA 22. HOTEL CENTRO. APTO HERALDO. QUARTO. INT. DIA.

     Tânia e Heraldo estão deitados na cama, após terem transado.

HERALDO: - Você não sabe o quanto eu esperei para te reencontrar na cama...
TÂNIA: - Eu também, Heraldo, eu também... você é quente, intenso... O Alberto é muito morno.

     Os dois riem.

HERALDO: - Você continua a mesma de sempre, não mudou nada, nada mesmo... a mesma coisa dos tempos de Margot.
TÂNIA: - Margot... Nossa, quantos anos isso...
HERALDO: - Sei lá, só sei que fazia sucesso com os homens...
TÂNIA: - Margot... Sabe que nem lembro mais de onde tirei esse nome de guerra. Só lembro que tinha que ter um, não é? Toda boa prostituta tinha um...
HERALDO: - Mas você não era boa... Era ótima!

     Os dois se beijam.

CENA 23. BEST FISH. SALA ALBERTO. INT. DIA.

     Alberto se reúne com Tomás, Leandro, Marina, Felipe, Mônica e outros diretores.

MÔNICA: - Senhores, antes de encerrar a reunião, o senhor Alberto tem mais um assunto para tratar.
ALBERTO: - Claro Mônica. Obrigado por lembrar... Bem, como é de conhecimento de todos, o projeto ambiental havia sofrido um grave incêndio, com perda praticamente total de todo o seu material, estrutura, inclusive animais.
TOMÁS: - Nossa, foi horrível mesmo.
ALBERTO: - Foi mesmo Tomás, uma perda significativa para a Best Fish, pois o projeto ambiental era o nosso carro chefe da nossa política de conscientização ambiental.
LEANDRO: - Claro, ganhamos até prêmios com ele.
ALBERTO: - Isso mesmo. Mas, nós descobrimos que o incêndio não foi causado de forma natural, digamos assim, como um curto-circuito ou algo parecido. Foi um incêndio criminoso.

     Todos ficam surpresos, comentando.

LEANDRO: - Isso é muito sério! Como chegaram a essas conclusões?
MARINA: - A perícia achou vestígios de material inflamável no local, como gasolina e querosene.
TOMÁS: - Mas já tem pistas de suspeitos?
ALBERTO: - Uma das diretoras do projeto, a Lílian, suspeita de que alguns pescadores ilegais, que eles denunciaram numa outra vez, possam estar envolvidos nisso.
FELIPE: - Mas ainda não há provas concretas, não é mesmo?
ALBERTO: - Não, ainda não. Mas isso é um trabalho para a polícia resolver. O nosso trabalho, a partir de agora, é reconstruir o projeto ambiental na prainha, tudo novamente.
FELIPE: - Ah sim, claro, uma reforma...
ALBERTO: - Não é reforma Felipe, é reconstrução. Vamos fazer uma nova sede, uma nova estrutura para o projeto ambiental.
FELIPE: - Mas tio, é um custo alto fazer tudo isso!
ALBERTO: - Não importa, Felipe. Não podemos abrir mão do projeto ambiental da empresa.
TOMÁS: - Eu também acho que o projeto ambiental não pode ser deixado de lado. Ele tem uma importância, uma atuação muito forte na cidade e também na região.
LEANDRO: - Reconhecimento nacional e internacional, é bom lembrar disso.
FELIPE: - Desculpem senhores, mas eu, como diretor financeiro, acho arriscado apostarmos tudo nessa reconstrução. É muito dinheiro para investir num simples projeto ambiental para que coloquem fogo novamente.
MARINA: - Felipe, acho que você não entendeu que a Best Fish precisa ter o projeto ambiental funcionando para manter seu reconhecimento e sua política de conscientização com a natureza. Faz parte do negócio, é marca da empresa de anos... Só você que está sendo contra a essa proposta. A não ser que você tenha alguma solução para isso. Porque falta de dinheiro na empresa não é... Ou é?

     Felipe fica sério a olhar para Marina, que o encara. Todos os outros diretores também ficam a aguardar uma resposta de Felipe.

