terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Capítulo 15: Castelo de Cartas

CENA 01/INT./QUARTO ESCURO/DIA
Continuação imediata do capítulo anterior.
Danilo tenta se desamarrar da cadeira.
TÁRSIS - Que burro você, hein? Você acha que só se mexendo desse jeito vai se soltar? Pode tirar o seu cavalinho da chuva, porque você ainda vai ficar aqui por um bom tempo!
Danilo tenta dizer alguma coisa. Társis tira a fita da boca dele, com força.
DANILO - Seu maluco! Onde você me trouxe? Que lugar é esse?
TÁRSIS - O lugar não interessa. Não quer saber por que eu te trouxe aqui?
DANILO - Desembucha logo, Társis! O que você quer comigo?
TÁRSIS - Bem, a minha família pode não concordar comigo, mas eu acho que cada um tem seu lugar no mundo.
DANILO - É sequestro ou propaganda?
TÁRSIS - Cala a boca, deixa eu terminar! Como eu ia dizendo, você não tá se pondo no seu lugar. Lugar de preto é no morro, na favela, e não no meio dos brancos. Saca? Eu não vou te deixar se misturar com a minha família, muito menos ficar com a minha irmã.
DANILO - É muito psicopata mesmo, hein? É difícil de acreditar que você me trouxe aqui por racismo, Társis. Eu achava que você era um cara legal, mas agora... agora eu só sinto nojo de você! Seu monstro!
TÁRSIS - E quem você acha que é pra falar desse jeito comigo, hein? Vê se te comporta, vagabundo!
DANILO - (grita) Socorro! Socorro! Alguém me ajuda!
Társis põe o revólver na cabeça de Danilo.
TÁRSIS - Se você tem amor à vida, você vai ficar pianinho aí no seu canto.
Danilo sua frio. Társis põe outra fita na boca dele.
TÁRSIS - Assim é bem melhor! Fica quieto aí que eu vou dar uma saída. E presta atenção: é melhor ficar tudo do jeito que eu deixei, entendeu?
Danilo deixa escorrer uma lágrima. Társis sai.
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CENA 02/INT./BOATE/DIA
(SONOPLASTIA: SHAKE IT OFF - TAYLOR SWIFT)
Um lugar amplo, com um palco grande e uma pista de dança. Algumas dançarinas se aquecem. Walkiria entra. Sonoplastia cai em BG.
WALKIRIA - Oi, gente! Cheguei!
Walkiria se encontra com Hilary (alta, loira, olhos castanhos, 31 anos).
HILARY - Já era hora, né, Walkiria?
WALKIRIA - Mil desculpas, Hilary! É que o Társis me atrasou, entendeu?
HILARY - Entendi, entendi tudo! Aliás, a palavra "atrasou" soa parecido com o que você realmente fez, né?
WALKIRIA (ri) - Para! Mas e aí, qual é a música de hoje?
HILARY - Essa que tá tocando, Shake it off.
WALKIRIA - Ai, adoro Taylor Swift!
HILARY - Quem não gosta, né? Mas eu quero te apresentar uma pessoa.
WALKIRIA - Quem, Hilary?
HILARY - Ju, pode vir!
Entra Juliana Valsesia, do Domingão do Faustão.
WALKIRIA - Mentira! Ju Valsesia, é você mesmo? Nossa, eu sou sua fã!
Walkiria beija o rosto de Juliana.
HILARY - Juliana, essa é a menina que eu te falei, a Walkiria.
JULIANA - A Hilary me falou muito bem de você, viu?
WALKIRIA - Sério?
JULIANA - Sério! Ela me disse que você é uma das melhores dançarinas daqui.
WALKIRIA - Valeu, Hilary. Mas e aí, Ju, o que você veio fazer aqui?
JULIANA - Bem, você lembra que houve um concurso pra eleger novas bailarinas pro Domingão do Faustão, né?
WALKIRIA - Claro que eu lembro! Eu me inscrevi, mas não fui até o final.
JULIANA - Pois é, só que a direção do programa pensou em dar um destaque pra uma bailarina que ficaria bem no meio do palco. E depois de muita conversa, opinião daqui, opinião dali, a gente chegou à conclusão que seria melhor um rostinho novo nesse destaque. Então, nós fizemos um novo concurso, dessa vez menor, pra escolher o destaque do balé.
WALKIRIA - Então quer dizer que eu posso me inscrever nesse concurso?
HILARY - Qualquer um pode. E a Ju veio aqui na boate pra escolher um grupo de dançarinas que vai concorrer ao cargo de bailarina do Faustão.
