CAPÍTULO 003
CENA
1/ MANSÃO DE CAROLINA/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Continuação
imediata da última cena do capítulo anterior; Carolina
assustada. Seus olhos começam a encherem de lágrimas. O corpo a parte estirado
no chão/
CAROLINA - (chorando) Meu Deus!
Isso não pode estar acontecendo!
Carolina,
rapidamente, pega o celular em sua bolsa, e disca.
CAROLINA - (tel./ assustada) Alô?!
Polícia... Polícia! Por favor, eu vou passar o endereço, mas, por favor, me
salva! Aconteceu um assassinato na minha casa! Carolina... Carolina Pasteur!
Venham o mais rápido possível, pelo amor de Deus! Eu estou desesperada!
Foca no
rosto de desespero de Carolina/
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CENA 2/
APTO. DE MAYA/ NOITE/ INT./ QUARTO DE MAYA.
Quarto
pequeno, mas confortável. Uma cama boxe no meio dele, um imenso guarda-roupa, e
uma TV na parede.
Maya entra
no quarto, e se joga na cama. Cansada, ela aos poucos vai tirando seus sapatos/
MAYA - Meu Deus... Que dia mais cansativo.
Os meus pés já estão doendo.
Maya pega o
controle, que está em cima de sua cama, e liga a TV.
A TV começa
a mostrar imagens da mansão de Carolina. Maya se assusta/
MAYA - (cont./ espantada) Como? Mataram
um homem na casa da minha irmã! Gente! Não é possível! Eu vou ir para lá agora!
Maya veste
rapidamente os seus sapatos, pega a sua bolsa e sai correndo do quarto/
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CENA 3/
MANSÃO DE CAROLINA/ NOITE/ EXT./ FACHADA.
Vários
fotógrafos, peritos e policiais no local. O corpo de Olavo ainda na casa.
Carolina chora e observa todo movimento de entra e sai de sua casa. Vizinhos na
rua. Maya para sua 4x4 preta, e corre em direção à irmã/
MAYA - (assustada) Pelo amor
de Deus! Me conta o que aconteceu, Carolina!
CAROLINA - (chorando) Eu não sei! Eu não sei! Eu o
encontrei estirado na sala da minha casa... Eu não estava presente no momento
do crime... Eu estava cuidando do papai! Algo me diz que essa morte era pra
mim, Maya... Pra mim!
MAYA - (segurando Carolina) Carolina...
Fica calma! Primeiramente é o que eu estou lhe pedindo... Você precisa ficar
calma! Só assim eu vou conseguir resolver essa história! Você vai para o meu
apartamento... Depois você vai depor, por mais que não saiba de nada, vai ir
até a delegacia e dizer onde você estava no momento do crime!
Maya deixa
Carolina, e segue em direção à porta da casa. Um policial parado na porta/
MAYA - (ao policial) Olá... Eu
sou a delegada Maya Pasteur, que por coincidência ou não, é a dona dessa casa!
POLICIAL - (a Maya) Dra. Maya, como à senhora
deve saber, a situação está bem crítica para o lado da sua irmã. A morte desse
homem pode acarretar um processo nas costas de sua irmã, o que pode fazer com
que ela seja presa! Nós encontramos uma faca dentro da residência, e isso pode
auxiliar a vermos as impressões digitais da pessoa que realizou as facadas!
MAYA - Sim... O senhor tem toda razão!
Pelo crime ter acontecido na casa dela, os indícios apontam que ela é a culpada
do crime, mas isso vai se reverter... A Carolina estava na casa dos meus pais
quando aconteceram as facadas! Amanhã ela irá comigo até a delegacia, e
prestará o seu depoimento!
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CENA 4/
APTO. DE MAYA/ NOITE/ INT./ QUARTO DE MAYA.
Maya e
Carolina entram no cômodo. Carolina se deita na cama. Maya fica sentada.
MAYA - Durma bem! Amanhã teremos que ir
bem cedo até a delegacia!
CAROLINA - Não há como dormir bem, Maya. Uma
pessoa entrou na minha casa, matou um homem inocente, que sequer tenha feito
algo, porque disso eu tenho certeza, e eu dormir bem? Uma tarefa difícil!