LEANDRO: - Então Felipe há alguma outra ideia?
FELIPE: - Não, não há... Vamos reconstruir o projeto sim...
ALBERTO: - Pois bem, o pessoal do projeto ambiental já está entrando em contato com arquitetos, engenheiros, todos os profissionais responsáveis para fazer a obra.
TOMÁS: - Esses jovens do projeto ambiental são muito responsáveis.
ALBERTO: - São sim, Tomás...
LEANDRO: - Bom, doutor Alberto, a reunião termina por aqui?
ALBERTO: - Creio que sim... Há mais alguma coisa, Mônica?
MÔNICA: - Não há mais nada não, senhor Alberto.
ALBERTO: - Tudo certo então senhores. Reunião encerrada.
    
     Os diretores começam a sair da sala. Mônica e Leandro trocam olhares.

CENA 24. CASA PETRONIO. JARDIM. EXT. DIA.

     Bento está no jardim, limpando o carro, quando Samantha se aproxima para conversar.

SAMANTHA: - E então Bento, como foi a noite de folga ontem?
BENTO: - Foi boa, dona Samantha.
SAMANTHA: - Ai, Bento, não precisa me chamar de dona, já falei... Pode me chamar só de Samantha.
BENTO: - Desculpe, é força do hábito.
SAMANTHA: - Tudo bem, não tem problema... Mas e aí, curtiu bem a noite então?
BENTO: - Curti bastante sim.
SAMANTHA: - Foi na danceteria que eu te falei?
BENTO: - Não, fui numa outra que passei na frente e estava bem movimentada. Muito boa por sinal.

Nesse instante, Helena que iria chegar no local, se esconde e fica observando a conversa de Samantha e Bento.

SAMANTHA: - Eu quero ver se saio novamente com as minhas amigas. Nós nos divertimos muito daquela vez, lembra?
BENTO: - Lembro sim... suas amigas são engraçadas.
SAMANTHA: - As meninas são loucas, na verdade! (risos)
BENTO: - Mas são pessoas muito legais.
SAMANTHA: - É mesmo... Mas eu não ouvi barulho do carro quando você chegou, nem do portão... Sempre escuto alguma coisa.
BENTO: - É, desta vez você não ouviu...
SAMANTHA: - Mas me fala, tinha muita gente bonita onde você foi? Com certeza deve ter rolado uma paquera não?
BENTO: - É, sempre tem alguma coisa...

Nesse instante, Helena se aproxima.

HELENA: - Samantha, você não está vendo que está atrapalhando o serviço do Bento?
SAMANTHA: - Eu, atrapalhando? Nós estamos conversando aqui numa boa...
HELENA: - Está atrapalhando sim. Ele deve deixar esse carro limpo ainda hoje, de preferência. E se ele fica de papo furado com você, acaba atrasando tudo. Portanto...
SAMANTHA: - Está bem, Helena, está bem... A gente se fala depois Bento.
BENTO: - Tudo bem.

Samantha sai. Helena fica.

HELENA: - Fica dando trela para essa daí pra você ver o que ela faz com você.
BENTO: - Do que a senhora está falando, dona Helena?
HELENA: - Estou falando pra você abrir o olho, Bento. Aqui dentro, você não tem chance para mais ninguém além de mim.

Helena sai. Bento fica a observá-la.

BENTO: - Onde eu fui me meter?

CENA 25. CASA HENRIQUE. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

     Henrique e Silvana conversam.

SILVANA: - Acordou um pouco tarde hoje.
HENRIQUE: - Eu acordei no meu horário normal... Você que levantou mais cedo.
SILVANA: - É, um pouco. Fiquei sem sono... Também pudera, hoje eu pego o resultados dos exames.
HENRIQUE: - Ansiosa então...
SILVANA: - Muito!... E você, não está?
HENRIQUE: - Estou sim, claro.
SILVANA: - Não parece.
HENRIQUE: - Por que não? Só porque eu não estou roendo as unhas, perdendo o sono...?
SILVANA: - Não precisa falar assim comigo, Henrique.
HENRIQUE: - Falar como, Silvana?
SILVANA: - Desse jeito seco, frio... Ultimamente você tem sido assim comigo... Ontem eu preparei um jantar bacana pra nós, tinha planejado uma noite linda pra nós dois e você não quis, nem sequer agradeceu a minha intenção.
HENRIQUE: - Desculpa Silvana, mas eu tenho tido muito trabalho na companhia, ando cansado...
SILVANA: - Cansado de mim também?
HENRIQUE: - Claro que não! Você está confundindo as coisas, com uma insegurança boba...
SILVANA: - Eu estou confundindo?! Henrique, você não me procura mais na cama, não me faz mais carinhos, está se afastando de mim! E vocÊ acha que tudo isso é uma insegurança boba, é isso...
HENRIQUE: - Eu vou pro serviço... Não quero brigar com você.