JULIANA - Exatamente, e eu escolhi esse lugar a dedo, pra tirar a ideia preconceituosa de que dançarina de boate é... enfim, garota de programa e essas coisas.
WALKIRIA - É, eu entendo muito bem. Meu namorado mesmo não abre a mente pra isso. Mas enfim, quando essa seleção vai acontecer?
JULIANA - Vai ser semana que vem, no dia 28, aqui mesmo. Primeiro você precisa assinar esse papel aqui.
Juliana tira uma prancheta com um papel de cima da mesa e entrega a Walkiria, que assina.
JULIANA - Pronto, agora pra confirmar a sua participação na seleção, é preciso trazer o seu CPF amanhã.
WALKIRIA - Tá legal, eu trago. Ai, tô nervosa, gente!
HILARY - Acaba com esse nervosismo, Walkiria. Prejudica o desempenho na dança!
WALKIRIA - É, eu sei. Vou treinar bastante hoje.
HILARY - Isso aí. (Aumenta o tom de voz) Meninas, atenção aqui, por favor! O ensaio vai começar agora e a nossa convidada, Juliana Valsesia, vai assistir a tudo. E não se esqueçam do concurso da semana que vem, que vai eleger um grupo de garotas. Por fim, só uma dessas garotas vai ser escolhida pra dançar no Domingão do Faustão. Portanto, vamo ensaiar! As garotas, incluindo Walkiria, vão ao palco.
Juliana Valsesia senta-se em uma cadeira. O ensaio começa.
MUSIC FADE.
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CENA 03/INT./CASA DE ROSICLER/QUARTO/DIA
Rosicler, Mayara e Nenê continuam brigando. Nínive entra.
NÍNIVE - Mãe, você não viu o... Que é isso? Para com isso! Ei!
A briga continua.
NÍNIVE - (grita) Chega! Silêncio.
NÍNIVE - O que tá acontecendo aqui? Por que vocês tão brigando?
ROSICLER - Essas duas aqui estavam te ofendendo, minha filha.
NENÊ - Eu não tava ofendendo ninguém, eu tava falando da desgraça do Gregório.
MAYARA - Gente, cadê ele?
ROSICLER - O traste fugiu! Ah, mas se eu pego ele, eu torço aquele pescoço até dar uma volta de 360 graus.
NENÊ - E o que a gente tá fazendo aqui? Vamo correr atrás dele!
NÍNIVE - Calma aí, calma aí! Mãe, você viu o Danilo?
ROSICLER - Ele saiu umas duas da tarde, disse que ia curtir uma praia. Ele nunca voltou?
NÍNIVE - Não, ele nunca voltou. E se ele demorar mais um pouco, vai chegar atrasado na faculdade.
ROSICLER - Ah, talvez hoje ele não queira ir. Mas também, nem férias vocês têm. Quem não cansa?
NÍNIVE - É, deve ser isso mesmo.
ROSICLER - Já tentou ligar pra ele?
NÍNIVE - Ai, que burra. Ainda não. Vou fazer isso agora.
ROSICLER - Muito bem, filhinha. Agora deixa eu ir que eu tenho o couro de um safado pra arrancar.
MAYARA - É isso aí, vamo lá.
NENÊ - Tchau, Nivalda.
Rosicler, Nenê e Mayara saem.
NÍNIVE - É Nínive!
Nínive pega o celular e disca o número de Danilo. Tempo.
NÍNIVE - Caixa postal!
Nínive desliga e tenta de novo.
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CENA 04/INT./QUARTO ESCURO/DIA
Danilo continua amarrado em uma cadeira e com uma fita na boca. Seu celular toca e ele se agita. O CELULAR (bem simples) cai de seu bolso. Danilo começa a se mexer e acaba caindo ao lado do celular. Ele se arrasta e aperta o botão de atender com o nariz.
NÍNIVE - (t./off) Alô, Danilo?
Danilo tenta falar.
NÍNIVE - (t./off) Danilo, é você? Onde você tá?
Danilo tenta falar alguma coisa, mas só emite gemidos.
NÍNIVE - (t./off) Danilo? Alô?
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CENA 05/INT./CASA DE ROSICLER/QUARTO/DIA
Nínive desliga o celular.
NÍNIVE - Que estranho, só ouvi gemidos na ligação... Alguma coisa não tá me cheirando bem nisso.
Nínive sai do quarto.