MAYA - (desconfiada) Tem uma
coisa que me intriga muito, sabia?!
CAROLINA - O que?
MAYA - O que esse homem fazia na sua casa?
CAROLINA - (intrigada) Uma boa
pergunta! Olavo era meu amigo, mas é muito intrigante o fato de que ele naquela
hora da noite esteja na minha casa! O pior... Como ele conseguiu entrar na
minha casa?!
Intrigadas,
as duas se encaram/
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CENA 5/
MANSÃO DOS PASTEUR/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Orlando
estava com a TV ligada, mas desliga-a./
ORLANDO - (raivoso) Isso é um verdadeiro
absurdo! Entrar na casa da minha filha para simplesmente matar um homem
inocente, e ainda colocar a culpa nela!
Rebecca
desce as escadas, e encara Orlando. Ela se assusta/
REBECCA - Do que você está resmungando aí,
Orlando?!
ORLANDO - Um homem inocente... Mais um homem
inocente! E agora, sendo morto na casa de nossa filha!
Rebecca
solta uma alta gargalhada, e continua encarando Orlando/
REBECCA - Nossa filha? Nossa filha? Você
muito mais do que eu sabe que a Carolina não é nossa filha! É filha daquela
putinha, incompetente que morreu no parto... Aliás, por sua culpa, né? Ou você
já havia se esquecido desse detalhe?
ORLANDO - (com raiva) Olha aqui...
Você não ouse... Nunca! Citar isso novamente! Por que se você um dia abrir essa
sua boca e falar isso para alguém, quem estará comprando uma grande briga será
você! Eu sei muito podre dessa sua vida... Não fui eu! Não fui eu que matei
dois inocentes por puro ciúme!
Rebecca
vira um tapa na cara de Orlando, que a encara com ódio.
REBECCA - Acho que você já está se
esquecendo, Orlando... Deve estar se esquecendo de que eu tenho o poder de te
mandar para o quinto dos infernos! Acho melhor você ficar mais ligado! Vou ir
tomar meu banho, que assim eu lucro mais... E quer saber? Eu estou pouco me
lixando para a Carolina... Se ela for presa? Se ela for presa deve realmente
ter sido aquela vadia que deve ter matado aquele coxinha do Olavo!
TENSÃO!!!
Rebecca se assusta. Orlando intrigado/
ORLANDO - O que? Então você já sabe?
REBECCA - As notícias correm... Ou você acha
que nessa cadeira de rodas você saberá das coisas antes do que eu?! Eu estou
aqui de pé... De cabeça erguida!
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CENA 6/
MANSÃO DOS COSTA DUTRA/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Algumas
luzes da sala acesas. Olga, já com camisola, desce as escadas lentamente com
uma taça de vinho na mão. Ela vai até o criado-mudo, e pega uma caixinha de
música, com uma bailarina, e aperta um botão. A caixinha começa a tocar “Águas
de Março” instrumental. Ela se senta no sofá, e escuta. Tadeu desce as escadas
em seguida, e se senta ao lado da mãe/
TADEU - Que coisa linda, mãe!
OLGA - É sim, meu filho! Essa bailarina...
Ela me faz lembrar muito o seu pai! Me faz lembrar de quando ele me deu essa
caixinha de música... Nós havíamos acabado de nos conhecer. Quando ele morreu,
parece que me deixou um vazio. Eu fiquei sem saber o que fazer... Sem saber
para onde ir! De mim só restava tristeza... Talvez porque eu não vivi os anos
que eu poderia viver feliz ao lado do seu pai. Por pura perseguição do seu avô!
Agora ele está aí, sozinho, mas eu ainda de pé, cuidando dele... Meu filho, o
seu avô pode ser tudo, mas sempre foi um bom pai! Eu não posso ser hipócrita e
negar tudo isso! Aliás, Tadeu, você sabe muito bem... Hipocrisia nunca está em
meu dicionário!