     Henrique vai saindo da mesa.

SILVANA: - Calma Henrique! Termina pelo menos o seu café.
HENRIQUE: - Obrigado, mas não precisa não.

     Henrique vai embora. Silvana chora.

CENA 26. CASA ALBERTO. EXT. DIA.

     Rúbia vai até a frente da casa encontrar Charles.

CHARLES: - Mandou me chamar, dona Rúbia?
RÚBIA: - Mandei sim, Charles. Eu vou até o centro da cidade, fazer compras e depois encontrar minha amiga. Quero que você me leve.
CHARLES: - Claro.

Charles abre a porta do carro para Rúbia, que entra. Em seguida os dois partem.


CENA 27. CASA SÔNIA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Sônia e Matilde se encontram.

MATILDE: - Eu vim o mais rápido que eu pude.
SÔNIA: - Que bom, mamãe. Aconteceu uma coisa que não poderia ter acontecido...
MATILDE: - O que houve Sônia?
SÔNIA: - Eu e o Henrique, nos beijamos.
MATILDE: - Ai, meu Deus, Sônia! Vocês estão se envolvendo novamente?
SÔNIA: - Não! Não mamãe!
MATILDE: - Como não? Dá pra ver nos seus olhos que você ainda gosta dele, minha filha!
SÔNIA: - Eu tentei resistir, mas não deu...
MATILDE: - E o seu companheiro, o Adriano? Ele sabe de alguma coisa?
SÔNIA: - Não. Não sabe de nada...
MATILDE: - Você ainda não falou pra ele sobre o seu segredo?
SÔNIA: - Ainda não tive coragem...
MATILDE: - Sônia! Fale como com ele! Quando mais cedo você esclarecer esse assunto, melhor vai ser, para todos...

CENA 28. BEST FISH. SALA MARINA / FELIPE. INT. DIA.

     Marina e Felipe trabalham na sala.

MARINA: - Felipe, você tem como me passar os relatórios financeiros da empresa dos últimos 3 anos?
FELIPE: - Mas pra que você precisa disso?
MARINA: - Eu preciso disso para poder finalizar o relatório que meu pai pediu.
FELIPE: - Ah, deixa que eu termino esse relatório pra você, Marina. Não se preocupe com isso não.
MARINA: - Não Felipe. Eu quero terminar esse relatório e eu preciso que você me passe esses documentos, ainda hoje.
FELIPE: - Mas Marina, eu já falei pra você que não precisa se preocupar com essas coisas...
MARINA: - Mas isso é o meu serviço e eu preciso desses documentos.
FELIPE: - Marina, qual é o seu problema? Eu já falei que não precisa fazer isso.
MARINA: - Qual é o seu problema, Felipe? Você anda evitando que eu faça meu trabalho aqui dentro, que eu tenha acesso aos documentos, aos relatórios financeiros da empresa... O que está acontecendo? Está com medo de que eu descubra alguma coisa?

Felipe fica sério a encará-la.

MARINA: - Então, Felipe? Vai me entregar os relatórios ou não?
FELIPE: - Claro. Irei sim. Eu vou até o arquivo buscar.
MARINA: - Tudo bem, mas não demore. Preciso terminar isso hoje.

Felipe sai da sala.

MARINA: - Eu ainda vou descobrir o que ele tem...

CENA 29. BOUTIQUE POEME. INT. DIA.

     Uma das funcionárias arruma as roupas no manequim. Cristina se aproxima.

ZORAIDE: - Está bom assim, dona Cristina?
CRISTINA: - É, talvez pudesse dar uma ajeitadinha no casaco...

A funcionária arruma, mas não fica do gosto de Cristina.

CRISTINA: - Não, não Zoraide... Assim não. Muda, muda o lado dele...

A funcionária arruma novamente, mas ainda não agradou Cristina, que está se irritando com a situação.