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CENA 06/INT./MANSÃO TRINDADE/SALA/DIA
Lucas, Vitória e Angélica terminam de enfeitar a árvore de natal.
LUCAS - Pronto! Montamos o nosso pinheirinho!
ANGÉLICA - Eba! Essa é a primeira vez que eu monto uma árvore de Natal.
VITÓRIA - Por que, Angélica?
ANGÉLICA - Ah, os meus pais... eles nunca puderam comprar uma.
VITÓRIA - Poxa, que chato.
LUCAS - Então já tá resolvido. Sempre que você vier pra cá nas suas férias, você vai nos ajudar a montar uma árvore de Natal. Valeu?
ANGÉLICA - Obrigada.
Angélica sorri. Lucas beija sua testa. Madalena sai da cozinha.
MADALENA - Alguém viu a dona Ingrid? Eu queria umas opiniões dela sobre como fazer a ceia.
LUCAS - Foi dar uma lição na minha mãe. Madalena, por que você não falou da humilhação que ela te fez passar?
MADALENA - Como é que vocês descobriram?
VITÓRIA - A Angélica tirou umas fotos delas e, ao fundo, deu pra ver a dona Maria Fernanda fazendo aquela barbaridade com você.
ANGÉLICA - Aquela mulher é uma bruxa!
MADALENA - Ah, gente... eu não queria que vocês sentissem pena de mim. Eu sei como a dona Maria Fernanda é, já tô acostumada.
ANGÉLICA - Tia Madá, se eu fosse você, eu dava uma boa surra naquela jararaca!
LUCAS - Até agora eu não consegui acreditar que a minha mãe foi capaz disso.
VITÓRIA - Ninguém conseguiu digerir isso ainda.
MADALENA - É... eu prefiro não falar sobre esse assunto. Você disse que a dona Ingrid tava falando com a sua mãe, né, Lucas?
LUCAS - É, ela ainda deve estar no quarto da mamãe.
MADALENA - Obrigado. Eu vou falar com ela.
Madalena sobe as escadas.
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CENA 07/INT./MANSÃO TRINDADE/BANHEIRO/DIA
Maria Fernanda mergulhada na banheira, bebendo um martini.
MARIA FERNANDA - Ah! Nada melhor que um banho quente acompanhado de um martini delicioso!
Ouve-se um grito.
MARIA FERNANDA - Parece que alguém já viu a dona Ingrid durinha no chão. Tomara que eu não tenha matado a velha de susto, já fiz isso em outra novela e não gosto de repetições.
MADALENA - (off/grita) Lucas! Acode aqui!
Maria Fernanda levanta a taça.
MARIA FERNANDA - Tim tim!
Maria Fernanda solta sua risada diabólica.
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CENA 08/INT./MANSÃO TRINDADE/QUARTO FERNANDA/DIA
Madalena abana Ingrid com o avental. Entram Lucas, Vitória e Angélica.
ANGÉLICA - A dona Ingrid morreu?
MADALENA - Bate nessa boca, Angélica! A dona Ingrid tá desmaiada, acho que teve uma alta ou queda de pressão, não sei.
LUCAS - Deixa eu deitar ela na cama.
Lucas carrega Ingrid até a cama, onde a deita.
VITÓRIA - Dá uma mexidinha nela, vai que ela acorda
MADALENA - Eu vou buscar uma água com açúcar pra ela.
Madalena sai.
LUCAS - Vó? Vó, acorda!
Ingrid abre os olhos lentamente.
INGRID - Lucas? É você?
LUCAS - Sou eu, vó. O que aconteceu?
INGRID - Não lembro direito... Eu vim aqui no quarto da Maria Fernanda e aí... não lembro, não consigo lembrar.
ANGÉLICA - Eu aposto que a tal da Maria Fernanda deu um susto na dona Ingrid e ela desmaiou.
VITÓRIA - Dona Ingrid, a senhora não lembra ao menos da conversa que teve com a sua filha?
INGRID - Não, eu não consigo lembrar de nada!
Madalena entra com um copo na mão.
MADALENA - Tá aqui a aguinha com açúcar.
INGRID - Obrigada, Madalena.
Ingrid toma toda a água.
MADALENA - E então, o que aconteceu?
LUCAS - Ninguém sabe, Madalena. A vovó disse que veio aqui conversar com a minha mãe e não lembra mais de nada. Nem sabe como desmaiou.
Maria Fernanda entra, enrolada em um roupão com as iniciais “MF”.
MARIA FERNANDA - Que fuzuê é esse dentro do meu quarto?