TADEU - Eu sei muito bem, mãe! Eu entendo
tudo o que você sente... Às vezes eu me sinto assim... Me sinto preso! Sei
lá... É algo complicado, mamãe. Nós nos sentimos como se estivéssemos com os
pés cravados em terra, e quando algo concreto aparecesse em nossas vidas, nós
teríamos que nos levantar, ou teríamos nossos pés arrancados! É muito
complicado o que a gente vive... É muito complicado o que a gente sente!
Tadeu e Olga
se abraçam. Ambos emocionados/
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CENA 7/
STOCK-SHOTS/ NOITE-DIA.
Sonoplastia – RESPOSTA AO TEMPO – Nana Caymmi.
Imagens
aéreas do amanhecer na capital do Rio de Janeiro.
CENA 8/
DELEGACIA/ DIA/ INT./ SALA DO DELEGADO.
O delegado
sentado em sua mesa olhando alguns papéis. Maya e Carolina aparecem na porta.
Ele sinaliza para elas entrarem. As duas ficam de frente ao delegado/
MAYA - Eu preferi que o senhor colhesse o
depoimento da Carolina, Dr. Carlos. Seria muito complicado, talvez por nosso
parentesco, tirar algo da boca dela... Eu sei que seria!
CARLOS - A senhora tem toda razão... É
melhor que uma pessoa de fora tente entender a situação. Talvez algo que poderá
ser dito aqui possa ser muito útil, e ela poderia vetar isso de você.
MAYA - Agora deixe-me ir... Tenho que
resolver algumas coisinhas, e logo depois volto até aqui para buscar a minha
irmã... Com licença!
Maya sai da
sala. Carolina se senta a frente do delegado/
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CENA 9/
MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT/ QUARTO DE REBECCA.
Rebecca,
ainda com camisola, acorda, e fica sentada na cama. Ela começa a se lembrar/
“Um homem ABRE a porta, e Rebecca ENTRA na sala (escura e sombria)
com cofres, que mais parecem gavetas.
HOMEM - Na segunda gaveta, senhora. Olha, pode ficar tranquila, os cofres
são medidas bem seguras para que não haja nenhuma invasão tecnológica!
REBECCA - Por favor, agora eu prefiro que o senhor se retire! O que tem nesse
cofre é muito mais valioso do que você imagina.
O homem sai da sala, e fecha-a. Um enorme ECO no momento em que a
porta se fecha. Rebecca localiza a sequência 1408. O cofre se abre. Vários
bolos de dinheiro. Os olhos de Rebecca brilhando, refletindo todo dinheiro. Ela
pega um bolo de dinheiro nas mãos, e o aperta fundo/
REBECCA - (sussurrando/
emocionada) EU ESTOU AINDA MAIS RICA!
A câmera se aproxima no olhar doentio de Rebecca/”
REBECCA - (sussurrando) Eu
preciso dar um jeito de derrubar aquela desgraçada da Carolina de vez... Eu não
posso deixar que tudo o que eu fiz no passado venha à tona. Estou fazendo o
possível para que não rolem ainda mais cabeças!
Rebecca
se levanta, e segue em direção ao banheiro que se situa no quarto. Minutos
depois, ela sai já vestida com um vestido vermelho, e pega seu celular no
criado-mudo ao lado da cama/
FOCA
apenas nos LÁBIOS de Rebecca.
REBECCA - (tel.) Alô?! Eu quero te
ver... Eu preciso me encontrar com você! Já faz mais de dez anos que estou no
Brasil, e ainda não consegui falar contigo! Por favor, me encontre daqui a
pouco, sem falta, na Biblioteca Municipal! Precisamos conversar!
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CENA
10/ CARRO DE MAYA/ DIA/ INT.
Rebecca
dirige a caminhonete. Carolina, em silêncio, sentada no banco ao lado/
MAYA - Está tudo bem?
CAROLINA - E como poderia estar Maya?
Eu sou uma médica, deveria estar firme, mas eu não consigo tirar da minha
cabeça a imagem daquele homem estirado no chão da minha casa!
MAYA - Entendo! Agora... Vamos
para casa, lá você descansa e aí a gente conversa melhor... Está bem?
CAROLINA - Está bem!
O
carro segue. Imagem aérea do carro seguindo/
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CENA
11/ BIBLIOTECA/ DIA/ INT.