ZORAIDE: - Assim? Desse jeito?
CRISTINA: - Não! Claro que não! Será que você não aprendeu ainda a vestir um manequim?
ZORAIDE: - Desculpe, dona Cristina, mas a senhora mesma me pediu para arrumar desse jeito...
CRISTINA (gritando): - Você é uma incompetente mesmo, Zoraide! Isso está horrível! Horrível!

A cena começa a chamar a atenção das pessoas que estam na boutique.

ZORAIDE: - Desculpe dona Cristina, eu...
CRISTINA: - Desculpe, desculpe... Você só sabe pedir desculpas? Que coisa chata! Eu não sei onde estava com a cabeça quando contratei você, Zoraide. Você não sabe fazer nada direito! Nada!

As outras funcionárias ficam a olhar. Algumas clientes também. Vera se aproxima rapidamente.

VERA: - O que está acontecendo aqui? Dá pra ouvir seus gritos Cristina lá do escritório!
CRISTINA: - Essa infeliz que não sabe vestir um manequeim corretamente.
ZORAIDE: - Eu fiz o que ela me pediu, dona Vera1
CRISTINA: - Ah, você não fez mesmo! Eu nunca pediria uma coisa de tão mal gosto como essa...
VERA: - Cristina, por favor! Olha o escândalo! Temos clientes aqui na loja!
CRISTINA: - Ah, temos clientes? Pois que se danem!
VERA (segurando Cristina pelo braço): - Chega! Pare agora com esse escândalo!
CRISTINA: - Você está me machucando, Vera!
VERA: - E vou machucar ainda mais se você não vir comigo, agora! Zoraide, não se preocupe, você vestiu muito bem o manequim. Não se preocupe...

Vera carrega Cristina para o fundo da loja, no escritório.

CENA 30. BOUTIQUE POEME. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Vera entra com Cristina no escritório. Cristina senta-se na cadeira.

VERA: - Meu Deus, Cristina! O que foi aquilo lá fora? Que falta de respeito com a Zoraide e com os clientes da loja!
CRISTINA: - Eu só queria que ficasse tudo bonito, correto...
VERA: - Mas estava tudo certo, não havia motivos para aquele escândalo todo!

Cristina começa a chorar.

CRISTINA: - Eu só queria ajudar, deixar o trabalho mais bonito...
VERA: - Não Cristina, não precisa chorar...
CRISTINA: - Eu estava tentando fazer com que ficasse tudo bonito, Vera...

Vera abraça Cristina, que chora nos ombros da irmã.

VERA: - Tudo bem, já passou... Faz assim, vai pra casa, descansa... Amanhã você volta e continua o seu serviço.

As duas permanecem abraçadas e Cristina continua a chorar.

CENA 31. HOTEL CENTRO. APTO HERALDO. INT. DIA.

     Tânia se arruma na frente do espelho, enquanto Heraldo serve champanhe para eles.

TÂNIA: - Nossa, agora eu sou outra pessoa...

Heraldo se aproxima com as taças.

HERALDO: - Então vamos brindar o seu renascimento.

Os dois brindam.

HERALDO: - Então, quando é que nós vamos nos ver novamente?
TÂNIA: - Ainda não sei... Quando der eu te aviso.
HERALDO: - Eu não posso ligar pra você?
TANIA: - Você sabe que não.
HERALDO: - O trouxa do seu marido anda por perto, não é?
TÂNIA: - Heraldo, não fale assim do Alberto... Coitadinho... ele não tem culpa de ser assim...

Heraldo se aproxima de Tânia e beija seu pescoço.

HERALDO: - Sentirei saudades...
TÂNIA: - Eu também, querido, eu também... Mas não se preocupe, nos veremos mais vezes, certamente.

Os dois se beijam intensamente. Tânia sai do apartamento e Heraldo comemora, bebendo champanhe.

CENA 32. HOTEL CENTRO. EXT. DIA.

     Rúbia e Charles passam de carro em frente ao hotel. Rúbia, olhando o prédio vê Tânia saindo do local.

RÚBIA: - O quê? Não estou acreditando...
CHARLES: - O que foi dona Rúbia?
RÚBIA: - Nada não Charles... Só vá um pouco mais devagar... acho que vi alguma amiga passando por aqui...