ANGÉLICA - Foi você, sua bruaca! Você que fez a dona Ingrid desmaiar!
MARIA FERNANDA - Do que você tá falando, garota? Mamãe desmaiou?
LUCAS - Desmaiou, mãe. A Madalena entrou aqui e encontrou ela jogada no chão. Estranho ela desmaiar logo no seu quarto, né?
MARIA FERNANDA - Você está insinuando que eu fiz mamãe desmaiar, filho? Nunca pensei que eu seria acusada desse jeito.
LUCAS - Mas tá sendo, porque depois do que você fez com a Madalena, eu sei que você é capaz de tudo.
MADALENA - Lucas, já passou. Pode deixar isso pra lá, por favor?
LUCAS - Tá bom, Madalena.
VITÓRIA - Não seria melhor chamar um médico pra ver o que levou a dona Ingrid a desmaiar?
MADALENA - Eu vou ligar pro médico da família.
Madalena vai até o criado-mudo e disca um número no TELEFONE.
CORTE DESCONTÍNUO. O médico examina Ingrid com um estetoscópio.
MÉDICO - Os batimentos estão um pouco rápidos. Por se tratar de uma pessoa de idade, é provável que o desmaio tenha sido causado por um susto.
LUCAS - Vó, a senhora se assustou com alguma coisa quando veio pra cá?
INGRID - Eu não lembro, não lembro de nada.
MARIA FERNANDA - Tudo bem, ela já disse que não lembra de nada. Agora saiam do meu quarto que eu quero me vestir!
ANGÉLICA - Espera aí! Se a dona Ingrid disse que não lembra de nada do que aconteceu aqui, você deve saber, né, Maria Fernanda? Afinal de contas o quarto é seu.
VITÓRIA - Isso é verdade! E aí, Maria Fernanda? O que aconteceu no quarto?
Closes alternados entre Maria Fernanda, Vitória e Ingrid.
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CENA 09/INT./CASA DE ARTURO/SALA/DIA
Kátia Flávia sentada no sofá lendo um livro. Entra Arturo.
ARTURO - Kátia Flávia lendo? É hoje que o mar vira sertão.
KÁTIA FLÁVIA - Claro, tio Arturo. Mulheres maduras como eu têm que se informar.
ARTURO - Kátia Flávia, desiste. Não é pintando o cabelo e lendo livros que você vai mudar de uma hora pra outra.
KÁTIA FLÁVIA - E você fala com muita propriedade, né, tio Arturo? Pintou o cabelo de branco e leu kama sutra, mas continua o velho bundão de sempre.
ARTURO - Olha o respeito, sua encalhada. E falando nisso, nunca mais fez nada pra reconquistar o Lucas?
KÁTIA FLÁVIA - Nada me veio à cabeça ainda. Mas como eu sei que ele gosta de mulheres sérias e experientes, como eu, vai ser fácil ter ele de volta.
ARTURO - Mas os chifres continuam aí em cima da sua cabeça, né?
Kátia Flávia joga uma almofada em Arturo.
KÁTIA FLÁVIA - Ah, tio Arturo! Fala sério! Deixa eu continuar meu livro que eu ganho mais.
Arturo ri.
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CENA 10/INT./CASA DE ROSICLER/SALA/DIA
Nínive, nervosa, anda de um lado para o outro. Entra Rosicler, cansada.
ROSICLER - Ai... ai, meu reumatismo! O Greg foi sortudo de eu não conseguir correr muito. Nínive, o que você tá fazendo? Desse jeito você vai cavar um buraco no chão. Aliás, você não foi pra faculdade hoje?
NÍNIVE - Mãe, eu tô muito preocupada com o Danilo.
ROSICLER - A ligação não deu certo?
NÍNIVE - Deu, mas eu só ouvi uns gemidos do outro lado da linha.
ROSICLER - Gente, nunca imaginaria isso. O Danilo? E a uma hora dessas?
NÍNIVE - Claro que não, mãe! Os gemidos não eram desse tipo. Parecia mais alguém querendo gritar, mas não conseguia. Era como... como se tivesse com uma fita na boca.
ROSICLER - Nossa, agora eu me preocupei. Onde será que esse menino tá?
NÍNIVE - Eu vou ligar pra faculdade, quem sabe ele tá lá.
ROSICLER - Faz isso, filha. Eu vou me sentar aqui, porque eu tô pra não aguentar de cansaço.
Rosicler senta no sofá. Nínive disca um número no celular e põe no ouvido.
Tempo.