Grandes
estantes, todas lotadas de livros. Rebecca com uma bolsa a tira colo segue
olhando para os lados, como se estivesse com medo de uma perseguição. Ela
continua seguindo, até que chega perto de uma mesa, e se senta.
PLANO AMERICANO. Um homem segue lentamente. É possível
ouvir o barulho de seus passos. Ele se senta a frente de Rebecca.
A CÂMERA FOCA no rosto do homem, que lentamente vai
ficando visível. É Herbert.
HERBERT - O que queria falar comigo?
REBECCA - Quanto tempo... Quanto
tempo, Herbert Costa Lima! Aliás, que facilidade pra mudar de nome, hein? De
Stênio, passou a se chamar Herbert!
HERBERT - Foi questão de
sobrevivência, Rebecca. Você sabe das situações que passei, das ameaças que
recebi. Eu não poderia continuar com um nome tão manchado graças a você!
REBECCA - (ri disfarçadamente) As
circunstâncias me fizeram tomar as atitudes que tomei no passado, Herbert. Você
quase colocou o nosso plano por água abaixo. Eu não poderia deixar você
estragar tudo!
HERBERT - Agora fale... Eu sei que
não é por isso que você me chamou até aqui. Tem algo muito mais importante do
que falar do passado!
REBECCA - Eu quero saber como está o
meu filho, Herbert!
Herbert
ri e encara Rebecca/
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CENA
12/ APTO. DE MAYA/ DIA/ INT/ SALA DE ESTAR.
Carolina
e Maya ENTRAM no apartamento. A primeira se joga no sofá. Maya vai até a
cozinha, que é conjugada a sala. Ela abre a geladeira, tira uma garrafa com
água, e despeja em um copo.
Maya
vai até a sala, entrega o copo nas mãos de Carolina, e se senta ao lado da
irmã, observando-a e esperando que ela beba a água. Carolina bebe a água, e
entrega o copo a Maya.
MAYA - Quer desabafar?
CAROLINA - O Olavo já me perseguia há
algum tempo, Maya!
MAYA - Oi?
CAROLINA - Ele sempre me dizia que
iria se separar da mulher dele para viver comigo, Maya. O fato é que nunca
levei nada a sério. Eu achava que todas aquelas histórias de que ele queria se
casar comigo, não se passassem de brincadeiras. Só Deus sabe o que ele não
queria fazer na minha casa, naquela hora da noite!
MAYA - Você tem razão... Mas você
disse isso ao delegado?
CAROLINA - Sim!
MAYA - Você sabe que isso pode te
complicar ainda mais, né?!
CAROLINA - Sim, eu sei, mas eu fiz a
minha parte!
MAYA - O delegado me disse que
conseguiu contato com a mulher do falecido...
CAROLINA - Ele já havia comentado
sobre ela... O nome dela é./
MAYA - (corta) Valéria...
O nome dela é Valéria! E se prepare, a ira dessa mulher, com certeza, irá se
virá toda contra você!
CAROLINA - O mundo vai cair nas
minhas costas, se já não está caindo!
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CENA
13/ BIBLIOTECA/ DIA/ INT.
Os
dois se encaram. Rebecca fica em silêncio por segundos/
REBECCA - Vai me privar dessa
informação, Dr. Herbert Costa Lima?
HERBERT - O seu filho está muito
bem... Aliás, muito melhor do que se estivesse com você, Rebecca. Na verdade,
ele vem sendo muito bem criado pela esposa traída! Recebeu amor de verdade da
mulher que ele pensa ser sua mãe, mas não passa de uma coitada que acabou
assumindo o erro da vida de seu finado marido!
REBECCA - Seria muito difícil eu
criar o Tadeu, Herbert...
HERBERT - (corta) Não precisa ficar
dizendo isso toda vez que nos encontramos... Rebecca, o Tadeu já cresceu, está
um lindo e forte rapaz, tem a sua vida própria, não depende mais de você!
REBECCA - Eu sei muito bem disso,
Herbert!
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CENA
14/ MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT/ SALA DE ESTAR.
Orlando
em silêncio na cadeira de rodas assistindo TV. Maya entra furiosa na mansão.
