Capítulo 40: Mar da Vida

CENA 01. IGREJA SÃO JOSÉ. SACRISTIA. INT. DIA.

     Continuação do capítulo anterior. César dá um tapa em Rúbia. Ele está visivelmente enfurecido, irritado.

RÚBIA (com a mão sobre o rosto / surpresa): - César?! Você... Você me bateu!

CÉSAR (irritado): - Você me fez de bobo esse tempo todo, Rúbia!

     Cadu parte para cima de Rúbia novamente, dando tapas nela, pelo corpo. Rúbia tenta se defender, enquanto apanha.

RÚBIA (se defendendo): - Para César! Chega! Para por favor!

CÉSAR (batendo em Rúbia): - Traidora! Ingrata!

     Rúbia consegue se afastar de César.

RÚBIA (chorando): - Para com isso, por favor!

CÉSAR (irado / indignado): - Por que você fez isso comigo, Rúbia! Por quê?

RÚBIA: - Eu fiz por amor, César! Eu amo você, querido!

CÉSAR: - Isso não é amor, Rúbia! Ninguém ama uma pessoa desse jeito, enganando, traindo!...

RÚBIA: - Eu sempre amei você, César! Sempre! Mas depois que a Brenda começou a dar em cima de você, eu precisava defender você dela!

CÉSAR: - Defender do quê?! A Brenda não tem culpa nenhuma nessa história! Muito pelo contrário. Ela, por várias vezes, pediu para eu ficar com você, pois ela não queria que você sofresse com a nossa separação... Mas acho que agora, depois de toda essa sua farsa, não há mais nada entre a gente.

RÚBIA; - Como não? Nós vamos nos casar, César!

CÉSAR: - Nós não vamos mais nos casar, Rúbia! Para com essa história louca! Chega! A sua farsa acabou, a máscara caiu!

     César vai indo em direção a porta, mas Rúbia o segura.

RÚBIA: - O que você vai fazer?

CÉSAR: - Eu vou lá dizer para todo mundo que não vai mais haver casamento.

     Rúbia se desespera. César a encara.

CENA 02. IGREJA SÃO JOSÉ. INT. DIA.

     Os convidados comentam a demora no casamento.

TÂNIA: - Não sei mais o que fazer! O César agora sumiu! A noivinha querida ainda não chegou!

ALBERTO: - Calma Tânia! Logo eles estarão  aqui.

TÂNIA: - Diga isso para os convidados então!

     Matilde e Joaquim se aproximam de Tânia e Alberto.

JOAQUIM: - Mas que demora é essa, hein? Nunca vi um casamento tão demorado!

MATILDE: - Será que o motorista errou o caminho da igreja?

ALBERTO: - Não, o Charles conhece a igreja, já veio aqui antes.

JOAQUIM: - Mas então porque a noiva está demorando tanto? Os convidados estão todos comentando a demora.

MATILDE: - E o César, onde está?

TÂNIA: - Também sumiu...

     Matilde se surpreende. Enquanto isso, Guto se aproxima de Brenda, num dos pontos da igreja.

GUTO: - Parece que o noivo também sumiu.

BRENDA; - Como assim, sumiu?

GUTO: - Sumiu! Ninguém sabe onde ele foi. A Rúbia não chegou ainda, o César sumiu... Só espero que ele não desista e deixe a noiva no altar.

BRENDA: - O César não vai desistir do casamento.

GUTO: - Você dizendo isso? Pensei que estivesse torcendo para ele deixar ela plantada no altar e fugir com você.

     Brenda olha séria para Guto, o repreendendo, e se afasta.

CENA 03. IGREJA SÃO JOSÉ. SACRISTIA. INT. DIA.

     Rúbia se desespera.

RÚBIA: - Não, César! Por favor, não faça isso?

CÉSAR: - E você quer que eu faça o quê? Que eu case com você mesmo depois de toda essa mentira que você inventou?

RÚBIA: - Pense um pouco, César! Se ponha no meu lugar! Você também seria capaz de uma loucura para ficar com alguém que você ama!

CÉSAR: - Loucura até tudo bem, mas não de uma mentira tão grande quanto essa, Rúbia! Você perdeu o bebê, forjou uma gravidez e queria que eu ficasse feliz ao seu lado, vivendo uma intensa mentira. É isso?

RÚBIA: - Se você não quiser se casar comigo por amor, eu entendo. Mas eu quero então que você se case comigo por outro motivo.

CÉSAR: - Que motivo?

RÚBIA; - Meu avós.

CÉSAR: - Mas o que os seus avós tem a ver com essa história?

RÚBIA: - Eles ficaram tão felizes com esse casamento, César. A primeira neta deles que se casa. Eles estão radiantes. Principalmente meu avô. Seria uma tragédia muito grande para ele saber que não haverá mais casamento assim, dessa forma.

     César fica a olhar Rúbia, que se emociona.

RÚBIA: - Ele sofre de problemas cardíacos, César! Não quero que nada de mal aconteça com ele, nem com a minha avó... Eu sei que eu errei, que fui burra, ingrata, traidora. Mas eles, César, eles te tem como filho. Você para eles é muito especial. Seria um golpe muito grande na vida deles. Por favor, César. Não faça por mim. Faça por eles. Faça por seus pais, que apostaram nessa união. Pelas pessoas que estão lá dentro da igreja, que depositaram todos os votos de felicidade para nós dois!... Por favor!

     César fica pensativo.

CENA 04. IGREJA SÃO JOSÉ. INT. DIA.

     O burburinho na igreja está alto. Todos falam da demora. Nesse instante, César entra na igreja e sobe o altar. Tânia vai encontrá-lo.

TÂNIA: - César! Onde você esteve! E a Rúbia, tem notícias? Ela ainda não chegou? Queira Deus que ela tenha desistido!

CÉSAR: - Ela vai entrar, mamãe.

TÂNIA (surpresa): - O quê?! Ela não desistiu? Então essa demora toda foi por quê?

     Nesse instante, as portas da igreja se abrem. Os convidados se levantam. CAM foca Rúbia na entrada da igreja, com seu vestido de noiva, um lindo buquê de rosas vermelhas. Carvalho vai até ela.

CARVALHO: - Como você demorou, minha filha.

RÚBIA: - Eu precisava desse tempo, papai.

CARVALHO: - Estava indecisa?

RÚBIA: - Estava agradecendo a Deus. E pelo visto, ele ouviu minhas preces.

     A marcha nupcial começa a tocar. Carvalho conduz Rúbia. Os dois passam pelo tapete vermelho erguido no corredor central da igreja, indo em direção ao altar. No altar, os padrinhos Brenda e Guto, Fredy e Lílian e Felipe e Patrícia, além de Matilde e Joaquim e Tânia e Alberto. César aguarda Rúbia, com a aparência um pouco fechada. Felipe comenta com Patrícia.

FELIPE: - Impressão minha, o César está com uma cara um pouco zangada?

PATRÍCIA: - Não... Acho que é impressão sua.

     Rúbia está emocionada. Carvalho também. Eles chegam ao altar. Carvalho entrega a mão de Rúbia à César. Rúbia sorri. César permanece sério. Os dois viram-se para o padre e se ajoelham. Os convidados sentam. O padre começa a cerimônia.

PADRE: - Irmãos e irmãs. Estamos aqui reunidos na casa do Senhor para testemunharmos a união entre essas duas pessoas que se amam e desejam viver unidas matrimonialmente pelas bênçãos de Deus...

     A cerimônia segue.

CENA 05. LONDRES. UNIVERSIDADE. CAMPUS. EXT. DIA.

     Matheus e Willian conversam, sentados num banco, no pátio da universidade.

MATHEUS; - Já faz um mês que eu estou aqui, sem saber notícias da minha namorada. Não sei mais o que eu faço.

NATANAEL: - Calma, cara. As coisas vão melhorar para você.

MATHEUS: - Espero que sim!... E você, o que vai fazer agora que você se formou?

NATANAEL: - Vou pegar meu avião e sair por aí, pelo mundo!

MATHEUS: - E seus pais sabem disso?

NATANAEL: - Claro que sabem! Foi o trato! Eu me formava e depois voaria... Eles só não sabem é que eu não pretendo assumir os negócios da família. Isso vai ser difícil resolver, cara.

MATHEUS: - É, pelo visto, você também tem uma barra pela frente...

NATANAEL: - Mas Matheus, eu acho que eu posso ajudar você cara.

MATHEUS (animado): - Ajudar? Como! Fala logo!

NATANAEL: - Calma, calma... Deixa comigo... Me espera aqui que eu já volto.

     Natanael sai. Matheus fica esperançoso.

CENA 06. IGREJA SÃO JOSÉ. INT. DIA.

     O padre termina a cerimônia de casamento de César e Rúbia.

PADRE: - E eu os declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.

     César e Rúbia se aproximam. Ela está animada. Ele dá apenas um selinho nela, que fica um tanto sem graça. César conduz Rúbia até a saída da igreja. Os convidados, de pé, aplaudem o casório.

CENA 07. IGREJA SÃO JOSÉ. EXT. DIA.

     Do lado de fora, os noivos vão saindo da igreja. Os convidados jogam arroz, os fotógrafos registram todos os momentos.

