quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Capítulo 5: Amores Adormecidos

CAPÍTULO 05
DESEJO PROIBIDO



ATO DE ABERTURA


FADE IN:

CENA 01. JARDIM BOTÂNICO. EXT. MANHÃ
 CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. Closes alternados. Lara furiosa, Lorenzo surpreendido e Miranda ainda sem entender.

LARA – Fala, canalha! Ou o gato comeu sua língua?

LORENZO – Lara, por favor/

MIRANDA – Quem é ela, Lorenzo? Mais uma das suas conquistas baratas?

LARA – Você lava essa sua boca com sabão antes de falar de mim assim, sua vadia! Eu não admito tamanha humilhação!

MIRANDA – Vagabunda, eu? Se toca, garota! Você deve ser só mais uma iludida por esse canalha, que, aliás, é todinho seu.

 Miranda vai saindo, furiosa. Lara segura o braço dela e começa a rir.

LARA – Além de vadia ainda é petulante. Eu sou namorada do Lorenzo, sua velha idiota!

 Miranda vira-se, surpresa. Encara Lorenzo.

LORENZO – Miranda, eu posso explicar/

MIRANDA – Você não para de me surpreender, Lorenzo. Um canalha é o que você é. Passe bem... Bem longe de mim e da minha família.
Miranda sai.

LARA – Agora que a coroa saiu, eu exijo uma explicação descente, Lorenzo. Quem é essa vagabunda e o que vocês dois estavam fazendo nesse clima de romance de comercial de camisinha?

LORENZO – Eu estava apenas cuidando da minha própria vida. Aliás, eu recomendo que você faça o mesmo. Garanto que não dói. Se toca!

 Lorenzo sai correndo atrás de Miranda. Lara fica lá, furiosa.

CORTA PARA:

CENA 02. RUA. EXT. MANHÃ.
 Miranda andando, apressada. Lorenzo alcança e se põe na frente dela.

LORENZO – Dá pra me escutar?

MIRANDA – Juro que pensei que você não seria cara de pau o bastante pra me seguir. E não, não dá pra te escutar. Some!

LORENZO – Eu não posso sumir da sua vida, Miranda. Eu te amo!

MIRANDA – (rindo, sarcástica) Eu e mais quantas? Me poupe desse seu joguinho de sedução barato. Já deu pra ver que você conseguiu levar qualquer uma no papo... Mas apenas se lembre de que eu não sou qualquer uma.

 Miranda sai, ignorando-o. Lorenzo decepcionado.

CORTA PARA:


CENA 03. HOSPITAL COPA D'OR. LEITO DE ELLEN. INT. MANHÃ
 Continuação da cena 12 do capítulo anterior. Morgana vai chegando cada vez mais perto de Ellen, sorrateira. Levanta uma tesoura a altura da nuca da filha. Nesse momento Ellen percebe e empurra a mãe, bruscamente. Morgana cai no chão, furiosa. Ellen espantada.

ELLEN – (em pânico) Mãe?

MORGANA – Não, não me chama de mãe. Não me chama de mãe, sua desgraçada petulante! Não sou a sua mãe. Não mais. Não depois de tudo o que você me disse/

ELLEN – Foram ditas tantas coisas por nós duas. E eu não me arrependo de nada do que disse. Já você deveria se envergonhar das coisas asquerosas que me falou/

MORGANA – Se tem algo que me envergonha nesse mundo, esse algo é você. Desastre da natureza!

ELLEN – Cala essa boca! Não fala mais nada. Me diz, Morgana, apenas me diz o que você ia fazer aqui. Tentar terminar o que meu pai não deixou você fazer mais cedo? Me matar?

MORGANA – Com o sorriso mais largo desse mundo! Acabar com essa sua raça de vira lata imunda.

 Morgana se levanta e parte pra cima de Ellen, com a tesoura em mãos. Ellen consegue pegar outra tesoura de cima de uma mesa. Aponta pra mãe.

ELLEN – Vem. Vem que eu não vou ter piedade de você! Vem, mamãe, que vai ganhar o que você merece. Chega perto de mim e eu vingo esse filho que, por sua culpa, não vai mais chegar ao mundo.

 Morgana hesita. Começa a gargalhar, histérica.

MORGANA – Eu não posso acreditar ser dona de tamanha sorte... O bastardo morreu? Meu Deus! Seria meu sonho? É claro que sim! Que noticia boa você me deu, praga!

ELLEN – Então você sabia da minha gravidez?

MORGANA – Você é mesmo uma idiota, e de papel passado. Nada passa despercebido aos meus olhos.

 Ellen chocada. Começa a chorar.

ELLEN – Monstro! Como você foi capaz de fazer o que fez sabendo que eu carregava um filho na barriga?

MORGANA – (fria) Eu pari mesmo uma mosca morta. Acorda, tapada! Era o que eu queria, me ver livre dessa criança maldita! E consegui. Não que eu esteja surpresa, não, longe de mim. Já estou acostumada com minha genialidade.