Orlando se assusta/
ORLANDO - O que foi, Maya? Aconteceu
alguma coisa?
MAYA - (nervosa) Eu
quero saber onde está a mamãe!
ORLANDO - Ela saiu... É algo grave?
Eu posso resolver?
MAYA - Não... Não é algo grave!
Eu preciso muito falar com ela... É a respeito da minha irmã!
ORLANDO - Sente aí... Ela já deve
estar chegando!
Maya
se senta no sofá. Orlando, intrigado, olhando para ela.
Corta para:
CENA
15/ STOCK-SHOTS/ DIA-NOITE.
Imagens
aéreas da cidade do Rio de Janeiro.
A CÂMERA LEVA até a mansão dos Pasteur;
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CENA
16/ MANSÃO DOS PASTEUR/ NOITE/ INT/ SALA DE ESTAR.
Maya
sentada no sofá, com uma afeição de raiva. Rebecca entra na sala de estar.
A CÂMERA FOCA no rosto de Maya com raiva. Rebecca
estranha/
REBECCA - Aconteceu alguma coisa por
aqui? A que devo a sua ilustre presença, minha filha?!
MAYA - Podemos conversar?
REBECCA - Sim... Claro, aliás, pode
começar a falar!
MAYA - A conversa que quero ter
com a senhora é em particular. O meu pai não é obrigado a ouvir isso!
REBECCA - Então vamos até o meu
quarto!
Rebecca
e Maya sobem as escadas, respectivamente. Orlando estranha a situação, e fica
intrigado/
Corta para:
CENA
17/ MANSÃO DOS PASTEUR/ NOITE/ INT/ QUARTO DE REBECCA.
Rebecca
e Maya entram no quarto. Maya se senta na cama. Rebecca permanece de pé/
REBECCA - Agora vamos... Diga o que
quer dizer! Não há nada que a impeça!
MAYA - Eu estou completamente
indignada com o que a senhora fez com sua própria filha! Mamãe, a senhora
simplesmente entregou uma filha para a adoção!
A CÂMERA FOCA em Rebecca assustada com a notícia/
FLASHBACK 1. MANSÃO DOS PASTEUR. INT. QUARTO DE REBECCA.
SOBE A LEGENDA: DOIS DIAS ATRÁS!
Maya entra no quarto de Rebecca, e fica a procurar a mesma/
MAYA - Mãe? A senhora está aí?
Saindo do quarto, Maya pisa em algo. Ela olha para baixo e vê uma
foto de um bebê de aproximadamente poucos meses, e ao virar a foto lê uma
dedicatória.
QUERIDA
FILHA,
Meu amor
por você será sempre imenso, mas foi preciso que você fosse embora dos meus
braços para que eu viva minha vida normalmente.
Te amo
sempre!
DE:
REBECCA
PARA: MIRANDA.
Volta
ao tempo normal. Rebecca chorando. Maya encarando-a com raiva/
MAYA - Agora você vai ficar
calada... Fala!
REBECCA - (chorando) Eu
fui obrigada a fazer tudo aquilo, Maya. Você não sabe da metade das coisas que
eu já sofri!
MAYA - Você não podia ter
escondido isso da gente... Não poderia ter escondido que tinha uma filha... Que
essa Miranda é a sua filha mais velha!
REBECCA - As últimas notícias que
tive da Miranda apontam que ela já havia morrido. Sofri calada, Maya! Não pude
revelar isso a ninguém! Me perdoe!
Maya
fica pensativa, encara a mãe. Uma lágrima desce de seus olhos, mas ela limpa
rapidamente/
MAYA - Apesar de tudo, você é
minha mãe... Eu sempre vou te perdoar!
As
duas se abraçam fortemente/
Corta para:
CENA
18/ IML/ NOITE/ INT.
Local escuro.
PLANO AMERICANO. Uma mulher usando salto anda
lentamente. O barulho do salto ecoa.
A CÂMERA SOBE e centraliza no rosto da mulher.
Valéria (cabelos castanhos, belo corpo, olhos castanhos, vestido preto grudado
ao corpo) vai até um homem. Ela segura um lenço. O local tem várias gavetas.