Rúbia percebe que é mesmo Tânia saindo do hotel. Tânia pega um táxi e vai embora.

CHARLES: - Era mesmo sua amiga?
RÚBIA: - Não, não era não... Acho que eu me confundi... Pode seguir, Charles. Pro shopping, por favor.
CHARLES: - Tudo bem.
RÚBIA (pra sim mesma): - O que será que a Tânia estava fazendo naquele hotel?

CENA 33. IMOBILIÁRIA. SALA DIOGO. INT. DIA.

     Diogo está trabalhando em sua sala, quando Clarisse entra no local.

CLARISSE: - Com licença.
DIOGO (feliz): - Clarisse! Que bom ver você! O que aconteceu? Você sumiu! Não deu notícias! Eu liguei pra você, mas não consegui contato...
CLARISSE: - Está tudo bem, Diogo.
DIOGO: - Nossa, como você faz falta aqui na imobiliária...
CLARISSE: - Bom saber disso, Diogo. Mas eu preciso falar uma coisa para você.
DIOGO: - Fala, pode falar.
CLARISSE: - Eu vou ter que deixar meu emprego.
DIOGO: - Como é que é?
CLARISSE: - Isso mesmo, Diogo. Eu vou ter que sair da imobiliária.

Diogo fica incrédulo diante da revelação de Clarisse.

CENA 34. CALÇADÃO PRAIA REAL. EXT. DIA.

     Alice e Matheus caminham pelo calçadão.

ALICE: - Eu vou rezar muito para que você consiga ficar por aqui, Matheus.
MATHEUS: - Obrigado, meu amor. Se Deus quiser, eu não irei para Londres e nós ficaremos juntos para sempre.

Os dois seguem caminhando, quando Alice sente um mal estar. Matheus percebe.

MATHEUS: - O que foi Alice? Está tudo bem?
ALICE: - Está sim, tudo legal...
MATHEUS: - Não está não, você está pálida...
ALICE: - Não é nada, eu estou bem...
MATHEUS: - Tem certeza?
ALICE: - Tenho, claro que tenho...
MATHEUS: - De qualquer forma, eu vou te levar pr restaurante.
ALICE: - Tudo bem, obrigada.              

Os dois seguem para o restaurante Maresia.

CENA 35. BEST FISH. CORREDOR. INT. DIA.

     Leandro e Mônica se encontram no corredor.

LEANDRO: - Você estava ótima, assessorando o doutor Alberto na reunião hoje, Mônica.
MÔNICA: - Só estava fazendo o meu serviço. Sou uma pessoa muito dedicada no que faz.
LEANDRO: - Dedicada? Sei bem a sua dedicação...
MÔNICA: - Ih, Leandro, não estou te entendo...
LEANDRO: - Ah não? Pensa que eu não vi, você toda atenciosa com o chefinho.
MÔNICA: - Ah, Leandro. Não me diga que você está com ciúmes...
LEANDRO: - Eu? Com ciúmes? Claro que não!
MÔNICA: - Aham, sei...
LEANDRO (se aproximando de Mônica): - Claro que não tenho ciúmes... eu me garanto, queridinha...
MÔNICA (se aproximando de Leandro): - Ah, você se garante, é?
LEANDRO: - Me garanto sim...

     Os dois ficam frente a frente, cara a cara, quase se beijando quando são Marina surge no corredor. Os dois disfarçam.

MARINA: - Mônica! Ainda bem que eu encontrei você.. Pode vir até a minha sala, por favor?
MÔNICA: - Claro, dona Marina. Estou indo.

     Os dois se afastam. Mônica vira-se e pisca o olho para Leandro, que retribui.

CENA 36. SHOPPING. AREA DE ALIMENTAÇÃO. INT. DIA.

     Rúbia e Patrícia conversam.