ELLEN – Você é pior que um bicho selvagem, pior que um monstro. Você é um demônio!  

MORGANA – Ah, me poupe dessas suas frases feitas. Otaria!

 Morgana tira a tesoura de Ellen e pega a filha pelos cabelos. Dá uma gravata nela. Ellen sufocando.
MORGANA – Antes que você diga que estou começando a me repetir, não, não vou te matar.

 Morgana pega a tesoura e posiciona sobre os dedos de Ellen.

MORGANA – Mas eu posso muito bem acabar com a sua vida. Num piscar de olhos! Eu acho bom você esquecer tudo isso, filhinha. Pro seu bem e pro bem do seu pai. Eu corto seus dedos, eu arranco a sua língua e os olhos dele se você sair da linha. Tá me ouvindo? Biscatinha!

 Morgana joga Ellen no chão com violência. Vai até ela e cospe.

MORGANA – Eu só quero deixar claro que isso não é um jogo. Se fosse, eu já teria ganho. Isso tá mais pra uma festa... Na qual eu sou a debutante. Ao fim da festa, veremos quem vai limpar a sujeira... Praga!

 Morgana ri e sai. Ellen fica aos prantos, ainda caída.

CORTA PARA:

CENA 04. MANSÃO NEWMAN. INT. MANHÃ.
 Isa sentada no sofá com o notebook no colo. Valentina entra.

VALENTINA – Vejo que você gosta de estar conectada. Posso saber o motivo desse sorriso?
ISA – Não é nada de mais, mãe.

VALENTINA – Te conheço. Conta logo.

ISA – Tá bem, mãe. É só um amigo virtual que eu tô conversando no chat.

VALENTINA – Amigo virtual? Você sabe que essas coisas são perigosas, minha filha.

ISA – Nem tanto, né, mãe? Não é todo mundo que marca encontro e cai na lábia de bandido. E também esse meu amigo é super gente boa, é de confiança.

VALENTINA – Sei. Toma cuidado com isso. A Internet é uma terra sem lei, qualquer descuido pode arruinar a sua visa.

ISA – Dramática.

 Valentina sai. Isa continua ali.

CORTA PARA:


CENA 06. AGÊNCIA SUMMER DAYS BRASIL. ESTÚDIO FOTOGRÁFICO. INT. MANHÃ
 Continuação da cena 11 do capítulo anterior. Marlon ainda esperando uma resposta de Sofia.

MARLON – Que foi, Sofia? Não vai me dizer nada?
SOFIA – Marlon, a gente precisa de uma conversa séria. Eu não posso viajar com você pra Austrália, nem pra qualquer lugar que seja. Eu simplesmente não posso.

MARLON – E por que não pode, meu amor? Algo de errado comigo?

SOFIA – Por mais clichê que possa parecer, não é nada com você, e sim comigo.

MARLON – Sobre seu pai?

SOFIA – Marlon, eu tô apaixonada por outro homem. Completamente apaixonada! Eu não poderia esconder isso de você.

MARLON – Quem é?

SOFIA – Isso não vem ao caso, Marlon. O que interessa é que acabou tudo entre a gente. Pelo seu bem. Você merece uma garota que goste de você.

 Sofia sorri e se afasta. Marlon fica ali, pensativo.

CORTA PARA:

CENA 07. CALÇADÃO DE COPACABANA. EXT. MANHÃ
 Ellen andando pelo calçadão, sem rumo. Ela esbarra em Sofia.

ELLEN – Sofia. Que bom te ver!

SOFIA – Aconteceu alguma coisa, minha amiga?

ELLEN – Aconteceu tudo. Tudo de ruim, tudo de negativo.

 Ellen começa a chorar e é abraçada por Sofia. Elas vão até um banco.

SOFIA – Quer desabafar?

ELLEN – Preciso. Sofia, eu perdi meu filho. Perdi o bebê que eu carregava na barriga, que eu jurei proteger com minha própria vida.

SOFIA – Não acredito! Mas como isso foi acontecer?

ELLEN – Eu... Ah, eu sofri um acidente em casa. Acabei caindo das escadas. Fiquei desacordada, quando despertei fui ao hospital e recebi a notícia.

SOFIA – Sinto muito por você, Ellen. Do fundo do coração. Mas e sua mãe, ela nem ao menos chegou a saber?

ELLEN – (fria) Não. Minha mãe não soube de nada.

SOFIA – E você pretende contar?

ELLEN – Não acho que vá mudar alguma coisa. Mas e você, como vai?

SOFIA – Indo. Você me conhece, Ellen, sabe como sou. Não gosto de mentiras. Terminei tudo com o Marlon.
ELLEN – Mentira! E por qual motivo?

 Desfocado, Lorenzo passa pela rua. Sofia vê, acena.

SOFIA – Esse. (grita) Lorenzo?

 Lorenzo vai até elas.

LORENZO – Bom dia. Passeando, Sofia?