GUTO: - Foi uma cerimônia linda. Você não achou, Brenda?

BRENDA; - Foi sim, muito bonita.

MATILDE: - Eu estou curiosa para ver a decoração da festa, no resort! Espero que seja tão linda quanto a da igreja!

     Enquanto isso, os fotógrafos tiram fotos de César e Rúbia em frente a igreja. Rúbia estás empolgada, feliz. César tenta se animar. Num outro ponto, Vera, Cristina, Tomás e Leandro conversam.

CRISTINA: - Essa cerimônia linda me fez lembrar o nosso casamento, Tomás. Me senti tão feliz!

TOMÁS: - É mesmo querida, que ótimo!

     Os dois se beijam.

VERA: - Realmente, a cerimônia estava linda! Pra ninguém botar defeito.

LEANDRO: - A única coisa ruim que eu achei foi a demora da noiva. Nunca vi noiva tão demorada como essa!

TOMÁS: - Deve ter se atrasado no salão, sei lá.

CRISTINA: - Mas eu acho melhor nós irmos indo para o resort, senão chegaremos atrasados na festa.

CENA 08. RESORT COSTA D’OURO. INT. DIA.

     CAM mostra plano geral do resort Costa D’Ouro, do grupo Guimarães, de Adriano. Belas instalações, de elevado padrão de requinte e bom gosto.

CENA 09. RESORT COSTA D’OURO. SALÃO DE FESTAS. INT. DIA.

     A festa de casamento está animada. Os convidados estão alegres, conversando, comemorando o casamento. Rúbia está felicíssima. César tenta não demonstrar seu desconforto. Num dos pontos da festa, Felipe se aproxima de Tânia.

FELIPE: - Não é que a mocinha conseguiu fazer uma decoração à altura da sua?

TÂNIA: - É, realmente ela caprichou. Pelo menos uma coisa ela tem que fazer de bom.

FELIPE: - Mas uma coisa está me intrigando desde a igreja.

TÂIA: - O que é?

FELIPE: - O César. Ele não me parece muito feliz com tudo isso.

TÂNIA: - Deve estar cansado da espera da noiva, não é? Afinal, ela demorou tanto que eu até pensei que tivesse desistido, o que seria maravilhoso!

     Enquanto isso, Brenda está sentada um pouco cabisbaixa. Sônia se aproxima dela.

SÔNIA / LORENA: - Posso sentar?

BRENDA; - Claro Lorena, pode sentar sim.

SÔNIA / LORENA: - O que foi, Brenda? Não está gostando da festa?

BRENDA; - Claro que estou. A festa está ótima, está linda...

SÔNIA / LORENA: - Mas toda essa alegria não estão nos seus olhos querida... Não quer se abrir comigo, me contar o que está acontecendo? Eu sei que nos conhecemos muito pouco, mas posso te garantir que sou uma ótima amiga.

     Brenda sorri.

BRENDA: - Obrigada, Lorena. Você parece mesmo ser uma ótima amiga, mas pode ficar tranqüila, que eu estou bem.

     Num outro ponto da festa, Fredy e Lílian conversam, enquanto ao longe, Patrícia os observa.

LÍLIAN: - Você fica tão lindo de terno e gravata, sabia?

FREDY: - É mesmo? Vou começar a adotar isso então no meu vestuário, já que a minha amada gosta.

     Nesse instante, Lílian vê Patrícia.

LÍLIAN: - E pelo visto não sou só eu quem gosto.

FREDY: - Como assim?

     Lílian indica para Fredy olhar para trás. Ele se vira e vê Patrícia, que acena com os dedos para ele.

LÍLIAN: - Mas que desaforada essa garota! Eu vou dar na cara dela!

FREDY; - Ei! Ei! Calma, calma! Vamos ali, pegar uma bebida pra gente! Relaxa!

     Fredy sai com Lílian. Cadu se aproxima de Patrícia.

CADU: - Bela festa, hein? Sua amiga realmente está com tudo.

PATRÍCIA: - É mesmo. Ela conseguiu o que queria.

CADU: - Não sei como. Ela deve ter convencido o César muito bem, porque do jeito que ele entrou na sacristia, parecia que iria matá-la.

PATRÍCIA: - Pelo visto, ele desistiu da ideia. Agora os dois estão casados e viverão juntos.

CADU: - Mas será que felizes para sempre?

     Cadu e Patrícia se olham. Enquanto isso, num outro ponto da festa, Cristina e Vera conversam.

VERA: - Engraçado, não vi a Silvana e o Henrique no casamento. Será que não foram convidados?

CRISTINA: - Foram sim. A Paty me disse. Mas é mesmo, eles não apareceram. Estranho isso né? Nem a Silvana apareceu mais na boutique.

CENA 10. CASA HENRIQUE. SALA. INT. DIA.

     Henrique e Silvana estão sentados frente a frente, na mesa.

HENRIQUE: - Essa conversa é para que possamos decidir de forma amigável a nossa separação.

SILVANA: - Não há o que resolver, Henrique. Nós não vamos nos separar.

HENRIQUE: - Silvana, por favor, não dificulte as coisas...

SILVANA; - Eu não quero dificultar nada, Henrique. Você é que quer terminar com uma história linda, cheia de amor entre nós dois.

HENRIQUE: - A história linda, cheia de amor entre nós dois já terminou faz tempo, Silvana e só você não vê isso!

SILVANA: - Terminou porque você arranjou outra para colocar no meu lugar.

HENRIQUE: - Lá vem você com essa história de outra, de amante novamente! Chega Silvana! Para com essa história!

SILVANA: - Eu sei que é verdade, Henrique, eu sei...

HENRIQUE: - Verdade o quê?! Olha só... eu desisto! Desisto! Eu só volto a falar com você no fórum, diante do juiz e com os nossos advogados. Com você já vi que não tem conversa.

     Henrique se levanta e vai embora. Silvana permanece sentada, dizendo palavras, totalmente transtornada.

SILVANA: - Eu sei que é verdade... Eu sei da outra... É verdade, eu sei que é...

CENA 11. RESORT COSTA D’OURO. SALÃO DE FESTAS. INT. DIA.

     A festa do casamento segue animada, enquanto os noivos felicitam os convidados nas mesas.

ALBERTO: - Adriano, devo admitir que você construiu um belo empreendimento aqui na cidade. Não imaginava tamanha grandeza.

ADRIANO: - Obrigado, doutor Alberto. Realmente, o Costa D’Ouro é o maior e mais bonito dos nossos resorts.

CARVALHO: - Ainda mais contando com a estética Rosenberg.

ALBERTO: - Carvalho, só você mesmo para fazer a Virgínia trabalhar!

CARVALHO: - E olha Alberto que demorou um pouquinho, viu? Mas ela está muito feliz com a estética.

ADRIANO: - Não só ela! A minha esposa também está muito feliz em poder trabalhar junto no empreendimento. Será um grande sucesso, com certeza.

     Na pista de dança, no meio do salão, alguns convidados dançam. Entre eles, Patrícia, que dança totalmente sensual. Num outro ponto, Fredy a observa, sentado a mesa. Ele nem pisca os olhos. De repente, Lílian se aproxima dele, trazendo bebida.

LÍLIAN: - Está aqui meu amor, seu champanhe...

     Lílian percebe que Fredy está olhando para outro ponto e também olha. Ela vê Patrícia e fica um pouco irritada.

LÍLIAN: - Você está vendo essa mimadinha aí, é?

FREDY: - O quê? Desculpa meu amor, não ouvi o que você disse...

LÍLIAN (saindo): - Ah, quer saber? Me esquece um pouco, Fredy!

FREDY (indo atrás de Lílian): - Meu amor, espera!

     Enquanto isso, num outro ponto, Guto e Brenda estão sentados.

GUTO: - Você está tão calada, Brenda. Parece até que não está gostando da festa.

BRENDA: - Eu estou gostando da festa. Está muito bonita.

GUTO: - Quer dançar?

BRENDA: - Não, Guto... Prefiro ficar aqui, sentadinha, só olhando... Mas vai lá com a Alice. Ela está adorando a música.

     Guto olha a pista. Alice está dançando animada.

GUTO: - Vou lá mesmo. Estou afim de remexer o esqueleto.

     Guto se levanta e vai dançar com Alice. Num outro ponto, Matilde e Joaquim conversam com Virgínia.

VIRGÍNIA: - A festa está lindíssima!

MATILDE: - Está mesmo. Estou tão feliz pela minha neta!

JOAQUIM: - Pena que o Sérgio não veio.

MATILDE: - Uma pena mesmo. Está perdendo um festão e tanto... Não sei porque ele não quis vir.

VIRGÍNIA: - Bom, eu até sei...

JOAQUIM: - Ah, você sabe?

VIRGÍNIA: - O Sérgio é ex-cunhado do Alberto. Mas, infelizmente, ele não têm uma boa relação com a família.

MATILDE: - Mas porquê?! Tanto o Sérgio quanto o Alberto parecem tão boas pessoas!

VIRGÍNIA: - Pois é, dona Matilde. Mas parece que quem causou esse mal estar todo entre eles foi uma outra pessoa, que não cabe falar aqui agora...

     Matilde e Joaquim se olham.