PATRÍCIA: - Comprei uma blusa linda para usar na viagem!
RÚBIA: - Eu também comprei algumas coisas. Tem uma calça aqui que custou mais de 2 mil reais.
PATRÍCIA: - Nossa, que tudo! Deve ser linda!
RÚBIA: - É maravilhosa!
PATRÍCIA: - Rúbia, eu estou tão ansiosa pela nossa viagem! Até parece que a grávida sou eu!
RÚBIA: - Mas eu também estou uma pilha de ansiedade!... Mas olha só, eu não quero ir pra lá só pra comprar as coisas pro bebê não. Quero curtir a noite, ir naquelas casas noturnas maravilhosas, aproveitar tudo o que eu posso!
PATRÍCIA: - Nossa! Até parece que está solteira...
RÚBIA: - Solteira eu não estou, mas lá, eu estarei sozinha... Vou ter que aproveitar muito para não me sentir carente... Não dá pra ficar só no hotel, né?

As duas riem.

RÚBIA: - Por falar em hotel, Paty, você nem imagina o que eu vi hoje.
PATRÍCIA: - Não imagino mesmo... Fala aí, o que foi?
RÚBIA: - Quando eu estava vindo pra cá, passei de carro em frente à um hotel, bem bacana até.
PATRÍCIA: - Sim e daí?
RÚBIA; - E daí que quando eu menos esperava, a minha sogra estava saindo lá de dentro.
PATRÍCIA: - A Tânia? Mas o que ela estava fazendo no hotel?
RÚBIA: - Ai é que está... ela saiu cedo de casa hoje. Disse até que almoçaria fora e tudo. Mas eu acho estranho, porque ela fala muito de uma amiga dela, uma tal de Helena, mas pelo o que eu saiba e que eles falam lá na mansão, essa Helena mora num casarão perto da praia e não num hotel.
PATRÍCIA: - Nossa, que história esquisita...
RÚBIA: - Muito... Mas olha só, segredo nosso, ok?
PATRÍCIA: - Claro, pode deixar.

CENA 37. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. DIA.

     Alice entra no salão com a aparência cansada. Brenda percebe e se aproxima da amiga.

BRENDA; - O que foi Alice? Está tudo bem?
ALICE: - O Matheus já foi embora?

Brenda observa na porta.

BRENDA: - Já foi sim, mas porque está perguntando? Você quer falar com ele?
ALICE: - Não, por favor!... Brenda, eu preciso da sua ajuda. A gente pode ir lá pra dentro, conversar?
BRENDA: - Claro, vamos sim.

As duas seguem para dentro de casa.

CENA 38. CASA BRENDA. QUARTO ALICE. INT. DIA.

Brenda e Alice conversam.

BRENDA (surpresa): - Grávida?!
ALICE: - Eu não sei! Ainda não tenho certeza... Mas eu me senti muito enjoada, como nunca eu estive antes... É um enjôo diferente...
BRENDA: - Alice... Mas você se protegeu quando dormiu com o Matheus?
ALICE: - Não...
BRENDA: - Como não Alice! Tem que usar camisinha sempre!
ALICE: - Eu sei, mas na hora não tinha, e aí aconteceu... Ai Brenda, eu estou com medo!...
BRENDA: - Calma, não vamos ficar preocupadas a toa... Vamos fazer assim, eu vou até a farmácia, compro um teste de gravidez pra você, você faz e aí a gente vê se você está grávida ou não. Enquanto isso, você fica aqui.
ALICE: - Tudo bem. Obrigada amiga.
BRENDA: - Não precisa agradecer não... Vou indo lá. Me espera aqui!

Brenda sai. Alice fica apreensiva.

CENA 39. IMOBILIÁRIA. SALA DIOGO. INT. DIA.

     Diogo e Clarisse conversam.

DIOGO: - Não, Clarisse, você não pode estar falando sério...
CLARISSE: - Estou Diogo, eu estou.
DIOGO: - Mas como? Por quê?...
CLARISSE: - Eu sei que é triste, mas eu preciso fazer isso.
DIOGO: - É por causa do seu marido, não é?
CLARISSE: - É. O Charles não aceita que eu trabalhe. Ele não entende a nossa amizade.
DIOGO: - Amizade?
CLARISSE: - Isso também é um dos motivos para que eu não fique mais aqui. Eu sou uma mulher casada, preciso honrar meu compromisso e eu sei que se eu continuar aqui, não irei cumprir isso.
DIOGO: - Você está falando do nosso envolvimento, é isso?
CLARISSE: - Olha Diogo, você é uma pessoa muito querida, muito especial. Me ajudou muito aqui dentro, mas os sentimentos entre nós se confundiram e...
DIOGO: - E nós acabamos gostando um do outro.
CLARISSE: - E isso não pode ir adiante, infelizmente.
DIOGO: - Mas Clarisse, a gente dá um jeito nessa história.
CLARISSE: - Melhor não, Diogo. Eu já tomei a minha decisão.
DIOGO: - Tem certeza de que é isso que você quer?
CLARISSE: - Tenho sim.
DIOGO: - Mas não há nada que eu possa fazer para reverter isso?
CLARISSE: - Não Diogo. Minha decisão já está tomada.   
DIOGO: - Já que eu não posso fazer nada para que você mude de ideia, só me resta desejar boa sorte para você. E felicidade na sua vida.
CLARISSE: - Obrigada.
DIOGO: - Bom, eu te acompanho até a porta.