O
homem puxa uma gaveta e se vê o corpo de Olavo, já com a boca bem
esbranquiçada. Valéria desaba em choro.
VALÉRIA - (chorando) Sim...
É meu marido! Esse homem é meu marido!
CORTE DESCONTÍNUO: Valéria na recepção assinando uns
papéis.
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CENA
19/ EMPRESA PASTEUR BRASIL/ NOITE/ INT/ RECEPÇÃO.
Gioconda
na recepção. Valéria aparece saindo de um elevador e vai em direção a ela/
VALÉRIA - Oi!
GIOCONDA - Será que a senhora poderia
voltar amanhã. Já estamos fechando. Só estou eu aqui!
VALÉRIA - Infelizmente não posso...
O que eu quero é simples! Eu sou uma amiga pessoal de Carolina Pasteur, além de
ser empresária e querer arrumar uma parceria. Eu preciso muito falar com ela,
mas não sei onde ela está. Fiquei sabendo que houve um problema na casa dela, e
ela estaria morando com a irmã. Será que a senhora poderia me passar o endereço
da casa da irmã dela?
GIOCONDA - (desconfiada) A
senhora é realmente amiga dela?
VALÉRIA - Sim, claro!
Gioconda
pega um papel e começa a anotar o telefone. Valéria observa o local.
Gioconda
entrega o papel nas mãos de Valéria/
VALÉRIA - (com o papel na mão) Muito
obrigada... Até mais!
Valéria
entra no elevador. Gioconda fica olhando assustada.
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CENA
20/ APTO. DE DEMÉTRIUS/ NOITE/ INT/ SALA DE ESTAR.
Demétrius,
sem camisa, estirado no sofá tomando uma cerveja. Ele pega o seu celular e vê o
número de Tadeu. Fica pensativo, mas liga/
DEMÉTRIUS - (tel.) Alô?! Fala garoto!
Aqui é o Demétrius... Já se esqueceu? Ah... Que bom! Que tal você vir aqui na
minha casa! Anota aí o endereço!
CORTE DESCONTÍNEO: Toca a campainha. Demétrius se levanta
e atende a porta. Tadeu, vestido com um terno preto, entra na casa.
DEMÉTRIUS - Poxa... Que droga, véi!
Esqueci de te avisar que era pra vim com uma roupa que fosse mais fácil de
tirar!
TADEU - Ah... Então era pra isso
que você tinha me chamado? E eu pensando que você tinha sentido a minha falta!
Demétrius
puxa Tadeu. Rola um clima. Os dois se beijam calorosamente.
DEMÉTRIUS - Eu não consigo te
esquecer... Esquecer a tua boca, o teu olhar!
TADEU - Eu também não!
Os
dois se beijam novamente. Demétrius começa a tirar a roupa de Tadeu.
CORTE DESCONTÍNUO: Tadeu e Demétrius deitados na cama. Os
dois rindo e respirando ofegante/
TADEU - Estou com pena de mim
mesmo!
DEMÉTRIUS - Pena de que?!
TADEU - Imagine se eu tiver que
aguentar isso todos os dias! Eu vou morrer!
Os
dois começam a rir/
DEMÉTRIUS - Quer namorar comigo?
TADEU - O que? Cê tá maluco?
DEMÉTRIUS - Eu nunca estive tão certo
na minha vida!
TADEU - Se a minha mãe descobre...
Estou morto!
DEMÉTRIUS - Ninguém precisa descobrir!
Tadeu
vira para o lado e beija Demétrius/
DEMÉTRIUS - Não vai me responder?
TADEU - Eu acho que já te
respondi!
Corta para:
CENA
21/ APTO. DE MAYA/ NOITE/ INT/ SALA DE ESTAR.
A
campainha toca. Carolina na cozinha vai em direção à sala para atender a porta/
CAROLINA - Deve ser a Maya!
Carolina
atende a porta e dá de cara com Valéria, com um sorriso cínico no rosto.
CAROLINA - (estranhando) Me
desculpe, mas quem é você?
VALÉRIA - Sou a mulher do homem que
você matou!
CAROLINA - Como?
As
duas se encaram. Carolina sem saber o que está acontecendo. Valéria com ódio/
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