VIRGÍNIA: - Se vocês me dão licença, vou dar uma volta por aí, pegar um champanhe, que está divino!

     Virgínia sai.

CENA 12. LONDRES. UNIVERSIDADE. CAMPUS. EXT. DIA.

     Natanael retorna. Matheus o recebe ansioso.

MATHEUS: - E então cara, onde você foi?

NATANAEL: - Eu fui buscar uma coisa que eu acho que vai ser muito útil para você.

MATHEUS: - E o que é?

NATANAEL: - Mas eu não posso te entregar aqui.

MATHEUS: - O Willian pode passar aqui e ver, não é?

NATANAEL: - É... É um pouco arriscado. Mas vamos logo mais ali, talvez seja mais seguro.

     Matheus e Natanael seguem para um outro ponto do campus.

CENA 13. LONDRES. UNIVERSIDADE. CAMPUS. EXT. DIA.

     Natanael chegam a um outro ponto da universidade, onde há pouca passagem de pessoas.

MATHEUS: - Então, o que você tem para me entregar?

Natanael entrega um envelope para Matheus.

NATANAEL: - Abre.

Matheus abre o envelope e retira de dentro dele um telefone celular. Matheus fica surpreso.

NATANAEL: - Pra você.

MATHEUS: - Mas Natanael, eu já estou devendo um aparelho desses para você, que o Willian pegou e agora você me dá outro...

NATANAEL: - Eu comprei esse aparelho para você poder falar com a sua namorada, com os seus amigos no Brasil. Eu também acho um absurdo o que fizeram com você, cara. Então eu acho que essa é uma maneira de eu te ajudar. Mas olha só, você precisa tomar muito cuidado para que o Willian não pegue o telefone. Senão, já foi!

MATHEUS: - Claro, eu vou cuidar sim!

     Matheus abraça Natanael.

MATHEUS: - Muito obrigado, cara! Você é um amigão mesmo!

NATANAEL: - Que isso... Agora vamos voltar, pra ninguém desconfiar de nada.

MATHEUS: - Certo.

CENA 14. RESORT COSTA D’OURO. SALÃO DE FESTAS. INT. DIA.

     Os convidados estão animados no salão. De repente, começa a tocar a valsa.

RÚBIA: - César! A valsa! Vamos dançar!

Rúbia puxa César para o meio do salão. Os dois começam a dançar a valsa. Ele, um pouco a contra-gosto. Os convidados observam o casal.

HELENA: - A valsa... Por incrível que pareça, lembrei do meu casamento.

TÂNIA: - Saudades do Diogo, é? (risos)

HELENA: - Deus me livre! Quero distância daquele traste...

     Num outro ponto, Cadu e Patrícia observam o casal.

CADU: - Ela é realmente linda.

PATRÍCIA: - E está tão feliz.

CADU: - Bom, acho que eu já vou indo embora.

PATRÍCIA: - Mas já?

CADU: - Não há mais motivos para eu ficar aqui. Pensei que poderia convencê-la a ficar comigo, mas pelo visto, ela decidiu seguir com o seu objetivo. Só desejo para ela felicidade.

     Cadu e Patrícia se abraçam. Ele beija a testa de Patrícia.

CADU: - Se cuida.

     Cadu sai. Enquanto isso, Adriano se aproxima de Sônia.

ADRIANO: - Será que a dama aceita dançar essa valsa comigo?

SÔNIA: - Claro, cavalheiro!

     Adriano e Sônia começam a dançar a valsa. Leandro e Vera, Tomás e Cristina, Virgínia e Carvalho e outros casais também começam a dançar, tomando conta do salão.

     Enquanto isso, Diogo conversa com Alberto.

ALBERTO: - Aquele prédio da antiga fábrica de navios?

DIOGO: - Isso mesmo. Os diretores dessa empresa foram lá na imobiliária acertar o contrato de compra. Pelo visto é uma empresa grande, doutor Alberto. Quase que do mesmo porte da Best Fish.

ALBERTO: - E o nome da empresa, você lembra?

DIOGO: - É um nome americanizado, agora me fugiu da mente... Mas pelo o que eu pude perceber, é uma empresa que vai investir pesado aqui na região.

     Num outro ponto, Felipe está em sua mesa, observando toda a festa quando Marina se aproxima.

MARINA: - Você vai ficar sentado aí a festa inteira?

FELIPE: - Acho que sim. Muita agitação desse tipo não combina comigo.

MARINA: - Muita agitação? Não sei de onde... A festa está bacana... Aceita dançar comigo?

FELIPE (surpreso): - Você está me convidando para dançar, é isso?

MARINA: - Eu quero uma trégua entre a gente, Felipe. Hoje é um dia de paz, amor, harmonia. Quero manter esse clima entre a gente e passar uma borracha em tudo de ruim que aconteceu.

FELIPE: - E você quer apagar tudo, com uma valsa?

MARINA: - Nada mais singelo, não acha?

FELIPE: - Um pedido de paz numa valsa... É, isso eu nunca vi não. Mas aceito o seu convite.

     Marina sorri. Felipe se levanta e os dois se encaminham para o salão e começam a dançar, junto dos outros casais.

CENA 15. ESTADOS UNIDOS. MIAMI. GERAIS. DIA.

     Imagens da cidade de Miami, nos Estados Unidos. Clipe com vários pontos da cidade, as pessoas, os prédios, as avenidas, a praia, a movimentação de pessoas.

CENA 16. MIAMI. CASA LÁZARO. EXT. DIA.

     Imagem de uma grande mansão. Belo jardim e fachada.

CENA 17. MIAMI. CASA LÁZARO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Sentados no sofá, Cláudia e Lázaro conversam. Ele lendo um jornal. Ela bebendo um chá.

CLÁUDIA: - Então você quer mesmo ir embora?

LÁZARO: - Não há motivos para continuar aqui. Estamos a cada dia perdendo mais espaço no mercado.

CLÁUDIA: - Mas não há outras alternativas para reverter essa situação?

LÁZARO: - Já tentamos de tudo, Cláudia e não surtiu nenhum efeito... Acho até que deve ser culpa daqueles incompetentes lá da empresa que não sabem resolver problema algum.

CLÁUDIA: - Não diga isso, lázaro. Você tem ótimos profissionais.

LÁZARO: - Ótimos profissionais que não conseguem achar uma boa saída para controlar o crescimento da Best Fish no mercado norte-americano!... Essa empresa fez um contrato milionário e tomou conta do nosso mercado!

CLÁUDIA: - Mas a Ocean vai conseguir retomar a sua posição de líder no mercado. Você é que não precisa se preocupar tanto.

LÁZARO: - Como não vou me preocupar? É a minha fortuna que está em jogo, Cláudia!... Mas eu já tracei todo o projeto de triunfo da Ocean.

CLÁUDIA: - No Brasil?

LÁZARO: - Nada melhor do que conhecer de perto o seu grande inimigo.

CLÁUDIA: - Best Fish... Esse nome não me é estranho... De onde é essa empresa exatamente? Rio? São Paulo?

LÁZARO: - De Praia Real. Cidade do litoral do Rio de Janeiro. Nunca ouvi falar...

CLÁUDIA (surpresa): - Praia Real!...

LÁZARO: - Você conhece?

CLÁUDIA: - Como a palma da minha mão...

     Cláudia e Lázaro trocam olhares.

CENA 18. RESORT COSTA D’OURO. SALÃO DE FESTAS. INT. DIA.

     Rúbia, animada, sobe até o palco onde está o DJ.

RÚBIA: - Gente, gente! Um minuto da atenção de vocês!

Os convidados prestam atenção nela.

RÚBIA: - Hoje é um dia muito especial para mim e para o César. Hoje é a confirmação do nosso amor, do nosso carinho e da construção do nosso lindo futuro, com esse bebê que está para chegar...

 Entre os convidados, Tânia comenta com Helena.

TÂNIA: - Que garota sem vergonha... Dando o golpe da barriga e querendo se fazer de boazinha. Como é que o César pode se iludir com essa mulher, como?!

HELENA: - Você deveria ter feito como eu fiz. Mandasse o César para bem longe dela. Ou então mandasse ela para bem longe dele. Assim não ficariam juntos.

Rúbia, no palco, continua o seu discurso.

RÚBIA: - Queria agradecer primeiramente a Deus por este momento. Por poder reunir aqui a minha família, que é o meu maior tesouro.

Matilde está emocionada. Joaquim também.

RÚBIA: - Falando em tesouro, César? Onde você está, meu amor! Venha pra cá comigo!

César, que estava ao lado de Fredy e Lílian, vai em direção ao palco. Ele sobe e fica ao lado de Rúbia.

RÚBIA: - Queria agradecer também ao meu marido, que me faz a cada dia, a mulher mais feliz do mundo. Eu te amor, César!

Os convidados aplaudem. Rúbia beija César. Brenda fica sem graça, olhando a cena. César também.

RÚBIA: - E também queria agradecer a todos vocês que vieram ao nosso casamento, né, gente? Sem vocês, essa festa linda não teria graça nenhuma!

Os convidados vibram.

RÚBIA: - Agora é só para as mulheres... Meninas, vou jogar o buquê!