NÍNIVE - Alô? (t.) Oi, eu tô ligando pra saber se o aluno Danilo da Paz Sampaio foi à aula hoje. (t.) Ah, tudo bem. Obrigada.
Nínive desliga.
ROSICLER - E aí, filha?
NÍNIVE - Ele não foi. Meu Deus, onde será que ele se meteu?
ROSICLER - Vai ver essa pessoa que te atendeu se enganou e o Danilo foi à aula hoje sim.
NÍNIVE - Não tem como haver engano, mãe. Os alunos batem ponto na minha faculdade, e vai tudo pro computador da direção. Ele não tá lá.
ROSICLER - Ai, meu Deus do céu. Nínive, eu vou tomar um banho e logo depois a gente sai pra procurar o Danilo, tá ok?
NÍNIVE - Tá, mãe. Não demora!
Rosicler sobe as escadas. Nínive senta no sofá e cruza os braços, preocupada.
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CENA 11/INT./QUARTO ESCURO/DIA
Danilo caído no chão, ainda amarrado à cadeira e com uma fita na boca. Társis entra.
TÁRSIS - Eu disse que eu queria tudo do jeito que eu deixei, esqueceu? Parece que você se agitou um pouco e acabou caindo, né? Que dó!
Társis vê o CELULAR de Danilo no chão e o pega.
TÁRSIS - Ah, então você tava tentando falar com alguém, espertinho Társis joga o celular na parede.
TÁRSIS - Não vai mais conseguir.
Closes alternados entre Társis e Danilo.
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CENA 12/INT./MANSÃO TRINDADE/QUARTO FERNANDA/DIA
Continuação da cena 08.
LUCAS - Anda, mãe. A Vitória fez uma pergunta. O que aconteceu aqui no quarto?
MARIA FERNANDA - Eu não sei, eu tava tomando banho. E aliás, daqui a pouco eu tenho que tomar outro, porque faz tempo que eu quero me vestir e vocês não saem do meu quarto.
VITÓRIA - A gente só sai quando você disser o que houve aqui de tão espantoso que fez a dona Ingrid desmaiar. Só vocês tavam aqui em cima!
MARIA FERNANDA - E quem é você pra me interrogar dessa forma, na minha casa, no meu quarto?
LUCAS - Em breve ela vai fazer parte dessa família também, mãe. Mas não muda de assunto. Desembucha logo!
MARIA FERNANDA - Ô, agonia! Eu já disse que eu tava no banho, eu não vi a hora que a mamãe desmaiou!
ANGÉLICA - Por que a gente acreditaria em você depois do que você fez com a minha tia?
MARIA FERNANDA - Porque... porque... ah, eu vou mostrar pra vocês.
Maria Fernanda vai até o COMPUTADOR e abre o relatório.
MARIA FERNANDA - Vocês estão vendo? O documento foi fechado às 15:34, e foi nessa hora que eu fui tomar banho. Vocês encontraram a mamãe desmaiada agora, que são 15:57. Eu só saberia de alguma coisa se eu estivesse aqui entre esses horários, mas não, eu estava no banho!
VITÓRIA - É, até que faz sentido.
MARIA FERNANDA - É claro que faz sentido. Agora podem dar licença pra que eu me vista?
LUCAS - Tá, a gente vai sair.
Lucas ajuda Ingrid a se levantar. Todos saem e Maria Fernanda tranca a porta.
MARIA FERNANDA - Ah, que ódio!
Maria Fernanda vai até o closet.
Corta para:

CENA 13/EXT./RIO DE JANEIRO/RUA/DIA
(SONOPLASTIA: MUITO GELO E POUCO WHISKY - MÁRCIA FELLIPE)
Greg corre de Nenê e Mayara. Eles passam por várias ruas. Pessoas filmam e riem. Greg dobra em uma esquina e se esconde em um beco. Nenê e Mayara passam direto, sem vê-lo.
GREG - Ufa!
Greg encontra uma PORTA atrás de alguns latões de lixo.
GREG - Ah, moleque! Encontrei um esconderijo! Mas o que será isso aqui?
Greg abre a porta.
MUSIC FADE.
Corta para:

CENA 14/INT./QUARTO ESCURO/DIA
Danilo tenta falar alguma coisa. Társis ri.
TÁRSIS - Preto é bicho burro, hein? Com essa fita ninguém entende o que você tá falando, seu quadrúpede! Greg entra.
Társis e Danilo se assustam.
TÁRSIS - Quem é você?
Closes alternados entre os três. Fecha em Greg.


FIM DO CAPÍTULO

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