     Os dois seguem até a porta da sala. Antes de se despedirem, se olham profundamente e se beijam.

CLARISSE: - Não Diogo. Não mais, por favor.
DIOGO: - Tudo bem. Adeus.
CLARISSE: - Adeus.

     Clarisse vai embora. Diogo fecha a porta, entristecido.

CENA 40. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER. / CASA SÔNIA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Imagens de Praia Real ao anoitecer. Imagens da cidade à noite. Corta para casa de Sônia. Adriano está no sofá, lendo uma revista quando Sônia se aproxima.

ADRIANO: - Oi meu amor. Não percebi que você esta aí. Estava concentrado aqui, lendo essa revista. É ótima, viu?
SÔNIA: - É mesmo? Que legal.
ADRIANO: - Tem umas reportagens bem interessantes sobre turismo, viagens. Até pensei que a gente pudesse fazer alguma, depois que o resort ficar pronto... sei lá, ir para o exterior, uma viagem longa, uns dois, três meses fora... Que tal?
SÔNIA: - Nossa, tanto tempo assim?
ADRIANO: - Bastante tempo, né? Ah, mas vai ser bom, como se fosse uma lua-de-mel...
SÔNIA: - É, talvez... mas meu amor, eu queria falar com você. Uma coisa muito séria, muito importante.
ADRIANO (lendo a revista): - Claro, pode dizer.
SÔNIA: - Não Adriano, eu preciso que você preste atenção em mim, por favor. É muito sério mesmo o que eu tenho pra falar com você.

Sônia senta-se no sofá, ao lado dele.

ADRIANO: - E então, o que você tem para falar comigo?
SÔNIA: - Eu pensei muito, demorei muito tempo para criar coragem, para me sentir segura para falar sobre isso com você.
ADRIANO: - Nossa, é tão sério assim então?
SÔNIA: - É muito sério... Eu nem sei como começar isso...
ADRIANO: - Calma, não precisa ter medo, ter pressa... Isso que você quer me falar envolve você, envolve a gente...?
SÔNIA: - Envolve a mim e mais pessoas...
ADRIANO: - Que pessoas?
SÔNIA; - Minha filha.
ADRIANO (surpreso): - O quê?!
SÔNIA: - Eu sou mãe. Eu tenho uma filha, Adriano.

Adriano fica surpreso com a revelação de Sônia.

CENA 41. CASA HENRIQUE. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Silvana chega em casa com um envelope nas mãos. Ela senta-se no sofá, apreensiva, nervosa, segurando fortemente o envelope.

SILVANA: - Chegou a hora da verdade.

Silvana abre o envelope e pega o resultado dos exames. Ela lê atentamente os documentos. Ela para por um instante. Deixa cair os papéis no chão. Silvana se levanta rapidamente do sofá, anda de um lado a outro da sala. Começa a chorar, aflita. Ela pega os papéis do chão novamente e os lê novamente.

SILVANA: - Meu Deus do Céu!

Silvana chora, sentando-se no sofá.

CENA 42. CASA BRENDA. QUARTO ALICE. INT. NOITE.

     Brenda espera por Alice no quarto. Brenda está nervosa, ansiosa. De repente, Alice entra no quarto, com o teste de gravidez nas mãos.

BRENDA; - E então Alice? Qual foi o resultado?
ALICE: - Deu positivo, Brenda. Eu estou grávida.

As duas se olham apreensivas.

               FIM DO CAPÍTULO


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