As mulheres ficam alvoroçadas, se dirigindo para a frente do palco. Brenda permanece na mesa, junto de Matilde, Joaquim, Guto, Alice, Noêmia e Sônia.

JOAQUIM: - Brenda, você não vai pegar o buquê?

MATILDE: - É mesmo, Brenda! Vai lá, minha filha!

BRENDA: - Ah não vovó, não estou afim não...

GUTO: - Como não? Se você não pega o buquê, não vai casar tão cedo!

SÔNIA / LORENA: - Isso é fato, Brenda. Fui no casamento de uma amiga minha, no Rio, peguei o buquê. Um mês depois, conheci o Adriano. E estou com ele até hoje.

BRENDA: - Que legal, Lorena. Mas no meu caso, acho que não será tão simples assim...

ALICE: - Ah gente, eu vou lá!

NOEMIA: - Isso mesmo, Alice. Vai lá!... Acho até que eu também vou.

JOAQUIM: - Mas você já não está juntada com o Italvino, Noêmia? É melhor deixar para os mais novos essa parte do buquê!

MATILDE: - É verdade, noêmia... E o Italvino, onde está?

NOÊMIA: - O Italvino é página virada na minha vida, gente... Agora eu quero coisa melhor! (envaidecida) Aproveitar que eu ainda estou na flor da idade...

JOAQUIM (rindo): - Flor da idade? Não sabia que a flor da idade é depois dos sessenta...

MATILDE: - Joaquim, deixe de ser inconveniente!... Vá lá Noêmia, você e a Alice. Quem sabe uma de vocês sai com o buquê nas mãos?

ALICE: - Então vamos, dona Noêmia!

Alice e Noêmia saem empolgadas da mesa e juntam-se as mulheres em frente ao palco, ansiosas para pegar o buquê.

LEANDRO: - Não sabia que tinha tanta mulher solteira nessa festa...

TOMÁS: - Mas é bom você se controlar, porque a sua está chegando aí.

Vera e Cristina chegam à mesa.

LEANDRO: - Como você demorou, meu bem! Fiquei com saudades!

VERA: - Mas eu só fui atender o telefone, não demorei nem dois minutos!

TOMÁS: - Isso é que é paixão! A mulher fica longe só um pouquinho e ele já morre de saudade! (risos)

VERA: - Olha Tomás, não saiba que eu tinha esse poder todo não!

LEANDRO: - Você sempre teve um enorme poder sobre mim, Vera...

CRISTINA: - Meu Deus, que homem apaixonado é esse?!

VERA: - Deve ser efeito do casamento!

Todos riem.

Enquanto isso, Rúbia, no palco, vira-se de costas e se prepara para jogar o buquê.

RÚBIA: - É um!... É dois!... É três!

Rúbia joga o buquê. Alice pega e fica feliz.

HELENA: - Com tanta gente decente para pegar o buquê, foi logo essa marginalzinha...

TANIA: - Pra você ver como esse casamento é uma palhaça só.

Rúbia cumprimenta Alice, enquanto Noêmia retorna para a mesa.

NOÊMIA: - Não foi dessa vez. A Alice pegou o buquê.

JOAQUIM: - Eu falei para você deixar para os mais novos...

NOÊMIA: - Ah, Joaquim!... Mas eu estou feliz. A Alice mereceu.

MATILDE: - Ela merece mesmo, Noêmia, ainda mais com a gravidez. Ela precisa de muito carinho, amparo, felicidade na vida.

SÔNIA / LORENA: - Ainda mais que ela é jovem... Mas o pai da criança, onde está?

MATILDE; - Foi para o exterior e nunca mais deu notícias.

JOAQUIM: - Já tive a impressão de ver essa história em outros tempos...

Joaquim e Sonia trocam olhares.

BRENDA: - Mas eu conheço o pai do bebê. Ele não a abandonaria assim... Alguma coisa aconteceu.

MATILDE: - Independente disso, a Alice terá todo o apoio que merece para cuidar do seu filho. Ela é uma menina muito especial.

Enquanto isso, Virgínia passando pelo salão, cruza com Tânia.

TÂNIA: - Então agora você está como sempre quis, não é mesmo, Virgínia? Rica...

VIRGÍNIA; - Engraçado... Não me lembro de ser só eu quem sempre quis ser rica... Acho que tem gente que precisa de espelho em casa, Tânia.

TÂNIA: - Só espero que você não gaste todo o dinheiro do pobre coitado em futilidades, como você sempre fez com o dinheiro que o Alberto te dava. Ainda bem que eu cortei essas mordomias.

VIRGÍNIA: - Agradeço pela sua preocupação, mas não será necessário. Agora eu sou uma mulher empreendedora.

TÂNIA: - Ah, é mesmo?

VIRGÍNIA: - Eu sou a proprietária da clínica de estética do resort.

Tânia fica surpresa.

VIRGÍNIA: - Estética Rosenberg. Você está convidada a ser cliente vip da clínica, Tânia. Aliás, estou vendo aí em seu rosto, umas ruguinhas... Sinais da idade, não é? Apareça na estética qualquer hora pra gente dar um jeito nisso. Te faço um precinho bem camarada e você sai linda. Ou melhor, vamos tentar deixar você linda, porque pode ser um pouco difícil essa missão, não é mesmo?... Agora se você me der licença, eu vou falar com alguns convidados. Fique a vontade, afinal, a festa é sua, do seu filho... Com licença.

Tânia fica indignada com os dizeres de Virgínia. Enquanto isso, numa mesa, Petrônio e Samantha conversam, acompanhados de Diogo.

SAMANTHA: - Essa história toda de casamento, me deu uma vontade de casar, Pepê...

PETRÔNIO: - Mas nós já casamos, meu amor!

SAMANTHA: - Ms não assim, na igreja, Pepê...

DIOGO: - Pelo visto, tem alguém que quer se vestir de noiva, seu Petrônio.

PETRÔNIO: - Não se preocupe, Samantha. Assim que der, a gente casa na igreja, com véu, grinalda e tudo o que tem direito!

SAMANTHA: - Eu te amo Pepê!

     Samantha enche Petrônio de beijos. Diogo acha graça, quando de repente, vê Clarisse chegando na festa. Ele até se levanta da mesa e vai em direção dela.

     Clarisse, procurando Rúbia e César, se surpreende ao ver Diogo vindo em sua direção.

CLARISSE: - Diogo!

DIOGO: - Nunca poderia imaginar você aqui na festa. Você está linda!

CLARISSE: - Obrigada. Mas não podemos conversar aqui.

DIOGO: - Por que não? O Charles não está aqui.

CLARISSE: - Mas está lá fora. Ele veio buscar os noivos para levá-los ao aeroporto. E outra, meus patrões estão aqui, tem muita gente... Entende?

     Enquanto isso, ao longe, Helena observa tudo. Tânia se aproxima dela.

TÂNIA: - O que foi, Helena? Que tanto que você olha o Diogo...

HELENA: - De onde ele conhece aquela moça lá?

TÂNIA: - A Clarisse? Não sei...

HELENA: - Você conhece ela?

TÂNIA: - Claro, ela é a governanta lá da mansão. Ficou no lugar da falecida Olga. Mas não sei de onde ela conhece o Diogo...

HELENA: - Pois é... Eles se parecem bem próximos...

TÂNIA: - Claro! Ela trabalhou na imobiliária por um tempo. Só podem se conhecer de lá... Mas porque tanto interesse nisso, Helena? Ciúmes, é?

HELENA: - Não tem ciúmes não, Tânia. Apenas curiosidade, só isso...

     Diogo e Clarisse continuam conversando.

DIOGO: - Entendo, claro. Mas então poderíamos marcar alguma coisa, o que você acha?

CLARISSE: - Eu passo na imobiliária qualquer dia.

DIOGO: - Seria ótimo.

CLARISSE: - Agora eu preciso falar com os noivos.

     Clarisse se afasta. Diogo fica esperançoso.

CENA 19. LONDRES. APARTAMENTO MATHEUS. INT. DIA.

     Matheus fica feliz com o presente de Natanael. De repente, ele ouve barulho na porta e esconde o telefone rapidamente. Willian abre a porta e entra no apartamento.

WILLIAN: - Procurei você por toda universidade. Poderia ter avisado que iria embora.

MATHEUS: - Desculpe, acabei esquecendo.

WILLIAN: - Você anda muito com aquele outro rapaz... Isso não está fazendo bem para você.

MATHEUS: - O que não está fazendo bem para mim é essa prisão aqui! O que você quer que eu faça? O Natanael é o único amigo que eu tenho aqui nesse lugar! Pelo menos com alguém eu devo ter contato, não acha?

WILLIAN: - Você já tem contato comigo, o que já é suficiente... Sei não... Talvez eu deva mudar você de universidade.

MATHEUS: - O quê? Você não pode estar falando sério, Willian!

WILLIAN: - É só você não continuar colaborando comigo...

Willian encara Matheus e sai.

MATHEUS: - Mas eu vou embora daqui antes que isso aconteça.

Matheus fica pensativo.

CENA 20. RESORT COSTA D’OURO. SALÃO DE FESTAS. INT. DIA.

     César e Rúbia se despedem dos convidados. Rúbia se abraça com Patrícia.