SOFIA – É. Acabei encontrando minha amiga, Ellen.

ELLEN – Acho que já nos conhecemos. Vem cá, Sofia, eu vou indo. Bom papo com o ‘motivo’.

 Ellen pisca para Sofia e sai.

LORENZO – E aí, que tal uma corridinha?

SOFIA – Duvido você me vencer.

 Ela sai correndo e ele vai atrás.

CORTA PARA:

CENA 08. HOTEL PLAZA. APTO. 360. SALA DE ESTAR. INT.
 Morgana sentada no sofá, bebendo vinho. Ellen entra, passa por ela em silêncio.

MORGANA – Tá mudinha. O gato comeu a língua, foi?
ELLEN – Me poupe dos seus comentários ácidos/

MORGANA – Não, não poupo. Pois enquanto você viver debaixo do meu teto, você ainda vai me dever gratidão. Ouviu bem?

ELLEN – Querendo bancar a boa mãe, Morgana? Depois de tudo que aconteceu?

MORGANA – Eu/ (Interrompe-se, põe a mão no peito) Ah!

 Ellen vai até ela.

ELLEN – Mãe? Você tá bem?

MORGANA – Uma pontada no peito, tão forte! Me sinto tonta.

ELLEN – Você quer que eu chame socorro?

MORGANA – Não, eu vou ficar bem. Ellen, esqueça tudo o que aconteceu nos últimos dias. Eu peço perdão à você, minha filha.

ELLEN – Não dá pra esquecer, Morgana.

MORGANA – Promete que vai pensar. E pensa na  minha proposta também.

ELLEN – Proposta?

MORGANA – Sim. Calçadão, perna pra fora, vida fácil... Você sabe.

ELLEN – (engolindo seco) Eu vou pro meu quarto. Você já tá ótima.

 Ellen sai. Morgana sorri.

MORGANA – A semente já foi plantada... Praguinha.

 Morgana gargalha e bebe mais vinho.

CORTA PARA:

CENA 09/ CASA DE LARA/ INT/ DIA

 Lara entra, bate a porta com força.

LARA – Eu não sei se esse ordinário do Lorenzo tá pensando que eu sou mais uma das putas com quem ele se acostumou a lidar... Mas eu não sou. E não vou deixar barato!

 Ela vai até a estante, abre a gaveta e tira de lá uma seringa. Injeta no braço.
LARA – Agora eu tô pronta.

 Ela começa a gargalhar, alucinada.

CORTA PARA:

CENA 10/ APARTAMENTO DE HENRI/ COZINHA/ INT/ DIA
 Henri cozinhando algo no fogão. Pedro entra.

PEDRO – Que cheiro maravilhoso!

HENRI – Tô fazendo uma coisinha aqui pra gente. Não quis que você tivesse trabalho ao acordar.

PEDRO – Que nada, bobo. Qualquer coisa a gente podia ter pedido uma pizza.

HENRI – Claro que não. Comida caseira e feita com amor é muito melhor!

 Pedro fica observando Henri, sorrindo.

CORTA PARA:

CENA 11/ MANSÃO NEWMAN/ PISCINA/ EXT./ DIA

 Pandora sentada numa cadeira de praia, tomando sol. Valentina vai até ela.

VALENTINA – Se ficar mais um pouco nesse sol escaldante, já vai poder virar globeleza.
PANDORA – Tá agradável aqui.

VALENTINA – Claro que está. Sombra e água fresca, quem não gosta? Nem precisa responder, eu mesma digo: Eu não gosto. Sombra e água fresca foi feito pra pobre se sentir bem. Aqui é sauna e champanhe gelado, meu amor.

PANDORA – Você não muda.

VALENTINA – Nada muda, querida. O que é ruim permanece ruim e o que é bom permanece bom. Se bem que eu não sou boa, eu sou maravilhosa. Mas vem cá, Pandinha... E o bofe?

PANDORA – Bofe?

VALENTINA – É, o Pedro. Já transaram?

PANDORA – Valentina!

VALENTINA – É, transar, fazer amor. Ou, como os favelados dizem, molhar o biscoito. Já rolou?

PANDORA – Sim, mas isso não é algo que eu goste de sair falando por aí.

VALENTINA – Então não foi bom? Porque se fosse bom você ia escrever até na testa! Mulher mal comida é assim mesmo, com todo o respeito. Ficam de mimimi, dizem que a vida particular não interessa, e por aí vai.

PANDORA – Desculpe, mas eu realmente não estou disposta a ter essa conversa com você. Até mais.
Pandora sai. Valentina fica ali, sorridente.

CORTA PARA/

CENA 12/ CASA DE MIRANDA/ INT./ DIA

 Miranda terminando de secar uns pratos na pia. Ela vai até a sala, pega o telefone e disca.

MIRANDA – Sofia tá demorando e não atende o celular. Será que aconteceu alguma coisa?
Close no rosto de preocupação de Miranda.

FIM DO CAPÍTULO

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