RÚBIA: - Valeu por tudo amiga! Você sempre estará dentro do meu coração!

PATRÍCIA: - Você conseguiu, Rúbia! Parabéns! E ó, aproveita bem a lua-de-mel, hein?

RÚBIA: - Claro, pode deixar!

Enquanto isso, César se despede de seus pais.

ALBERTO: - Façam boa viagem, meu filho.

CÉSAR: - Obrigado, papai.

TÂNIA: - E assim que chegarem a Madri, por favor, me ligue meu filho! Não me deixe sem notícias!

ALBERTO: - Tânia! Eles precisam aproveitar a lua-de-mel! O César não ficará pendurado no telefone com você durante todo o tempo.

CÉSAR: - É... Mas não se preocupe, mamãe. Eu vou ligar sim.

Marina se aproxima de César.

MARINA: - Boa viagem, meu irmão! Aproveita bastante! Madri é linda, você vai adorar!

CÉSAR: - Obrigado, Marina. E você fica bem aqui também, certo?

MARINA: - Certo!

Os dois se abraçam. Enquanto isso, Rúbia se despede de seus familiares.

MATILDE (abraçada em Rúbia): - Vá com Deus, minha linda! Que abençoe você e o César.

RÚBIA; - Obrigada, vovó. E você também vovô, se cuida!

JOAQUIM: - Pode deixar, querida. Seu avô ficará bem.

Rúbia se aproxima de Brenda.

RÚBIA: - Não vai me dar um abraço?

Brenda abraça Rúbia.

RÚBIA: - Eu ganhei, Brenda. E eu vou ser feliz!

BRENDA: - Só espero que você consiga fazer o César feliz.

As duas se afastam, ficam a se encarar. Rúbia vai ao encontro de César, que está se despedindo de Fredy e Lílian.

FREDY: - Aproveita bem lá, cara!

LÍLIAN: - E pode ir tranqüilo, porque eu e o Fredy tomamos conta direitinho do projeto ambiental.

CÉSAR: - Disso eu não terei dúvidas!... obrigado pela força, gente. Vocês são maravilhosos!

Rúbia se aproxima.

RÚBIA: - Vamos, meu amor?

CÉSAR: - Vamos sim.

RÚBIA: - Tchauzinho para vocês!

Lílian dá um sorriso forçado para Rúbia, que pega César pela mão e vai com ele em direção ao carro. César e Brenda trocam olhares. Charles abre a porta do veículo. Os noivos entram o carro. Charles parte, levando os noivos. Os convidados acenam, animados.

CENA 21. MIAMI. CASA LÁZARO. QUARTO LÁZARO. INT. DIA.

     Cláudia está em seu quarto, arrumando as suas malas para a mudança.

CLÁUDIA: - Praia Real, estou voltando.

     Nesse instante, Tereza entra no quarto.

TEREZA: - Aqui estão os seus vestidos, dona Cláudia.

CLÁUDIA: - Obrigada, Tereza. Pode deixar aqui sobre a cama mesmo, depois eu os guardo.

     Tereza coloca os vestidos sobre a cama.

TEREZA: - Dona Cláudia, a senhora sabe quando vamos ir embora?

CLÁUDIA: - O mais breve possível, Tereza. O Lázaro pretende estar no Brasil o mais rápido que ele puder.

TEREZA: - Ele está preocupado com a empresa, não está?

CLÁUDIA: - Muito preocupado. Mas ele vai conseguir resolver todos os problemas.

TERZA: - A senhora vai precisar de mim para buscar mais alguma coisa?

CLÁUDIA: - Não, Tereza, obrigada. Pode ir arrumando as suas coisas também.

TEREZA: - Obrigada, dona Tereza. Com licença.

     Tereza sai. Nesse instante, Lázaro entra.

LÁZARO: - Acabei de falar ao telefone com um dos diretores da Ocean.

CLÁUDIA: - E sobre o que estavam falando?

LÁZARO: - O nosso escritório em Praia Real logo estará comprado. Só falta assinatura, que será feita quando nós chegarmos lá.

CLÁUDIA: - Falando nisso, você precisa arrumar as suas coisas.

LÁZARO: - Não irei arrumar nada, querida. Comprarei tudo novo. Quero novos ares tanto para a Ocean quanto para mim, lá no Brasil. Será um retorno triunfal àquela terra.

CLÁUDIA: - Com certeza, muito marcante.

LÁZARO (abraçando Cláudia por trás): - Lembra de quando a gente se conheceu, não em Praia Real, no Rio de Janeiro?

CLÁUDIA; - Claro que lembro... Eu tinha ido passar uns dias no Rio para fazer compras.

LÁZARO (beijando o pescoço de Cláudia): - Você dançando linda naquela boate. Totalmente sensual, cheia de charme...

CLÁUDIA (vira-se de frente para Lázaro): - E você com esse olhar sedutor...

     Os dois se beijam e caem sobre a cama.

CENA 22. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER. / CASA BRENDA. QUARTO ALICE. INT. DIA.

     Imagens de Praia Real ao amanhecer. Corta para casa de Brenda. Em seu quarto, Alice está dormindo quando seu celular toca. Ela se acorda e atende.

ALICE: - Alô?

Alice fica totalmente surpresa, emocionada, um pouco incrédula.

ALICE: - Matheus?!

Ela fica muito feliz.

CENA 23. BEST FISH. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.

     Alberto, Marina, Felipe, Tomás, Leandro e Mônica estão reunidos.

FELIPE; - Então tio, já tem uma data certa para a assinatura do contrato com os espanhóis?

ALBERTO: - Acredito que a Mônica já tenha uma data para isso, não é Mônica?

MÔNICA: - Claro, doutor Alberto. Eu conversei com um dos empresários espanhóis e ele avisou que eles estarão aqui no Brasil dentro de dois dias para a assinatura do contrato.

TOMÁS: - Maravilha. Será mais breve do que eu imaginei.

ALBERTO: - Mas tem outra coisa que eu gostaria de falar com vocês... Não sei se vocês já sabem da mais nova novidade do mercado no Brasil.

LEANDRO: - Acho que não, doutor Alberto.

ALBERTO: - Ontem, eu conversando com o Diogo, diretor da imobiliária modelo da cidade, ele me falou que uma grande empresa vem se instalar na cidade e investirá pesado na região.

MARINA: - Isso é bom, não é? Favorece o crescimento da cidade, do Estado.

ALBERTO: - isso é verdade Marina, mas até ontem eu desconhecia qual era a empresa. Hoje, antes da reunião, eu pesquisei e descobri que empresa é essa.

TOMÁS: - E qual é?

ALBERTO: - A Ocean.

LEANDRO (surpreso): - A Ocean? A gigante norte-americana?

ALBERTO: - Essa mesma, Leandro. Eles estão prometendo vir com força total para Praia Real, competir diretamente com a gente.

FELIPE: - Isso só pode ser porque eles perderam uma grande fatia no mercado dos Estados Unidos com o nosso contrato com os empresários de lá.

TOMÁS: - Provavelmente eles estão chegando para tentar fazer o mesmo.

MARINA: - Mas nós temos um mercado muito sólido aqui. Não será tão fácil tomar o nosso lugar.

ALBERTO: - Em todos os casos, é bom ficarmos de olho, pois agora, a concorrência está batendo à nossa porta.

CENA 24. ESPANHA. MADRI. HOTEL. QUARTO. INT. DIA.

     Close em Rúbia, acordando. Abre plano, mostrando Rúbia sozinha na cama. Ela se levanta, veste um roupão e sai do quarto, a procura de César.

CENA 25. MADRI. HOTEL. SALA. INT. DIA.

     Rúbia encontra César tomando café. Ela senta-se na mesa com ele.

RÚBIA: - Bom dia.

CÉSAR: - Bom dia.

RÚBIA: - Estava confortável o sofá?

CÉSAR: - Estava bom.

RÚBIA: - Não entendo porquê você não quis dormir comigo na cama, César. Isso é ridículo! É a nossa lua-de-mel!

CÉSAR: - Não adianta de nada eu dormir com você, Rúbia, se eu não sinto nada por você.

     Rúbia fica surpresa, olhando para César.

CÉSAR; - Se eu não te amo, se eu casei por você por pena, não há porque dormirmos juntos. Nós não somos um casal de fato, que se ama, que se entende.

RÚBIA: - Mas eu te amo.

CÉSAR: - E me enganou como se não amasse. Não me pede para dormir com você, pois isso eu não farei mais.

     Rúbia olha séria para César, que também a encara.

RÚBIA: - Não diga isso, César! VocÊ não pode ir contra o nosso amor, o nosso casamento!

CÉSAR: - Não há amor entre nós Rúbia... Aliás, nunca houve amor nenhum... Eu sei que é difícil afirmar isso, mas é a verdade. Eu nunca amei você de verdade...

RÚBIA: - Mas pode aprender a amar César! Me dê uma chance para te provar que eu sou uma pessoa totalmente diferente, uma pessoa que pode te fazer feliz de verdade, plenamente!... Por favor? Me deixa ao menos tentar tocar o seu coração?

     Rúbia fica a olhar para César, piedosa.

CÉSAR: - Venha tomar seu café. Depois faremos um passeio pela cidade.

     Rúbia abre um sorriso feliz.

CENA 26. CASA BRENDA. QUARTO ALICE. INT. DIA.

     Alice conversa com Matheus, pelo telefone. Cenas alternadas entre Matheus e Alice.

ALICE: - Matheus! Meu amor! Eu não acredito!

MATHEUS: - Alice! Minha linda!...

ALICE: - Não posso acreditar, Matheus! Como isso está acontecendo?!... Por que você sumiu assim, meu amor?!

MATHEUS: - É uma história muito complicada, Alice... Não tem como eu falar para você agora. Eu só consegui ligar para falar com você. Estou morrendo de saudades, Alice.

ALICE: - Mas quando você volta, meu amor? Quando você vem para casa?

MATHEUS: - Em breve, Alice. Em breve. Mas eu preciso que você faça um favor para mim.

ALICE: - Claro, pode falar!

MATHEUS: - Não diz nada para minha mãe que eu liguei para você. Ela não pode saber em hipótese alguma que eu liguei para o Brasil.

ALICE: - Mas porque isso, Matheus?

MATHEUS: - Eu explico outra hora, meu amor. Só peço isso para você. Ah, e avise meu pai que eu estou bem e que logo estarei no Brasil.

ALICE: - Pode deixar, meu amor. Eu farei tudo isso sim.

MATHEUS: - Vou ter que desligar agora. Eu amo você.

ALICE: - Eu também te amo! Muito! Muito! Muito!

MATHEUS: - Fique com Deus, minha flor. Te amo!

ALICE: - Você também, meu amor!

     Matheus desliga o telefone. Alice fica totalmente emocionada.

CENA 27. HOTEL. QUARTO HERALDO. INT. DIA.

     Tânia visita Heraldo no hotel. Os dois estão sentados numas poltronas, no quarto.

HERALDO: - Então quer dizer que o César se casou? E você nem para me mandar um convite.

TÂNIA (riso debochado): - E você acha mesmo que eu iria convidá-lo para a festa?... Por mais que eu torci que esse casamento não se realizasse, eu não te convidaria, Heraldo.

HERALDO: - E porquê não?

TANIA: - Pelo fato de você não ter ligação nenhuma com isso tudo. Só por isso.

HERALDO: - Será que eu não tenho?

TÂNIA: - Claro que não tem! Não tem nada a ver mesmo... E deixe de falar bobagens...

HERALDO: - E a esposa dele, é bonita?

TÂNIA: - E com uma bela de uma vagabunda! Ai, que ódio que eu tenho de mim mesma de não ter conseguido impedir esse casamento!...

HERALDO: - Pelo visto você não gosta nada da sua nora.

TÂNIA: - Prefiro a morte ao ver meu filho casado com uma ordinária, que só quer dar o golpe do baú no meu filho. Está na cara!

HERALDO: - Nada muito fora daquilo que nós dois já conhecemos, não?

     Tânia encara Heraldo.

TÂNIA: - Eu me casei por amor, se você quer saber!

HERALDO: - Se casou por amor?!

TÂNIA: - Sim! Me casei por amor ao Alberto! Eu amo o meu marido!

HERALDO: - Que amor a Alberto coisa nenhuma, Tânia! Você não ama nem a sua própria sombra!... Seu casamento foi um golpe muito bem armado... E quem diria... O destino está fazendo você provar do próprio veneno.

TÂNIA: - Não diga o que você não sabe, Heraldo!

HERALDO: - Não sei porque você insiste em achar que não sei de nada... Tânia, meu amor, eu sei de tudo! De todo o seu segredo!... Não há porque você ficar escondendo o jogo de mim, fingindo que eu não sei de nada, tentando ocultar o passado.

TÂNIA: - Essa conversa está tomando outros rumos que não eram para ser seguidos.

HERALDO: - Eu sei que você me usou no seu plano... Só que uma coisa saiu errado aí. Você acabou gostando de mim. Tanto é que está aqui comigo, nesse exato momento.

     Tânia levanta-se nervosa.

TÂNIA: - Eu vou embora.

     Heraldo a encara.

HERALDO: - Como quiser.

     Ele a acompanha até a porta.

HERALDO: - Só para você saber. Eu sei de tudo. Tudo.

     Tânia o encara firmemente e sai.

CENA 28. HOTEL HERALDO. EXT. DIA.

     Tânia sai do hotel apressada.

TÂNIA: - Gostei de você... Você foi só meu brinquedinho, Heraldo...

     Tânia se aproxima do carro, onde Charles a aguarda. Tânia entra no carro. Charles também.

CHARLES: - Para onde, dona Tânia?

TÂNIA: - Para casa, Charles. Para casa...

     Tânia fica pensativa. O carro parte.

CENA 29. MADRI. RUAS. EXT. DIA.

     Imagens da cidade de Madri, de pontos turísticos, das pessoas transitando pela cidade. Corta para César e Rúbia, caminhando entre as pessoas, tirando fotos dos prédios, monumentos, praças de Madri.

CENA 30. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. DIA.

     Brenda está arrumando uma das mesas do restaurante, quando Guto se aproxima.

GUTO: - Precisando de ajuda aí?

BRENDA: - Não Guto, obrigada. Já estou acabando...

GUTO: - Afim de dar uma volta, mais à noite? Tomar um sorvete no calçadão, um cineminha? Pra espairecer, relaxar!... Que tal?

BRENDA: - Obrigada, Guto, mas vamos ter que deixar para outra hora. Hoje o dia foi bem movimentado e eu estou um pouco cansada... Não leva a mal não ta?

GUTO: - Claro, eu entendo.

BRENDA: - Mas obrigada pelo convite.

Brenda sorri e sai.

GUTO: - Aos poucos eu vou te reconquistar, Brenda. Você vai ver...

Guto fica esperançoso.

CENA 31. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER / RESORT COSTA D’OURO. HALL. INT. NOITE.

     Imagens de Praia Real ao anoitecer. Corta para o Resort Costa D’Ouro. Chegam alguns clientes para se hospedarem no resort. Os funcionários carregam malas. Adriano está recepcionando alguns hóspedes.

ADRIANO: - Sejam bem vindos, então! Tenho certeza de que vocÊs não vão se arrepender.

HÓSPEDE (homem): - Tenho certeza que não. Já ficamos hospedados no resort de Salvador e foi uma maravilha! Esse agora me parece bem melhor!

ADRIANO: - Realmente, o investimento no Costa D’Ouro foi maior.

HÓSPEDE (mulher): - Estou louca para conhecer a clínica de estética! Quero uma limpeza de pele!

ADRIANO: - A clínica tem ótimos serviços. Você com certeza ficará satisfeita.

Ao longe, Henrique vai entrando no hall, carregando uma mala. Adriano o vê.

ADRIANO (aos hóspedes): - Sejam bem vindos novamente. Nossos funcionários mostrarão para vocês todas as dependências do resort. Fiquem a vontade.

Os hóspedes agradecem. Adriano se despede e vai ao encontro de Henrique.

HENRIQUE: - Parabéns pelo resort. Realmente, é fantástico.

ADRIANO: - Obrigado, Henrique. Deseja se hospedar?

HENRIQUE: - Não é apenas desejo. Eu preciso de um lugar para ficar, um lugar onde eu possa também resolver algumas questões do meu trabalho em paz... Será que eu poderia ficar aqui por uns tempos?

Adriano pensativo, encara Henrique.

HENRIQUE: - Bom, pelo visto você não quer que eu fique. Não tem problema...

ADRIANO (interrompendo Henrique): - Pode ficar sim.

Adriano chama um dos funcionários do resort, que se aproxima.

ADRIANO (ao funcionário): - Por favor, leve o senhor Henrique a uma das suítes do resort.

Henrique se surpreende.

HENRIQUE: - Muito obrigado, Adriano.

ADRIANO: - Não precisa agradecer.

O funcionário leva a mala de Henrique, que o acompanha. Adriano fica pensativo.

CENA 32. CASA DIOGO. SALA. INT. NOITE.

     Alice conversa com Diogo.

DIOGO: - Confesso que fiquei surpreso com a sua visita, Alice.

ALICE: - Desculpe vir aqui sem avisar, Diogo, mas o assunto é muito importante.

DIOGO: - O que foi? Aconteceu alguma coisa com o bebê?!

ALICE: -  Não, está tudo bem com o bebê... Eu vim aqui falar sobre o Matheus.

DIOGO: - Sobre o Matheus?

ALICE: - Sim, Diogo. Eu falei com o Matheus hoje de manhã!

DIOGO (surpreso / contente): - Como assim?! Você conseguiu falar com o Matheus?

ALICE: - Consegui!... Ele me ligou!

DIOGO: - E o que ele disse? Como ele está?!

ALICE: - Ele me disse que está bem e que vai voltar para o Brasil em breve.

DIOGO: - Que maravilha! Mas ele não disse quando?

ALICE: - Não, quando ele não falou... Mas ele me pediu um favor que eu fiquei um pouco intrigada.

DIOGO: - O que ele pediu?

ALICE: - Para não dizer nada para a Helena que ele havia ligado para o Brasil. Ela não poderia saber disso em hipótese alguma.

DIOGO: - Estranho mesmo. Ele não disse o porquê disso?

ALICE: - Não falou não...

DIOGO: - E vocÊ contou para ele sobre a gravidez?

ALICE: - Não falei, Diogo... Mas já que ele disse que vai voltar em breve, quando ele chegar, eu falo para ele.

DIOGO: - Ele vai ficar muito feliz.

ALICE: - Eu sei que vai... Vai ficar assim como eu estou! Bem feliz!

     Os dois sorriem, alegres.

CENA 33. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Marina está na sala lendo uma revista, quando a campainha toca. Clarisse entra e atende. É Felipe.

FELIPE (entrando na sala): - Boa noite, Clarisse... Boa noite Marina!

MARINA: - Felipe! Você aqui?

FELIPE: - Sim, o tio Alberto pediu para mim entregar para ele o contrato que os espanhóis vão assinar amanhã... Ele está em casa?

MARINA: - Está no banho. Daqui a pouco já desce.

FELIPE (sentando-se no sofá): - E tia Tânia?

MARINA: - Está relaxando... Passou parte do dia fora e desde que chegou está relaxando!... Vá entender!

FELIPE: - E você, Marina? Como está?

MARINA: - Eu estou bem.

FELIPE: - Lendo o que aí?

MARINA; - Uma reportagem sobre o mercado da pesca na Ásia. Achei interessante saber um pouco mais sobre o mercado do lado de lá do mundo.

FELIPE: - E faz muito bem... Você é uma mulher inteligente, Marina. E tem uma boa visão das coisas.

MARINA: - Muito obrigada, Felipe! Fico feliz em receber elogios de você depois de tanta troca de farpas!

FELIPE: - Passado, não é, querida? Passado!... Agora nós estamos juntos para crescer com a Best Fish!

MARINA: - Se Deus quiser!

Felipe olha a hora no relógio.

MARINA: - O que foi? Atrasado para algum compromisso?

FELIPE: - Pois então... Eu tinha planejado dar uma volta com umas pessoa hoje... E estou com o táxi parado lá fora.

MARINA: - Pode deixar que eu entrego.

FELIPE: - Você faz isso para mim mesmo?

MARINA; - Claro, Felipe! Me dê aqui que eu entrego para o papai. Assim você não se atrasa para o seu compromisso.

Felipe entrega o envelope para Marina. Depois dá um beijo na testa dela.

FELIPE: - Você é um anjo!

Marina sorri.

FELIPE (saindo): - Avisa ao tio Alberto e a tia Tânia que eu deixei um beijo para eles!

MARINA: - Pode deixar! E aproveita bem a noite!

Felipe sai. Marina fica contente.

CENA 34. CASA ALBERTO. EXT. NOITE.

     Felipe sai da mansão dos Walker e caminha em direção ao táxi.

FELIPE: - Que garota melosa e idiota!... Achando que eu sou amiguinho dela! (riso) Amanhã é que eu começo o meu grande trunfo!

     Felipe entra no táxi e vai embora.

CENA 35. RESORT COSTA D’OURO. CLÍNICA ESTÉTICA. INT. NOITE.

     Virgínia e Sônia conversam as clientes na estética.

CLIENTE 01: - Eu adorei o tratamento capilar, Virgínia! É divino!

VIRGÍNIA: - Eu sabia que você iria gostar! E você ficou muito bem, querida! Uma lady!

CLIENTE 02: - E eu me senti nas nuvens com as massagens! Que maravilha!

SÔNIA: - Nossos massagistas são profissionais muito bem qualificados. Quando quiser fazer outra seção, é só marcar.

VIRGÍNIA: - Sônia, posso falar com você um instantinho?

SÔNIA: - Claro... com licença.

     Sônia e Virgínia se afastam das clientes, que ficam comentando animadas.

VIRGÍNIA (empolgada): - Que sucesso tremendo está fazendo a nossa clínica! Nem posso acreditar!

SÔNIA: - Está mesmo! Todos os clientes estão elogiando o nosso serviço!

VIRGÍNIA: - Mas eu estou louca para receber as minhas amigas socialites aqui. Aí elas vão ver o que é tratamento de beleza!

SÔNIA: - Elas com certeza sairão daqui satisfeitas, assim como todos os clientes que já passaram por aqui.

     As duas vibram.

CENA 36. CASA PETRONIO. QUARTO BENTO. INT. NOITE.

     Helena vai até o quarto de Bento e encontra ele arrumando as malas.

HELENA (surpresa): - O que é isso Bento? Que malas são essas/ Vai viajar?

BENTO: - Não, dona Helena. Eu estou indo embora.

Helena fica totalmente surpresa.

HELENA: - Como assim, Bento?

BENTO: - É isso mesmo que eu falei, dona Helena. Eu estou indo embora daqui.

HELENA: - Que brincadeira é essa, Bento?

BENTO: - Não há brincadeira nenhuma, dona Helena.

HELENA: - Deixe de bobagem, Bento.. Desfaça essas malas aí...

BENTO: - Não, dona Helena. Eu estou decidido a ir embora. Estou cansado dessas suas atitudes comigo.

HELENA: - Você está indo embora daqui por causa de mim?

BENTO: - Infelizmente.

HELENA: - Mas Bento, entre eu e vocÊ não há nada de mais...

BENTO: - Que seja! Não quero virar brinquedo, objeto de desejo de ninguém. Ainda mais no meu trabalho. Por isso mesmo que eu vou embora. Eu cansei desse assédio.

     Helena começa a se conscientizar de que Bento está decidido a ir embora.

HELENA: - Isso não pode ser verdade, Bento. Você não está falando sério...

BENTO: - Estou.

HELENA: - Mas você não pode ir embora! Não pode sair dessa casa, Bento! Eu preciso de você!

BENTO: - Você não precisa de mim, dona Helena. A senhora só me quer se for para servir apenas para o seu prazer.

HELENA: - E o que você vai dizer para o meu pai? Que vai embora e só?

BENTO: - Vou falar a verdade para ele. Vou ser sincero, assim como ele sempre foi comigo.

HELENA: - Não, Bento! Isso nunca! Não faça isso, por favor?!

     Helena se ajoelha aos pés de Bento.

HELENA: - Eu te imploro, por favor! Não vá embora!

     Bento fica a encarar Helena.

CENA 37. APTO FELIPE. INT. NOITE.

     Felipe abre a porta do apartamento e recepciona um garoto de programa. O rapaz de belo porte entra no local. Felipe fecha a porta. Ele e o rapaz ficam frente a frente. Felipe desliza sua mão pelo corpo do rapaz e depois o beija.

CENA 38. CASA PETRONIO. QUARTO BENTO. INT. NOITE.

     Helena implora para que Bento não vá embora. Ele fica a encará-la.

HELENA: - Por favor, Bento! Faça isso por mim!

BENTO: - Dona Helena, levante-se por favor!...

HELENA: - Não levanto! Só depois que você me prometer que fica!

BENTO: - Não, dona Helena, não faça isso...

HELENA: - Vamos Bento, diga para mim que fica, por favor?

BENTO: - Tudo bem, eu fico. Mas agora a senhora levante-se, por favor!

Helena se levanta, fica frente a frente com Bento.

HELENA; - Você não sabe como isso me deixa feliz.

BENTO: - Eu só gostaria de lembrá-la de que a partir de hoje, não serei mais seu objeto de desejo. Não mais.

Helena sorri maliciosamente para Bento. Os dois se encaram por um instante. Helena vai saindo do quarto. Bento fica pensativo.

CENA 39. MADRI. HOTEL. QUARTO CÉSAR / RÚBIA. INT. NOITE.

     No quarto do hotel onde Rúbia e César estão hospedados, Rúbia está deitada na cama, sozinha. Acordada, ela vira para um lado, vira para outro. Está inquieta. Ela se aproxima da beirada da cama e olha para baixo, entristecida. CAM abre plano e mostra César, dormindo em uma cama no chão, sozinho.

CENA 40. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. NOITE.

     Brenda está deitada na cama, pensativa. Ela fica pensando em César, nos momentos que passaram juntos, na noite de amor.

BRENDA: - Ai César... Que falta que você me faz...

     Brenda continua a lembrar de César.

CENA 41. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / CASA ALBERTO. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

     Imagens de Praia Real ao amanhecer. Corta para casa de Alberto. Marina, Alberto e Tânia tomam café. Clarisse acompanha próxima a mesa.

ALBERTO (lendo jornal): - Vejam só... Já está estampada no jornal.

TÂNIA: - O que foi querido?

ALBERTO: - A Ocean. Acaba de abrir as portas no Brasil.

MARINA: - Não se preocupa, papai. Isso só vai fortalecer a Best Fish. Pode ter certeza. Estamos muito bem preparados para enfrentar a concorrência.

TÂNIA: - Mas essa empresa chega assim, do nada aqui?

ALBERTO: - Eles perderam espaço no mercado norte-americano para nós, Tânia. Agora, provavelmente, querem dar o troco.

MARINA: - Mas não vão conseguir. Eu garanto.

TÂNIA: - Gostei de ver, Marina... Mostrando atitude.

MARINA: - Tenho que defender o que é meu, não é?

Tânia ignora. Alberto continua lendo.

MARINA (a Clarisse): - Clarisse, pede para o Charles preparar o carro, por favor?

CLARISSE: - Claro, Marina. Com licença.

Clarisse sai.

ALBERTO: - Vai sair, minha filha? Pensei que fosse para a empresa comigo...

MARINA: - Eu vou um pouco depois, papai. Quero passar no resort, visitar a clínica da mamãe.

TÂNIA; - É mesmo... Até tinha me esquecido que agora a Virgínia é uma empreendedora. (risos) Só quero ver onde essa brincadeira toda vai parar!

MARINA: - Mas pelo o que eu sei, não é brincadeira não, Tânia. Aliás, a estética está sendo um grande sucesso. Já vi muita gente comentando, dizendo que o serviço é de primeira, digno de um hotel cinco estrelas. E eu, como não sou boba, quero ir lá conferir!

ALBERTO: - Faça isso sim, querida. E de um abraço na sua mãe por mim.

MARINA: - Darei sim, com certeza.

Clarisse retorna.

CLARISSE: - O Charles já está esperando, Marina.

MARINA: - Obrigada, Clarisse. (levantando-se, beijando Alberto) Até mais, papai!

ALBERTO: - Até logo, minha filha!

MARINA: - Bom dia, Tânia. (saindo)

TÂNIA: - Bom dia, Marina.

Marina sai.

TÂNIA: - E César? Não ligou? Já estou ficando preocupada...

ALBERTO: - Preocupada com o quê? Deixa ele aproveitar a lua-de-mel!

TÂNIA: - Aproveitar a lua-de-mel? Com a Rúbia? Acho difícil, viu?...

ALBERTO: - Por que você está dizendo isso?

TÂNIA: - Ah, porque... Porque... Porque ela está grávida, não é? Já tem uma barriguinha... Deve ser um pouco complicado, não acha?

ALBERTO: - É, talvez...

TÂNIA: - Mas querido, você continua com essa carinha de preocupado!... Essa empresa que está chegando é que está deixando você assim, não é?

ALBERTO: - É mesmo, querida... Mas eu não posso desanimar. Hoje os empresários espanhóis assinam nosso contrato e em breve nós estaremos na Europa!

CENA 42. AVIÃO. INT. DIA.

     Dentro do avião, Cláudia e Lázaro estão sentados lado a lado. Atrás deles, Tereza. Todos viajando para o Brasil.

CENA 43. BOUTIQUE POEME. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

     Cristina, Vera e Glória Colombo finalizam os preparativos para o coquetel.

VERA: - Então é isso? Tudo certo?

CRISTINA: - Tudo confirmado, Vera. O coquetel de lançamento da nova coleção de Glória Colombo vai ser um sucesso!

GLÓRIA COLOMBO: - Ai, nem me fala!... Estou ansiosíssima!

CRISTINA: - Mas se você está assim, imagina a gente!

VERA: - Ainda mais que nós não vimos os modelitos que serão apresentados no desfile, não é? Aliás, as modelos estão todas confirmadas, Cristina?

CRISTINA: - Tudo certo, Vera. Já confirmei com a agência, que vai mandar as modelos. E são meninas lindas! Vão ficar umas deuses nas suas roupas, Glória.

GLÓRIA COLOMBO: - E quando elas vem fazer as provas?

CRISTINA: - Hoje a tarde! A agência também confirmou.

GLÓRIA COLOMBO: - Que maravilha! Assim se tiver que fazer algum ajuste, dá tempo.

VERA: - O que não dá mais é esperar para almoçar... Vamos, gente? Estou louca de fome!

CRISTINA: - Vamos, claro!... vem conosco, Glória?

GLÓRIA COLOMBO: - Vou sim, meninas.

VERA: - Ai! Adorei o meninas!

     As três riem, enquanto saem do escritório.

CENA 44. BEST FISH. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.

     Os empresários espanhóis estão reunidos com Alberto, Felipe, Marina, Tomás, Leandro e Mônica, além de outros diretores da Best Fish, para a assinatura do contrato. Os estrangeiros assinam o contrato com a Best Fish, em seguida, Alberto assina o documento. Felipe observa tudo, com expressão de satisfação.

CENA 45. RESTAURANTE. INT. DIA.

     Num restaurante, uma mesa grande, onde os diretores da Best Fish estão reunidos, brindando, felizes.

ALBERTO: - Um brinde a mais um passo da Best Fish na sua caminhada pelo mundo!

Todos brindam, vibrando.

LEANDRO: - Quando aquele espanhol assinou o contrato, me saiu um peso das costas!

TOMÁS: - Pensou que ele não ia assinar?

LEANDRO: - Que isso, Tomás?! Sempre com pensamento positivo!

MARINA: - E deu certo, Leandro! Agora nós estamos na Europa e com força total!

FELIPE: - E ganhando muito bem! O contrato mais caro da história da empresa!

ALBERTO: - E é por isso mesmo, Felipe, que nós levaremos para eles o melhor dos nossos serviços!

MONICA: - Será um período de muito trabalho.

ALBERTO: - Isso mesmo, Mônica. Não podemos deixar cair a nossa qualidade. Afinal, desse contrato, podem surgir outros para outras regiões da Europa.

FELIPE; - Mas agora é hora de comemorar! Afinal, a gente merece, não merece?

TOMÁS: - Com certeza! Isso tudo é fruto de muito esforço.

LEANDRO: - Então vamos brindar mais uma vez!

Todos brinda, felizes.

CENA 46. CASA BRENDA. SALA. INT. DIA.

     Matilde, Sérgio e Alice se organizam para sair. Joaquim está sentado no sofá, assistindo TV.

JOAQUIM: - Vão sair é?

MATILDE: - Sim, Joaquim. Eu vou até o mercado do porto. Tem uma feira gigantesca lá. Tudo em promoção. E o Sérgio e a Alice vão comigo.

JOAQUIM: - E a Brenda e o Guto, onde estão?

SÉRGIO: - A Brenda não sei, mas o Guto me disse que ia para o calçadão.

MATILDE: - Você não sabe da Brenda, Alice?

ALICE: - Não sei não, dona Matilde...

MATILDE: - Deve ter saído também... Mas vocÊ avise ela Joaquim que eu fui ao mercado e não demoro. Para ela e Guto tomarem conta do restaurante.

JOAQUIM: - Não se preocupe, pode ir tranqüila.

Matilde, Sérgio e Alice saem. Joaquim fica sozinho em casa.

CENA 47. CALÇADÃO PRAIA REAL. EXT. DIA.

     Brenda caminha pensativa pelo calçadão, quando é surpreendida por Guto, que segura um grande buquê de flores.

BRENDA: - Guto?! O que é isso?

GUTO: - Para você.

Guto entrega o buquê de flores para Brenda.

BRENDA: - São lindas, Guto... Mas, porque você está me dando esse buquê?

GUTO: - Porque eu gosto de você e não quero te ver assim, triste.

BRENDA; - Não estou triste, Guto.

GUTO: - Eu sei que está. O seu olhar está triste.

     Brenda consente, baixando o olhar. Guto alisa o seu rosto.

GUTO: - Você é tão linda... Não merece sofrer assim, por amor.

BRENDA: - Vai passar...

GUTO: - Eu sei que vai. E é por isso que eu estou aqui. Para ajudar você a superar tudo isso.

     Os dois se olham profundamente. Aos poucos vão se aproximando. Estão prestes a se beijar, porém, Brenda se esquiva.

BRENDA; - Vamos para casa? Vou colocar essas flores num vaso bem bonito.

GUTO: - Vamos sim.

     Os dois seguem caminhando.

CENA 48. AEROPORTO RIO DE JANEIRO. SAGUÃO. INT. DIA.

     Imagens gerais do aeroporto do Rio de Janeiro. Corta para o saguão. Cláudia, Lázaro e Tereza desembarcam no aeroporto.

CENA 49. CASA BRENDA. SALA. INT. DIA.

     Joaquim está sentado assistindo TV. Ele se levanta e vai em direção à cozinha. Durante o percurso, Joaquim sente-se mal. Ele leva a mão ao peito, sobre o coração. Joaquim sente fortes dores e desmaia.

CENA 50. MADRI. CAFETERIA. INT. DIA.

     César e Rúbia tomam café numa bela cafeteria de Madri. Os dois conversam, parecem se entender, enquanto degustam das bebidas servidas.

CENA 51. CASA BRENDA. SALA. INT. DIA.

     Brenda e Guto chegam em casa.

BRENDA: - Vou colocar as flores num vaso que a vovó tem guardado. Vão ficar tão lindas!

GUTO: - Vão mesmo. Que bom que você gostou das flores.

BRENDA: - Você sabe muito bem que eu amo flores...

GUTO: - E que eu amo você.

Os dois se olham por um instante, mas Brenda novamente se esquiva. Quando ela vai indo em direção ao seu quarto, percebe que Joaquim está caído.

BRENDA (surpresa / assustada): - Vovô?! Guto!

     Guto se aproxima. Brenda, nervosa, tenta acordar Joaquim.

BRENDA: - Vovô! Acorda! Fala comigo! Vovô?!

     Joaquim permanece desacordado. Brenda e Guto estão apreensivos.

               FIM DO CAPÍTULO